Acho que a senhora, ilustre professora,
naquele ano de 2023, não soube como me responder.
E por isso, naquele dezembro,
me deu uma ordem dura,
quase uma sentença a me prender,
o que me surpreendeu muito, pois não parece brigona.
Senhora linda Engenheira, acredite:
eu não sou nem vira-lata, nem bobão.
Também sou engenheiro, desses de mínimas correntes,
desses que simplificamos usando a Ciência da Computação.
Os da Engenharia Elétrica calculam megaamperes,
mas no meu caso, devo projetar
tanto miliamperes quanto lógica digital.
E meu único pecado neste país do carnaval
foi não poder meu diploma bem revalidar.
Por aquela exagerada burocracia,
demorei para te buscar,
pois estou nesse grande torno chamado
Ministério da Educação,
onde espero ajudar a usinar uma grande nação.
Senhora estudiosa Engenheira,
sou também engenheiro, com intenso hábito de leitura,
sou o menino eletrônico que lhe considera uma Persona Buena,
e analiso suas engenharias da alma:
aquelas no Beco do Batman na Vila Madalena,
ou jogando futevôlei sob o sol sertanejo.
A senhora fechou a janela de observação,
e, por isso, deixei de saber.
Mas, por curiosidade, escutei o que eu precisava compreender:
Que, ao que parece, foi traída,
e a dor te consumiu por dentro,
como uma peça de metal que superaquece no torno.
O chão abriu-se sob seus pés,
apesar de a senhora ter sido mais que uma mulher fiel.
Mas aquela leoa-fênix que reside em ti
renasceu das cinzas da traição.
E, com a força do teu sangue de Espártaco,
nunca exibiu tuas lágrimas,
apenas sorrisos e críticas literárias.
Então, abraçou as viagens,
como um bálsamo para a alma,
e se perdeu na beleza da geografia,
encontrando, em cada paisagem,
um pedaço de si mesma,
e até uma nova forma de caminhar pelas ruas de Lima.
Na terra da garoa,
entre o Batman e suas amigas,
compartilhou risadas e alegrias,
fortalecendo laços, reconstruindo pontes,
e aprendendo que o amor
pode curar qualquer ferida.
Desde Cornélio Procópio,
o silêncio da traição gritou,
mas em Machu Picchu,
o teu canto de mulher forte ecoou.
Assim, fecha-se um capítulo,
entre páginas de dor e renascimento,
e nasce outro, sob a sombra de A Criatura,
registrado em muitas folhas,
dessas estudadas pelos leitores com entendimento.
fresadora,
Retificadora,
torno,
"A Criatura" parece um bom livro,
desses de terror fofinho,
mas eu recomendo se assustar e aprender
com as histórias de usinagem de peças de trem.
Mas antes vou comentar
que o capítulo anterior de turismo latinoamericano
neste momento deve ficar de lado.
Neste novo capítulo,
fiquei muito estranhado,
a senhora não me bloqueia
e até rie das minhas letras
que neste momento invocam ferramentas.
É impossível não falar de literatura,
não para te impor uma lista de leituras,
mas porque entre letras tua alma encontra fôlego.
Tua irmã sugere hipóteses sobre Verity,
enquanto essas folhas te afogam em dúvidas.
E vi uma leoa renascer em cada página,
e admirei uma fênix que, em cada livro, voa,
reconstruindo-se em cada história,
como quem sabe usinar o próprio destino,
como quem sempre faz esporte jogando de bola.
Pois a vida, como o torno,
tira o excesso, remove o supérfluo,
dói no atrito, esquenta na fricção,
mas revela, com o tempo,
a forma exata que sempre esteve ali,
e que apenas os mestres podem descobrir.