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Um breve resumo sobre os principais tópicos para elaborar uma pesquisa

Cenário de Pesquisa

Roteiro de Pesquisa: Guia Resumido

Já se fez a pergunta: Onde estamos?

Para Cervo & Bervian, esta é a etapa que dará início à pesquisa propriamente dita, com a busca exaustiva dos dados, recorrendo-se aos tipos de pesquisa mais adequados ao tratamento científico do tema escolhido.

A coleta e análise de dados ocorre após a escolha e a delimitação do assunto, a revisão bibliográfica, a definição dos objetivos, a formulação do problema e das hipóteses, o agrupamento dos dados em categorias e a identificação das variáveis. Realizada a coleta de dados, seguem-se as tarefas da análise e discussão dos dados e depois a conclusão e o relatório do trabalho (carvalho, 1989; CERVO & BERVIAN, 2007).

O que são dados?

São informações das quais o pesquisador pode se servir nas diferentes etapas do trabalho, sendo úteis em todo o processo de pesquisa. Sem estes, não há pesquisa propriamente dita, apenas especulação. Os dados que devem ser extraídos da realidade, pelo trabalho do próprio pesquisador, são chamados de dados primários, sãoinformações em “primeira-mão”, ouseja, não se encontram registrados em nenhum outro documento. Já os dados secundários,“dados de segunda-mão”, são aqueles já disponíveis, acessíveis mediante pesquisa bibliográfica e/ou documental, como jornais, registros estatísticos, periódicos, livros, cartas etc

Pode-se utilizar os dois tipos de dados em uma pesquisa, o que vai determinar a opção é:

  • Disponibilidade de dados adequados e confiáveis;
  • Credibilidade das fontes desses dados;
  • Compatibilidade dos dados disponíveis com os objetivos do pesquisador.

Há momentos fundamentais do processo de pesquisa em que podemos destacar o papel dos dados:

  • especificar o assunto em tema;
  • definir o problema dapesquisa;
  • elaborar hipóteses;
  • verificar a validade das hipóteses.

Segundo Carvalho (1989), para selecionar os dados e as informações, é necessário definir os critérios. Somente os dados que possam fornecer alguma luz sobre o problema, constituindo um elemento de resposta ou de solução, é que serão selecionados. Não se pode haver selecionar sem critérios para tal.

O que é coleta de dados?

A “coleta de dados” é a fase do método de pesquisa, cujo objetivo é obter informações da realidade, é a etapa da “pesquisa de campo” propriamente dita. Nessa etapa, definimos como se pretende obter os dados de que se precisa para responder o problema, onde e como será realizada a pesquisa. Será definido o tipo, a população, a amostragem, os instrumentos de coleta de dados e a forma como pretendemos tabular e analisar seus dados. Ou seja, é a fase em que reunimos dados através de técnicas para testagem das hipóteses.

[...] rigorosamente, todo procedimento de coleta de dados depende da formulação prévia de uma hipótese.. (GIL, 2010, p. 23).

A coleta está relacionada com o problema, a hipótese ou os pressupostos da pesquisa e objetiva obter elementos para que os objetivos propostos na pesquisa possam ser alcançados. Neste estágio da pesquisa, também deve-se escolher as possíveis formas de apresentação de dados e os meios que serão usados para facilitar a etapa posterior de interpretação e análise dos dados. (Silva & Menezes, 2005)

A definição do instrumento de coleta de dados dependerá dos objetivos que se pretende alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado, recorrendo-se aos tipos de pesquisa mais adequados ao tratamento científico do tema escolhido (Silva & Menezes, 2005). Podem também ser combinadas várias técnicas de coleta de dados, como entrevistas, observações, pesquisa documental e bibliográfica, dentre outras.

Na coleta de dados, deve-se informar como o pesquisador pretende obter os dados necessários para responder ao problema de pesquisa, correlacionando os objetivos aos meios para alcançá-los, bem como justificando a adequação de uns aos outros. (Prodanov, 2013)

Uma vez recolhidos os dados cientificamente, passa-se a sua codificação e tabulação. Somente então os dados são analisados e interpretados em função das perguntas formuladas no início ou das hipóteses levantadas. Há diversas formas de coletas de dados, todas com suas vantagens e desvantagens. Na decisão do uso de uma ou outra forma, o pesquisador levará em conta a que menos desvantagens oferecer, respeitado os objetivos da pesquisa (Cervo & Bervian, 2007).

O procedimento metodológico na coleta de dados garante uma sistematização da pesquisa e suaqualidadecientífica.Odirecionamento,emtermosdecoletadedados,marcaapesquisacoma‘visãodemundo’dopesquisador.(Carvalho,1989)

Carvalho(1989) propõem alguns passos a serem observados na elaboração das perguntas para a coleta dos dados:

  • identificar os dados ou as variáveis sobre os quais serão feitas as questões;
  • selecionar o tipo de pergunta a ser utilizado;
  • elaborar uma ou mais perguntas referentes a cada dado a ser levantado;
  • analisar as questões elaboradas quanto à clareza da redação, classificação e sua real necessidade;
  • codificar as questões para posterior tabulação e análise;
  • elaborar instruções claras e precisas para o preenchimento do instrumento;
  • submeter as questões a outros técnicos para sanar possíveis deficiências;
  • revisar o instrumento para dar ordem e sequência ás questões;
  • submeter o instrumento a um pré-teste para detectar possíveis reformulações ou correções.

O que é análise de dados?

A etapa de análise dos dados, é uma fase analítica e descritiva que prevê a interpretação dos dados tabulados, para cada técnica de coleta de dados utilizada, deve corresponder um tratamento adequado à sua natureza. A análise dos dados deve ser feita a fim de atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas que confirmem ou rejeitem as hipóteses e pressupostos da pesquisa (Silva & Menezes , 2005). Nesta etapa, deve-se apresentar o desenvolvimento do trabalho, em que os resultados devem ser organizados de acordo com a proposta metodológica.

Esta fase leva o pesquisador à teorização sobre os dados, produzindo o confronto entre a abordagem teórica anterior e o que a investigação de campo aporta de singular como contribuição. É um processo complexo que envolve retrocessos entre dados pouco concretos e conceitos abstratos, entre raciocínio indutivo e dedutivo, entre descrição e interpretação.

Faz-se necessário elaborar o tratamento do material recolhido no campo, que pode ser subdividido em: ordenação, classificação e análise propriamente dita. A análise quantitativa deve ser seguida sempre de uma análise qualitativa relacionada aos pressupostos teóricos que orientam a pesquisa.

É um processo de tabulação dos dados coletados, aplicação dos testes e análise estatística e, por fim, avaliação das hipóteses. O testes das hipóteses devem avaliar a relação entre as variáveis, afirmando ou não as hipóteses e especificando, se possível, os níveis de significância de sua aceitação ou rejeição. Deve-se explicar se os objetivos formam atingidos, se as hipóteses ou pressupostos foram confirmados ou rejeitados. E principalmente, ressaltar a contribuição da sua pesquisa para o meio acadêmico ou para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Prodanov & Freitas sugerem considerar os seguintes aspectos:

  • Os materiais, as técnicas e os métodos devem ser descritos de maneira precisa, visando a possibilitar a repetição do experimento com a mesma precisão.
  • Fazer apenas referência às técnicas e aos métodos já conhecidos e não descrição. Técnicas novas devem ser descritas com detalhes e equipamentos ilustrados com fotografias e desenhos.
  • A análise dos dados, sua interpretação e as discussões técnicas podem ser conjugadas ou separadas, conforme melhor se adequar aos objetivos do trabalho.
  • Os resultados devem ser agrupados e ordenados convenientemente para dar maisclareza.
  • Os dados obtidos são analisados e relacionados com os principais problemas que existam sobre o assunto, dando subsídios para a conclusão.
  • Realizar as confrontações bibliográficas e apresentar as sugestões encontradas ou definidas na revisãorealizada.

Esta etapa envolve, segundo Carvalho:

  • Classificação e organização dasinformações
  • Estabelecimento das relações existentes entre os dadoscoletados:
    • Pontos dedivergência
    • Pontos deconvergência
    • Tendências
    • Regularidades
  • Tratamento estatísticos dos dados.

D. Dusilek, segundo Carvalho, sugere um roteiro para interpretação e verificação dos dados coletados.

  • Verificar os fatos.
  • Verificar os pressupostos;
  • Verificar os materiais ou fonte sutilizados.
  • Verificar as técnicas utilizadas;
  • Verificar o esquema de referência teórica;
  • Indentificar erros lógicos;
  • Verificar o esquema de análise;
  • Verificar a inter-relação entre a hipótese, a teoria e o esquema de análise proposto.

Esta preocupação com a análise dos dados permite que o trabalho ultrapasse o nível de simples compilação de texto; visa estabelecer relações entre os dados coletados.

Análise Qualitativa e Quantitativa

“...a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro e a análise. Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente quantitativa ou qualitativa.” (Prodanov & Freitas, ,Pág 60)

Aanálise qualitativa é menos formal e depende de muitos fatores, como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Esse processo é uma sequência de atividades, que envolve a redução dos dados, a sua categorização, sua interpretação e a redação do relatório.

Minayo (1994) chama a atenção para três obstáculos a uma análise eficiente em pesquisa qualitativa. O primeiro diz respeito à ilusão do pesquisador em ver as conclusões, à primeira vista, como “transparentes”, ou seja, pensar que a realidade dos dados, logo de início, se apresenta de forma nítida a seus olhos. Essa ilusão pode levar o pesquisador a uma simplificação dos dados, conduzindo-o a conclusões superficiais ou equivocadas. O segundo obstáculo se refere ao fato de o pesquisador se envolver tanto com os métodos e as técnicas a ponto de esquecer os significados presentes em seus dados. E o terceiro limitador para uma análise mais rica da pesquisa relaciona- se à dificuldade que o pesquisador pode ter em articular as conclusões que surgem dos dados concretos com conhecimentos mais amplos ou mais abstratos. Esse fato pode produzir um distanciamento entre a fundamentação teórica e a prática dapesquisa.

A análise representa o momento em que o pesquisador obtém os dados coletados por meio da aplicação de técnicas de pesquisa, usando instrumentos específicos para o tipo de informação que deseja obter, de acordo com o objeto de pesquisa em análise. Esses dados, após seu registro, são organizados e classificados de forma sistemática, passando pelas fases de seleção, codificação e tabulação, para o caso de pesquisas quantitativas, conforme segue.

  • Seleção: análise crítica, para identificar questões falsas, confusas ou distorcidas. Éinteressante verificar se o dados coletados estão completos ou se é preciso retornar ao campo para nova coleta. Nessa fase, a redução dos dados consiste em processo de seleção, simplificação, abstração e transformação dos dados originais provenientes das observações decampo.
  • Codificação: utilizada para caracterizar os dados que se relacionam, conforme a sequência: classificação dos dados, agrupando-os sob determinadas categorias; atribuição de um código, um número ou uma letra, de forma que a cada um deles seja atribuído um significado. A codificação possibilita a transformação do que é qualitativo em quantitativo. A categorização consiste na organização dos dados para que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões a partir deles. Isso requer a construção de um conjunto de categorias descritivas, que podem ser fundamentadas no referencial teórico da pesquisa. Nem sempre, porém, essas categorias podem ser definidas de imediato. Para chegarmos a elas, é preciso ler e reler o material obtido até que tenhamos o domínio de seu conteúdo, a fim de, em seguida, contrastá- lo com o referencialteórico. Nas pesquisas quantitativas, as categorias são frequentemente estabelecidas a priori, o que simplifica sobremaneira o trabalho analítico. Já nas pesquisas qualitativas, o conjunto inicial de categorias, em geral, é reexaminado e modificado sucessivamente, com vistas a obter ideais mais abrangentes e significativos. Por outro lado, nessas pesquisas, os dados costumam ser organizados em tabelas, gráficos, enquanto, nas pesquisas qualitativas, necessitamos nos valer de textos narrativos, descritivos, esquemas, matrizes etc.
  • Tabulação e interpretação: os dados coletados são dispostos em tabelas e gráficos, organizados de acordo com a estruturação anterior, servindo para facilitar sua compreensão e interpretação. Os dados são classificados pela divisão em subgrupos e reunidos de modo que as hipóteses possam ser comprovadas ou refutadas. Os resultados obtidos são analisados, criticados e interpretados.

A categorização dos dados possibilita sua descrição, embora seja necessário ultrapassar a mera descrição, buscando acrescentar algo ao questionamento existente sobre o assunto. Nas análises qualitativas, o pesquisador faz uma abstração, além dos dados obtidos, buscando possíveis explicações (implícitas nos discursos ou documentos), para estabelecer configurações e fluxos de causa e efeito.

Amostra

A amostra é uma pequena parte dos elementos que compõem o universo de pesquisa, ela deve ser representativa dessa população que pretende estudar. A população (ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo. A definição da população-alvo tem uma influência direta sobre a generalização dos resultados, sendo o tamanho e a qualidade da amostra, entendida como “um subconjunto de indivíduos da populaçãoalvo”, sobre o qual o estudo será efetuado.

O universo ou a população-alvo é o conjunto dos seres animados e inanimados que apresenta pelo menos uma característica em comum. Já a amostra “é uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo.” (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 225).

A amostra pode ser probabilística e não probabilística.

Só as amostras probabilísticas podem, por definição, originar uma generalização estatística, por apoiar- se em cálculo estatístico. Já as amostras não probabilísticas são compostas de forma acidental ou intencional. Os elementos não são selecionados aleatoriamente. Com o uso dessa tipologia, não é possível generalizar os resultados da pesquisa realizada, em termos de população. Não há garantia de representatividade do universo que pretendemos analisar.

Tipos deamostragem

Amostras não probabilísticas (não causais)

O objetivo é selecionar elementos que acompanhem uma amostra réplica da população. Procura-se incluir na amostra, com a mesma proporção com que ocorrem na população, os seus diversos elementos. É muito utilizada em prévias eleitorais e sondagem de opinião pública. Tem como principais vantagens o baixo custo e o fato de conferir alguma estratificação à amostra.

  • Amostras por acessibilidade ou por conveniência: São destituídas de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que esses possam, de alguma forma, representar o universo. Aplicado em estudos exploratórios ou qualitativos, em que não é requerido elevado nível de precisão.
  • Amostras intencionais ou de seleção racional: Consiste em selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a população. A principal vantagem da amostragem por tipicidade está nos baixos custos de sua seleção. Requer considerável conhecimento da população e do subgrupo selecionado. Quando esse conhecimento prévio não existe, torna-se necessária a formulação de hipóteses, o que pode comprometer a representatividade daamostra.
  • Amostras por cotas: Apresenta maior rigor entre as três. Possui trêsfases:
    1. classificação da população em função de propriedades tidas como relevantes para o fenômeno a serestudado;
    2. determinação da proporção da população a ser colocada em cada classe, com basena constituição conhecida ou presumida dapopulação;
    3. fixação de cotas para cada observador ou entrevistador encarregado de selecionar elementos da população a ser pesquisada, de modo tal que a amostra seja composta em observância à proporção das classes consideradas.

Amostras probabilísticas (causais)

Amostra que contém qualquer elemento da população-alvo com probabilidade diferente de zero de fazer partedela

  • Amostras aleatórias simples: cada elemento da população tem oportunidade igual de ser incluído na amostra. É o procedimento básico da amostragem científica que consiste em atribuir a cada elemento da população um número único, para, depois, selecionar alguns desses elementos de forma casual. Todos os outros procedimentos adotados são variações deste.
  • Amostras casuais simples: todos os participantes apresentam a probabilidade de participarda amostra.
  • Amostras casuais estratificadas: caracteriza-se pela seleção de uma amostra de cada subgrupo da população considerada. O fundamento para delimitar os subgrupos ou estratos pode ser encontrado em propriedades como sexo, idade ou classe social. Em seguida, de cada estrato, é retirada uma amostra casual simples. Essas subamostras são reunidas, formando a amostra necessária.
  • Amostras por agrupamentos ou por conglomerados: é indicada em situações em que é bastante difícil a identificação de seus elementos. Os conglomerados são representados por escolas, igrejas, associações, empresas etc. Dentre esses conglomerados que representam a população-alvo,fazemosocadastramentodeseusmembros,formandoosgruposnecessários. E, em seguida, procedemos ao sorteio do porcentual estabelecido para cada grupo, os quais, depois, são somados, formando a amostra final.
  • Amostras por etapas (áreas): esse tipo de amostragem pode ser utilizado quando a população se compõe de unidades que podem ser distribuídas em diversos estágios. Torna-se muito útil quando desejamos pesquisar uma população cujos elementos se encontram dispersos numa grande área, como um estado ou um país.

Deliamento da Pesquisa

Segundo GIL (2002): O delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais ampla, que envolve tanto a diagramação quanto a previsão de análise e interpretação de coleta de dados. Considerando o ambiente em que são coletados os dados e as formas de controle das variáveis envolvidas. É possível classificar as pesquisas quanto aoprocedimentotécnico adotado para coleta e análise de dados

Podem ser definidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de "papel" e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo, estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo, estão a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso. Neste último grupo, ainda que gerando certa controvérsia, podem ser incluídas também a pesquisa-ação e a pesquisa participante.

Pesquisa Bibliográfica

COLETA DE DADOS – Realizada através da identificação, localização e compilação com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros, artigos de revistas especializadas, publicações de órgãos oficiais etc.. Antecede a própria pesquisa experimental, sendo que boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. Principais exemplos são pesquisas sobre ideologia e aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema. A principal vantagem reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente, tonando- se importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos peloespaço.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS - O pesquisador deve estar atento para que suas conclusões não sejam só um resumo do material encontrado; pode-se estabelecer novas relações entre os elementos que constituem um determinado tema/problema, e se acrescentar algo ao conhecimento existente, utilizando-se os procedimentos no método científico. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.

Pesquisa Documental

COLETA DE DADOS – A coleta de dados é realizada a partir de documentos considerados cientificamente autênticos, de fonte primárias como cadernetas, documentos pessoais, cartas, bilhetes, fotografias, fitas de vídeo etc., ou secundárias, como dados estatísticos elaborados por institutos considerados confiáveis, mapas, formulários, relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc.

A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes/Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS – Como em boa parte dos casos os documentos não receberam nenhum tratamento analítico, torna-se necessária a análise de seus dados em observância aos objetivos e ao plano da pesquisa e pode exigir, em alguns casos, o concurso de técnicas altamente sofisticadas.

A análise de conteúdo desenvolve-se em três fases. A primeira é a pré-analise, onde se procede à escolha dos documentos, à formulação de hipóteses e à preparação do material para analise. A segunda é a exploração do material, que envolve a escolha das unidades, a enumeração e a classificação. A terceira etapa, por fim, é constituída pelo tratamento, inferência e interpretação dos dados, sejam estes quantitativos ou qualitativos.

Pesquisa Experimental

COLETA DE DADOS - A coleta de dados é feita mediante a identificação e manipulação de certas condições e a observação dos efeitos produzidos. Através das variáveis que determinam a relação causa-efeito proposta na hipótese de trabalho, busca-se as relações entre os fatos, que podem ser sociais ou fenômenos físicos. A verificabilidade bem como a quantificação dos resultados são elementos essenciais a esse tipo de pesquisa. Os termos ‘de laboratório’ ou ‘de campo’ servem para designar o local onde elas se desenvolvem, mas sua característica geral é o controle de variáveis com base no referencial teórico de cada área do conhecimento (CARVALHO, ). Na pesquisa psicológica, o experimento geralmente envolve a apresentação de certos valores de um estímulo e o registro da resposta. Essas duas funções podem ser efetuadas pelo pesquisador das mais diversas maneiras. A mais simples consiste na emissão de alguma mensagem oral ou visual a um grupo de sujeitos e no registro de seu comportamento mediante anotações em folhas próprias. Contudo, com frequência cada vez maior, a pesquisa experimental vale-se de recursos mecânicos, elétricos ou eletrônicos, como, por exemplo, o uso de espelhos, gravadores de som, filmadoras, câmaras de vídeoetc.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS - Geralmente se utiliza a análise estatística, através detestes de significância. A utilização de cada um deles depende de conhecimento prévios acerca da extensão, distribuição e qualidade dos dados. Por isso, convém que todo processo de análise estatística seja planejado antes de conduzir o experimento. A estatística por si só não possibilita a interpretação dos resultados, o pesquisador deverá estar habilitado a proceder à vinculação entre os resultados obtidos empiricamente e as teorias que possibilitam a generalização dos resultados obtidos.

Pesquisa Ex-Post Facto

COLETA DE DADOS – Nas pesquisas ex-post facto é possível identificar dois momentos na coleta de dados. No primeiro, o pesquisador tem por objetivo identificar as “variações” da variável independente nos grupos, bem como o controle das variáveis intervenientes. No segundo, ele procura mensurar as variáveis dependentes. No primeiro momento, quando o pesquisador procura localizar os grupos adequados, procede a um trabalho de levantamento de dados dos sujeitos. Pode valer-se da observação, de questionários, de entrevistas e mesmo de registros documentais.

ANÁLISE E INTEPRETAÇÃO DOS DADOS – O valor de uma pesquisa ex-post facto está intimamente relacionado à maneira como foram analisados e interpretados os dados. Como não é possível em estudos dessa natureza controlar as variáveis independentes, resta ao pesquisador o controle das variáveis intervenientes. Estas, de alguma forma, podem ser controladas antes da coleta de dados. Em virtude, porém, das dificuldades que envolvem esse processo, muitas variáveis intervenientes somente podem ser submetidas a algum tipo de controle na fase de análise de dados.

Quando a análise e interpretação dos dados é feita de maneira simplista, chega-se a resultados desastrosos. Deve-se considerar resultados estatísticos para determinar se determinadas relações existem. Para a efetiva interpretação dos dados, torna-se necessário, sobretudo, proceder à analise lógica das relações, com sólido apoio em teorias e mediante a comparação com outros estudos.

Pesquisa de Levantamento

COLETA DE DADOS – Para coleta de dados nos levantamentos são utilizadas técnicas de interrogração: o questionário, a entrevista e o formulário. Por questionário entende-se um conjunto de questões que são respondidas por escrito pelo pesquisado. Entrevista, por as vez, pode ser entendida como a técnica que envolve duas pessoas numa situação “face a face” e em que umadelas formula questões e a outra responde. Formulário, por fim, pode ser definido como a técnica de coleta de dados em que o pesquisador formula questões previamente elaboradas e anota as respostas.

Qualquer que seja o instrumento utilizado, convém lembrar que as técnicas de interrogação possibilitam a obtenção de dados a partir do ponto de vista dos pesqusiados. Assim, o levantamento apresentará sempre algumas limitações no que se refere ao estudo das relações sociais mais amplas. No entanto, essas técnicas mostram-se bastante úteis para a obtenção de informações acerca do que a pessoa sabe, crê e espera, sente ou deseja, pretende fazer, faz ou fez, etc.

Perguntas sobre fatos são as de mais fácil obtenção, comparas as perguntas referentes a sentimentos, crenças, padrões de ação, bem como a razões conscientes que os determinam, mais difíceis de serem respondidas adequadamente. Isso exige esforço redobrado na elaboração do instrumento e, sobretudo, na análise e interpretação dos dados.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS – O processo de analise dos dados envolve di versos procedimentos: codificação das respostas, tabulação dos dados e cálculos estatísticos. Após, ou juntamente com a análise, pode ocorrer também a interpretação os dados, que consiste, fundamentalmente, em estabelecer a ligação entre os resultados obtidos com outros já conhecidos, que sejam derivados de teorias, quer sejam de estudos realizados anteriormente.

Embora todos esses procedimentos só se efetivem após a coleta dos dados, convém, por razoes de ordem técnica ou econômica, que a analise seja minuciosamente planejada antes de serem coletados os dados. Dessa maneira, o pesquisador pode evitar trabalho desnecessário, como, por exemplo, elaborar tabelas que não serão utilizadas, ou, então, refazer outras tabelas em virtude da não-inclusão de dados relevantes.

No referente à codificação dos dados, convém que se defina se esta será realizada antes ou depois da coleta de dados. Quando se decide pela pré-codificação, a elaboração do questionário ou formulário exige que se considerem os campos próprios para este fim. Quando se decide pela pós-codificação, o que é usual quando são exigidos julgamentos complexos acerca dos dados, torna-se necessário definir esses critérios. É conveniente também uma definição prévia acerca do procedimento a ser utilizado para tabulação, o desenvolvimento dessa tarefa tem muito a ver com o orçamento da pesquisa.

Pesquisa de Estudo de Campo

COLETA DE DADOS – Como os estudos de campo costumam ser prolongados e requerer contatos variados com as mesmas pessoas, a cooperação da comunidade é essencial. Nesse sentido, Daniel Katz (1974) sugere vários procedimentos capazes de auxiliar nesse intento. Deve-se: buscar apoio das lideranças locais; aliar-se a pessoas ou a grupos que tenham interesse na pesquisa; fornecer aos membros da comunidade as informações obtidas; e preservar a identidade dos respondentes.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS – Muitos estudos de campo possibilitam a analise estatística de dados, sobretudo quando se balem de questionários ou formulários para coleta de dados. No entanto, diferentemente dos levantamentos, os estudos de campo tendem a utilizar variadas técnicas de coleta de dados. Daí porque, nesse tipo de pesquisa, os procedimentos de analise costumam ser predominantemente qualitativos.

A analise qualitativa é menos formal do que a analise quantitativa, pois nesta ultima seus passos podem ser definidos de maneira relativamente simples. A análise qualitativa depende de muitos fatores, tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da amostra, os inrtumentos de pesquisa e os pressupostos teóricos que nortearam a investigação. Pode-se, no entanto, definir esse processo como uma sequencia de atividades, que envolve a redução dos dados, a categorização desses dados, sua interpretação e a redação do relatório.

A redução dos dados consiste em processo de seleção, simplificação, abstração e transformação dos dados originais provenientes das observações de campo. Para que essa tarefa seja desenvolvida a contento, é necessário ter objetivos claros, até mesmo porque estes podem ter ido alterados ao longo do estudo de campo. Quando os objetibos não estão claros, o que costuma ocorrer é o acumulo de grande quantidade de dados e a consequente dificuldade para selecionar os que possam ser investigados para a pesquisa.

A categorizaçãoconsiste na organização dos dados de forma que o pesquisador consiga tomar decisões e tirar conclusões a partir deles. Isso requer a construção de um conjunto de categorias descritivas, que podem ser fundamentada no referencial teórico da pesquisa. Nem sempre, porém, essas categorias podem ser definidas de imediato. É preciso estudo exaustivo que permita o domínio suficiente do assunto a ponto de permitir a divisão do material em seus elementos componentes, sem perder de vista sua relação com os demais componentes.

Nas pesquisas quantitativas, as categorias são frequentemente estabelecidas a priori, o que simplifica sobremaneira o trabalho analítico. Já nas pesquisas qualitativas, o conjunto inicial de categorias em geral é reexaminado e modificado sucessivamente, com vista em obter ideais mais abrangentes e significativos. Por outro lado, nessas pesquisas os dados costuma ser organizados em tabelas, enquanto, nas pesquisas qualitativas, necessita-se valer de textos narrativos, matrizes, esquemas etc.

Quanto a interpretação dos dados, mesmo com a categorização dos dados, possibilitando sua descrição, é preciso que o pesquisador ultrapasse a mera atividade, buscando acrescentar algo ao questionamento existente sobre o assunto. Para tanto, ele terá que fazer um esforço de abstração, ultrapassando os dados, tentando possíveis explicações, configurações e fluxos de causa e efeito. Isso irá exigir constantes retomadas às anotações de campo, à literatura e à coleta de dados adicionais. Para que o estudo de campo tenha seu valor, é necessário que seja capaz de acrescentar algo ao já conhecido. Isso não significa, porém, que deva obrigatoriamente culminar num conjunto de proposições capazes de proporcionar nova perspectiva teórica ao problema. Um estudo de campo pode ser reconhecido como válido quando se mostrar capaz de levantar novas questões ou hipóteses a serem consideradas em estudos futuros.

Estudo de Caso

COLETA DE DADOS – O processo de coleta de dados no estudo de caso é o mais complexo. Isso porque na maioria das pesquisas utiliza-se apenas uma técnica básica para obtenção de dados, embora outras técnicas possam ser utilizadas de forma complementar. Já no estudo de caso utiliza- se sempre mais de uma técnica. Isso constitui um principio básico que não pode ser descartado. Obter dados mediante procedimentos diversos é fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos. Os resultados obtidos no estudo de caso devem ser provenientes da convergência ou da divergência das observações obtidas de diferentes procedimentos. Dessa maneira é que se torna possível conferir validade ao estudo, evitando que ele fique subordinado à subjetividade do pesquisador. Segundo Yin (2001) a utilização de múltiplas fontes de evidencia constitui, portanto, o principal recurso de que se vale o estudo de caso para conferir significância a seus resultados.

Pode-se dizer que, em termos de coleta de dados, o estudo de caso é o mais completo de todos os delineamentos, pois vale-se tanto e dados de gente quanto de dados de papel. Com efeito, nos estudos de caso os dados podem ser obtidos mediante analise de documentos, entrevistas, depoimentos pessoais, observação espontânea, observação participante e análise de artefatos físicos. Sua compilação pode ser feita através do Diário de Pesquisa ou da História-de-vida do indivíduo, do grupo ou de um dado processo social. É um meio de se coletar dados preservando p caráter unitário do ‘objeto’ a ser estudado. Não pode ser considerado um recurso metodológico que realiza uma análise do objeto da pesquisa em toda sua unicidade, mas é uma tentativa de abranger as características mais importantes do tema.

Ocorre-se o risco de distorção dos dados apresentados, uma vez que já intervenção do pesquisador, risco que aumenta a medida em que o pesquisador se aprofunda no processo.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS – Entre os vários itens de natureza metodológica, o que apresenta maior carência de sistematização é o referente à analise e interpretação de dados. Como o estudo de caso vale-se de procedimentos de coleta de dados os mais variados, o processo de analise e interpretação pode, naturalmente, envolver diferentes modelos de analise. Todavia, é natural admitir que a analise dos dados seja de natureza predominantemente qualitativa.

O mais importante na análise e interpretação de dados no estudo de caso é a preservação da totalidade da unidade social. Daí, então, a importância a ser conferida ao desenvolvimento de tipologias. Muitas vezes, esses “tipos ideais” são antecipados no planejamento da pesquisa. Outras vezes, porém, emergem ao longo do processo de coleta e análise de dados.

Um dos maiores problemas na interpretação dos dados no estudo de caso deve-se à falsa sensação de certeza que o próprio pesquisador e pode ter sobre suas conclusões. Embora esse problema possa aparecer em qualquer outro tipo de pesquisa, é muito mais comum no estudo de caso.

Pesquisa-Ação

COLETA DE DADOS – Diversas técnicas são adotadas para a coleta de dados na pesquisa-ação. A mais usual é a entrevista aplicada coletiva ou individualmente. Também se utiliza o questionário, sobretudo quando o universo a ser pesquisado é constituído por grande numero de elementos. Outras técnicas aplicáveis são: a observação participante, a historia de vida, a análise de conteúdo e o sociodrama.

Diversamente das pesquisas elaboradas segundo o modelo clássico da investigação cientifica em que as técnicas se caracterizam pela padronização, a pesquisa-ação tende a adotar preferencialmente procedimentos flexíveis. Primeiramente porque ao longo do processo de pesquisa os objetos são constantemente redefinidos, sobretudo com base nas decisões do seminário. Isso pode implicar, por exemplo, mudanças significativas no conteúdo do questionário u mesmo em sua substituição por outra técnica. Em segundo lugar, porque técnicas padronizadas, como o questionário fechado, proporcionam informações de baixo nível argumentativo, dificultando, consequentemente, o trabalho interpretativo.

ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS – Na pesquisa-ação, constitui tema bastante controvertido. Há pesquisas em que os procedimentos adotados são muito semelhantes aos da pesquisa clássica, o que implica em considerar os passos: categorização, codificação, tabulação, análise estatística e generalização. Há, porém, pesquisa em que se privilegia a discussão em torno dos dados obtidos, de onde decorre a interpretação de seus resultados. Dessa discussão participam pesquisadores, participantes e especialistas convidados. Muitas vezes o trabalho interpretativo é elaborado com base apenas nos dados obtidos empiricamente. Há casos, entretanto, em que contribuições teóricas tornam-se muito relevantes.

Pesquisa Participante

COLETA DE DADOS – Na primeira fase da metodologia, os pesquisadores e participantes definem as técnicas de coleta de dados. A pesquisa participante necessita também de dados objetivos sobre a situação da população. Isso implica a coleta de dados socioeconômicos e tecnológicos que, de modo geral, são de natureza idêntica aos obtidos nos tradicionais “estudos de comunidade”.

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS – Como os pesquisadores também são participantes durante a pesquisa, essa postura pode, naturalmente, conduzir a subjetividade. Para evitar esse risco, o pesquisador por, no entanto, utilizar concomitantemente técnicas estruturadas e adotar quadros teóricos de análise que emprestam maior significação e generalidade aos dados obtidos.

Quais Instrumentos Podemos Utilizar?

A definição do instrumento de coleta de dados dependerá dos objetivos que pretendemos alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado. Para a escolha dos instrumentos de coleta de dados, deve-se levar em consideração a disponibilidade de tempo e de recursos. As questões para a coleta de dados devem ser válidas e relacionadas aos objetivos da pesquisa que se pretende alcançar. Devem sempre colher informações a respeito das:

  1. Entrevistas;
  2. Questionários;
  3. Formulários;
  4. Observação;

Entrevistas

Técnica alternativa para se coletar dados não-documentados sobre um determinado tema. É uma conversa orientada para um objetivo definido: recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a pesquisa. Há limitações dependendo da técnica adotada em que os entrevistados podem não dar as informações de modo preciso ou o entrevistador avaliar/ julgar/ interpretá-las de forma distorcida. A entrevista possibilita registrar observações sobre a aparência, o comportamento e as atitudes do entrevistado, analisando seu comportamento não verbal, sua vantagem sobre as outras técnicas.

A entrevista é aplicável a um numero maior de pessoas, inclusive as que não sabem ler ou escrever, possibilitando, também, auxiliar o entrevistado com dificuldades em responder.

Para a condução de uma entrevista, deve-se levar em consideração seu caráter flexivo e obedecer um roteiro pré-estabelecido. Pode ser: informal, quando assume caráter de simples conversação; focalizada, quando, embora livre, enfoca tema bem específico, cabendo ao entrevistador esforçar-se para que o entrevistado retorne ao assunto após possíveis digressões; parcialmente estruturada, quando é guiada por relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorar ao longo do seu curso; e totalmente estruturada, quando se desenvolve a partir de relação fixa de perguntas, confundindo-se, muitas vezes, com o formulário.

A entrevista pode ser:

  • padronizada ou estruturada: é quando o entrevistador segue roteiro preestabelecido. Ocorre a partir de um formulário elaborado com antecedência. Com a padronização, podemos comparar grupos derespostas;
  • não padronizada ou não estruturada: não existe rigidez de roteiro; o investigador pode explorar mais amplamente algumas questões, tem mais liberdade para desenvolver a entrevista em qualquer direção. Em geral, as perguntas são abertas;
  • painel: é a repetição de questões que são aplicadas, de tempos em tempos, às mesmas pessoas, para que possamos estudar variações nas opiniões emitidas. As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações. Se a de caráter exploratório é relativamente estruturada, a de coleta de informações é altamente estruturada.

A estratégia para a realização de entrevistas em levantamentos deve considerar duas etapas fundamentais: a especificação dos dados que se pretendem obter e a escolha e formulação das perguntas. Com relação à primeira etapa, cabe lembrar que, com muita frequência, comete-se o erro de colocar o problema de maneira muito ampla. Deve-se considerar as relações entre as múltiplas variáveis que interferem no problema. Em relação a segunda etapa, deve-se: formular questões diretas; considerar o nível de instrução dos entrevistados; rever se as perguntas sugerem respostas; formular perguntas que não provoquem resistências, antagonismos ou ressentimentos; utilizar palavras claras e objetivas; ordená-las de forma que não exija maiores esforços mentais. O entrevistador deve conduzir a entrevista sem problemas de dicção, opinião apaixonada sobre o problema de pesquisa ou timidez, deve estar apto a realização da entrevista, consciente acerca dos objetivos e possuir habilidade no registro das respostas.

Devem-se adotar alguns critérios para o preparo e realização da entrevista:

  • planejar a entrevista, delineando cuidadosamente o objetivo a seralcançado;
  • obter, sempre que possível, algum conhecimento prévio acerca doentrevistado;
  • marcar com antecedência o local e o horário da entrevista; qualquer transtornopoderá comprometer os resultados dapesquisa;
  • criar condições, isto é, uma situação discreta para a entrevista, pois será mais fácil obter informações espontâneas e confidenciais de uma pessoa isolada do que acompanhada ouem grupo;
  • escolher o entrevistado de acordo com sua familiaridade ou autoridade em relação ao assunto escolhido;
  • fazer uma lista das questões, destacando as maisimportantes;
  • assegurar um número suficiente de entrevistados, o que dependerá da viabilidadeda informação a serobtida.

Podem ser utilizadas as seguintes técnicas:

  • Entrevista informal: feita com profissionais da área, especialistas ou professores do curso. Técnica exploratória que auxilia na problematização do tema e na delimitação da hipótese. Não há preocupação com o controle rígido das respostas, seu objetivo é ampliar as perspectivas da análise de uma tema ou conhecimento sobre a relação teoria-prática de uma área.

  • Entrevista formal: Requer a organização de um roteiro de questões cujas respostas atendam ao objetivo específico do assunto da pesquisa. No geral as respostas serão analisadas qualitativamente, mas se requer um mínimo de padronização para que se possa comparar as respostas dos entrevistados e daí extrair os subsídios para a pesquisa

    • Entrevista livre-narrativa: quando se solicita ao entrevista discorrer sobre o temapesquisado.
    • Entrevista em grupo: Pequenos grupos (aprox. 5 pessoas) respondem as questões do roteiro incial, sendo as respostas organizadas posteriormente numa avaliaçãoglobal.

Para maior segurança e fidelidade, as entrevistas devem ser gravadas e depois transcritas.

Roteiro: lista de tópicos que o entrevistador seve seguir durante a entrevista. Isso permite uma flexibilidade quanto à ordem ao propor as questões, originando uma variedade de respostas ou mesmo outras questões. Considerar:

  • Distribuição do tempo para cada área ouassunto
  • Formular perguntas cujas respostas sejam descritivas ou analíticas, evitando respostas dicotômicas;
  • manter o controle dos objetivos a serem atingidos.

Questionários

Instrumentos de coleta de dados que são preenchidos sem a presença do pesquisador, que o próprio informante preenche, o qual contém um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema central. Deve ser objetivo, limitado em extensão e estar acompanhado de instrução. Importante delimitar quais as questões mais relevantes, relacionando cada item à pesquisa e à hipótese que se quer provar, sendo elaborado somente a partir do momento em que se adquire um conhecimento razoável do tema proposto.

É a forma mais utilizada para coletar dados, pois possibilita medir com mais exatidão o que se deseja. Todo questionário deve ter natureza impessoal para assegurar uniformidade na avaliação. Constitui o meio mais rápido e barato de obtenção de informações, além de não exigir treinamento de pessoal e garantir o anonimato, o que garante mais confiança e possibilita coletar informações e respostas mais reais.

Devem ser propostas perguntas que conduzam facilmente ás respostas, de forma a não insinuarem outras colocações.

As perguntas podem ser abertas, fechadas ou de múltiplas escolhas. O uso de perguntas abertas permite obter respostas livres. Perguntas abertas, embora possibilitem recolher dados ou informações mais ricos e variados, são codificados e analisados com mais dificuldade. Já as perguntas fechadas permitem obter respostas mais precisas, são padronizadas, de fácil aplicação, simples de codificar e analisar. A de múltiplas escolhas são perguntas fechadas, mas apresentam uma série de respostas possíveis.

Para a elaboração de um questionário, deve-se:

  • Desenvolver questões fechadas, mas com alternativas suficientes para abrigar a ampla gama de possíveis respostas;
  • As perguntas devem estar voltadas ao problema proposto;
  • Não deve conter perguntas cujas respostas possam ser obtidas de forma mais precisa por outros procedimentos;
  • Evitar penetrar a intimidade das pessoas; formular perguntas claras e objetivas; levar em consideração o nível de instrução do pesquisado; não sugerir respostas;
  • Iniciar com perguntas simples e finalizar com as mais complexas;
  • Evitar perguntas que provoquem respostas defensivas, estereotipadas ou socialmente indesejáveis;
  • Apresentar as informações visuais de forma clara;
  • Conter informações dos pesquisadores, objetivos, etc.;
  • Conter informações de como preenche-lo.

Young e Lundberg (apud PESSOA, 1998) fizeram uma série de recomendações à construção de um questionário.

  • Deverá ser construído em blocos temáticos obedecendo a uma ordem lógica na elaboraçãodas perguntas;
  • A redação das perguntas deverá ser feita em linguagem compreensível ao informante. A linguagem deverá ser acessível ao entendimento da média da população estudada. Evitara possibilidade de interpretação dúbia, sugerir ou induzir aresposta;
  • Cada pergunta deverá focar apenas uma questão para ser analisada peloinformante;
  • Deverá conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos da pesquisa. Devem ser evitadas perguntas que, de antemão, já se sabe que não serão respondidas comhonestidade.

Formulários

Coleção de questões que são perguntadas e anotas pelo entrevistador, numa situação “face a face”. É uma lista informal, catálogo ou inventário destinado à coleta de dados resultantes quer de observações quer de interrogações, e seu preenchimento é feito pelo próprio investigador.

Entre suas vantagens pode-se destacar a assistência direta do investigador, a possibilidade de comportar perguntas mais complexas e a garantia da uniformidade na interpretação dos dados e dos critérios pelos quais são fornecidos. Pode ser aplicado a grupos heterogêneos, inclusive a analfabetos, o que não ocorre com o questionário.

O formulário, por fim, apesar de não garantir o anonimato e exigir treinamento pessoal, é umas das práticas mais eficientes durante a coleta de dados, por ser aplicável aos mais diversos segmentos da população e por possibilitar a obtenção de dados facilmente tabuláveis e quantificáveis.

Para a elaboração de formulários, é necessário estar ciente das considerações a respeito da elaboração de questionários e entrevistas, uma vez que essa técnica situa-se entre elas. Quase todas as recomendações a respeito da elaboração de questionários são aplicáveis na elaboração de formulários. Todavia, na aplicação deste, o pesquisador está presente e é ele que registra as respostas. Ao fazer as perguntas, deve-se ter a preocupação de formulá-las exatamente como se encontram redigidas, e, caso não tenha sido entendida, deve-se repeti-la, evitando explicações pessoais.

Tanto o questionário quanto o formulário, se constituem a partir de perguntas fechadas, padronizadas, sendo mais adequados à quantificação. As perguntas devem ser ordenadas, das mais simples às mais complexas.

Como nas entrevistas, deve-se padronizar o cabeçalho, que deverão conter dados que identifiquem o informante, autorização para publicação e outros dados de interesse da pesquisa. E o nº é delimitado a partir do tema e dos objetivos da pesquisa, depende do tipo e da quantidade de informações que se deseja coletar.

Obseração

Quando se utilizam os sentidos na obtenção de dados de determinados aspectos da realidade. Registro de fatos observados a partir da experiência do pesquisador . A técnica de observação pode ser muito útil para a obtenção de informações. Mais do que perguntar, podemos constatar um comportamento. Sua utilização como técnica tem algumas importantes restrições a serem consideradas, desde a falta de objetividade do observador até a dificuldade de prever o momento da ocorrência de um determinado fato para ser observado.

Para ser considerada um instrumento de coleta de dados, a observação deve:

  • servir a um objetivo preestabelecido de pesquisa;
  • ser planejada;
  • ser registrada de forma sistemática;
  • ser passível de verificação quanto ao seu grau de precisão

A observação pode ser:

  • observação assistemática: não tem planejamento e controle previamente elaborados;
  • observação sistemática: é seletiva, observando uma parte da realidade a partir da proposta de trabalho e suas relações que devem ser delimitados pelo plano de pesquisa. tem planejamento, realiza-se em condições controladas para responder aos propósitos preestabelecidos;
  • observação não-participante: o pesquisador presencia o fato, mas não participa;
  • observação individual: realizada por um pesquisador;
  • observação em equipe: feita por um grupo de pessoas;
  • observação na vida real: registro de dados à medida que ocorrem;
  • observação em laboratório: onde tudo é controlado.

Observação Assistemática

a técnica da observação não estruturada ou assistemática, também denominada espontânea, informal, simples, livre, ocasional e acidental, consiste em recolher e registrar os fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas. É mais empregada em estudos exploratórios e não tem planejamento e controle previamente elaborados. O êxito da utilização dessa técnica vai depender do observador, de estar ele atento aos fenômenos que ocorrem no mundo que o cerca, de sua perspicácia, seu discernimento, preparo e treino, além de ter uma atitude de prontidão. No entanto, a observação não estruturada pode apresentar perigos: quando o pesquisador pensa que sabe mais do que o realmente presenciado ou quando se deixa envolver emocionalmente. A fidelidade, no registro dos dados, é fator importantíssimo na pesquisa científica;

Observação Sistemática

tem planejamento, é realizada em condições controladas para responder aos propósitos preestabelecidos. É utilizada com frequência em pesquisas que têm como objetivo a descrição precisa dos fenômenos ou o teste de hipóteses. Nas pesquisas desse tipo, o pesquisador sabe quais os aspectos da comunidade ou do grupo que são significativos para alcançar os objetivos pretendidos. Por essa razão, elabora previamente um plano de observação. A observação sistemática pode ocorrer em situações de campo ou de laboratório. Na observação sistemática, o pesquisador, antes da coleta de dados, elabora um plano específico para a organização e o registro das informações.

Isso implica estabelecer, antecipadamente, as categorias necessárias à análise da situação. Para que as categorias sejam estabelecidas adequadamente, é conveniente a realização de estudos exploratórios, ou mesmo de estudos especialmente dirigidos à construção de instrumentos para registro de dados;

Pbservação participante

Consiste na participação real do conhecimento na vida da comunidade, do grupo ou de uma situação determinada. Nesse caso, o observador assume, pelo menos até certo ponto, o papel de um membro do grupo. O observador participante enfrenta grandes dificuldades para manter a objetividade, pelo fato de exercer influência no grupo, ser influenciado por antipatias ou simpatias pessoais e pelo choque do quadro de referência entre observador e observação;

Observação Não Participante

O pesquisador toma contato com a comunidade, o grupo ou a realidade estudada, mas sem integrar-se a ela: permanece de fora. Presencia o fato, mas não participa dele; não se deixa envolver pelas situações; faz mais o papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer que a observação não seja consciente, dirigida, ordenada para um fim determinado. O procedimento tem caráter sistemático;

Observação Individual

Como o próprio nome indica, é técnica de observação realizada por um pesquisador. Nesse caso, a personalidade dele projeta-se sobre o observado, fazendo algumas inferências ou distorções, pela limitada possibilidade de controles. Por outro lado, pode intensificar a objetividade de suas informações, indicando, ao anotar os dados, quais são os eventos reais e quais são as interpretações;

Observação em Equipe

A observação em equipe é mais aconselhável do que a individual, pois o grupo pode observar a ocorrência por vários ângulos. Quando a equipe está vigilante, registrando o problema na mesma área, surge a oportunidade de confrontar seus dados posteriormente, para verificar as predisposições;

Observação na Vida Real

Normalmente, as observações são feitas no ambiente real, com o registro dos dados à medida que forem ocorrendo, espontaneamente, sem a devida preparação. Podemos dizer que estar no local onde o evento ocorre corresponde à melhor ocasião para registro. Isso reduz as tendências seletivas e a deturpação na reevocação;

Observação em Laboratório

É aquela que tenta descobrir a ação e a conduta, a que teve lugar em condições cuidadosamente dispostas e controladas. Entretanto, muitos aspectos importantes da vida humana não podem ser observados sob condições idealizadas no laboratório. Podemos afirmar que a observação em laboratório tem, até certo ponto, um caráter artificial, mas é importante estabelecer condições o mais próximo do natural, que não sofram influências indevidas pela presença do observador ou por seus aparelhos de medição e registro.

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