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@issilva5
Created August 7, 2023 17:58
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Desenhos que icebergs deixam no fundo do mar contam história do clima,"A imagem acima parece um desenho com giz de cera feito por uma criança. Mas, na verdade, trata-se de uma foto das imensas ""cicatrizes"" deixadas no leito marinho pelo movimento de um imenso bloco de gelo. Os traços registram a trajetória de um iceberg à medida que ele foi movido por ventos, correntes e marés. E essa ""arte glacial"" faz parte de uma incrível coleção de imagens que detalha como a ação do gelo moldou o fundo do mar nas regiões polares da Terra. Um atlas compilado pela Sociedade Geológica de Londres reúne o trabalho de mais de 250 cientistas de 20 países e representa a mais abrangente perspectiva do leito marinho nas altas latitudes. ""Temos um grande número de imagens de alta resolução das marcas deixadas pela ação do gelo"", diz Kelly Hogan, uma das editoras do trabalho. ""Podemos ver onde o gelo esteve e o que fez. Isso permite com que façamos comparações com o presente e nos ajuda a entender o que pode acontecer no futuro com as camadas modernas de gelo à medida que reagem às mudanças climáticas"". O atlas, que levou quatro anos para ser produzido, contém imagens criadas a partir de sonares de navios. As diferenças de cores refletem o ""eco"" dos sinais em diferentes profundidades. Uma primeira versão, lançada em 1997, tinha apenas imagens de baixa resolução. A mais atual se beneficia da evolução tecnológica, que permite o mapeamento do leito marinho com uma precisão incrivelmente maior. Além de icebergs, as marcas no fundo também registram o movimento de geleiras. ""Quando os traços de geleiras estão próximas uma das outras, são provavelmente registros de um evento anual, mas também podemos encontrar rastros formadas há milhares de anos, e que estão mais espaçadas. Podemos datar os sedimentos para ver o quão rápido o gelo recuou. Isso dá uma ideia de como podemos usar as imagens para entender o que está acontecendo"", diz Hogan. Um dos pontos mais intrigantes são as formações normalmente encontradas em solo permanentemente congelado. Um grande número delas é encontrada no fundo do Mar Laptev, no Ártico. Elas foram criadas na superfície, mas acabaram submersas durante múltiplos ciclos de aquecimento e congelamento, há pelo menos 7 mil anos. É apenas mais um exemplo de como os mares podem preservar algo que poderia ser perdido em terra, talvez coberto por vegetação, construções ou destruído por erosões."
Bolas de neve gigantes aparecem em praia da Sibéria,"Moradores do Golfo de Ob, no noroeste da Sibéria (Rússia), foram surpreendidos neste sábado com milhares de bolas de neve espalhadas pela praia. Um trecho de aproximadamente 18 km do litoral amanheceu coberto pelas esferas de gelo de diferentes tamanhos. Algumas chegavam a 1 m de circunferência. Segundo especialistas, trata-se de um raro fenômeno ambiental a partir do qual pequenos pedaços de gelo se formam, são transportados pelo vento e pela água e se agrupam em bolas de neve gigantes. Moradores do vilarejo de Nyda, localizado na Península de Yamal, perto do Ártico, dizem que nunca haviam visto nada parecido. Em entrevista à TV russa, Sergei Lisenkov, porta-voz do Instituto de Pesquisa do Ártico e da Antártica, explicou o fenômeno. ""Por definição, em primeiro lugar, há um fenômeno natural? o gelo. A partir daí, temos os efeitos do vento, do leito das águas do mar, e das condições de temperatura"", enumera ele. ""Essa combinação resulta na formação de bolas como essas"", acrescenta. Uma cena parecida foi testemunhada no Golfo da Finlândia em dezembro de 2014, e no Lago Michigan (EUA) um ano depois, informou o site de notícias russo Ura.ru."
Projeto de termelétrica no litoral de SP gera preocupações ambientais,"O plano de construção de um complexo termelétrico em Peruíbe, na Baixada Santista, tem gerado controvérsia na cidade, alarmado biólogos e ambientalistas, preocupado o Ministério Público e movimentado deputados estaduais de São Paulo. Ainda em fase de licenciamento ambiental, o projeto é composto de uma termelétrica de gás natural, mais de 90 km de linha de transmissão, um terminal offshore de gás natural e 80 km de gasodutos. O orçamento previsto é de R$ 5 bilhões. Os possíveis impactos ambientais do empreendimento, que pode vir a afetar estações ecológicas, áreas de proteção e aldeias indígenas levou, há duas semanas, à formação de uma frente parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo. ""O projeto é uma aberração"", diz o deputado Luiz Fernando Teixeira (PT), coordenador da frente, que também conta com um membro do PSDB. ""Querem transformar um paraíso ecológico como Peruíbe, um dos poucos lugares que ainda possui partes intocadas da mata atlântica, em uma Cubatão"", diz Teixeira. Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) manifestou preocupação a respeito da rapidez com que vem sendo conduzido o licenciamento ambiental do empreendimento. No começo de agosto o MPF instaurou um inquérito civil público para fiscalizar o processo. NO MAR E NA MATA As inquietações com relação aos impactos ambientais do projeto são corroboradas por biólogos e ambientalistas. Segundo Fabrício Gandini, do Instituto Maramar, o projeto ignora as normas do Zoneamento Ecológico e Econômico do Setor Costeiro da Baixada Santista (ZEE), uma das principais legislações ambientais do Estado. ""O ZEE proíbe a construção de um porto no litoral de Peruíbe, como o previsto no projeto"", afirma Gandini. Após analisar o EIA-Rima (Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental) do empreendimento, o instituto, que integra o Conselho Consultivo das Áreas de Proteção Ambiental Marinhas, identificou a ""existência de vícios de procedimentos insanáveis"" e pediu formalmente a suspensão do processo de licenciamento. Os possíveis problemas não se limitam ao mar. A linha de transmissão que ligará a usina de Peruíbe à central de Cubatão atravessará áreas que concentram espécies ameaçadas, de acordo com o ornitólogo (especialista em aves) Bruno Lima, que estuda a região há mais de dez anos. ""Espécies de aves descem da Serra do Mar para a planície no inverno e regressam após o período de frio. Ao longo desse percurso, elas vão dispersando sementes de árvores"", explica Lima, responsável pelo primeiro levantamento das aves da região. Segundo o ornitólogo, as linhas de transmissão têm o potencial de impedir esse fluxo de sementes, o que resultaria no empobrecimento dessas florestas. Existem, além disso, questionamentos acerca da concepção do complexo. O químico e engenheiro Elio Lopes, que trabalhou por 25 anos na Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e foi gerente da companhia em Cubatão, esteve numa apresentação recente do projeto na Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Santos, onde contestou diversos pontos. Um deles é o sistema de refrigeração da usina –aberto, e não fechado–, que utiliza a água do mar para arrefecer o maquinário, e é considerado não só ultrapassado como também ""frágil do ponto de vista ambiental"". ""Se houver qualquer acidente ou vazamento, os produtos da usina vão direto para o mar"". De acordo com Lopes, o projeto também não detalha como se dará o controle das fontes de poluição do ar. ""O parâmetro mais importante nesse tipo de discussão é a capacidade da turbina. Quando questionei o representante da empresa sobre isso, ele me disse que o modelo ainda não estava escolhido"". ""Não é possível saber o impacto na qualidade do ar sem que você saiba qual turbina será utilizada"", diz Lopes. Tais questões têm gerado em Peruíbe resistência à instalação do complexo. No final de agosto, uma audiência pública para discutir o projeto teve de ser cancelada após um protesto de moradores, índios e ambientalistas. O prefeito de Peruíbe, Luiz Maurício (PSDB), por sua vez, prefere não tomar partido na questão. ""A oposição ao empreendimento tem ganhado corpo na cidade, mas a atual fase de licenciamento ambiental compete ao Estado. Neste momento, a obrigação da prefeitura é acompanhar o processo para garantir sua lisura e ficar atenta aos impactos que a eventual instalação da usina pode trazer."" A favor do projeto, de acordo com Maurício, estão a associação comercial da cidade e os setores de construção civil e imobiliário. OUTRO LADO Procurada pela reportagem, a Gastrading, empresa responsável pelo Projeto Verde Atlântico Energias ressalta que a geração de energia elétrica pode chegar a 1,7 gigawatt e 20 milhões de metros cúbicos de gás natural podem ser transportados diariamente, ""energia suficiente para abastecer 1,7 milhão de moradores da região"". O incremento seria relevante para a matriz energética do estado, que atualmente produz 8,1 gigawatts e que precisa importar de outros estados até completar os 14,5 gigawatts que, em média, são necessários, informa a nota. Sobre a frente parlamentar contrária ao empreendimento, a empresa afirma que estão à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas sobre o projeto e que ""em nenhum momento os representantes da frente nos convocaram [para apresentá-lo]"". ""O gás natural é uma alternativa a outras matrizes energéticas mais poluidoras, como as térmicas movidas a carvão e óleo"", diz a nota. Em relação ao inquérito instaurado pelo Ministério Público Federal para fiscalizar o processo de licenciamento ambiental, a Gastrading diz que teve sua atuação autorizada pelos órgãos responsáveis e que já realizou mais de 70 reuniões e encontros com entidades da sociedade civil, ""nos quais a empresa apresentou o projeto e tirou dúvidas da população, além das quatro audiências públicas já realizadas"". ""O estudo de impacto ambiental [...] atende a todas as normas e exigências legais em vigor."" A respeito das acusações sobre estar descumprindo o Zoneamento Ecológico e Econômico, segundo a Gastrading, o projeto da termelétrica ""segue rigorosamente a legislação e está em conformidade com o plano diretor do município de Peruíbe"". A empresa também diz que a implantação da linha de transmissão entre Peruíbe e Cubatão não irá interferir nas rotas dos animais, ""pois o projeto considera a manutenção da vegetação existente entre as torres"", as quais contarão com sinalizadores para alertar os animais. ""Além disso, o lançamento dos cabos das linhas de transmissão será realizado por drones, técnica que evita fragmentação destes ambientes, ou seja, é mais moderna e mais sustentável."" - Nome Projeto Verde Atlântico Energias –Terminal de Recepção e Regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL) e Usina Termoelétrica a gás natural em Peruíbe Município Peruíbe, na Baixada Santista, Área ocupada 42 hectares, além dos gasodutos (um de 10 km e outro de 81,5 km) e das linhas de transmissão (92,5 km) e um terminal offshore a 10 km da praia Geração de eletricidade 1,7 gigawatt, o equivalente a um aumento de 21% na produção energética estadual 4.590 empregos, maior arrecadação de impostos, maior oferta de gás natural na região, estímulo às indústrias, redução da importação de energia pelo Estado de SP No Mar A construção do terminal offshore e do gasoduto no mar podem alterar o ecossistema marinho na região Na Mata Linhas de transmissão passam em áreas habitadas por espécies ameaçadas e podem prejudicar o fluxo migratório de aves"
"Cidades com mais mata atlântica estão no litoral norte de SP, diz estudo","Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião, todas no litoral norte de São Paulo, são os municípios com mais mata atlântica no Estado. De acordo com o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, lançado nesta quarta-feira (11), as três cidades têm entre 84% e 85% de cobertura vegetal com exemplares típicos da floresta atlântica. O documento, feito pela ONG SOS Mata Atlântica em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostra que, entre 2000 e 2014, os maiores desmatamentos paulistas ocorreram no sul do Estado. Eldorado (com 71% de cobertura vegetal), Barra do Turvo (53%) e Jacupiranga (46%) são as localidades que mais perderam florestas, segundo o levantamento, atualizado todos os anos. RANKING CAPITAIS Mata atlântica nas capitais - Porcentagem de vegetação natural nas capitais No ranking das capitais do país que tinham a presença da mata atlântica quando os portugueses aqui chegaram, São Paulo aparece na sexta colocação. A capital paulista tem 18% de mata atlântica em seus domínios. Mas, vários dos fragmentos que ainda param em pé estão com qualidade ruim para proteção da biodiversidade. Porto Alegre (RS) é a primeira capital da lista, com 32%. Todos os dados consideram a quantidade de hectares com cobertura vegetal em relação à área que, por lei, deveria estar preservada. Mata Atlântica"
Câmara aprova projeto que facilita exploração de biodiversidade,"Após mais de sete meses de impasse e intensas negociações, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta segunda-feira (9) um projeto que facilita a pesquisa e a exploração econômica da biodiversidade brasileira. Os deputados, porém, deixaram para esta terça (10) a conclusão da votação, quando serão analisadas as sugestões de mudanças no texto. O projeto ainda tem que passar por votação no Senado. Um dos principais objetivos do projeto é reduzir as exigências burocráticas para a pesquisa sobre recursos da biodiversidade brasileira e renegociar dívidas de multas aplicadas antes da vigência da regulamentação atual. As medidas terão efeito especialmente na área de pesquisa e na indústria farmacêutica e de cosméticos. Editadas em 2001, as normas em vigor exigem autorizações prévias para a pesquisa e para a remessa de amostras para o exterior, além de pagamento assim que a possibilidade de exploração econômica do material genético é confirmada. Hoje, porém, tais normas são vistas pelo próprio governo como excessivamente restritivas às pesquisas e à atividade econômica. O projeto original enviado pelo Executivo mudava a legislação para tratar apenas da pesquisa industrial e mantinha a agricultura e a pecuária sob as regras ainda em vigor. O relator da matéria, o deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), porém, incluiu na proposta a pesquisa sobre sementes e melhoramento de raças e garantiu isenção de royalties para a pesquisa com soja, arroz, cana e outras commodities, uma reivindicação da bancada ruralista. Segundo o parlamentar, os royalties relativos à soja e outras plantas elevariam custos de produção, prejudicando a competitividade comercial do agronegócio nacional. O texto de Moreira foi criticado por ambientalistas por ter sido ""amplamente discutido com representantes do setor privado, especialmente o agropecuário e o industrial"", como consta no relatório do deputado, mas sem a participação de ambientalistas e comunidades indígenas. 'DESCONFIANÇA' O projeto de lei propõe também um cadastro de instituições –no lugar das autorizações prévias– para o acesso e a pesquisa. Manteve-se apenas a exigência de autorizações apenas para estrangeiros sem vínculo com entidades brasileiras. Apresentada pela deputada Luciana Santos (PCdoB-PE), uma das emendas prevê manter a exigência de autorização prévia para toda as instituições estrangeiras, mesmo aquelas vinculadas a entidades brasileiras, para preservar interesses nacionais. Moreira, por sua vez, entende que isso configura uma ""desconfiança"" em relação a instituições de outros países. Outro ponto do projeto é fazer com que o pagamento sobre a exploração econômica só seja feito depois do início da comercialização do produto final."
"Oceanos perderam 2% de oxigênio desde 1960, aponta estudo da 'Nature'","Os oceanos do mundo perderam mais de 2% do seu oxigênio desde 1960, o que pode ter consequências potencialmente devastadoras para plantas e animais marinhos, disseram cientistas nesta quarta-feira (15). Nessas cinco décadas e meia, as partes dos oceanos desprovidas de oxigênio quadruplicaram, segundo um estudo publicado na revista científica ""Nature"". E a produção e fluxo de óxido nitroso, um poderoso gás de efeito estufa, ""provavelmente terá aumentado"", disse. Os oceanos cobrem quase três quartos da superfície da Terra, fornecem cerca de metade do oxigênio que respiramos e alimentam bilhões de pessoas a cada ano. Em um comentário sobre o estudo, também publicado pela ""Nature"", o cientista Denis Gilbert da Fisheries and Oceans Canada escreveu que uma ""diminuição de 2% do conteúdo de oxigênio do oceano pode não parecer muito"", mas que ""as implicações disso para os ecossistemas marinhos podem ser graves em partes do oceano onde o oxigênio já é baixo"". O relatório constatou que a maior diminuição aconteceu perto de áreas onde o oxigênio já era baixo, nas chamadas ""zonas mortas"", onde os níveis de oxigênio declinaram 4% a cada década. A maior parte do oxigênio foi perdida nos oceanos Pacífico Equatorial e Norte, Antártico e Atlântico Sul, que apresentaram ""uma diminuição contínua"", e que ""juntos são responsáveis ​​por 60% da perda de oxigênio oceânico global"", relatou o estudo. Os autores disseram que precisavam realizar mais pesquisas para determinar quanto da perda de oxigênio era devido ao aquecimento global e quanto estava relacionado aos ciclos climáticos naturais. O estudo também reiterou um alerta antigo de que a perda de oxigênio se aceleraria –com previsões de uma queda de 1% a 7% até 2100."
Agricultura urbana gera renda e comida limpa na zona leste de SP,"José Aparecido Candido Vieira, 65, era vendedor na rua Santa Ifigênia, o paraíso dos componentes eletrônicos na cidade de São Paulo. Saía de casa para o trabalho às 5h30 e voltava só às 20h, depois de passar o dia batendo perna entre as lojas. Mas os anos foram-lhe pesando, ele já não rendia tanto, o dinheiro começou a minguar. Há dois anos, ele jogou tudo para o ar e transformou-se em um agricultor urbano. Nos extremos da zona leste, em um tal de Jardim Imperador, debaixo de um linhão de transmissão de energia elétrica da Eletropaulo, Vieira começou sua nova vida, agora plantando alface lisa, crespa, mimosa, roxa, couve, rúcula, temperos, almeirão, repolho, catalônia, maracujá e banana -tudo sem agrotóxicos ou fertilizantes químicos. A horta de produtos orgânicos emprega a mãe e a mulher do ex-vendedor, que mora a uma quadra do atual trabalho. Rendimento mensal por cabeça: de R$ 700 a R$ 1.200, dependendo da estação. Veja imagens Longe de se constituir em excentricidade, a agricultura urbana é tendência no mundo todo. Por encurtar as distâncias que normalmente separam o produtor de seus consumidores, as hortas urbanas são consideradas ecologicamente corretas. Porque não usam pesticidas, também. Porque prescindem dos atravessadores (o consumidor pode ir até o produtor), são socialmente mais justas, remunerando melhor o trabalhador agrícola. À frente da implantação de 21 hortas urbanas voltadas para a geração de renda e de 32 outras, instaladas cem escolas públicas, está o administrador de empresas e técnico em políticas ambientais Hans Dieter Temp, 50, coordenador da organização não-governamental ""Cidades sem Fome/Hortas Comunitárias"". Esqueça a horta hippie, cheia de espécies exóticas, com agricultores da nova era. O objetivo principal das hortas do Cidades sem Fome é a geração de renda e oportunidades de trabalho em comunidades carentes, como as existentes na periferia de São Paulo. Nas escolas, é contribuir com a qualidade nutricional das merendas, além de ajudar as crianças a vivenciar um mundo alimentar diferente dos supermercados. ""Tem terreno que não acaba mais disponível na cidade. São as áreas debaixo das linhas de transmissão da Eletropaulo, áreas cortadas por dutos de petróleo da Transpetro, terrenos baldios, áreas públicas abandonadas, além dos terrenos vagos nas 680 escolas públicas de São Paulo "", diz Temp (ele não tem os números precisos). A ONG legaliza o uso do solo por intermédio de contratos de comodato e cede o terreno para trabalhadores selecionados de acordo com critérios de necessidade e vulnerabilidade, a partir de indicações das comunidades do entorno. Mas, como manter essas hortas urbanas em uma cidade, como São Paulo, crescentemente acossada pela falta d'água? Segundo o ex-vendedor que virou agricultor, o dispêndio de água na sua horta é baixíssimo. ""Depois do cultivo, nós recobrimos os canteiros com uma manta de capim que mantém a umidade do solo por vários dias"", diz. O resultado é que o consumo de água em sua horta de 900 metros quadrados é menor do que o de uma casa com cinco moradores. Segundo Hans Dieter Temp, as hortas urbanas fomentadas pelo projeto Cidades sem Fome têm um tempo de maturação entre 12 e 18 meses para se tornarem auto-sustentáveis. A ideia é implantar essas hortas por toda a periferia, barateando o preço das hortaliças para as camadas mais pobres da população. ""Em pouco tempo, quase 90% da população mundial estará morando em grandes cidades. É preciso inventar um modo para que as pessoas possam se alimentar de forma saudável, sem ter de importar alimentos imprescindíveis de lugares longínquos""."
ONU e França pedem que Trump respeite acordo do clima,"O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse nesta terça-feira (15) que as ações contra as mudanças climáticas se tornaram inevitáveis e expressou esperanças de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, desista do plano de abandonar um acordo global que visa diminuir a dependência do mundo dos combustíveis fósseis. Em uma reunião de quase 200 nações realizada no Marrocos para buscar formas de implementar o acordo de Paris de 2015 para limitar as emissões de gases de efeito estufa, Ban disse que empresas, Estados e cidades dos EUA estavam buscando limitar o aquecimento global. ""O que antes era impensável tornou-se inevitável"", disse sobre o Acordo de Paris, aprovado pelos governos em 2015, ratificado em tempo recorde neste ano e adotado formalmente por mais de cem nações, incluindo os Estados Unidos. Ban disse esperar que o republicano Trump, eleito na semana passada, abandone sua visão de que a mudança climática provocada pelo homem é uma farsa e sua promessa de cancelar o Acordo de Paris. ""Estou certo de que tomará uma decisão rápida e sábia"", disse Ban. Ele observou que este ano está rumo a se tornar o ano mais quente desde que os registros começaram no século 19. ""Espero que ele realmente ouça e compreenda a gravidade e a urgência de lidar com as mudanças climáticas. Como presidente dos Estados Unidos, espero que ele entenda isso, ouça e avalie as observações de sua campanha"", disse ele. Ban disse que empresas como General Mills e Kellogg, Estados como a Califórnia e cidades como Washington, Nashville e Las Vegas estavam trabalhando para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa. Ele disse que a Trump, como uma ""pessoa de negócios muito bem sucedida"", entenderia que as forças do mercado já estavam agindo para guiar a economia mundial para energias mais limpas, longe dos combustíveis fósseis. FRANÇA O presidente francês, Francois Hollande, também afirmou que os Estados Unidos deveriam respeitar o acordo global para limitar as mudanças climáticas após a eleição de Donald Trump como presidente do país, dizendo que o acordo era irreversível. Hollande disse em uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas que o acordo de 2015 para limitar as emissões ""é irreversível legalmente e de fato. Além de ser irreversível em nossas mentes."" ""Os Estados Unidos, a maior potência econômica do mundo, o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, precisam respeitar os compromissos que eles assumiram"", disse Hollande. Trump, que chamou mudança climática de uma farsa, quer abandonar o acordo."
Isenção de imposto no Paraná ajuda donos de imóveis a preservar floresta,"O intenso pio das corujas foi o que mais impressionou o arquiteto Osvaldo Navaro Alves, 72. ""É o som da floresta"", diz, ao lembrar das primeiras noites na sua casa rodeada de mata atlântica, sob o olhar de jacus e tucanos. Mas Navaro não está distante da cidade –ao contrário. Está bem no meio dela, em um bairro residencial de Curitiba, considerada referência em preservação da mata. A cidade é famosa pelos parques e bosques públicos, que são 53. A área verde cobre 25% da área total do município –e, na década de 1990, lhe rendeu o apelido de ""capital ecológica"". Na última década, Curitiba voltou a inovar: criou as reservas particulares municipais de floresta, como a propriedade de Navaro, que têm benefícios para preservar os bosques nativos. Os moradores ganham isenção de IPTU e títulos de potencial construtivo, uma ""moeda"" inventada em Curitiva e prevista no Estatuto das Cidades, de 2001. Como forma de estimular sua preservação, algumas propriedades estratégicas –casas históricas ou imóveis rodeados de mata nativa– ganham um título negociado e vendido a construtoras que queiram aumentar a área construída em outras regiões. Há um limite de aumento definido no plano diretor. ""A gente preserva por amor. Mas o amor é relativo: se não for um bom negócio, a maioria não faz"", diz Navaro, que vive há quase 40 anos na sua reserva. Hoje, há 17 RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural) municipais –no Brasil inteiro, são 37. Curitiba tem quase a metade delas. As áreas funcionam como ""uma fábrica de serviços"" para a cidade. ""Uma fábrica de ar puro, de umidade, de controle da temperatura, que filtra a poluição, preserva as nascentes"", explica a bióloga Betina Bruel, da SPVS (Sociedade de Proteção à Vida Selvagem), que participou de um mapeamento para identificar potenciais reservas. Das áreas verdes do município, cerca de 75% estão em propriedades privadas. Daí a importância de estimular sua preservação, defende Bruel. PRESSÕES A cidade tem o mérito de manter a política de preservação ao longo de diferentes gestões. ""Há uma memória coletiva; os pinheiros são preservados por cultura, por reverência"", diz o prefeito Rafael Greca (PMN). Ele lembra de campanhas de educação ambiental como a ""Família Folha"", que incentivava a reciclagem do lixo, e que, para ele, formaram gerações e mantiveram a popula- ção alerta. ""Quando as pessoas se apropriam da ideia, não há partido nem política que mude. Porque a coisa vem de baixo para cima"", comenta o secretário do Meio Ambiente, Sergio Tocchio. Mesmo em Curitiba, porém, as áreas verdes sofrem pressões –em especial, a imobiliária. ""Aqui é a cereja do bolo"", diz Terezinha Vareschi, 64, dona de uma área verde no bairro de Santa Felicidade. ""Se eu tivesse vendido, estava com minha vida resolvida."" Muitos dos proprietários de florestas remanescentes em Curitiba são de classe média e vivem há gerações numa área de valor milionário, mas sem recursos para mantê-la. Assim, sucumbem à oferta das construtoras, que põem a mata abaixo. Para eles, é necessário estimular a criação das RPPNs, que ainda sofrem com a burocracia e com ameaças constantes de retrocessos, devido à pressão econômica. A prefeitura diz estar ""vigilante"" e promete melhorar os mecanismos de compensação aos proprietários. ""É uma vacina às pressões imobiliária e política"", diz Tocchio. No mês que vem, mais duas reservas particulares vão sair do papel, e outras 19 estão em processo de criação."
Temer revoga decreto sobre reserva mineral e apresenta novo texto,"Menos de uma semana depois de anunciar a extinção de uma área de reserva mineral na Amazônia, o governo do presidente Michel Temer voltou atrás, nesta segunda (28), e decidiu publicar novo texto mais detalhado sobre o tema. O novo decreto –que anula o anterior mas volta a extinguir a Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados)– proíbe, ""exceto se previsto no plano de manejo"", a exploração mineral nas áreas da extinta reserva onde houver ""sobreposição parcial com unidades de conservação da natureza ou com terras indígenas demarcadas "". Nas áreas onde não há sobreposição, o novo texto afirma que a exploração mineral ""atenderá ao interesse público preponderante"", considerando elementos como uso sustentável da área, dimensionamento de impacto ambiental e uso de tecnologia para reduzir os impactos. O texto ainda diz que a obtenção de título de direito minerário estará vinculado à comprovação de não participação em atividade mineral ilegal anterior. Além disso, foi criado pelo decreto o Comitê de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca -de caráter consultivo. O ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, admitiu o receio de um ""desmatamento desenfreado"" na região, depois de dizer que a pasta não participou da edição do primeiro decreto. O anuncio foi feito na tarde desta segunda (28) por Sarney Filho e peloo ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. A antiga Renca, área de 46.450 km² se sobrepõe a partes de três unidades de conservação de proteção integral e duas terras indígenas. ""Seria um desserviço à politica ambiental se não fizéssemos um novo decreto para deixar nítido para as pessoas que esse decreto não iria afrouxar regras ambientais nem interferir nas unidades de conservação. Com essas decisões vamos ter responsabilidade na região e não vai acontecer um desmatamento desenfreado conforme era nosso receio"", disse Sarney Filho. Em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro do Meio Ambiente afirmou que conversou com Temer e com o ministro de Minas e Energia sobre a necessidade de ""clarificar"" a decisão de extinguir a reserva. Para ele, houve uma ""sinalização de que o governo estaria abandonando a Amazônia para o setor minerário. ""Muito pelo contrário"", completou. Sarney Filho acrescentou que o novo decreto mantém a extinção da Renca, mas traz ""um vigor muito maior"" para garantir a preservação das unidades de conservação. ""O novo decreto colocará ponto por ponto de como deverá ser agora após a extinção da Renca, preservando as questões ambientais, indígenas, sejam elas reservas estaduais ou federais. [...] A mineração só irá ocorrer dentro da legislação ambiental em vigor"", disse Fernando Coelho Filho. Segundo o ministro de Minas e Energia, o novo decreto ""reforça"" os pontos sobre a preservação. Fernando Coelho Filho disse que, como em ""qualquer área no país"", antes de fazer uma requisição de pesquisa em determinada área, será preciso apresentar ""um plano de impacto ambiental"". CELEBRIDADES Desde a manhã desta segunda (28), artistas se envolveram em uma mobilização nas redes sociais pedindo que a população proteste contra a decisão do governo sobre a Renca. Caetano Veloso e Anitta, que protagonizaram a campanha, publicaram mensagens na internet com a hashtag #TudoPelaAmazônia. tweet A modelo Gisele Bündchen tem divulgado textos nas redes sociais em defesa da região e diz que o governo está ""leiloando"" a floresta. CONFUSÃO Na sexta-feira (25), dois dias após a publicação do decreto, Fernando Coelho Filho já havia convocado uma entrevista às pressas, na qual disse que a Renca não é uma reserva ambiental e garantiu que não haveria redução em áreas de preservação no local. Na ocasião, Coelho Filho argumentou que, dentro da área da Renca, existem hoje cerca de 28 pistas de pouso clandestinas e mil pessoas praticando garimpo ilegal e que, sem o decreto, o ministério não podia atuar nesta área. A área é de 46.450 km² –tamanho equivalente ao do Espírito Santo–, na divisa entre Pará e Amapá. A região possui reservas minerais de ouro, ferro e cobre. A Renca foi criada em 1984, durante o regime militar. Dentro da reserva estão localizadas partes de três unidades de conservação de proteção integral, de quatro unidades de conservação de uso sustentável (uma delas na qual a mineração era permitida a partir de um plano de manejo) e de duas terras indígenas. - O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e DECRETA: Art. 1º Fica revogado o Decreto nº 9.142, de 22 de agosto de 2017. Art. 2º Fica extinta a Reserva Nacional de Cobre e Seus Associados, reserva mineral constituída pelo Decreto nº 89.404, de 24 de fevereiro de 1984, localizada nos Estados do Pará e do Amapá. Art. 3º Nas áreas da extinta Renca onde haja sobreposição parcial com unidades de conservação da natureza ou com terras indígenas demarcadas fica proibido, exceto se previsto no plano de manejo, o deferimento de: I - autorização de pesquisa mineral; II - concessão de lavra; III - permissão de lavra garimpeira; IV - licenciamento; e V - qualquer outro tipo de direito de exploração minerária. Art. 4º A autoridade competente para a análise dos títulos de direto minerário relativos à pesquisa ou à lavra em área da extinta Renca sobreposta a unidades de conservação da natureza federais ou a terras indígenas demarcadas iniciará os processos administrativos para o cancelamento dos títulos concedidos e indeferirá os requerimentos de novos títulos de direito minerário requeridos entre a criação e a extinção da Renca. Art. 5º Nas áreas da extinta Renca onde não haja sobreposição com unidades de conservação da natureza federais, nas quais é proibida a exploração mineral, ou com terras indígenas demarcadas, a exploração mineral atenderá ao interesse público preponderante. § 1º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se atendido o interesse público preponderante quando houver: I - a correta destinação e o uso sustentável da área; II - o dimensionamento do impacto ambiental da exploração mineral; III - o emprego de tecnologia capaz de reduzir o impacto ambiental; e IV - a capacidade socioeconômica do explorador de reparar possíveis danos ao meio ambiente. § 2º A concessão de títulos de direito minerário nas áreas a que se refere o caput será precedida de habilitação técnica perante os órgãos e as entidades competentes. § 3º O início da explotação dos recursos minerais estará condicionado à aprovação pelos órgãos e pelas entidades competentes dos seguintes planos, observado o disposto em legislação específica: I - aproveitamento econômico sustentável; II - controle ambiental; III - recuperação de área degradada, quando necessário; e IV - contenção de possíveis danos. Art. 6º Fica proibida a concessão de títulos de direito minerário a pessoa que comprovadamente tenha participado de exploração ilegal na área da extinta Renca. § 1º Nas solicitações de título de direito minerário apresentados por pessoas jurídicas, o solicitante deverá apresentar comprovação de que as pessoas naturais que compõem a sociedade, direta ou indiretamente, não estão impedidas de contratar com a administração pública e de que não tenham participado de exploração ilegal na área da extinta Renca. § 2º A proibição estabelecida no caput se aplica aos sócios, aos controladores dos sócios e às pessoas naturais que compõem, direta ou indiretamente, as empresas do mesmo grupo econômico da pessoa jurídica solicitante. Art. 7º Caberá à Agência Nacional de Mineração, nas áreas da extinta Renca, a autorização para transferência do título de direito minerário, que somente será autorizada após decorrido o prazo de dois anos, contado da data da expedição do título, para as pessoas naturais ou jurídicas que comprovarem deter as mesmas condições técnicas e jurídicas do detentor original. Art. 8º Nas áreas da extinta Renca onde haja sobreposição parcial com unidades de conservação da natureza federais e estaduais ou com terras indígenas demarcadas, ficam mantidos os requisitos e as restrições previstos na legislação relativa à exploração mineral em unidades de conservação da natureza, terras indígenas e faixas de fronteira. Art. 9º Fica criado o Comitê de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca, no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, que será composto por um representante, titular e suplente, dos seguintes órgãos e entidades: I - Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá; II - Ministério de Minas e Energia; III - Ministério do Meio Ambiente; IV - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; V - Ministério da Justiça e Segurança Pública, escolhido dentre os servidores da Fundação Nacional do Índio - Funai; e VI - Agência Nacional de Mineração. § 1º Serão convidados a participar do Comitê de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca: I - um representante do Poder Executivo do Estado do Amapá; e II - um representante do Poder Executivo do Estado do Pará. § 2º O Comitê de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca terá caráter consultivo e será ouvido pela Agência Nacional de Mineração antes da outorga de títulos de direito minerário relativos à área da extinta Renca. § 3º Os representantes dos órgãos referidos nos incisos I a IV do caput serão indicados pelos respectivos Ministros de Estado e designados em ato do Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da República. § 4º Os representantes referidos nos incisos V e VI do caput serão indicados pelos dirigentes máximos das respectivas entidades e designados em ato do Ministro de Estado Chefe Casa Civil da Presidência da República. § 5º A participação no Comitê de Acompanhamento das Áreas Ambientais da Extinta Renca será considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada. Art. 10. Ficam revogados: I - o Decreto nº 89.404, de 24 de fevereiro de 1984; e II - Decreto nº 92.107, de 10 de dezembro de 1985. Art. 11. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação."
Ministro culpa gestão passada e diz que desmatamento deve ser revertido,"O ministro do Meio Ambiente, Zequinha Sarney, responsabilizou neste sábado (24) o governo da ex-presidente Dilma Rousseff pelo recente salto no desmatamento na Amazônia e disse que a tendência é de uma reversão da atual curva ascendente. Em entrevista à imprensa, ele culpou cortes orçamentários feitos pela gestão petista e disse que a redução dos recursos destinados para comando e controle afetaram a fiscalização. Segundo ele, no entanto, desde dezembro o governo peemedebista restabeleceu os recursos orçamentários, inclusive com novos incrementos. ""As causas do desmatamento são complexas, mas a principal nos últimos anos é por comando e controle. Quando ele falha, aumenta o desmatamento"", disse. Apesar do presidente Michel Temer ter feito parte do governo petista, no cargo de vice-presidente, o ministro isenta o peemedebista de culpa pelo aumento no desmatamento. ""Eu acredito que o vice-presidente não tinha nenhuma gestão nessa área"", disse. O ministro recuou e afirmou que ainda não há definição sobre o envio de projeto de lei ao Congresso Nacional para substituir medida provisória que reduzia área de preservação no Pará. veja vídeo JAMANXIM Em vídeo, divulgado antes do veto presidencial à proposta, o ministro havia dito que o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) daria um parecer técnico acatando a necessidade de transformação em APA (Área de Proteção Ambiental) de áreas da Floresta Nacional de Jamanxim, no Pará. Ele havia afirmado ainda que seria enviado um projeto de lei com o mesmo conteúdo da medida provisória, com ""urgência constitucional"". A APA é a categoria mais baixa de proteção, que permite propriedade privada e atividades rurais. Neste sábado (24), no entanto, o ministro afirmou que nada foi definido ainda e que não haverá projeto de lei se o ICMBio disser que não há necessidade de ajustes na área da Floresta Nacional de Jamanxim. ""Nós estamos agora em um processo de discussão, sem pressa e sem açodamento. E nada será remetido pelo ministério que não tenha parecer técnico dos órgãos competentes para isso"", disse. ""Se amanhã o ICMBio disser que, pelas avaliações técnicas, não devemos fazer nada, não vamos fazer nada. Se ele disser que precisa de ajustes aqui e ali, vamos fazer"", acrescentou. O ministro ressaltou que ""não existe nenhuma proposta"" e defendeu que durante o governo do presidente Michel Temer não houve retrocessos na área ambiental, mas apenas avanços. O presidente vetou na segunda-feira (19) medida provisória que reduzia o nível de proteção de parte da Floresta Nacional do Jamanxim. O texto modificado na Câmara e aprovado na Casa e no Senado previa a transformação de 486 mil hectares da floresta em APA. A proposta original reduzia o nível de proteção de 300 mil hectares da floresta, o equivalente a quase duas cidades de São Paulo."
Dados preliminares indicam alta de 68% no desmatamento na Amazônia,"Dados preliminares do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam que o desmatamento na Amazônia voltou a subir. Segundo monitoramento feito pelo Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real do Inpe), os alertas de desmatamento cresceram 68% nos últimos 12 meses (agosto de 2014 a julho de 2015), em relação ao ao período entre agosto de 2013 e julho de 2014. A taxa total de 5.121,92 Km2 –cerca de três vezes a cidade de São Paulo– é a mais elevada, nos registros do Deter, nos últimos seis anos. Mais uma vez, o Mato Grosso liderou a lista do desmatamento (35%), seguido pelo Pará (cerca de 30%) e Rondônia (15%). Embora seja feito pelo Inpe, esse levantamento não representa o número oficial do desmatamento no Brasil, que é feito por um outro sistema, mais preciso, do mesmo instituto: o Prodes. Embora seja menos preciso –o Deter do só detecta desmatamento acima de 25 hectares e sofre mais com a interferência da cobertura de nuvens–, o sistema é considerado um bom termômetro do ritmo do desmatamento na Amazônia. ""Sabemos que os sistemas de alertas não representam o total de desmatamento e nem são eficazes para pegar pequenos desmatamentos com menos de 25 hectares e é exatamente isso que preocupa, pois com este aumento de alertas podemos esperar também um crescimento na taxa anual medida pelo Prodes"", afirma Rômulo Batista, da Campanha da Amazônia do Greenpeace. AUMENTO ESPERADO O sistema de monitoramento independente SAD, feito pela ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) e divulgado na semana passada, já indicava uma tendência de alta de 63% nos alertas. A taxa oficial do desmatamento, feita pelo Prodes do Inpe, só será divulgada em novembro, próxima à Convenção Mundial do Clima de Paris. O desmatamento é a principal fonte de emissões de gases-estufa do Brasil. Os últimos números oficiais do sistema Prodes, referentes a agosto de 2013 a julho de 2014, indicaram uma redução de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior."
"Impasse sobre reserva mineral envolve juiz, ministros, PSOL e ambientalistas","Talvez fosse difícil imaginar que o decreto de Temer que extinguiu uma área de reserva mineral na Amazônia, a Renca, acabaria envolvendo dois Ministérios, um juiz federal, o ministro do STF Gilmar Mendes, PSOL, celebridades e ambientalistas –mas todos participam da trama. ""Talvez o governo não tenha avaliado o impacto que uma decisão de liberação de uma área mineral poderia ter na sociedade"", afirmou o presidente em exercício Rodrigo Maia (DEM-RJ), enquanto Michel Temer está em Pequim, na China. Nesta quarta-feira (30), o juiz federal Rolando Spanholo, da 21ª Vara do Distrito Federal, suspendeu o decreto que extingue a Renca (Reserva Nacional do Cobre e Associados), na Amazônia. Trata-se de uma reserva mineral criada na década de 1980 para tentar preservar recursos estratégicos para o país. Na prática, porém, a reserva teria auxiliado a preservação das unidades de conservação da região, na avaliação de ambientalistas Para o magistrado, a decisão pelo fim da Renca não poderia ter sido tomada sem apreciação do Congresso, que deveria editar uma lei para alterar a área. A AGU (Advocacia-Geral da União) afirma que vai recorrer da decisão. Assim, Spanholo suspendeu eventuais atos administrativos com a finalidade de permitir a imediata exploração dos recursos minerais existentes na Renca. A decisão de do juiz foi tomada a partir de uma ação popular. Além disso, também nesta quarta, o Ministério Público Federal emitiu uma nota técnica, que conclui contra a extinção da reserva. A consequência ambiental seria grave: a área liberada para a mineração seria equivalente ao desmatamento acumulado de quatro anos em toda a Amazônia. ""Dentro da Renca temos hoje apenas 0,33% da área total desmatada, o que configura um cenário extremamente melhor do que o entorno que não possuía a mesma proteção"", diz a nota. A nota técnica afirma ainda que a área desmatada ocorre em áreas nas quais não deveria haver desmatamento, o que seria um indicador da pressão de ocupação na região. ""Se essa extensão degradada já está sendo verificada em área sob proteção, a eliminação da Renca provocará um significativo avanço na degradação como já ocorre no entorno."" O MPF cita também a nota técnica do Ministério do Meio Ambiente (MMA), emitida em junho, antes do decreto de extinção da Renca. O MMA, no documento, afirma que a ""área é composta por uma floresta densa e exuberante, cujo entorno também está bem preservado."" Ao extinguir por decreto a Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados), o presidente Michel Temer (PMDB/RJ) desconsiderou recomendação do Ministério de Meio Ambiente (MMA), que afirmava que a medida poderia provocar um aumento no desmatamento na região. Na semana passada, por nota, Temer afirmou que a ""Renca não é um paraíso, como querem fazer parecer, erroneamente, alguns. Hoje, infelizmente, territórios da Renca original estão submetidos à degradação provocada pelo garimpo clandestino de ouro, que, além de espoliar as riquezas nacionais, destrói a natureza e polui os cursos de água com mercúrio"". O MMA, contudo, diz que a ""existência de garimpeiros pequenos e locais não deve servir de argumento para justificar alterações no decreto que acarretem perdas ambientais"". Em um aparente cabo de guerra ministerial, o Ministério de Minas e Energia levou a melhor. ""A decisão pela extinção da Renca considerou parecer do Ministério de Minas e Energia, segundo o qual a medida fomentará o aproveitamento racional e sustentável, sob o controle do Estado, do potencial mineral daquela área"", afirmou em nota, nesta quarta, a assessoria da presidência. Datada de 20 de junho, mais de um mês antes do primeiro decreto de extinção, a nota técnica do MMA também alertava que a medida poderia provocar efeitos imigratórios e crescimento de ""demanda de serviços auxiliares, o que pode levar à necessidade de abertura de novas áreas, que fogem da alçada dos estudos de impacto ambiental"". Por fim, o MMA recomenda que a Renca não seja extinta, sob a ""possibilidade de abrir uma nova frente de conversão em áreas que ainda não foram alteradas de forma significativa"". O presidente em exercício, Rodrigo Maia (DEM), disse que não iria alterar as decisões de Temer. GILMAR Em outra frente de judicialização sobre a Renca, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) chegou a entrar com mandado de segurança no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo que a corte reconhecesse a ilegalidade do decreto de Temer. O partido, assim como juiz federal Rolando Spanholo em sua liminar, alegava que a decisão não poderia ser tomada sem anuência do Congresso Nacional. O PSOL chegou a afirmar que a não suspensão imediata dos efeitos do decreto que extingue a Renca poderia ""gerar danos irreversíveis ao meio ambiente"". A relatoria caiu com o ministro Gilmar Mendes, por meio de sorteio eletrônico. O partido informou que retiraria o mandado de segurança, mas, no início da noite, o ministro já havia pedido esclarecimentos à AGU, que tem dez dias para responder. Com isso, teve início a instrução do processo. Ele já poderia negar o pedido de desistência, mas, agora, ganha a prerrogativa de julgar a ação mesmo que o PSOL retire a ação. - Nome Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca) Área 46.450 km², entre o Amapá e o Pará Ano de criação 1984 Composição Áreas de proteção integral: Estação Ecológica do Jari, Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e Reserva Biológica de Maicuru Áreas de uso sustentável dos recursos: Reserva Extrativista Rio Cajari, Floresta Estadual do Paru, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru e Floresta Estadual do Amapá Terras Indígenas: Rio Paru D'este e Waiãpi Objetivo Segundo o Ministério de Minas e Energia, evitar o desabastecimento de recursos minerais estratégicos para o país, como ouro, platina, cobre, ferro, manganês e níquel Riscos Pressão sobre terras indígenas e Unidades de Conservação; nova corrida pelo ouro; desmatamento e ameaça à biodiversidade Exploração Era bloqueada para investidores privados e não ocorreram parcerias com o governo devido ao alto custo operacional Novidade O decreto 9.142/2017 retira o status de reserva nacional de algumas áreas da antiga Renca; cerca de 30% do total poderá ser explorado. Mineração O setor corresponde a 4% do PIB brasileiro e a produção em 2016 foi de US$ 25 bilhões"
Vitória de Trump provoca silêncio e receio em conferência do clima,"Pelos corredores da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP22), declarações conciliadoras de ONGs conviveram com o absoluto silêncio da maioria negociadores a respeito do resultado das eleições que elegeram Donald Trump presidente dos EUA. Ele, que nega que mudanças climáticas estejam acontecendo, prometeu durante sua campanha cortar incentivos às energias renováveis e abandonar o acordo climático –ratificado neste ano pelos EUA e outros 102 países, incluindo o Brasil. A Folha conversou com oito representantes de delegações, entre blocos desenvolvidos e em desenvolvimento. Nenhum deles quis declarar publicamente as implicações da eleição do republicano para a negociação climática. As coletivas de imprensa agendadas para hoje foram canceladas e não houve nenhum pronunciamento público que comentasse o resultado das eleições. A exceção foi a China. O chefe da delegação, Gou Haibo, afirmou que ""a China quer fomentar a cooperação existente com todas as partes, inclusive com os EUA [...] e agirá agirá de forma positiva e vigorosa na luta contra as alterações climáticas"" A declaração alivia os anseios dos participantes na COP-22 que se perguntavam se a China, hoje o país que mais emite carbono no mundo, também pularia fora do Acordo de Paris caso os Estados Unidos o fizesse. Em 2015, China e Estados Unidos, apresentaram conjuntamente suas metas de redução de emissões. Juntos, os dois respondem por quase 40% das emissões atuais no mundo. Alguns delegados de países com propostas para a regulamentação do Acordo de Paris, que não quiseram se identificar, admitiram o receio de que um possível desengajamento dos EUA na pauta climática cause o mesmo em outros países, podendo inclusive desacelerar o debate e repetir as dificuldades do Protocolo de Kyoto. Em 2015 a colaboração americana na criação de ""metas nacionalmente determinadas"" para redução de emissões ajudou a viabilizar o Acordo de Paris, que virou lei internacional em tempo recorde –na última sexta-feira, menos de um ano depois de ter havido um consenso entre os mais de 190 países. Já o Protocolo de Kyoto, de 1997, não contou com a assinatura dos EUA –na época o maior emissor de carbono no mundo– e levou oito anos para entrar em vigor. Mas não é todo mundo que vê com pessimismo o efeito Trump no clima. Um dos observadores que acompanha a delegação europeia lembrou que a atuação americana nas COPs sempre tendeu a flexibilizar as condições e metas para a redução de emissões e que, portanto, a falta da participação americana poderia abrir espaço para compromissos mais firmes, assim como para o protagonismo de outros atores nas negociações. ENGAJAMENTO Já as declarações das organizações da sociedade civil que acompanham as negociações da COP procuraram minimizar o efeito da eleição para o acordo climático, reforçando que o contexto atual, diferente do Protocolo de Kyoto, já conta com um debate mundialmente engajado. A Uscan, rede de ONGs ambientais dos EUA, afirmou ""o Acordo de Paris é lei internacional e os Estados Unidos não podem mudar esse fato."" Seguindo a frase ""o arco da História pende para a justiça"", Mariana Panuncio, diretora da WWF para a cooperação climática internacional, parafraseou Martin Luther King ao afirmar hoje que ""o arco das mudanças climáticas pende para as soluções"". ""Trump precisa levar adiante o legado de Obama e fazer da América a superpotência de energia limpa do mundo"", diz. Hilda Heine, presidente das Ilhas Marshall, um dos países ameaçado de ser inundado pelo avanço do mar com o aquecimento acima de 1,5°C, cobrou o presidente eleito dos EUA: ""Espero que ele perceba que a mudança climática é uma ameaça para seu povo e para países inteiros que partilham mares com os EUA, incluindo o meu."" Algumas avaliações acreditam ser pouco provável a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, já que o processo levaria quatro anos – um mandato presidencial– para ser concluído. O que preocupa os ambientalistas é o efeito cascata que a inação dos EUA geraria em outros países que também precisam fazer grandes investimentos na transição energética –em outras palavras, o país continuaria no acordo, mas não faria a lição de casa. O Acordo de Paris prevê que os países entreguem metas mais ambiciosas de redução de emissões de carbono na COP de 2018. No mais tardar, será no meio do mandato de Trump que o mundo saberá se os EUA estarão dentro ou fora do barco da transição energética. 'NÃO PONHA UM PREÇO NISSO' No mesmo dia da eleição presidencial, o estado de Washington consultou a população sobre a criação de um imposto sobre a emissão de carbono, que cobraria uma taxa progressiva, a começar por US$ 15 por tonelada de carbono emitida a partir de julho de 2017. A maioria, mais de 1 milhão de eleitores, votou pelo ""não"" ao novo imposto. A proposta, inédita no país, vai ao encontro do discurso de Barack Obama na Conferência do Clima em Paris. Com a expressão ""ponha um preço nisso"", o presidente americano defendeu a precificação do carbono como forma de desencorajar as emissões. Apesar do expresso ""não"" ao imposto sobre o carbono, a população de Washington deu a maioria de votos para Hillary Clinton nesta terça (8)."
Como um imenso rio desapareceu em quatro dias no Canadá,"O Slims é um rio imenso que se alimenta da água da geleira Kaskawulsh, no noroeste do Canadá. Em suas partes mais largas, ele pode se estender por até 150 metros. Mas talvez devêssemos dizer ""podia"", já que em apenas quatro dias, em maio de 2016, o rio desapareceu subitamente da face da terra. Seu inesperado e violento sumiço foi produto de pirataria fluvial, fenômeno pelo qual o leito de um rio é repentinamente desviado até outro curso d'água. Isso pode ocorrer ao longo de milhares de anos pela erosão, por causa de movimentos da crosta terrestre ou de deslizamentos de terras. Mas o que aconteceu no Canadá, segundo os pesquisadores que fizeram a descoberta, está diretamente ligado à mudança climática –ou seja, é produto da atividade humana. AQUECIMENTO O derretimento intenso da geleira Kaskawulsh durante a primavera do ano passado fez com que a água, em vez de se desviar para o norte (e alimentar o rio Slims, que se une ao rio Yukón e desemboca no mar de Bering), se desviasse para o sul, aumentando o leito do rio Alsek, que desemboca no oceano Pacífico. Ou seja, a água do degelo criou um novo canal e desviou seu curso, indo parar a milhares de quilômetros de seu destino original. De acordo Dan Shugar, geocientista da Universidade de Washington Tacoma, nos Estados Unidos, e autor principal da pesquisa, essa é a primeira vez que se registra um caso de pirataria fluvial na atualidade. É possível encontrar registros geológicos do fenômeno há milhões de anos, ""mas não no século 21, onde isso está acontecendo diante dos nossos narizes"", disse o cientista. ""Fomos para aquela região com a intenção de continuar com nossas medições no rio Slims, mas encontramos o leito do rio mais ou menos seco"", disse James Best, geólogo da Universidade de Illinois e coautor do estudo. PLANTAS E POEIRA Após examinar o terreno, os pesquisadores observaram as mudanças dramáticas na paisagem. O leito do Slims ficou descoberto –onde antes havia água, agora cresce pasto. O ar, antes límpido, em determinados momentos se transforma em uma poeirada criada pelos fortes ventos que arrastam os sedimentos do rio. Enquanto isso, o rio Alsek, que levou as águas do Slims, tornou-se entre 60 e 70 vezes maior do que costumava ser e tem uma vazão muito maior. Apesar de os arredores do Slims não serem muito habitados, uma mudança tão drástica terá consequências enormes para os ecossistemas naturais e pode chegar a afetar o abastecimento de água na região, dizem os cientistas. De acordo com os pesquisadores, a mudança climática causará mais eventos como este no futuro, e seremos testemunhas da pirataria fluvial como consequência do derretimento das geleiras do Kilimanjaro, em outras regiões do Canadá e do Alaska, assim como dos Andes. O estudo foi publicado na revista científica ""Nature Geoscience""."
Imagem de satélite mostra movimento de iceberg gigante que se desprendeu da Antártida,"O iceberg gigante que se desprendeu na Antártida na última semana continua se deslocando para o mar aberto. Imagens de satélite mostram uma fenda entre o bloco de gelo de seis mil quilômetros quadrados, batizado de A-68, e a plataforma gelada Larsen C. O satélite Deimos-1 capturou a imagem na sexta-feira, o que não é fácil nesta época do ano na Antártida, por causa de suas longas noites de inverno cobertas de nuvens. A espaçonave que conseguiu avistar o iceberg usou radares e sensores infravermelhos para superar essa limitação. Até agora, o bloco de gelo, que tem uma área um pouco maior que o Distrito Federal e é um dos maiores já registrados, está se comportando como esperado por cientistas. Em teoria, ele deveria deslizar para o mar pelo declive formado pela ação de águas empurradas contra a costa pelos ventos do Mar de Weddell. Mas por conta da força de Coriolis, produzida pela rotação da Terra, o iceberg é empurrado para a esquerda - o lado contrário - , e isto deve manter o bloco relativamente próximo à fronteira do continente gelado. Na imagem do satélite Deimos, parece que um bloco de ""gelo permanente"" (a área de mar congelada ao longo da costa), antes grudada ao iceberg, agora se soltou. Este gelo permanente é consideravelmente mais fino que o bloco principal e tem poucos metros de espessura (enquanto que o iceberg tem 200 metros a mais). Thomas Rackow e colegas do Instituto Alfred Wegener, do Centro Helmholtz para Pesquisa Marinha e Polar, está acompanhando de perto o movimento do bloco. Eles recentemente publicaram uma pesquisa na qual modelaram o deslocamento de icebergs nas águas da Antártida - levando em conta os diferentes fatores que agem sobre objetos grandes e pequenos. Existem basicamente quatro ""rodovias"" pelas quais os icebergs viajam, dependendo de seu ponto de origem. O A-68 deve seguir pelo caminho rumo à costa leste da Península Antártica, desde o Mar de Weddell até o Atlântico. ""Ele deve provavelmente seguir um curso rumo ao nordeste, em direção mais ou menos ao Mar da Geórgia e às Ilhas Sandwich do Sul"", afirmou Rackow à BBC News. ""Será muito interessante ver se o iceberg se movimentará como esperado, comprovando os modelos atuais e nossa compreensão da física"". Agências de pesquisa polar já estão discutindo as oportunidades científicas que surgem do desprendimento do iceberg. Cientistas querem entender qual efeito a quebra do bloco de gelo deve ter sobre as áreas remanescentes da cobertura gelada. Dez por cento da área do Larsen C foi removida com a quebra do iceberg, e essa perda pode mudar a forma como as tensões e forças internas da plataforma de gelo irão se configurar e agir. Há várias fissuras ao norte, em um ponto conhecido como Elevação de Gelo Gipps. Essas fissuras estão estáticas há muito tempo e são mantidas por uma faixa de gelo relativamente macia e maleável. Pesquisadores querem ver se o rompimento da A-68 irá alterar o status dessas fissuras. Há ainda pesquisas fascinantes para serem feitas no fundo do mar quando o iceberg se deslocar totalmente da plataforma. Fissuras anteriores levaram, por exemplo, à descoberta de novas espécies de animais."
Temperatura de julho é recorde e 2016 deve ser o ano mais quente,"Atualmente, as notícias de aquecimento global são quase sempre os recordes de temperatura de algum período. Desta vez, dois foram quebrados de uma vez. O último julho não só foi o julho mais quente mas também foi o mês mais quente já registrado –até agora, pelo menos. É também a 15ª vez consecutiva que um mês quebra o recorde dentro da série histórica em comparação aos anos anteriores. Julho, que corriqueiramente já é o mês mais quente do ano, seguiu a tendência. O conjunto de dados no qual essas análises se baseiam já tem 137 anos e são acompanhados desde 1880. A agência responsável pela coleta de dados é a Noaa, dos EUA, que monitora atmosfera e oceanos. Os cientistas adotam como referencial (o ""zero"" para as medidas) a média histórica de temperatura do século 20. A partir daí a diferença de temperatura –seja positiva ou negativa– medida em um determinado momento (ou a média delas) é chamada de anomalia. No caso do último mês de julho, a anomalia foi positiva e de 0,87°C –0,06°C maior que o último recorde, do ano passado. A expectativa é que o ano de 2016 seja novamente o mais quente desde 1880, o mesmo que aconteceu com 2014 e 2015. Até então a temperatura média deste ano supera a de 2015 por 0,19°C. A explicação para julho ser sempre o mês mais quente do ano é o fato de ser verão no hemisfério norte. Essa porção do globo concentra maior porcentagem de terra, que se aquece mais rapidamente do que os oceanos, provocando esse reflexo na temperatura global. PROBLEMAS Entre as consequências do aquecimento global estão o derretimento do gelo polar (o que poderia afetar a vida em cidades litorâneas) e o prejuízo de ecossistemas já finamente ajustados a temperaturas mais frias. Por exemplo, peixes típicos de águas frias têm seus índices de sucesso reprodutivo (número de filhotes) afetados por uma variação de poucos graus na temperatura da água. Também há um aumento na taxa de reprodução de insetos transmissores de doenças, como o Aedes aegypti."
Como onças-pardas 'perderam o medo' de vizinhos humanos no Rio,"A primeira reação de Marcos Ramos ao se deparar com o cadáver de um de seus cães em sua casa em Araras, distrito de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, foi imaginar que o animal morrera em uma briga com outros que ele cria em seu sítio. No entanto, ao examinar a carcaça mais de perto, o engenheiro teve um sobressalto. ""O bicho tinha sido dilacerado. Não era algo que um dos cachorros que tenho poderia ter feito"", conta o engenheiro. O episódio ocorreu no final de 2016. Um veterinário analisou as feridas e disse acreditar que pudesse ter sido um ataque de felino de grande porte. No caso da região serrana do Rio, só poderia ser uma onça-parda. Dias mais tarde, ao ouvir os cães latindo na madrugada, Ramos foi ao quintal e flagrou uma onça a poucos metros de distância. O felino fugiu para o mato depois de o engenheiro gritar e fazer barulho, além de atirar uma escada e tijolos ao chão. O sítio de Ramos fica em uma parte relativamente urbanizada de Araras, e nas proximidades de uma reserva biológica. Ele continua alimentando os cachorros à noite, mas já não caminha pelo sítio sem ao menos dois ou três animais. ""Eu não a vi mais depois, mas estou totalmente ressabiado desde o encontro. Isso porque a onça agiu calmamente, até na hora de ir embora."" MAIS PERTO É um encontro ainda raro, mas que tende a se tornar corriqueiro. Biólogos e ambientalistas alertam que as distâncias separando mata e ocupações humanas na região têm diminuído e poderão tornar os avistamentos de onças mais comuns, a exemplo do que ocorre em outros pontos do país e do mundo. ""A onça-parda é o que chamamos de bicho vagabundo. Pode resistir mais a alterações em seu habitat do que outros bichos, como a onça-pintada. Ela foi muito caçada, mas mostra uma capacidade de ressurgimento impressionante. E vai se atrevendo se recebe espaço. Nos subúrbios de Los Angeles, por exemplo, onças-pardas, que nos EUA são chamadas de pumas, já foram vistas revirando latas de lixo e atacando animais domésticos"", explica o paraense Carlos Peres, professor de Ciências Ambientais da Universidade de East Anglia, no Reino Unido. Perigoso? Sim. Mas muito mais para os animais, segundo os especialistas. Parte da lista de espécies ameaçadas, a onça-parda (Puma concolor), também conhecida no Brasil como suçuarana, habita praticamente todo o território nacional. Adapta-se até a ambientes mais impactados pela ação humana, como plantações - canaviais, pela presença de ratos, são áreas atraentes. Mas o felino tem medo do homem, e os casos de ataques a humanos são raros. As pardas têm porte menor do que a temida onça-pintada, essa, sim, robusta o suficiente para ""encarar"" humanos - a pintada pode medir até 2,10 m de comprimento e pesa 150 kg, quase duas vezes maior que a parda. ""Em 14 anos de profissão, eu nunca fui informada de ataques de suçuarana a humanos. Elas não têm porte para atacar adultos, a não ser que se sintam acuadas. Alimentam-se de animais como cotias e pacas. Na verdade, as onças-pardas é que correm o maior perigo nesses encontros"", explica Cecília Cronemberger, bióloga e analista ambiental do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis (RJ). Especialistas estimam que a população de onças-pardas no Brasil gire em torno de 30 mil a 40 mil indivíduos. É difícil dizer com precisão porque, além da dificuldade em rastrear espécies, as suçuaranas não apresentam diferenças marcantes entre si, ao contrário das onças-pintadas, cujo padrão de manchas é único individualmente. Outra dificuldade é que suçuaranas têm atividades noturnas e circulando por áreas extensas - seu território pode chegar aos 200 km². ISOLAMENTO Apesar de os números ainda não conferirem à parda o status de animal perigosamente ameaçado de extinção, especialistas se preocupam com outro efeito da redução de território das onças - o isolamento de grupos populacionais. A longo prazo, isso reduz a troca de material genético entre as populações e afeta a capacidade da espécie de se reproduzir, algo complicado diante do fato de que as onças-pardas têm reposição de indivíduos lenta. Um estudo publicado em 2013 pelo Instituto Chico Mendes, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, lista uma série de ameaças para as onças-pardas, como expansão agropecuária e atropelamentos. Mas a lista inclui uma causa mortis que vem à mente de ambientalistas todas as vezes em que há notificação de um avistamento - a retaliação humana. ""É comum ouvirmos falar de uma onça-parda sendo avistada e depois nunca mais dando sinal de vida. Isso é sempre um mau sinal, especialmente em áreas rurais, pois o animal pode ter sido morto depois de ataques a rebanhos, apesar de ser crime ambiental. Também enfrentamos o problema da caça ilegal"", diz Cronemberger. As estatísticas mostram uma disparidade nos ataques: nos EUA, por exemplo, houve menos de cem ataques desses felinos a humanos desde 1890, e não mais que 20 mortes. Apenas em um Estado americano, o Colorado, estima-se que 467 onças sejam mortas anualmente. Peter Crawshaw, um dos mais conceituados especialistas em felinos no Brasil, afirma que o principal problema é a redução da disponibilidade de alimento, que vem junto com a perda de terreno. ""As onças estão se habituando a viver mais próximas às pessoas, o que é a resposta de um animal inteligente à perda ou alteração do seu habitat para poder sobreviver."" Isso ajuda a explicar por que o fotógrafo Antônio Carlos Barros se deparou com uma suçuarana no meio da rua em Petrópolis, em 2014. A câmera que ele levara para fotografar a caminhada acabou registrando um flagrante - tremido, por razões compreensíveis - de um felino caminhando pelo piso de paralelepípedos. ""O que mais me chamou a atenção é que a onça estava totalmente à vontade. Parecia despreocupada. Ela caminhou em minha direção e eu entrei no carro para fotografá-la. Na época, disseram que queimadas e obras de construção de uma nova estrada explicavam a aparição. Espero que ela não tenha sido morta"", diz Barros. Existem conselhos para situações deste tipo. Cecília Cronemberger, do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, diz que a principal dica é levantar os braços e dar a impressão de maior altura ao animal, além de gritar e atirar objetos - não se deve correr ou fingir de morto. ""Quem tem animais em áreas urbanas deve ainda deixá-los protegidos, porque a onça-parda é oportunista e busca alimentos mais perto do ser humano se houcer necessidade. Mas é preciso termos consciência de que nós, humanos, é que estamos cada vez mais invadindo o espaço do animal. A região serrana cresceu tanto que hoje é quase parte da região metropolitana do Rio."" Avistamentos de suçuaranas também trazem certo alívio a biólogos. A presença dos animais indica que encontraram boas condições ambientais, em especial abrigo e alimento. É como uma espécie de atestado de equilíbrio do ecossistema local. A onça-parda tem um papel importante na cadeia alimentar, pois controla espécies que estão abaixo dela. E que também podem causar transtornos se a população crescer muito."
"Após vetar medida, Temer propõe novo corte de floresta no PA","Cumprindo promessa feita à bancada paraense, o presidente Michel Temer (PMDB) enviou ao Congresso nesta quinta-feira (13) um projeto de lei (PL) que retira 349 mil hectares ou 27% da Floresta Nacional do Jamanxim, no sudoeste do Pará. O objetivo é legalizar grileiros e posseiros dentro da área. O PL 8.107 substitui a Medida Provisória 756, vetada por Temer no mês passado após críticas de ambientalistas e que previa uma redução ainda maior da floresta, de 37% da área total. A modelo Gisele Bündchen chegou a tuitar pedido para que o presidente vetasse a MP, a que Temer respondeu que havia vetado integralmente ""todos os itens das MPs que diminuíam a área preservada da Amazônia"". temer Os 349 mil hectares retirados da Floresta Nacional (Flona) seriam transformados em Área de Proteção Ambiental (APA), o que reduz seu nível de proteção, permite a propriedade privada e atividades rurais, como a pecuária, e desburocratiza a mineração. Em texto que acompanha o PL, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, afirmou que a Flona ""tem sido palco de recorrentes conflitos fundiários e de atividades ilegais de extração de madeira e de garimpo associados a grilagem de terra e a ausência de regramento ambiental"". ""Com reflexos na escalada da criminalidade e da violência contra agentes públicos, sendo necessária a implantação de políticas de governo adequadas para enfrentar essas questões"", justificou. O PL prevê que serão regularizados apenas posseiros que já estavam na Flona na época de sua criação, em 2006, mas o desenho da APA inclua áreas que foram invadidas e desmatadas após essa data. Com o envio do PL ao Congresso, manifestantes levantaram os protestos que vinham bloqueando a BR-163, importante via para o escoamento de soja. SUBSÍDIO Caso a diminuição seja aprovada pelo Legislativo, o governo dará um subsídio de pelo menos R$ 511 milhões aos ocupantes ilegais da Flona, segundo cálculo da ONG Imazon, com sede em Belém. Para chegar a esse montante, os pesquisadores Paulo Barreto e Elis Araújo compararam o valor de mercado de um hectare na região (R$ 1.800) com os preço referencial do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), cujas regras de cobrança foram modificadas pela Lei 13.465, sancionada por Temer nesta terça-feira (11) e apelidada de ""MP da Grilagem"" por ambientalistas. Na planilha do Incra, o preço mínimo da terra nua (não formada) na região é de R$ 672 por hectare. A nova lei prevê que, para a titulação, serão cobrados de 10% a 50% desse valor. Assim, posseiros e grileiros teriam um subsídio de R$ 511 milhões a R$ 605 milhões em relação ao preço de mercado, segundo o Imazon. ""As duas medidas reforçam a ideia de que o crime compensa. Incentivarão o desmatamento e aumentarão a pressão para reduzir outras áreas protegidas"", diz Barreto. Em nota, o Ministério do Meio Ambiente afirmou que a redução da Flona será acompanhada de ações para conter o desmatamento no sudoeste do Pará, como aumento da fiscalização, aceleração na regularização dos estabelecimentos rurais e implantação de projetos econômicos sustentáveis. Questionado pela Folha sobre a pressão da bancada ruralista para o envio do PL, o Palácio do Planalto disse que não comentaria o assunto. SEM SURPRESAS O PL não surpreende Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima, considerando que Temer teria sido constrangido, pela pressão e repercussão internacionais, a vetar as MPs que tratavam da redução da proteção da Flona. Segundo Rittl, o socioambiental se tornou uma moeda de troca para Temer se livrar de denúncias ou para aprovar reformas. ""Ele está mais interessado no futuro imediato dele do que no do país."" As MPs originais relacionadas à Flona Jamanxim delimitavam uma área menor a ser transformada em APA (305 mil hectares) e, como contrapartida, acrescentavam 438 mil hectares à área de proteção permanente. O congresso, contudo, fez modificações e aumentou a área destinada à APA (486 mil hectares), que possui menor nível de proteção. ""No projeto original, a discussão começava de um ponto ruim. Agora ela começa de um ponto pior"", diz Rittl. ""É muito difícil você ver no congresso qualquer proposta sair melhor do que ela entrou, em especial na questão socioambiental."" Um dos argumentos dos defensores da criação da APA seria a diminuição dos conflitos relacionados às propriedades rurais locais, contudo o avanço do PL no congresso poderia ter o efeito contrário, aumentando a violência no campo e o desmatamento, de acordo com Rittl. O Brasil é o país mais letal para ambientalistas, segundo relatório da ONG Global Witness, divulgado nesta quinta (13). Em 2016, foram 49 assassinatos no país, dos quais 16 estavam ligados ao desmatamento e ao agronegócio. No mundo, foram 200 mortes. Colaboraram RUBENS VALENTE, da Sucursal de Brasília, e PHILLIPPE WATANABE, de São Paulo"
Biólogos e engenheiros pegam em armas na 'tropa de elite' do Ibama,"Após quatro dias de operação na mata contra madeireiros e garimpeiros, na semana passada, o GEF (Grupo Especializado de Fiscalização do Ibama) listou, em relatório, a destruição de quatro escavadeiras e seis caminhões, a apreensão de munição e ouro –e a libertação de um curió. A preocupação com um passarinho em meio a arriscadas incursões de helicóptero em terras indígenas com armas dá a medida da diferença entre o GEF e uma força tática policial tradicional. Formado por nove fiscais do Ibama, todo o grupo tem curso superior. Há biólogos, engenheiros florestal e de pesca, um publicitário e um oceanógrafo que cursou doutorado na Alemanha. Em comum, o idealismo pela proteção ambiental. ""Temos uma massa crítica e, ao mesmo tempo, uma equipe com lado operacional e técnico"", afirma Roberto Cabral, 47, coordenador do GEF e ex-professor biologia de uma escola de ensino público em Juiz de Fora (MG). ""Não estamos só prendendo o garimpeiro. Entendemos a questão da degradação, qual a legislação que está sendo afetada."" Embora já estivesse previsto desde a década de 1990, o GEF só foi criado em 2014. A seleção se deu internamente, por meio de um curso de 45 dias no estilo ""pede pra sair"" –quem não passava nos testes físicos e de resistência acabava eliminado. O objetivo era padronizar as operações e aumentar a segurança dos fiscais em campo, principalmente depois que o Ibama foi autorizado em 2008, por meio de decreto, a destruir equipamentos usados para crimes ambientais achados em áreas protegidas. O grupo é acionado para as missões mais espinhosas em áreas protegidas ao longo do arco do desmatamento da Amazônia Legal, a imensa faixa de terra que vai do Maranhão a Rondônia. Numa operação padrão, eles são transportados de helicóptero até áreas de difícil acesso com presença de madeireiros e garimpeiros, muitas vezes armados e escondidos na mata fechada. A comunicação é precária, e a logística dificulta o envio rápido de reforço ou socorro médico. No incidente mais grave, em outubro de 2015, Cabral foi baleado por um tiro de espingarda de caça na Terra Indígena Arariboia, no Maranhão. Os sete estilhaços de chumbo se alojaram no braço direito, no ombro e no tórax. Em outro incidente, um helicóptero do Ibama levou um tiro no sul do Pará. A bala atravessou a fuselagem e se alojou no banco traseiro, a 5 cm da cabeça do piloto. ""A gente não está lidando com pessoas que apenas cometem uma irregularidade ambiental. São bandidos, criminosos"", diz Cabral. ""Várias vezes, a gente ouve: 'Ah, são trabalhadores'. Trabalhador não rouba meio ambiente."" Além da ameaça de tiros, os integrantes sofrem com o esforço físico. Caminhadas longas pelo calor úmido da floresta são comuns, e o peso do equipamento, que inclui colete a prova de balas, é de pelos menos 12 kg. Ao menos três deles precisaram ser operados após romper ligamentos. MUDANÇA DE VIDA Os integrantes, todos homens, não têm dedicação exclusiva ao GEF nem recebem a mais por participar no grupo. Espalhados pelo país, trabalham na maior parte do ano em funções como fiscalização de lagosta, no Nordeste, e tratamento de animais silvestres resgatados, no Sudeste. Mesmo sendo voluntária, a participação no grupo armado não ocorreu sem conflitos pessoais internos para os integrantes, quase todos vindos de ambientes mais pacifistas, como cursos de biologia. Um dos agentes, que trabalhou por 16 anos em ONGs de educação ambiental, disse que demorou um pouco a se acostumar com o uso de armas. Nos últimos anos, perdeu amigos ambientalistas, que acusam o Ibama de estar se militarizando. ""Nunca pensei que ia pegar em arma, falar alto, algemar uma pessoa, mas não sofro mais com isso"", afirmou o engenheiro florestal de 44 anos, não identificado por questão de segurança. ""Não é pelo diálogo que você vai cessar o crime ambiental."" Outro membro do GEF, formado em biologia, também acredita que a dissuasão é necessária para preservar o meio ambiente. ""A educação ambiental só funciona até os dez anos de idade."" Os resultados que mais orgulham o GEF foram as ações contra a extração ilegal de madeira em terras indígenas do Maranhão. Somente neste ano, foram destruídas 32 serrarias no Estado, em ações coordenadas com o Ministério Público e a Polícia Federal, resultando no desmantelamento de toda a cadeia. Por outro lado, há operações frustrantes. Recentemente, o GEF perseguiu por cinco dias madeireiros na Terra Indígena Cachoeira Seca (PA), que conseguiram escapar derrubando árvores na estrada para obstruir a passagem dos agentes. Internamente, o Ibama faz um balanço positivo do GEF, cujo efetivo deve ser dobrado em 2017, com a realização de um novo curso interno. ""O ideal seria ter 30 pessoas, para ter uma equipe operando, uma de prontidão e outra treinando"", diz Cabral. CURIÓ O curió libertado pelo GEF estava numa fazenda usada como base de apoio para o helicóptero durante operação na Terra Indígena Sete de Setembro (MT/RO). O dia havia sido especialmente tenso. Índios paiter-suruís aliciados pelos garimpeiros impediram que os agentes queimassem a maior parte do equipamento. Para evitar o confronto, tiveram de abortar a operação. A ""tolerância zero"" contra crimes ambientais é marca registrada de Cabral, que começou no Ibama de forma voluntária, percorrendo feiras aos domingos para localizar pássaros silvestres à venda e, depois, ajudando na recuperação de animais machucados. ""Pode não fazer diferença para o meio ambiente como um todo, mas é uma diferença e tanto para o curió"", diz. ""Posso dar liberdade a esse animal e vou deixá-lo em cativeiro, preso pro resto da vida? Não. Tenho o poder de mudar a vida daquele animal, restituir a liberdade. Vou sempre soltar o curió."""
México vai usar golfinhos treinados pela Marinha dos EUA para salvar botos em extinção,"O governo do México planeja usar golfinhos treinados pela Marinha americana para tentar salvar populações de botos-do-pacífico, o mamífero marinho mais raro do mundo e que está à beira da extinção. Rafael Pacchiano, ministro de Meio Ambiente do México, explicou que os golfinhos serão usados para localizar grupos de botos em pontos escondidos no oceano. Esses grupos serão então capturados e transportados a um santuário que o governo mexicano promete criar no mar de Cortés, no oeste do país, para que os animais se reproduzam sem a ameaça de predadores. Cientistas estimam que haja menos de 40 desses mamíferos ainda vivos em seu habitat natural, no Golfo da Califórnia. Pacchiano diz que o projeto com golfinhos deve começar em setembro. ""Passamos o último ano trabalhando junto à Marinha americana com um grupo de golfinhos treinados para encontrar áreas inexploradas"", afirmou o ministro à rádio Fórmula, do México. ""Vamos capturar o maior número de botos possível para ter a oportunidade de salvá-los."" Esses golfinhos já estão capacitados para encontrar mergulhadores perdidos no mar e agora praticarão a busca de seus ""primos"" botos. Na semana passada, o governo mexicano também anunciou o veto permanente ao uso de redes de pesca em uma área de mil quilômetros do Golfo da Califórnia. As redes –usadas sobretudo na pesca de camarões e do peixe totoaba– são a principal causa de morte dos botos-do-pacífico, conhecidos localmente como vaquitas. O ator americano Leonardo DiCaprio, que criou uma campanha para salvar os botos, elogiou o veto pelo Twitter e agradeceu o presidente do México, Enrique Peña Nieto. Tweet de DiCaprio Uma proibição temporária, que vigorava desde 2015, foi considerada ineficaz, o que levou a organização ambiental WWF a pedir que ela fosse estendida e devidamente aplicada."
Alga deixa água de lago australiano completamente rosa,"A água de um lago australiano no parque Westgate, nos arredores de Melbourne, na Austrália, se tingiu de rosa, um fenômeno natural causado pelo alto nível de sal e pelas altas temperaturas. ""O rosa brilhante aparece em quase todos os verões e é provocado por uma planta unicelular conhecida como Dunalliela, que reage aos níveis extremos de sal no lago"", disse Mark Norman, diretor científico da Parks Victoria, entidade que administra os parques do Estado de Victoria. ""É um fenômeno totalmente natural, embora muitas vezes nos digam que parece um acidente industrial com tinta rosa"", afirmou Norman. O lago atrai mais de 140 espécies de pássaros e nos últimos dias muitos turistas, que são proibidos de tocar a água rosa para evitar a coceira causada pelo sal."
"Aumento do nível do mar pode estar a caminho, dizem cientistas","Cientistas que estudam padrões de mudanças naturais no clima da Terra disseram nesta quinta-feira (19) que descobriram um sinal ""preocupante"" de que o aumento do nível do mar pode estar a caminho. Publicadas na revista ""Science"", as descobertas mostram que as temperaturas da superfície do oceano durante o último período quente da Terra, há 125 mil anos, eram notavelmente semelhantes às de hoje. Mas o que preocupa os cientistas é que o nível do mar naquela época era de seis a nove metros acima do que é hoje. ""A tendência é preocupante"", disse o estudo, liderado por pesquisadores da Universidade do Estado de Oregon, da Universidade College Dublin, da Universidade de Wisconsin e do Museu de Ciência da Virgínia. ""Esses resultados podem ajudar os cientistas a entender melhor como os oceanos responderão ao aquecimento moderno"", acrescentou. A Terra passa por períodos de calor e de frio que duram milhares de anos, e estes são influenciados por mudanças na exposição solar causadas por variações naturais na órbita do planeta, combinadas com a influência de gases causadores de efeito estufa na atmosfera. Esses deslocamentos naturais diferem, porém, do ritmo atual de aquecimento da Terra, muito mais rápido, que é impulsado pela queima de combustíveis fósseis e pela emissão de gases que causam o aquecimento global, levando ao derretimento das geleiras e à subida do nível do mar. A última vez que o clima foi excepcionalmente quente –na ausência de influência humana– foi há entre 116 mil e 129 mil anos, durante o que é conhecido como o último período interglacial. Esse foi um dos períodos mais quentes nos últimos 800 mil anos, de acordo com o estudo. IMPACTO DA HUMANIDADE O estudo se baseou na análise de 83 núcleos de sedimentos marinhos, que podem dar pistas sobre o quão quente a Terra e os oceanos foram no passado. Cada núcleo foi comparado com conjuntos de dados de 1870-1889 e de 1995-2014. A análise mostrou que, 129 mil anos atrás, a temperatura global da superfície do oceano ""já era semelhante à média de 1870-1889"". A temperatura subiu ao longo dos 4.000 anos seguintes, ""atingindo uma temperatura indistinguível da média de 1995-2014"". A descoberta significa que alguns modelos científicos que foram usados ​​para estimar os níveis do mar em várias temperaturas podem ter sido subestimados. Os cientistas já previram que o nível do mar subirá vários metros nos próximos anos, o que irá submergir muitas das comunidades costeiras do planeta, onde vivem um bilhão de pessoas. Ninguém sabe quão rápido os mares podem subir nas próximas décadas, mas alguns especialistas dizem que esse estudo recente é motivo de alarme. ""A descoberta de que as atuais temperaturas globais da superfície do mar são indistinguíveis daquelas do último período interglaciar, há 125 mil anos, é extremamente preocupante, já que o nível do mar era de seis a nove metros mais alto do que o atual"", disse o professor de Ciência do Clima Richard Allan, da Universidade de Reading, que não participou do estudo. Allan disse que ainda pode levar milhares de anos para o mar atingir tal nível e que cortes no uso de combustíveis fósseis ainda poderiam ajudar a evitar esse processo. ""Devido ao tempo que leva para as profundezas dos nossos vastos oceanos aquecerem e para as gigantescas placas de gelo derreterem, levaria milhares de anos até que o nível do mar pudesse atingir tais níveis. Então, cortes contínuos e substâncias das emissões de gases de efeito estufa das atividades intensivas de energia continuam sendo vitais e benéficos para as sociedades"", afirmou. Cientista do Clima Oceânico na Universidade de Southampton, Meric Srokosz disse que o estudo é significativo, porque mostra que as mudanças nas temperaturas que ocorreram ao longo de milhares de anos estão agora ocorrendo no espaço de um século. ""Isso demonstra o rápido impacto da humanidade no planeta e aumenta a possibilidade de subidas significativas no nível do mar em longo prazo"", acrescentou Srokosz."
"Luta contra mudanças climáticas continua, diz representante dos EUA","O combate às mudanças climáticas continuará, independente de quem forem os governantes, afirmou na segunda-feira (14) o chefe negociador dos Estados Unidos na COP22, Jonathan Pershing, diretor do Departamento de Energia dos EUA, uma semana após a eleição de Donald Trump para a Casa Branca. ""Os chefes de Estado podem mudar, e mudarão, mas tenho certeza que podemos manter, e que manteremos, um esforço internacional durável para neutralizar as mudanças climáticas"", disse Pershing em uma coletiva de imprensa. ""Foi um esforço mundial que tornou o acordo possível"", comentou Pershing, em referência ao histórico pacto de luta contra o aquecimento do planeta assinado por 196 países há um ano em Paris. O negociador revelou, porém, que não teve nenhum contato com a equipe de transição de Trump, que em várias ocasiões manifestou que quer retirar os EUA do acordo. ""Nossa produção agrícola diminuiu com as recentes inundações na Louisiana. O furacão Sandy (2012) chegou até Nova York e esse tipo de fenômeno climático é cada vez mais frequente. Então, não adianta negar o problema, e sim pensar em uma resposta global para evitar que a situação piore. A comunidade econômica americana e a sociedade civil vão continuar nessa direção. Acredito que nos próximos anos será imperativo participarmos das ações coletivas para combater o aquecimento global"", disse Pershing. ""O poder deste movimento e o enorme impulso criado em Paris e reforçado ao longo desde ano"" não vai cessar, disse Pershing. A COP22 reúne milhares de participantes em Marrakesh para estabelecer prazos e compromissos precisos para aplicar o complexo acordo de Paris. O texto entrou em vigor em 4 de novembro, após ser ratificado por uma maioria de países emissores de gases de efeito estufa. ""A questão [agora] já não é saber se a aplicação do acordo será acelerada, mas quando e como"" isso vai acontecer, afirmou o negociador. Meios de comunicação americanos apontaram nos últimos dias que o membro da equipe de transição de Trump que provavelmente será responsável pela Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA), Myron Ebell, é um cético das mudanças climáticas declarado. Questionado por uma jornalista de um site chinês se ele não iria perder o cargo com a posse de Trump em janeiro, Pershing disse que foi nomeado para permanecer nesse posto até janeiro de 2020."
Peru investiga morte de 10 mil rãs gigantes na região do lago Titicaca,"A agência ambiental do Peru está investigando a morte de 10 mil rãs conhecidas como ""gigantes do Titicaca"". Os animais foram encontrados no rio Coata, que desemboca no famoso lago peruano, na região sul daquele país. O Comitê de Luta Contra a Contaminação do Rio Coata diz que o motivo das mortes é a poluição das águas. De acordo com a organização, o governo peruano ignorou pedidos pela construção de uma estação de tratamento de esgoto no local e tem falhado em resolver o problema da poluição. A rã gigante do Titicaca (Telmatobius culeus) é uma espécie considerada em risco de extinção e é encontrada apenas nas águas frescas do lago, que fica entre o Peru e a Bolívia, assim como em seus afluentes. Em protesto, ativistas levaram cerca de cem rãs mortas para a praça central da capital regional, Puno. ""Tive que trazer as rãs mortas. As autoridades não sabem como estamos vivendo"", disse a líder do comitê, Maruja Inquilla. ""Eles não têm ideia de que a poluição é enorme. A situação está fora de controle."" O Serviço Nacional Florestal e de Fauna Silvestre (Serfor) informou que está investigando o ocorrido. ""Com base nas declarações dos moradores e nas amostras retiradas dias depois do incidente, acredita-se que mais de 10 mil rãs foram afetadas ao longo de cerca de 50 km"", diz o órgão, em comunicado. A rã gigante do Titicaca tem enormes dobras na pele, o que aumenta sua área de superfície e a ajuda a absorver mais oxigênio do ar. A espécie corre sério risco de extinção porque os humanos capturaram muitas dessas rãs para comer. Além disso, seu habitat natural está sendo perdido e espécies invasoras têm dominado o que restou dele."
"Conheça os fugitivos do EI que vivem ao lado do Eurotúnel, o filho de nazista que se tornou judeu, e mais em 'Mundo'","Para quem ficou off-line no fim de semana, a Folha Mundo separou as reportagens mais relevantes publicadas entre sexta (31/7) e domingo (2/8) nesta lista. Confira. Após a morte de um bebê palestino por extremistas judeus, o colunista Clóvis Rossi fala sobre como o fanatismo dos colonos que ocupam áreas da Palestina é um combustível para o terrorismo na região. Enviado especial a Calais, na França, o correspondente em Londres Leandro Colon conversou com iraquianos que fugiram da violência do Estado Islâmico e, acampados às margens do Eurotúnel, sonham em chegar ao Reino Unido. Em depoimento à editora-adjunta de ""Mundo"" Leda Balbino, o médico Bernd Wollschlaeger, filho de um oficial nazista, conta como se converteu ao judaísmo e rompeu com a família ao descobrir sobre o passado do pai. De Madri, Diogo Bercito mostra como a retirada de um busto do rei Juan Carlos da Prefeitura de Barcelona gerou uma crise com o governo de Mariano Rajoy e incitou a discussão sobre a monarquia na Espanha. O jornal ""The New York Times"" revela bastidores que evidenciam que o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, está novamente considerando entrar na corrida presidencial de 2016. Sylvia Colombo conversou com Verónica De Negri, mãe do estudante chileno Rodrigo Rojas, morto aos 19 anos, em 1986, por militares que atearam fogo ao jovem. De Negri voltou a Santiago no fim de julho para acompanhar o julgamento dos ex-oficiais do Exército acusados pela morte. Em entrevista à correspondente em Buenos Aires Mariana Carneiro, o jornalista argentino Ceferino Reato afirma que o consenso social que sustentou Cristina Kirchner no poder permanecerá mesmo após a saída da ""chefa"". * Para Clóvis Rossi, o ataque de judeus extremistas a uma casa na Cisjordânia queima pontes com os palestinos e serve para estimular o contra-ataque dos fanáticos do outro lado. - Acampados em Calais, na França, quatro iraquianos sonham em chegar ao Reino Unido. Um deles confidencia à Folha que tentou entrar clandestinamente na passagem do túnel na última semana. - ""Deixei minha nacionalidade alemã para trás, me tornei israelense, deixei minha fé cristã para me tornar judeu. Me desconectei totalmente do meu antigo eu para manter a sanidade"", conta o médico Bernd Wollschlaeger. - A retirada do busto do rei Juan Carlos da Prefeitura de Barcelona desagradou ao governo de Mariano Rajoy e serviu para incitar a discussão sobre a monarquia na Espanha. - Joe Biden e seus assessores começaram a ""explorar ativamente"" a possibilidade de o democrata entrar na corrida presidencial, segundo o jornal ""The New York Times"". - ""Vou esperar que a justiça seja feita no caso do meu filho. Esperei quase 30 anos, posso esperar um pouco mais"", diz Verónica De Negri, mãe de Rodrigo Rojas, morto aos 19 anos, em 1986, por militares que atearam fogo ao jovem. - Para Ceferino Reato, que acaba de lançar na Argentina ""Doce Noches"" [doze noites], o kirchnerismo foi uma corrente política hegemônica de um consenso que segue sendo majoritário, mas que vai se modificar."
10 destinos politicamente corretos para visitar em 2016,"Você já parou para pensar em como sua viagem impacta o meio ambiente do destino? Ou a vida das pessoas que moram ali? E se o país cuja economia você estimula ao fazer turismo lá respeita leis de direitos humanos? Uma ONG americana chamada Ethical Traveler (viajante ético) faz justamente isso. A entidade, fundada pelo jornalista Jeff Greenwald e baseada na Califórnia, existe desde 1996 e tem como propósito educar turistas sobre o impacto social e ambiental de suas viagens. Todos os anos, a Ethical Traveler elege, entre países em desenvolvimento, os dez destinos mais ""éticos"" para se visitar. Para fazer a lista, são analisados dados públicos de proteção ambiental, bem-estar social e de animais e respeito aos direitos humanos –além, é claro do apelo turístico de suas atrações. ""Gastando seus dólares em países de pensamento avançado, exploradores recompensam os 'bons garotos' –e encorajam práticas mais humanas ao redor do mundo"", diz o relatório. Em 2016, metade da lista foi renovada. Entre as cinco novidades está a Mongólia, o primeiro país continental asiático a figurar no ranking. Os cinco que deixaram a relação foram Lituânia (que deixou de ser considerado país em desenvolvimento), Maurício, Palau, Vanuatu (cuja estrutura turística foi afetada por um ciclone) e o Chile –este, muito em parte por sua legislação restritiva sobre o aborto, segundo a entidade. Veja abaixo o top 10 indicado pela associação em 2016 –em ordem alfabética. * O país, na costa da África, a cerca de 600 quilômetros do Senegal, tem lindas praias e se esforça para promover a igualdade de gêneros e fontes verdes de energia. A ilha caribenha avançou no respeito à população LGBT, além de manter a liderança na região em temas como assistência médica, educação e desenvolvimento de energias sustentáveis. O país, que não estava no ranking em 2015 por problemas em suas políticas LGBT, apresentou melhoras em relação a elas e avançou em temas como a preservação de corais –as praias e o mar caribenho são seu maior atrativo turístico. De acordo com a ONG, o arquipélago no oceano Pacífico, de lindas praias, entra na lista neste ano por ser um dos representantes da tendência de destinos turísticos em desenvolvimento que lideram a preocupação contra mudanças climáticas. Destino cultural, o país se destaca na geração de energia solar. A Mongólia é o primeiro país continental da Ásia a entrar no ranking. O país, que estreia na lista da Ethical Traveler, é famoso pelo canal, mas também pelas praias de mar azulzinho. Destacou-se pelo baixo índice de desemprego e alta taxa de proteção ambiental. Samoa deve ter, até o ano que vem, 100% da geração de energia advinda de fontes solares –é um dos líderes em ações para combater o aquecimento global, além de reservar praias estonteantes no oceano Pacífico. Destaque na proteção ambiental e na educação de seu povo, o país no Pacífico criou mais reservas marinhas e tem taxas de alfabetização da população de 99%. Outro país que não estava na lista de 2015, Tuvalu é uma das ilhas mais ameaçadas pelo aquecimento global. Ainda assim, avançou em temas como a violência doméstica e a redução da dependência de combustíveis fósseis. Nosso vizinho sul-americano já havia feito parte da lista e volta na edição de 2016 –muito em parte graças ao desenvolvimento de fontes sustentáveis de energia, inclusive para o sistema de transporte público e um aeroporto. O relatório também destaca a atenção governamental à educação e ao alto IDH (o melhor entre os países analisados)."
Causas e consequências de acidente de Alonso têm versões contraditórias,"Quase duas semanas já se passaram desde o acidente de Fernando Alonso durante os treinos da pré-temporada da F-1 e, além do fato de que o piloto da McLaren não disputará o GP da Austrália, prova de abertura do Mundial deste ano que acontece no próximo dia 15, pouco se sabe sobre as causas da batida ou mesmo a gravidade da lesão sofrida pelo espanhol. Não por acaso, diversas teorias e especulações surgiram desde o acidente em Barcelona. A McLaren em princípio se calou sobre a batida, depois deu versões contraditórias. Membros da equipe foram proibidos de comentar o assunto. Até a FIA foi chamada para tentar ajudar explicar o motivo que fez o espanhol perder o controle de seu carro em Montmeló.  VEJA ALGUNS FATOS E TEORIAS SOBRE O ACIDENTE Alonso perdeu o controle de seu carro na Curva 3 do circuito de Barcelona quando abria a 21ª volta do último dia da segunda sessão de treinos de pré-temporada da F-1 em Barcelona. Seu carro chocou-se com a lateral direita no muro. O primeiro impacto se deu com a roda dianteira direita, seguido pela roda traseira direita. Alonso foi socorrido pelos fiscais de pista e levado ao centro médico do circuito. Depois foi sedado e levado de helicóptero ao Hospital Geral da Catalunha, onde passou três noites na UTI. No dia do acidente, a equipe inglesa afirmou que Alonso não tinha sofrido nenhuma lesão e que seria mantido no hospital apenas por precaução. No dia seguinte, porém, a McLaren afirmou que o piloto havia sofrido uma concussão causada pelo impacto contra o muro. Na semana passada, em entrevista concedida no escritório da equipe em Barcelona, Ron Dennis, presidente da McLaren, afirmou que Alonso havia ficado desacordado em algum momento durante o acidente, mas disse que não sabia dizer quando. Antes disso o time havia descartado esta possibilidade.  Segundo o time, após coletar dados da telemetria do carro do espanhol, a causa mais provável para explicar a perda de controle do bicampeão seria o vento forte que soprava no circuito no momento do acidente. Outros pilotos reclamaram da dificuldade de se pilotar naquele trecho da pista, que fica num ponto alto. Carlos Sainz, da Toro Rosso, sofreu acidente similar ao de Alonso no mesmo dia, mas nada sofreu. Segundo o jovem espanhol, o vento o ajudou a perder o controle do carro. Sebastian Vettel, que vinha logo atrás do McLaren no momento da batida, classificou o acidente como ""estranho"". Logo após voltar aos pits na sequência da batida, Vettel foi aos boxes da McLaren. Na semana seguinte, foi visto no motorhome da McLaren. Uma das versões para que Alonso tenha perdido o controle de seu carro é a de que ele tenha desmaiado segundos antes da batida, hipótese que a McLaren nega. De acordo com a revista ""Auto Motor und Sport"", o espanhol teria apagado três segundos antes de chocar-se contra o muro, já que a velocidade de seu carro teria diminuído muito pouco depois que ele escapou da pista e ele não teria reagido. Ainda segundo a publicação, o choque teria sido a 105 km/h e o impacto de 16 G, o que equivale a 16 vezes o peso de seu corpo.  Outra versão para tentar explicar a batida é que Alonso possa ter recebido uma descarga elétrica vinda de algum dos sistemas usados pelos carros de F-1 atualmente, como o ERS, o sistema de recuperação de energia. Por conta do perigo de choques, os mecânicos das equipe trabalham com grossas luvas de borracha e só se pode tocar no carro quando há uma luz verde no painel. A FIA já descartou que isso tenha acontecido com Alonso, pois o sistema teria emitido uma luz laranja quando o carro estava em movimento e, dez segundos depois de sua parada, ela tornou-se verde, o que caracteriza que tudo estava dentro do normal. Ron Dennis também afirmou que o espanhol foi submetido a exames e que no caso de choque elétrico uma enzima teria aparecido nos exames de Alonso até 48 horas após o ocorrido, o que não aconteceu no caso dele. Ron Dennis afirmou que ninguém havia perguntado a Alonso se ele se lembrava do acidente para poupar o piloto e deixar que ele se recuperasse com tranquilidade. Mas desde o início pessoas próximas ao espanhol afirmaram que ele não tinha lembrança do acidente, o que é comum após traumas como o que ele sofreu. Mas, de acordo com o jornal espanhol ""El País"", a perda de memória do bicampeão foi mais além e, ao ser questionado pelos fiscais que o atenderam se sabia quem era e o que fazia, respondeu: ""Me chamo Fernando Alonso, corro de kart e meu sonho é ser piloto de F-1"". Ainda de acordo com o diário, o espanhol recobrou a memória dias depois. Veja tweet Em razão de tantas dúvidas sobre o que teria causado a batida de Alonso, a McLaren recorreu à FIA para tentar entender o acidente. Imagens das câmeras do sistema de segurança do circuito de Montmeló foram entregues à entidade, mas as gravações não ajudaram, já que eram de baixa qualidade e não mostravam com exatidão o local do acidente. O time também colocou à disposição de Charlie Whitting, inspetor de segurança da entidade, os dados da telemetria. Para evitar que casos assim se repitam, a FIA irá obrigar os times a colocarem câmeras em seus carros durante os testes, que não são sancionados pela entidade. Acelerômetros também devem ser colocados nos protetores auriculares dos pilotos para ajudar a determinar a força dos impactos em caso de acidentes."
"Mulheres dirigem melhor, diz pesquisa","Uma recente pesquisa realizada pela seguradora britânica Privilege questionou o mito de que os homens dirigem melhor que as mulheres. O estudo avaliou 50 motoristas ao volante e também observou outros 200 que passavam por um dos principais cruzamentos do Reino Unido. As mulheres somaram 23,6 pontos de um total de 30, enquanto eles chegaram a 19,8. A maior atenção aos limites de velocidade e às regras de trânsito garantiram a vantagem delas, e isso se reflete no preço do seguro. ""O valor pago pelos homens é, em média, 15% maior"", afirma Saint-Clair Pereira Lima, diretor técnico da Bradesco Seguros. O acréscimo está relacionado aos valores dos reparos. ""Os índices de ocorrência de acidentes é praticamente igual entre os sexos, mas o custo dos sinistros provocados por homens tende a ser 28% mais alto"", explica Lima. ÁLCOOL E DIREÇÃO Outra pesquisa, realizada pela Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto, mostra que 92% dos acidentes de trânsito envolvendo consumo de bebidas alcoólicas são causados por homens. Os dados foram coletados no Hospital Público Universitário de Uberlândia (MG). Se as estatísticas comprovam que as mulheres são mais prudentes, de onde vem a fama de ""ruins de roda""? ""Dirigir está ligado ao masculino. Ao longo da história, conduzir cavalos, carroças e navios aparece quase sempre como atividades ligadas aos homens, enquanto às mulheres cabia cuidar dos filhos e da casa"", analisa a professora doutora Ana Laura Schliemann, do Departamento de Psicologia da PUC-SP. Esse vínculo histórico ajuda a entender o porquê de todas as principais categorias do automobilismo serem monopolizadas pelos homens. ""Sempre fui a única mulher nas competições de que participei e sofri muito preconceito"", diz a instrutora de pilotagem Suzane Carvalho, que competiu em diversas categorias de carro e moto no Brasil e na Europa. Para ela, não há interesse em ver mulheres campeãs. ""Acho que essa é uma das razões da ausência de uma piloto na F-1. Até pode haver uma no grid para chamar atenção, mas não vão querer que ande na frente"". PROCESSOS PARA OBTER A HABILITAÇÃO DIFEREM DE UM PAÍS PARA OUTRO; VEJA EXEMPLOS: ESTADOS UNIDOS 1 - O candidato precisa fazer um teste on-line. Após a aprovação, é emitida uma autorização para retirada do livro com regras de trânsito 2 - O passo seguinte é fazer mais uma avaliação on-line e, depois, o teste presencial. Os aprovados recebem uma autorização provisória e só poderão dirigir acompanhados de um maior de 21 anos 3 - Passado o período de aprendizado (geralmente de um ano), é possível marcar o teste prático para obter a carteira permanente 4 - Em alguns estados norte-americanos, a permissão provisória para dirigir pode ser obtida a partir dos 16 anos JAPÃO 1 - A partir de 18 anos, é possível marcar os exames teórico e prático diretamente nos centros de habilitação 2 - A prova teórica tem 50 questões, com necessidade de acerto mínimo de 90% 3 - A partir da aprovação nos testes, é emitida a carteira provisória. Depois de um período, o motorista realizará novos exames para obter a habilitação definitiva ALEMANHA 1 - As primeiras etapas são bem parecidas com as do Brasil e podem começar aos 18 anos. A principal diferença é a obrigatoriedade do curso de primeiros socorros, com seis horas de duração 2 - No teste prático, os examinadores costumam solicitar que o condutor realize freadas de emergência 3 - Outra particularidade do teste é a observação dos direcionamentos do olhar do condutor, para verificar se ele está observando regularmente as imagens nos espelhos retrovisores BRASIL 1 - Somente pessoas imputáveis (maiores de 18 anos) podem tirar a carteira de habilitação. Também é necessário fazer o teste de aptidão física e mental 2 - A segunda etapa é o curso teórico de formação de condutores, em que o aspirante a motorista tem aulas sobre direção defensiva, meio ambiente e cidadania, primeiros socorros, mecânica básica de veículos e legislação de trânsito 3 - Passada essa fase, vem a prova teórica do Detran e a matrícula na autoescola, onde o aluno deverá realizar, ao menos, 25 horas de aulas práticas de direção 4 - A partir de 2016, também será necessário a realização de cinco horas de aula no simulador 5 - Ao final do processo, é realizada a prova prática"
Veja como em 2015 a rivalidade entre Corinthians e Palmeiras reacendeu,"Nesta temporada, a rivalidade entre Corinthians e Palmeiras voltou a ter destaque e invadiu as mais diversas esferas do futebol: estádios, torcidas, clássicos, contratações, títulos, entre outras. Isso aconteceu sobretudo por conta da recuperação da equipe alviverde em 2015, ano em que deixou de brigar para escapar do rebaixamento para protagonizar disputas de título –foram duas finais na temporada, Paulista e Copa do Brasil, com o título conquistado na última. Veja abaixo alguns momentos em que a histórica rivalidade ganhou força. * Em 2015, ambos os clubes atuaram desde o início do ano em suas novas arenas, as mais modernas de São Paulo: o Allianz Parque e a Arena Corinthians. O atacante Dudu jogou em 2014 pelo Grêmio e já dava entrevistas em que dizia preferir jogar no Corinthians que no São Paulo, clubes que disputavam sua contratação para 2015. Então o Palmeiras surpreendeu a todos e deu o ""chapéu"", levando o jogador que seria protagonista na final da Copa do Brasil vencida pelo time alviverde. Em termos de resultados, Corinthians e Palmeiras estão empatados nos clássicos em 2015, mas o time alviverde tem o bônus de ter eliminado o arquirrival de uma competição. No primeiro turno do Paulista, o Corinthians venceu. Na semifinal, as equipes empataram, e o Palmeiras venceu nos pênaltis, eliminando o adversário. No Brasileiro, o Palmeiras venceu no primeiro turno por 2 a 0, ao passo que o empate (3 a 3) prevaleceu no segundo turno. Em termos de público e renda, uma vitória para cada. O Corinthians foi o time que mais ganhou sócios-torcedores em 2015, com 68.447 novos membros do Fiel Torcedor; o Palmeiras ficou em segundo, com 62.452 novos associados. Por outro lado, o time alviverde lucrou muito mais com seu programa. O clube deve ter um retorno de mais de R$ 40 milhões de receita líquida do Avanti, contra cerca de R$ 9 milhões do Fiel Torcedor, segundo apuração da Folha. Em termos de dinheiro com patrocínio, o Palmeiras levou vantagem. Crefisa, FAM e Prevent Senior levaram cerca de R$ 50 milhões aos cofres do clube, enquanto Caixa, Tim e 99 Táxis renderam aproximadamente R$ 37,5 milhões ao Corinthians Por fim, ambos se sagraram campeões nacionais em 2015. O Corinthians levou o Brasileiro, mais reputado torneio do Brasil. Já o Palmeiras venceu a Copa do Brasil, principal torneio mata-mata do país."
"Pena de Beira-Mar supera a de Marcola, mas não a de Bandido da Luz Vermelha","O traficante Luiz Fernando da Costa, 47, o Fernandinho Beira-Mar, foi condenado a 120 anos de prisão na madrugada desta quinta-feira (14) pelo homicídio de quatro rivais no presídio de Bangu 1, em setembro de 2002. Com esta condenação, a pena de Beira-Mar chega a 309 anos, mas é inferior à de João Acácio Pereira da Costa, conhecido como ""Bandido da Luz Vermelha"", que foi condenado a mais de 351 anos de prisão. Contudo, Beira-Mar superou o traficante Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, condenado a mais de 240 anos. Informações do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério da Justiça, apontam que em junho de 2013 o Brasil possuía 618 presos com penas superiores a cem anos, sendo 610 homens e 8 mulheres. A legislação brasileira, no entanto, não permite o cumprimento de pena superior a 30 anos. Confira abaixo alguns casos de repercussão que renderam aos acusados longas penas, como no caso do massacre do Carandiru, do Bandido da Luz Vermelha e do também traficante de drogas Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola. * Relembre alguns casos: Setenta e quatro policiais militares foram condenados entre os anos de 2013 e 2014 pela morte de 111 detentos no episódio que ficou conhecido como massacre do Carandiru, ocorrido em 1992. As penas variaram de 48 a 624 anos de prisão. - Quatro policiais militares foram condenados a penas entre 474 e 534 anos de prisão pelo envolvimento em uma chacina que deixou 29 mortos nos municípios de Queimados e Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, em março de 2005. Onze vítimas tinham idades entre 13 e 20 anos. - Usando uma lanterna de luz vermelha, João Acácio Pereira da Costa, 55, que ficou conhecido como ""Bandido da Luz Vermelha"", cometeu 88 crimes, entre roubos, homicídios e tentativas de homicídio e estupros, na capital paulista, na década de 1960. Ao todo, ele cumpriu 30 anos de prisão e foi assassinado em 1998, um ano depois da libertação. Ele foi condenado a mais de 351 anos de prisão. - O traficante Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, acumula mais de 240 anos de prisão por crime como por roubo a banco, tráfico de drogas e envolvimento com o crime organizado. Apontado como chefe da facção PCC, ele cumpre pena em um presídio de segurança máxima do interior de São Paulo. - Três policiais militares foram condenados pela chacina que deixou oito jovens mortos, em julho de 1993, na região da Candelária, no centro do Rio. As vítimas tinham entre 11 e 19 anos e dormiam na rua no momento do ataque. As condenações variaram entre 45 e 300 anos de prisão, sendo que outros três PMs foram absolvidos. - O paranaense Adriano da Silva foi condenado a mais de 200 anos de prisão pela morte de nove meninos, com idades entre nove e 14 anos, em cidades do Rio Grande do Sul. Segundo a acusação, ele oferecia dinheiro e presentes aos meninos para, depois, assassiná-los com golpes marciais e, em alguns casos, violentá-los. A maior parte dos crimes aconteceram em Passo Fundo. - Francisco de Assis Pereira, conhecido como ""maníaco do parque"", foi condenado a quase 270 anos de prisão pelo assassinato de seis mulheres no parque do Estado, na zona sul de São Paulo, em 1998, além dos crimes de de estupro, roubo e atentado violento ao pudor contra nove mulheres que sobreviveram. - O fazendeiro Adriano Chafik Luedy foi condenado a 115 anos de prisão pela chacina que deixou cinco sem-terra mortos e outros 12 feridos, em um acampamento do MST (Movimento dos Sem-teto), na cidade de Felisburgo (MG), em novembro de 2004. Um capataz, que trabalhava para Luedy, foi condenado a 97 anos de prisão. - O publicitário Jimmy Robert de Queiroz Brito foi condenado a cem anos de prisão pela morte do pai, de uma tia e uma prima em janeiro de 2013. O motivo, segundo a acusação, seria uma herança de R$ 200 mil. Outros dois acusados foram sentenciados a 90 e 94 anos de prisão. - O ex-policial militar Florisvaldo de Oliveira, conhecido como cabo Bruno, foi condenado a 117 anos de prisão sob a acusação de chefiar um grupo de extermínio na zona sul de São Paulo, nos anos 1980. Preso em 1983, ele foi solto em 2012, sendo assassinado um mês depois no interior do Estado."
6 programas em São Paulo para levar as crianças neste feriado de Páscoa,"Comer chocolate na Páscoa é uma das atividades favoritas das crianças. Mas para não comer em excesso, separamos seis passeios que não têm nada a ver com o doce para fazer neste feriado. Misturando teatro e mágica, o ilusionista pernambucano Rapha Santacruz apresenta o espetáculo ""Haru - A Primavera do Aprendiz"". Na história, ele vive um jovem mágico que busca orientação de um mestre, que lhe ensina lições ao longo da peça. Após o espetáculo, Santacruz também ministra uma oficina de ilusionismo para crianças a partir de sete anos, ensinando truques simples, feitos com objetos comuns. QUANDO 26 e 27/3; 3 e 4/4; às 12h ONDE Sesc Pompeia - r. Clélia, 93, Barra Funda QUANTO de R$ 5 a R$ 17 A ""Mostrinha Livre"" traz curtas como ""Dinossauro Rex"", produzido por crianças do Espírito Santo, que conta a história de um dinossauro que saia comendo tudo e todos que encontrava pelo caminho. Até que um dia resolve rever seus conceitos. QUANDO 26 e 27/3 ONDE Centro Cultural Banco do Brasil - r. Álvares Penteado, 112 - Centro QUANTO Grátis Avião interativo, em exibição no São Bernardo Plaza Shopping, propõe interatividade para crianças e adolescentes em atividades científicas e tecnológicas. A ação acontecerá dentro de um avião modelo Brazilian, fabricado pela Embraer, que será instalado no praça de eventos do local. QUANDO 25, 26 e 27/3 ONDE São Bernardo Plaza Shopping - av. Rotary, 624 - São Bernardo do Campo QUANTO R$ 15 por 15 minutos ""O som protagonista de contos e lendas do mundo"" faz-se uma viagem pelas histórias de diferentes culturas, do Brasil a Gana, da Grécia à Turquia e à Índia, que tem o som como protagonista. O espetáculo Balanceia, criado pelo Projeto Guarará.apresentação reúne instrumentos musicais típicos de diferentes regiões do país, como os tambores e as casacas do Espírito Santo e o pandeirão e as maracas do Maranhão QUANDO 25, 26 e 27/03 ONDE Itaú Cultural - av. Paulista, 149 - Bela Vista QUANTO Grátis A Casa do Brincar, espaço que reúne atividades e brincadeiras para crianças, tem no sábado (26) uma programação gratuita. O destaque fica por conta do ""Fui Eu Que Fiz"", em que as crianças constroem o próprio fantoche de papel. QUANDO 26/3 ONDE Casa do Brincar - r. Ferreira de Araújo, 388 - Pinheiros QUANTO Grátis O espetáculo conta a história de dois amigos que decidem brincar de circo na sala de visita, recriando o mundo maravilhoso do circo dentro do universo das fantasias e brincadeiras infantis. QUANDO 26 e 27/03 ONDE Teatro Alfa - r. Bento Branco de Andrade Filho, 722 - Santo Amaro QUANTO Ingressos por R$ 30 (inteira) e R$15 (meia para crianças, estudantes e maiores de 60 anos)"
10 produtos que a classe C cortou e 10 que entraram no carrinho em 2014,"A economia enfraquecida e a inflação já afetam hábitos de consumo da classe C. De acordo com dados da consultoria Kantar Wordpanel, o volume total de bens de consumo não duráveis comprados por essa população cresceu 3,4% em 2014, abaixo dos 6,3% de 2013. A pedido da Folha, a empresa listou os produtos que perderam penetração nesse público em 2014 –ou seja, deixaram de estar no carrinho ao menos uma vez no ano– e aqueles que ganharam espaço. EM BAIXA Queda de penetração: -6% Entram nessa categoria itens que não são específicos, como ""creme para as mãos"" ou ""creme corporal"". São, em geral, mais simples. Queda de penetração: -5% As vendas do setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos deram uma desacelerada em 2014. De acordo com a Abihpec (associação do setor), o faturamento chegou a R$ 101,7 bilhões, um aumento de 11%, portanto menor que os 12,1% de 2013 e os 15,6% registrados em 2012. É uma taxa mais baixa, mas ainda muito maior que os 0,1% da economia em geral. Queda de penetração: -5% Segundo a Kantar, é muito provável que tenham sido substituídos por produtos que são mais práticos, como os molhos de tomate. Queda de penetração: -4% Outro caso de substituição. Você vai ver logo abaixo que o suco pronto, que, bem, já vem pronto, então é mais prático, está na lista de produtos em alta. Queda de penetração: -4% Enquanto isso, o detergente líquido só sobe, de acordo com a pesquisa. Mas não é, nem de longe, o fim do sabão em pedra, que é comprado por 80% das famílias brasileiras de classe C ao menos uma vez por ano. Queda de penetração: -4% Queda de penetração: -4% É aquele tipo de produto que vale por um bifinho (mas a pesquisa não fala do Danoninho especificamente). Enquanto isso, parece que está todo mundo mandando ver no iogurte grego. Queda de penetração: -3% As esponjas sintéticas, que podem ser as substitutas das de aço, não aparecem na lista dos produtos que mais crescem, mas são as prováveis ""culpadas"" pela queda. Ainda assim, as esponjas de aço ainda são compradas ao menos uma vez por ano em 94% dos lares brasileiros dessa classe. Queda de penetração: -3% Queda de penetração: -3% EM ALTA Crescimento de penetração: 24% Mais firmes que os tradicionais, esses produtos chegaram ao mercado há uns três anos e parece que em 2014 decolaram. Crescimento de penetração: 11% Crescimento de penetração: 10% Crescimento de penetração: 9% Crescimento de penetração: 7% Crescimento de penetração: 7% Crescimento de penetração: 5% Crescimento de penetração: 5% Crescimento de penetração: 5% Crescimento de penetração: 4% *"
"O que você precisa saber sobre o Super Bowl, maior evento esportivo dos EUA","Maior evento esportivo dos Estados Unidos, o Super Bowl acontece neste domingo (5), às 21 horas. O New England Patriots pode conquistar o título pela quinta vez desde 2001 apoiado nos lançamentos do quarterback Tom Brady. Zebra, o Atlanta Falcons chega pela segunda vez à final e tenta a primeira conquista. Para o Brasil, o jogo será transmitido pela ESPN Brasil e Esporte Interativo O New England Patriots é uma das maiores dinastias da história dos esportes norte-americanos. O Super Bowl deste ano é o sétimo da equipe desde 2001. Foram quatro títulos (2001, 2003, 2004 e 2014). Segunda franquia mais valiosa da NFL (avaliada em US$ 3,4 bilhões), o Patriots se tornou vencedor a partir da chegada do técnico Bill Belichik e do draft do quarterback Tom Brady, em 2000. Financiado pelo bilionário Robert Kraft, o time acumula polêmicas, além das vitórias. Em 2007, foi punido pela NFL por filmar jogadas e sinais usados pelos técnicos do New York Jets durante uma partida, o que é proibido. Belichik recebeu multa de US$ 500 mil, a maior da história do futebol americano. Kraft teve de pagar US$ 250 mil e ainda perdeu o direito de fazer uma escolha na primeira rodada do draft de 2008, quando os atletas que saem das universidades são selecionados. Na final de conferência de 2015, contra o Indianapolis Colts, o Patriots usou bolas que estavam com pressão abaixo da permitida pelas regras da NFL, o que facilita para o quarterback segurar e lançá-la. Pela violação, Tom Brady foi suspenso por quatro jogos em 2016. Quando começou a temporada, o Atlanta Falcons não estava entre os favoritos para conquistar o Super Bowl. As casas de apostas pagavam 80/1. O apostador que colocou US$ 100 no título da equipe vai receber US$ 8 mil se esta ganhar no domingo (5). Sem tradição vencedora, o time chegou apenas uma vez à decisão. Em 1999, foi derrotado pelo Denver Broncos por 34 a 19, quando também era considerado grande zebra. Um dia antes do Super Bowl, um dos principais jogadores do elenco, o free safety Eugene Robinson, foi preso por solicitar os serviços de uma prostituta. Na próxima temporada, o Falcons vai abrir novo estádio, com capacidade para 71 mil pessoas. Também será usado pelo Atlanta United, da Major League Soccer. A construção da arena foi US$ 1,5 bilhão. O Falcons chegou ao Super Bowl apoiado no ataque, o mais positivo da NFL. Na temporada regular, a equipe percorreu 4.725 jardas em passes e 1.928 jardas no jogo corrido. Tom Brady é o nome mais famoso da NFL e um dos maiores da sua posição em todos os tempos. Neste domingo (5), ele pode se tornar o primeiro quarterback a vencer o Super Bowl cinco vezes. Ele se igualaria a Bart Starr, ex-quarterback do Green Bay Packers, no número de títulos da NFL. Starr jogou antes da era do Super Bowl, iniciada em 1967. Casado com a modelo brasileira Gisele Bündchen, Brady tem o recorde de vitórias nos playoffs (24). Quando foi draftado, não era uma das maiores apostas. Foi selecionado pelo Patriots na sexta rodada, a 199a escolha do draft. Matt Ryan desde o início foi uma grande revelação. Foi a terceira escolha geral do draft de 2008, feita pelo Atlanta Falcons e o primeiro quarterback da equipe a lançar para mais de três mil jardas na temporada de estreia. Em 2016, ele e o wide receiver Julio Jones formaram a primeira dupla da história da NFL a lançar para mais de 500 jardas e receber mais de 300 jardas na mesma partida. Bill Belichik se tornou conhecido na NFL como coordenador defensivo. Foi assim que conquistou os primeiros dois Super Bowls da carreira, com o New York Giants, em 1986 e 1990. Ao assumir o cargo de técnico do Patriots, em 2000, começou a montar as peças da equipe que se tornaria uma das mais vencedoras da história do esporte. Ele acumula as funções de treinador e gerente geral, responsável pelas trocas, contratações e escolhas no draft. Neste domingo, Belichik vai se tornar o recordista em Super Bowls como técnico. Será a sétima participação. Atualmente, ele está empatado com Don Shula. Dan Quinn, técnico do Atlanta Falcons, também tem origem defensiva. Era o coordenador quando o Seattle Seahawks venceu o Super Bowl de 2014, contra o Denver Broncos. Também trabalhou com jogadores de defesa no San Francisco 49ers, Miami Dophins e New York Jets. Ele gosta de usar exemplos de lutas de boxe para seus jogadores. Nesta semana, mostrou para o elenco do Falcons vídeos do combate que ficou conhecido como Rumble in the Jungle (""Luta na selva"", em inglês). Em 1974, no Zaire, Mohammed Ali entrou como zebra para enfrentar o campeão George Foreman e o nocauteou. É a segunda vez que o Super Bowl acontece no NRG Stadium, em Houston. O New England Patriots já conquistou um título no estádio. Em 2004, derrotou o Carolina Panthers por 32-29. A partida é lembrada também pelo show do intervalo com Janet Jackson e Justin Timberlake. Parte da roupa da cantora caiu e deixou um seio à mostra. Isso fez com que a TV norte-americana, na final do ano seguinte, transmitisse a parte musical com alguns segundos de delay para cortar a imagem caso acontecesse problema semelhante. O NRG Stadium tem capacidade para 71.795 pessoas e é usado pelo Houston Texas na NFL. Houston foi sede do Super Bowl também em 1974. No Rice Stadium, construído pela Universidade de Rice, o Miami Dophins derrotou o Minnesota Vikings por 24 a 7. Além de Matt Ryan, o Atlanta Falcons aposta no wide receiver Julio Jones. Uma das principais armas ofensivas da NFL, ele recebeu passes para 180 jardas e dois touchdowns na final de conferência da NFC contra o Green Bay Packers. Chris Hogan igualou os números de Jones na final de conferência da AFC: 180 jardas de recepção e dois touchdowns diante do Pittsburgh Steelers. Ao contrário do adversário do Falcons, Hogan teve problemas para se firmar e passou por San Francisco 49ers, New York Giants e Buffalo Bills antes de chegar ao Patriots."
Três textos para entender a tragédia ambiental no rio Doce,"O rompimento das barragens em Mariana (MG) no início de novembro levou à contaminação do rio Doce. Os cerca de 40 bilhões de litros de lama com resíduos de mineração chegaram até o litoral do Espírito Santo e se espalharam por 9 km de mar. Veja três textos sobre as consequências do desastre e as medidas necessárias para minimizá-lo. Análise de Marcelo Leite fala do impacto no ecossistema local e sobre a necessidade de recuperar o rio. Em artigo, o fotógrafo e fundador do Instituto Terra Sebastião Salgado defende a criação de um fundo financeiro subsidiado pelos responsáveis pela tragédia para gerar recursos para projetos ambientais, sociais, econômicos e de geração de emprego e renda em toda a região da bacia afetada. Veja o caminho percorrido pela lama em infográfico multimídia."
Sete dicas de ingressos para comprar para a Olimpíada do Rio em 2016,"Serão provavelmente sete chances de ver o astro jamaicano do atletismo. O velocista, seis vezes medalhista de ouro em Jogos Olímpicos, deve fazer sua estreia nos dia 13 de agosto de 2016, na primeira fase dos 100 m. As semifinais e finais da mais nobre prova olímpica ocorrem no dia seguinte. Bolt ainda disputa os 200 m e o revezamento 4 x 100 m no megaevento. Os ingressos para vê-lo variam de R$ 100 a R$ 1.200. p(gallery). O judô é o esporte que mais deu medalhas olímpicas ao Brasil, e tem tudo para ser o primeiro pódio verde e amarelo nos Jogos do Rio. Logo no primeiro dia de competições (6 de agosto), a atual campeã olímpica Sarah Menezes deve tentar mais uma conquista, na categoria ligeiro (até 48 kg). Para vê-la, é preciso desembolsar de R$ 70 a R$ 250, para ver as eliminatórias, e de R$ 220 a R$ 700. O time de Bernardinho vem de uma sequência de três pódios olímpicos consecutivos (um ouro em Atenas-2004 e pratas em Pequim-2008 e Londres-2012) e iniciará sua campanha na Rio-2016 provavelmente no dia 7 de agosto. Os preços das partidas de primeira fase no Maracanãzinho variam de R$ 100 a R$ 350. Se tudo der certo e a equipe avançar à final, no dia 21 de agosto, as entradas custarão entre R$ 350 e R$ 1.200. A grana está curta? Na Olimpíada do Rio há algumas opções baratas para quem quer prestigiar o evento sem desembolsar muito. Preliminares do futebol feminino, luta livre, remo, canoagem velocidade, levantamento de peso, pentatlo moderno e vela terão ingressos a R$ 40, os mais baratos dos Jogos. Dá até para ver algumas finais, como do tiro esportivo. Se o aperto financeiro for enorme, é possível assistir a alguns eventos sem pagar nada, como por exemplo o ciclismo de estrada e remo, que ocorrem em praças esportivas de acesso público. A cerimônia que marca o início dos Jogos do Rio é a mais procurada e cara do evento. Os ingressos variam de R$ 200 a R$ 4.600. Já a cerimônia de encerramento, embora bastante badalada, tem menos procura (até porque muito atleta já terá deixado o Rio) e valores menores: vão de R$ 200 a R$ 3.000. O astro do Barcelona é nome quase garantido na seleção brasileira que disputará um inédito ouro nos Jogos Olímpicos do Rio. Caso o Brasil avance até a final, que será realizada no Maracanã, serão seis oportunidades de vê-lo em campo. O valor dos ingressos cresce conforme a fase: as preliminares custam um mínimo de R$ 50 e podem chegar a R$ 900 em uma decisão. O evento mais tradicional dos Jogos Olímpicos se desenrolará quase todo nas ruas do Rio e terminará no Maracanã. Quem quiser acompanhar a chegada, tanto da prova masculina quanto da feminina, não precisará gastar muito. Os preços vão de R$ 40 a R$ 70."
Nova detenta de série 'Orange is the New Black' é australiana; veja outras cinco atrizes que nasceram no país,"As atrizes australianas estão por toda a parte —embora, às vezes, com seus sotaques disfarçados, se passem por americanas, inglesas e até seres mitológicos. A nova detenta de ""Orange is the New Black"", por exemplo, é a australiana Ruby Rose, segundo o site. Elas estão em filmes como ""O Curioso Caso de Benjamin Button"", ""O Sexto Sentido"" e ""Alice no País das Maravilhas"" e frequentam os red carpets de Hollywood. Veja quem são as atrizes ""from down under"" -apelido carinhoso usado para se referir à Austrália, que tem todo o território no hemisfério Sul: 1. Ruby Rose Aos 28 anos, a atriz australiana Ruby Rose será a nova detenta de Lichtfield, a penitenciária fictícia da série ""Orange is The New Black"". Ex-modelo e VJ da MTV em seu país, ela viverá Stella Carling na terceira temporada do seriado, com estreia programada para junho ou julho deste ano no Netflix A personagem, sarcástica, deve causar na cadeia: vai chamar a atenção tanto de Piper (Taylor Schilling) como de Alex (Laura Prepon), que tinham um relacionamento nas temporadas anteriores. 2. Cate Blanchett A atriz, nascida em 1969 em Melbourne, já foi inglesa, americana e até elfa: está na trilogia ""O Hobbit"" e também em filmes como ""O Curioso Caso de Benjamin Button"", em que contracena com Brad Pitt, ""O Aviador"", com Leonardo DiCaprio -pelo qual ganhou um Oscar- e ""Elizabeth"", em que faz a rainha Elizabeth I. 3. Toni Collete A atriz de 42 anos é natural de Sydney e tem algo como uma ""vocação maternal"": tanto em ""O Sexto Sentido"" -pelo qual recebeu uma indicação ao Oscar- e ""Pequena Miss Sunshine"", ela interpreta a mãe dos protagonistas, um menino que vê mortos e uma menina que quer vencer um concurso de beleza. 4. Rose Byrne Também de Sydney, Byrne já foi a Dr. Moira de ""X-Men: Primeira Classe"" e participou do musical ""Annie"" -um dos filmes vazados por hackers no escândalo da Sony, em dezembro de 2014. A atriz recebeu duas indicações ao Globo de Ouro por seu papel na série ""Damages"". 5. Abbie Cornish Falando em sotaques: Aos 32 anos, a australiana natural de Lochinvar, interpretou uma jovem mãe texana que passa a contrabandear mexicanos pela fronteira depois de perder a guarda da filha em ""The Girl"", de 2012. 6. Mia Wasikowska A Alice de ""Alice no País das Maravilhas"", do diretor Tim Burton -papel de que deve repetir em 2016- a atriz nasceu na capital da Austrália, Canberra. Foi também Emma Bovary na adaptação do livro de Flaubert ""Madame Bovary"", de 2014. * BÔNUS Duas atrizes que, na verdade, não nasceram na Austrália. Você sabia? 7. Nicole Kidman Recebeu um Oscar de Melhor Atriz por seu papel como Virginia Woolf em ""As Horas"" e, recentemente, disse ao comediante Jimmy Fallon que se sentiu esnobada por ele no passado. Que vacilo, Fallon! 8. Naomi Watts Você sabia que a atriz Naomi Watts nasceu, na verdade, na Inglaterra? Mais precisamente, na cidade de Shoreham, um ano depois de Nicole, e mudou-se para a Austrália aos quatorze anos. Recebeu duas indicações ao Oscar por ""O Impossível"" e ""21 Gramas"", além de estrelar filmes como a refilmagem americana do filme de terror japonês ""O Chamado"" e do clássico ""King Kong"" -aliás, o site ""IMDB"" lista seu apelido como ""Rainha das Refilmagens"". Apesar disso, participa do novo filme (inédito) de Iñarritu, ""Birdman"", líder emindicações ao Globo de Ouro de 2015 e vive Lady Di na cinebiografia ""Diana""."
Conheça dez curiosidades sobre a mexerica,"O caso da mexerica descascada gerou debates acalorados nas redes sociais nessa semana. Tudo começou quando um internauta publicou, na sua conta no Twitter, a foto de uma mexerica comercializada sem casca e em gomos em uma unidade da rede Carrefour no Paraná. O quilo custava R$ 2,89, contra R$ 2,49 do produto a granel. Houve quem criticasse a ""goumertização"" da mexerica, quem apoiasse a ideia e aqueles que acharam a polêmica desnecessária. E o conflito para decidir o verdadeiro nome da fruta –mexerica, tangerina ou bergamota?– ganhou contornos próprios. Veja abaixo curiosidade sobre mexerica, ou tangerina, ou bergamota. Mexerica, bergamota (ou vergamota), laranja-cravo, laranja-mimosa, mandarina, mimosa, tangerina-cravo e tangerina-do-rio são, segundo o dicionário Houaiss, nomes diferentes para uma mesma fruta: a tangerina. ""Tangerina"" é o feminino de ""tangerino"", adjetivo relativo a Tânger, cidade do Marrocos, no noroeste da África. ""Mexerica"" é uma regressão de ""mexericar"". ""Os estudiosos atribuem o nome do fruto ao fato de o odor forte denunciar quem o comeu"", explica o verbete do Houaiss. O termo é mais usado nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. No Sul, a fruta é conhecida como bergamota, ou ainda, vergamota. A palavra pode ter origem do turco ""beg armüdi"", que significa ""pera do príncipe"". Em algumas regiões do Nordeste, a tangerina é conhecida ainda como ""laranja-cravo"", e no Paraná, como ""mimosa"". O nome oficial da tangerina, e, portanto, da mexerica, é Critus reticulata. Ela pertence ao gênero Citrus, da família Rutaceae, da ordem Sapindales, classe Magnoliopsida, da divisão Magnoliophyta e, por fim, do reino Plantae. Além da tangerina, o gênero Citrus tem duas outras espécies –Citrus medica (cidra) e Citrus maxima (cimboa)– e inúmeros híbridos, como a laranja (Citrus maxima x Citrus reticulata) e o limão (Citrus x limon). A tangerina é originária do sudeste tropical e subtropical da Ásia, na região onde hoje estão países como Índia e China. Durante a Idade Média, ela foi levada para o norte da África e, de lá, seguiu para o sul da Europa. No Brasil, as primeiras referências à fruta datam de 1817. A tangerina tem uma boa faixa de adaptação climática, podendo ser resistir a temperaturas que variam de 23 °C a 32 °C. No Brasil, a safra concentra-se, normalmente, de maio a agosto, mas pode se estender de março a setembro. Segundo boletim do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a colheita de poncã no Estado de São Paulo deve terminar ainda em julho. A maior suscetibilidade a doenças pode estar desmotivando o cultivo da fruta. A fruta pode ser consumida ""in natura"" ou processada na indústria para produzir de sucos, doces, geleias, sorvetes, óleos essenciais, rações, entre outros. Em geral, a tangerina tem superfície lisa, de cor laranja a vermelha, e nove a 13 gomos. Existem, porém, diversas variedades de tangerina. As mais cultivadas são: #Poncã: a mais comum no Brasil, tem frutos grandes, fáceis de descascar, com pouca acidez e gomos que se separam facilmente. Como precisa de clima mais ameno para ser cultivada, as plantações se concentram nas regiões Sul e Sudeste. #Tangerina-cravo: amadurece antes da poncã e produz frutos mais ácidos #Dekopon: fruto híbrido, resultante do cruzamento da poncã com a kiyomi (fruta cítrica híbrida japonesa), desenvolvido no Japão em 1972. O fruto é grande, sem sementes e com sabor ácido. #Murcote: fruta híbrida, nascida do cruzamento da tangerina com a laranja. Os frutos são achatados, com uma casca fina e aderente, muitas sementes e um gosto mais próximo da laranja. A fruta é bem doce e matéria-prima principal para os sorvetes de tangerina. Outras variedades populares incluem a Dancy e Montenegrina. Assim como as demais frutas cítricas, a tangerina é rica em vitamina C (ácido ascórbico), que ajuda a melhorar o sistema imunológico, entre outros benefícios. É rica também em fibras, sobretudo sua casca, o que ajuda na digestão, e potássio, que contribui para a saúde cardíaca. Cem gramas de tangerina fornecem quase 38 calorias. Para comparar, uma maçã de mesmo peso oferece cerca de 60 calorias, e uma laranja, 45 calorias. Veja outros dados nutricionais da tangerina: Carboidratos 9,6 g Proteínas 0,9 g Fibra alimentar 0,9 g Cálcio 12,9 mg Vitamina C 48,8 mg Magnésio 7,7 mg Lipídios 0,1 g Fósforo 12,5 mg Ferro 0,1 mg Potássio 131,4 mg Vitamina B1 0,1 mg As folhas e a casca da mexerica são famosas por darem bons chás. O chá das folhas é considerado calmante. Já com a casca, ele é usado para auxiliar no processo de digestão, acalmar o estômago e aliviar o estresse. Acompanhado de gengibre e alfazema, pode ser um bom aliado para quem está resfriado. A China é a maior produtora de mexerica no mundo, detendo 53% da produção mundial em 2012. Depois vem a Espanha (7%) e, em terceiro lugar, o Brasil, com 4%. Outros grandes produtores são Turquia, Egito, Marrocos, Japão, Irã, Itália, Estados Unidos, Paquistão, México e Argentina. O Brasil produziu 937.819 toneladas de mexerica em 2013. A região Sudeste é a maior produtora, seguida pela Sul. O Estado com maior produção é São Paulo (323.321 toneladas), depois vêm Paraná (166.379 toneladas) e Rio Grande do Sul (161.921). Em São Paulo, a tangerina Poncã responde por cerca de 56% do volume produzido. Depois estão a Murcote (37%) e a Cravo (6%). Em 2013, o consumo médio familiar per capita de mexerica no Brasil foi de 1,8 kg. As regiões mais consumidores são a Sul (2,54 kg) e Sudeste (1,38 kg). Os gaúchos são os que mais comem tangerina (3,89 kg por pessoa), seguidos pelos catarinenses (2 kg), os moradores do Distrito Federal (1,7 kg) e os paulistas (1,7 kg). Em 2013, 29% dos produtos comercializados pela Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) foram tangerinas: 133 mil de 453 mil toneladas. Com toda a polêmica envolvendo a mexerica descascada, a tangerina poncã foi a ""dica da semana"" no site da Ceagesp. Ela era vendida no atacado por R$ 1,62 o quilo, em média. Em 2014, cerca de 54 mil toneladas de poncã entraram no Ceagesp, a maioria vinda das cidades paulistas de Vista Alegre do Alto e Limeira, das mineiras Campanha e Três Corações e de Serro Azul, no Paraná. Fontes: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ceagesp, HortiBrasil (Instituto Brasileiro de Qualidade em Horticultura), Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)"
Viajou no feriado? Veja as sete notícias que tiveram destaque em 'Mundo',"Não leu o jornal ou ficou off-line durante os últimos dias? A Folha Mundo reuniu as notícias globais mais relevantes de sexta (10) a domingo (12) para você não perder nada. De Sarajevo, Renata Summa relembra os 20 anos do massacre em Srebrenica, que matou 8.000 homens e meninos muçulmanos. Enviado especial a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, Fabiano Maisonnave acompanhou a visita do papa Francisco ao superlotado presídio Palmasola. Depois da visita do papa ao Equador, milhares de pessoas voltaram às ruas de Quito e Guayaquil para protestar contra o presidente. É o que relata Sylvia Colombo. A correspondente Thais Bilenky acompanhou a comemoração da legalização do casamento gay nos EUA em uma congregação judaica de Nova York. Em Varsóvia, Joana Cunha entrevistou a ucraniana Inna Logvinova, 36, que se mudou para a Polônia para fugir da guerra em seu país. Rodolfo Lucena conta a história de Tom Sperlinger, 36, um professor britânico que, durante cinco meses em 2013, deu aulas sobre Shakespeare em território palestino. O diretor da sucursal de Brasília, Igor Gielow, opinou sobre o presente que o papa recebeu de Evo Morales na Bolívia: um crucifixo em forma de foice e martelo. Vinte anos após o assassinato de 8.000 homens e meninos muçulmanos em Srebrenica (Bósnia) por tropas nacionalistas sérvio-bósnias, o caso continua expondo as feridas da região. - Em visita ao presídio Palmasola, em Santa Cruz de la Sierra, o papa Francisco afirmou que ""reclusão não é o mesmo que exclusão"" ao criticar o sistema carcerário boliviano. - Desde o princípio de junho, o presidente do Equador, Rafael Correa, tem enfrentado manifestações cada vez mais frequentes e que reúnem, principalmente, setores da classe média nas principais cidades do país. - Na noite de 26 de junho, 600 pessoas se encontraram em uma igreja cristã de Nova York para celebrar o Shabat, mas elas estavam ali também para comemorar a decisão da Suprema Corte dos EUA, que legalizou a união gay no país. - A ucraniana Inna Logvinova, 36, trocou seu país há três meses pela Polônia acompanhada da irmã, que temia que sua vontade de lutar pela Ucrânia contra os separatistas pró-russos pusesse suas vidas em risco. - Tom Sperlinger, um professor britânico neto de judeus, conta à Folha sua experiência de dar um curso sobre Shakespeare numa terra sem lei, onde bombas de gás explodem no campus e alunos relatam invasões noturnas de suas casas por soldados das forças de ocupação. - Para Igor Gielow, receber das mãos do presidente da Bolívia, Evo Morales, um Cristo pregado na foice-e-martelo do comunismo deve ter parecido aberrante ao papa Francisco."
O que ler sobre o processo de impeachment contra Dilma,"Na quarta-feira (2/12), em retaliação ao PT, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) acatou pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Para entender melhor o processo e seus desdobramentos, separamos alguns pontos capitais. Editorial da Folha comenta a abertura do processo de impeachment de Dilma. Apesar das circunstâncias, o desfecho poderá fazer país seguir em frente. Lula e o PT entregaram a presidente à própria sorte, escreve Igor Gielow. A presidente refletiu após o pronunciamento de Cunha e desabafou a pessoas próximas. O vice, Michel Temer, recebeu as notícias com apatia, informa a coluna Painel. A presidente se defendeu publicamente mencionando as ilicitudes de que Cunha é acusado. Leia o discurso, na íntegra. O presidente da Câmara reagiu ao pronunciamento de Dilma a acusando de negociar a abertura do processo de impeachment. Infográfico explica como se dá o seguimento do processo. A abertura do processo contra a presidente como vingança pessoal de Cunha coroa ano marcado por irresponsabilidade das principais forças políticas, escreve o colunista Bernardo Mello Franco. Para o colunista Janio de Freitas, país está em encruzilhada –e nós somos o país, ressalta."
"Com duração imprevisível, Lava Jato já tem 37 fases e 364 investigados só no STF","O juiz Sergio Moro, principal figura da Lava Jato, afirmou neste mês que o fim da operação é 'imprevisível'. Veja o balanço das investigações, iniciadas em março de 2014 e que tiveram sua fase mais recente na última quinta-feira (17). 2014 Lava Jato (março) 2ª fase (março) 3ª fase (abril) 4ª fase (junho) 5ª fase (julho) 6ª fase (agosto) Juízo Final (novembro) 2015 8ª fase (janeiro) My Way (fevereiro) Que País É Esse (março) A Origem (abril) 12ª fase (abril) 13ª fase (maio) Erga Omnes (junho) Conexão Mônaco (julho) Radioatividade (julho) Pixuleco (agosto) Pixuleco 2 (agosto) Nessun Dorma (setembro) Corrosão (novembro) Passe Livre (novembro) Prisão Delcídio (novembro) 2016 Triplo X (janeiro) Acarajé (fevereiro) Aletheia (março) Polimento (março) Xepa (março) Carbono 14 (abril) Vitória de Pirro (abril) Repescagem (maio) Vício (maio) Abismo (julho) Caça-Fantasmas (julho) Resta Um (agosto) Arquivo X (setembro) Omertà (setembro) Prisão Cunha (outubro) Dragão (novembro) Calicute (novembro) R$ 3,1 bilhões alvo de recuperação, sendo R$ 568,7 milhões já repatriados 70 acordos de delação 41 acordos de delação homologados pelo Supremo Tribunal Federal 364 investigados no Supremo Tribunal Federal 299 denunciados (49 no Supremo Tribunal Federal e 250 na Justiça Federal do Paraná) 159 réus (2 no Supremo Tribunal Federal e 157 na Justiça Federal do Paraná) 82 condenados pela Justiça Federal do Paraná e 0 pelo Supremo Tribunal Federal Marcio Adriano Anselmo Delegado, deu início à Lava Jato com investigação de doleiros, em 2013 Igor Romário de Paula Coordenador da Lava Jato, é chefe da delegacia de combate ao crime organizado Filipe Pace Comanda os inquéritos sobre os ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci Érika Marena Delegada, também deu início à Operação Lava Jato e é especialista em crime financeiro Deltan Dallagnol Especialista em lavagem de dinheiro. É coordenador da força-tarefa da Lava Jato Roberto Pozzobon Professor de direito, também faz parte da força-tarefa da Lava Jato no MPF do Paraná Carlos Fernando Lima Um dos principais membros da força-tarefa, atuou no caso Banestado Rodrigo Janot Responsável pelas denúncias de políticos, foi criticado por congressistas alvos da operação Sergio Moro Juiz federal no PR, é especialista em crimes financeiros, atuou no caso do Banestado Vallisney Oliveira Juiz federal no DF, é responsável por uma ação contra Lula, e pelas operações Zelotes e Métis Teori Zavascki Ministro do STF, é o relator da Lava Jato na corte. Julga quem tem foro privilegiado 29.jul Justiça Federal do DF aceita denúncia contra o ex-presidente e mais seis por tentativa de obstruir a Lava Jato. Ele teria participado de trama para comprar a delação de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras 20.set Justiça Federal do PR aceita denúncia contra o ex-presidente sob acusação de lavagem de dinheiro e corrupção no caso do tríplex de Guarujá. Foi apontado como beneficiário de R$ 3,7 milhões de propina da OAS O que mais há contra ele É réu, desde outubro, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro, tráfico de influência e organização criminosa por favorecer a Odebrecht. Também é investigado por reformas em sítio em Atibaia (SP) e em piscina no Palácio da Alvorada. O ex-presidente nega todas as acusações contra ele 13.out Juiz Sergio Moro aceita denúncia contra o ex-deputado, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Cunha é acusado de receber R$ 5 milhões do esquema da Petrobras em contas na Suíça 19.out É preso por ordem de Moro. Para o juiz, a liberdade de Cunha era um risco ao andamento da investigação, além de haver chance de fuga O que mais há contra ele É réu sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, pois teria recebido US$ 5 milhões em propina por navios-sonda. É alvo de cinco inquéritos, sobre desvios em fundo da Caixa, abuso de poder na Câmara, além de propinas em Furnas, de obras do Porto Maravilha e por aprovação de emenda favorável ao BTG Pactual. Cunha nega as acusações 27.set STF acolhe denúncia de maio contra a senadora Gleisi Hoffmann e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo. A campanha de Gleisi em 2010 teria recebido R$ 1 milhão do esquema da Petrobras O que mais há contra eles O casal também é investigado por um suposto esquema no Ministério do Planejamento, em que uma empresa de crédito consignado superfaturava seus serviços, pagando propina ao ex-ministro, que chegou a ser preso. O casal nega as suspeitas 3.nov Juiz Sergio Moro aceita denúncia de outubro contra o ex-ministro, que se torna réu sob acusação de corrupção e lavagem de dinheiro. Ele é suspeito de coordenar a propina paga pela Odebrecht ao PT (R$ 128 milhões entre 2006 e 2013), incluindo US$ 10 milhões pagos ao publicitário João Santana O que mais há contra ele Palocci teria ficado com R$ 6 milhões do esquema para si. Em troca, teria atuado para beneficiar a Odebrecht com lei para benefícios fiscais, licitação da Petrobras e aumento de crédito do BNDES. A defesa nega 15.ago STF determina abertura de inquérito para investigar a então presidente afastada. A suspeita é que ela tenha tentado atrapalhar a Lava Jato. São alvos ainda Lula e os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante O que mais há contra ela Há ainda suspeita de que Andrade Gutierrez e OAS teriam pago despesas da campanha de 2010 via caixa dois. Além disso, Odebrecht teria pago ao marqueteiro de Dilma, João Santana, durante a campanha de 2014. Dilma nega todas as suspeitas contra ela 7.ago Folha revela que a Odebrecht irá afirmar em delação que pagou R$ 23 milhões via caixa dois para a campanha de Serra à Presidência em 2010. Ainda segundo a delação, o valor foi pago por meio de uma conta na Suíça. Serra nega ter recebido dinheiro de caixa dois 6.ago De acordo com delação da Odebrecht, o presidente teria pedido apoio financeiro ao PMDB, e a empresa teria repassado R$ 10 milhões em dinheiro vivo a integrantes do partido em 2014. A operação foi contabilizada no departamento de propina da empresa O que mais há contra ele Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, diz que Temer negociou com ele R$ 1,5 milhão em propina para a campanha de Gabriel Chalita à Prefeitura de SP em 2012. Em mensagem a Eduardo Cunha, Léo Pinheiro, da OAS, menciona pagamento de R$ 5 milhões a Temer. Ele nega envolvimento 22.set Ex-ministro é preso acusado de pedir ao empresário Eike Batista o repasse de R$ 5 milhões para pagar dívidas de campanha do PT, em novembro de 2012. Ele teria recebido R$ 50 milhões da Odebrecht para repassar ao PT O que mais há contra ele É investigado por outra operação da PF, a Zelotes, na qual é suspeito de ter indicado um conselheiro para um órgão da Receita que, por sua vez, beneficiou uma empresa da qual teria recebido propina. A defesa nega as acusações 17.nov Ex-governador do Rio é preso sob acusação de ter recebido R$ 224 milhões em propina por obras no Estado como a reforma do Maracanã, o denominado PAC Favelas e o Arco Metropolitano. Segundo as investigações, Cabral recebia mesadas da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia O que mais há contra ele A Odebrecht também afirmou que Cabral cobrava propina por obras e seu nome aparece em planilhas da empresa apreendidas pela Polícia Federal. A mulher do ex-governador recebeu um anel de R$ 800 mil de Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, que é investigado na Operação Saqueador e chegou a ser preso em junho. Cabral diz que nunca pediu benefício financeiro próprio Alberto Youssef, doleiro Em outubro, um dos primeiros delatores começou a prestar seus depoimentos. Ele deu uma explicação geral do esquema de propinas na Petrobras, mencionando dirigentes, empreiteiras e políticos como José Dirceu (PT) e Eduardo Cunha (PMDB) Multa de R$ 1,89 milhão e imóveis Ricardo Pessoa, dono da UTC Em junho, disse que pagou propina a quase 20 políticos, inclusive por meio de doações eleitorais. Na lista estão a campanha de Dilma (PT) em 2014, Lula (PT), Fernando Haddad (PT), José Dirceu (PT), Aloizio Mercadante (PT) e Edison Lobão (PMDB) Multa de R$ 51 milhões Julio Camargo, lobista Delação homologada em 2014, teve o principal conteúdo divulgado em julho do ano seguinte, sobre Eduardo Cunha (PMDB). Camargo disse que Cunha recebeu propina de US$ 5 milhões por um contrato de navios-sonda. Também afirmou ter pago propina ao PT e ao PMDB e implicou José Dirceu (PT) Multa de R$ 40 milhões Delcídio do Amaral, ex-senador (ex-PT-MS) Em março, ele disparou contra diversos políticos. Acusou Dilma Rousseff (PT) e José Eduardo Cardozo (PT) de agirem para liberar empreiteiros presos. Disse ainda que Lula (PT) tentou silenciar o ex-diretor Nestor Cerveró, que Michel Temer (PMDB) tinha influência na Petrobras e que Aécio Neves (PSDB) recebeu propina em Furnas Multa de R$ 1,5 milhão Andrade Gutierrez Em abril, soube-se que executivos afirmaram que a empresa doou a Dilma Rousseff (PT) com dinheiro desviado e pagou despesas da campanha via caixa dois. Também disseram ter pago propina em obras dos estádios da Copa, das usinas de Belo Monte e Angra 3 e na ferrovia Norte-Sul Multa de R$ 1 bilhão (valor acertado em acordo de leniência) Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro Em junho, soube-se que ele afirmou ter pago propina a mais de 25 políticos, por meio de doações eleitorais ou dinheiro vivo, incluindo Renan Calheiros (PMDB), Aécio Neves (PSDB) e Gabriel Chalita (PDT), sendo que, neste último caso, o repasse foi negociado por Michel Temer (PMDB) Multa de R$ 75 milhões Odebrecht Megadelação, com cerca de 70 funcionários envolvidos, deve mencionar pagamentos para o presidente Michel Temer (PMDB), o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e o secretário Moreira Franco (PMDB), além do senador Romero Jucá (PMDB-RR). Também deve delatar pagamento de R$ 23 milhões via caixa dois na Suíça para a campanha de José Serra (PSDB) em 2010 e pagamentos no exterior para João Santana, marqueteiro de Dilma Rousseff (PT) em 2014. Segundo os delatores, os ex-ministros Guido Mantega (PT) e Antonio Palocci (PT) receberam R$ 50 e R$ 6 milhões em propina. Planilhas da empresa indicam pagamento de propinas a mais de 300 políticos Eduardo Cunha Logo após sua prisão, em outubro, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contratou o escritório do advogado Marlus Arns, especialista em delação, para integrar sua defesa. Arns já defende a mulher de Cunha, Cláudia Cruz, que responde por corrupção. A prisão de Cunha aprofundou o temor de uma delação em Brasília. Um dos primeiros alvos de Cunha, especula-se, seria Moreira Franco (PMDB), secretário e aliado do presidente Michel Temer Duda Mendonça Após saber que seria citado em delação da Odebrecht, o marqueteiro Duda Mendonça passou a negociar a sua própria. Afirmou que recebeu da empreiteira, via caixa dois, parte do pagamento pela campanha de Paulo Skaf (PMDB) de 2014 Ricardo Pessoa Dono da UTC Engenharia e da Constran. Condenado a 8 anos e 2 meses. Multa de R$ 51 milhões (valor acertado em delação premiada) Sérgio Cunha Mendes Ex-vice-presidente da Mendes Junior; Condenado a 19 anos e 4 meses. Multa de R$ 1,41 milhão Augusto Ribeiro de Mendonça Neto Ex-sócio da Setal. Condenado a 16 anos e 8 meses. Multa de R$ 10 milhões (valor acertado em delação premiada) Gerson de Mello Almada Um dos donos da Engevix. Condenado a 34 anos e 6 meses em duas condenações. Multa de R$ 1,74 milhão Dalton dos Santos Avancini Ex-presidente da Camargo Corrêa, Condenado a 15 anos e 10 meses. Multa de R$ 5 milhões (valor acertado em delação premiada) Léo Pinheiro Ex-presidente e sócio da OAS. Condenado a 16 anos e 4 meses. Multa de R$ 2 milhões Dario de Queiroz Galvão Filho Diretor-presidente do Grupo Galvão. Condenado a 13 anos e 2 meses. Multa de R$ 500 mil Marcelo Bahia Odebrecht Ex-presidente do Grupo Odebrecht. Condenado a 19 anos e 4 meses. Multa de R$ 1,13 milhão Jorge Zelada Ex-diretor da área Internacional da Petrobras. Condenado a 12 anos e 2 meses. Multa de R$ 1,3 milhão Nestor Cerveró Ex-diretor da área Internacional da Petrobras. Condenado a 23 anos e 11 meses em três condenações. Multa de R$ 18 milhões (valor acertado em delação premiada) Paulo Roberto Costa Ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Condenado a 74 anos 6 meses e 10 dias em sete condenações. Multa de R$ 74 milhões (valor acertado em delação premiada) Renato Duque Ex-diretor de Serviços da Petrobras. Condenado a 50 anos e 8 meses e 10 dias em três condenações. Multa de R$ 3 milhões Alberto Youssef Doleiro. Condenado a 78 anos e 11 meses e 10 dias em seis condenações. Multa de R$ 1,89 milhão e imóveis Fernando Soares (Baiano) Lobista. Condenado a 22 anos e 1 mês e 10 dias em duas condenações. Multa de R$ 13,5 milhões e imóvel José Dirceu Ex-ministro (PT). Condenado a 20 anos e 10 meses. Multa de R$ 1,73 milhão João Vaccari Neto Ex-tesoureiro do PT. Condenado a 31 anos em três condenações. Multa de R$ 1,25 milhão Prisão de Guido Mantega Ao cumprir um pedido de prisão contra o ex-ministro, a Polícia Federal o encontrou no hospital Albert Einstein, onde sua mulher estava prestes a ser operada. As circunstâncias da prisão foram duramente questionadas por petistas. No mesmo dia, o juiz Sergio Moro revogou a prisão. A Polícia Federal afirmou que a coincidência com a cirurgia foi infeliz Powerpoint de Lula Procuradores da República no Paraná foram criticados por anunciar uma denúncia contra Lula com transmissão pela TV, e, segundo a defesa, sem apresentar provas. Na apresentação, um dos procuradores afirmou não ter ""prova cabal"" do caso. O símbolo do episódio foi o Powerpoint que colocava Lula ao centro do esquema e virou piada na internet JD não é Dirceu Em planilha da Odebrecht que indica repasses de propina supostamente ordenados pelo ex-ministro Antonio Palocci ao PT, a sigla JD fora identificada pela Polícia Federal como referência ao ex-ministro José Dirceu. Na verdade, JD era uma sigla para Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci. A Polícia Federal reconheceu o erro Guarujá é aqui Promotores do Ministério Público de São Paulo que pediram a prisão de Lula em março por suspeitas em relação ao tríplex em Guarujá (SP) reclamaram quando o caso foi transferido para o juiz Sergio Moro, da Justiça Federal no Paraná. Parte da investigação sobre a Bancoop e a OAS, no entanto, ainda permanece no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Delação de Léo Pinheiro Em meio a crise entre juízes e promotores, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, anunciou o rompimento da negociação da delação de Léo Pinheiro, da OAS. O motivo seria o vazamento da informação de que o ministro do STF Dias Toffoli fora citado. A delação citaria Lula (PT), Dilma Rousseff (PT), Eduardo Cunha (PMDB), Renan Calheiros (PMDB) e Aécio Neves (PSDB) Saúde de Bumlai Após passar cinco meses em prisão domiciliar devido à sua saúde, o pecuarista José Carlos Bumlai voltou à prisão em setembro. Ele tratava um câncer na bexiga, além de passar por cirurgia cardíaca. A defesa havia pedido prorrogação da prisão domiciliar para melhor recuperação, mas o juiz Sergio Moro afirmou que a saúde de Bumlai está estabilizada"
As 20 músicas mais tocadas em churrascos no Brasil,"A música ""Só os Loucos Sabem"", da banda Charlie Brown Jr., é a preferida dos brasileiros na hora do churrasco. Ao menos é o que indica um levantamento feito pelo serviço de streaming de música Spotify. Para chegar ao resultado, o Spotify avaliou as músicas presentes em playlists brasileiras com os temas ""churrasco"" e ""churras"". A segunda colocação ficou com o clássico ""Será"", do Legião Urbana, seguido por ""You Get What You Give"", do New Radicals, a primeira obra internacional no levantamento. Quem associa churrasco a samba e pagode pode estranhar o pódio; mas os ritmos, com 16 músicas, aparecem como o gênero mais frequente no top 50. Depois vem a MPB e o rock. Ainda segundo o levantamento, o horário em que as playlists temáticas de churrasco são mais acessadas é das 15h às 20h. Confira as 20 músicas mais populares abaixo. * ""Só os Loucos Sabem"", do Charlie Brown Jr. ""You Get What You Give"", do New Radical ""Encontrar Alguém"", do Jota Quest ""Am I Wrong"", de Nico & Vinz ""Mulher de Fases"", dos Raimundos ""Moves Like Jagger"", do Maroon 5 Tá Bom, Aham"", do Sorriso Maroto ""Menina Mulher Da Pele Preta"", de Jorge Ben Jor ""Equalize"", de Pitty"
"7 vinícolas para se encantar no Alentejo, em Portugal","O Alentejo, região no centro-sul de Portugal, está entre os principais produtores locais. São 250 vinícolas, cerca de 70 das quais aptas a receber visitantes –muitos brasileiros, inclusive. Veja abaixo sete desses destinos. * Em Évora desde 1756, esta vinícola –transformada na Fundação Eugénio de Almeida em 1953– produz seis marcas de vinhos, entre elas o Pêra-Manca (de venda limitada a uma garrafa por pessoa, a € 169,50). São mais de 450 mil hectares plantados, bastante para os padrões alentejanos. Cerca de 10 mil pessoas ao ano, metade delas brasileiras, visitam a sede, que também abriga um convento de monges cartuxos, marcados pelo isolamento. Mas, na época da colheita, eles passeiam pelas plantações e provam as uvas. A visita inclui atrações como o corredor das essências, onde cinco uvas têm seus odores e paladares simulados. Anote a dica da gerente do lugar, Gabriela Fialho: ""O ano de 2011 foi sensacional; os estoques desse ano devem ser priorizados, seja qual for o produtor"". * Um dos mais jovens produtores do Alentejo, Tiago Cabaço, 40, desenhou ele mesmo sua sede de traços arquitetônicos modernos e arredondados, meio Niemeyer, instalada em meio a 83 hectares de vinhas. ""Queria uma adega clean e bonita, mas funcional"", diz. Sua família está na sexta geração de vinicultores, mas ele se vê como membro de um novo grupo, que quebrou os protocolos do sangue azul. Cabaço dá nomes marotos a suas criações, como .com e.beb, e viu seu primogênito, o blog (assim, em minúsculas), sumir das prateleiras quando entrou no top 10 do crítico Rui Falcão, em 2011. ""O vinho sempre esteve nas casas portuguesas, mas era visto como coisa de velho. Há dez anos, se você pedisse na refeição, era um bêbado. Hoje você é 'cool'."" Informações no site da vinícola. * Também chamada Quinta do Carmo, a adega de Julio e Isabel Bastos ocupa um terreno imponente: uma construção de 1710 cuja origem remonta a um presente de dom João 5o para uma amante. Por lá, um largo pátio cercado por, por exemplo, uma capela repleta de ouro e azulejos pintados à mão, câmaras de mármore onde é feita a pisa das uvas. É possível agendar visitas pelo site donamaria.pt e ser recepcionado pelos proprietários em um almoço com clima de realeza do século 18. * A marca está nos mercados paulistanos há 20 anos, e isso ajuda a explicar por que brasileiros são quase 40% dos 30 mil turistas que estiveram na propriedade em 2015. São 450 hectares plantados de vinhas dentro de um total de 1.860 hectares. A adega ilustra bem o tom de comunhão entre tradição e modernidade que impera nas vinícolas alentejanas: além do enoturismo, permite fazer piquenique, camping e trilhas, promove sessões de observação de pássaros e uma festa meio hipster chamada Dia Grande. Também há aqui um museu com achados do período megalítico. Para fechar, o restaurante, listado no guia ""Michelin"", tem happy hour com DJ e drinques na varanda para observar o pôr do sol. * A herdade de Sofia e Filipe Teixeira Pinto fica em uma região chamada serra do Mendro, um tanto distante de Évora, e tem 70% dos 1.600 hectares em vegetação natural. Eles produzem 11 rótulos, exportados para 17 países, inclusive o Brasil. ""Buscamos um vinho que tenha aceitação, mas que não fuja a nosso 'terroir'"", diz Sofia. Além de hotelaria e gastronomia de pendores clássicos, a visita tem opcionais que incluem passeios de balão. * O grou é um pássaro grande, entre a cegonha e o flamingo, hoje em risco de extinção; dá nome à propriedade em menção a um passado quando eram abundantes ali. O local oferece provas (de € 5 a € 25) e tem um hotel e um restaurante. O enólogo Luis Duarte é o diretor-chefe do lugar: logo na primeira ""vindima"", em 2004, ganhou prêmios de melhor vinho tinto do Alentejo. Em São Paulo, as garrafas aparecem em restaurantes como Fasano e Coco Bambu. * Apesar de se chamar herdade, a Malhadinha é um empreendimento jovem, iniciado em 1998 pela família Soares, que já atuava na distribuição de bebidas e comprou a propriedade de 450 hectares, 33 deles dedicados às vinhas. Também possui hotel (com apenas dez quartos) e restaurante impecáveis. Seus rótulos, também facilmente encontráveis em São Paulo, têm temática infantil e costumam trazer desenhos feitos pelos filhos dos donos. Veja opções de pacotes para conhecer vinícolas em Portugal. O jornalista viajou a convite da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana"
"Jogos pelo Brasil são marcados por finais de estaduais, azarão no Paraná e recorde de público no mineiro","Apesar da vitória do Palmeiras sobre o Santos por 1 a 0, pela primeira partida da final do Campeonato Paulista, neste domingo (26), o árbitro foi o centro das atenções. Os dois times reclamaram de lances capitais da partida. No gol do Palmeiras, anotado por Leandro Pereira, os santistas reclamaram de um impedimento do meia Robinho no início da jogada, além do pênalti cometido por Paulo Ricardo em Leandro Pereira e que foi desperdiçado por Dudu já na etapa final. Os visitantes alegaram que a falta aconteceu fora da grande área. - Com um gol de Rafael Silva aos 46min do segundo tempo, o Vasco venceu o Botafogo, por 1 a 0, neste domingo (26), no Maracanã, na primeira partida da decisão do Estadual do Rio. Com o resultado, o time de São Januário tirou a vantagem do adversário e precisa de apenas um empate para acabar com o jejum de 12 anos sem vencer o campeonato. A última conquista foi em 2003. - Em um clássico muito disputado, Grêmio e Internacional empataram sem gols, neste domingo (26), no primeiro jogo da final do Campeonato Gaúcho, na Arena do Grêmio. Nervoso e brigado desde o primeiro minuto, o duelo careceu de lances de técnica apurada e de oportunidades de gol. Entretanto, nenhuma torcida tem motivos para reclamar da falta de entrega das equipes. Assim como no primeiro clássico do ano entre as duas equipes, uma parte da arquibancada foi destinada a torcida mista. - No maior público registrado no ano – 53.772 pagantes – o Atlético MG parou na Caldense, único time invicto na competição, no empate por 0 a 0. Sem levar gols nas sete rodadas anteriores, a defesa do time do interior conseguiu ampliar a marca. Os atleticanos insistiram nos lançamentos para Guilherme, Luan e Lucas Pratto, mas Paulão e Plínio conseguiram se antecipar ou cortar todas as jogadas de ataque do adversário - Mesmo com todo o favoritismo na decisão do Campeonato Paranaense, o Coritiba foi derrotado pelo Operário na primeira partida da final estadual por 2 a 0, neste domingo (26), no estádio Germano Kruger, em Ponta Grossa. Com gols de Peixoto e Jóelson, o time do interior paranaense deu um importante passo para a conquista do título. Isso porque no jogo de volta, que será disputado no próximo domingo (3), no Couto Pereira, o Operário poderá perder por até um gol de diferença que se consagrará campeão. -"
"Dilma na ONU, ameaça do EI na Síria e aniversário da tragédia de Ayotzinapa foram destaques em Mundo","Enviada a Kobani, a repórter especial Patrícia Campos Mello conta como os cidadãos sírios vivem frente às ameaças constantes que sofrem da facção terrorista Estado Islâmico Presidente endurece discurso e, após 11 anos, ressuscita cúpula entre os quatros países que lideram reivindicação, relatam Marina Dias e Thais Bilenky Sylvia Colombo mostra desenrolar da investigação sobre desaparecimento de estudantes de Ayotzinapa, que fez aniversário de um ano no sábado (26) Advogada e jornalista de Kobani, na Síria, relatam cotidiano sob o cerco da facção Estado Islâmico A um mês das eleições, presidenciáveis prometem pôr fim à 'grieta', fenda que polariza governistas e oposicionistas Marcelo Ninio conta como aos poucos o rosto sorridente de Kim Jong-un se espalhou pela capital dos EUA"
"Balotelli 'abraçado', Pelé na torcida e gols brasileiros marcam rodada na Europa","Nem Messi, nem Neymar. Foi Suárez o atacante do Barcelona a marcar o gol que decidiu o clássico contra o Real Madrid, neste domingo (22), no Camp Nou, pela 28ª rodada do Campeonato Espanhol. O uruguaio marcou o segundo gol na vitória por 2 a 1 em uma bela jogada, após dominar lançamento de Daniel Alves e chutar cruzado sem chances para Casillas. - Nas arquibancadas do Anfield Road, onde o Manchester United derrotou o Liverpool por 2 a 1, Pelé acompanhou o jogo ao lado do ex-jogador do Manchester, sir Bobby Charlton. Antes do início da partida, Pelé foi homenageado, recebendo uma placa do ex-jogador do Liverpool, Kenny Dalglish, e do diretor executivo do clube, Ian Ayre. O brasileiro foi à Inglaterra para uma campanha publicitária e adotou a gravata verde e amarela como parte da estratégia de marketing. A viagem é uma das primeiras de Pelé após o afastamento no final de 2014, quando ficou internado por duas semanas devido a uma infecção urinária. - O Milan venceu o Cagliari por 3 a 1 na tarde deste sábado (21), no estádio San Siro, mas o que chamou a atenção foi o protesto da torcida. Pouco antes da primeira vitória da equipe de Milão após três partidas, alguns torcedores milanistas, insatisfeitos com a campanha do time na competição, protestaram e exibiram faixas no local com frases como ""Game over"" e ""Coloque uma moeda e salve o Milan"", ambas escritas em inglês. - O atacante Mario Balotelli entrou no segundo tempo da derrota do Liverpool, por 2 a 1, para o Manchester United, e viveu um lance inusitado. O italiano foi ao chão ao disputar a bola com Smalling e levantou irritado. A torcida do Liverpool logo segurou o atacante para que ele não fosse discutir com rival, colocando o time em uma situação pior, já que Gerrard havia sido expulso. - O Tottenham venceu, por 4 a 3, o Leicester City, no White Hart Lane, em Londres, pela 30ª rodada do Campeonato Inglês, e a competição teve um novo artilheiro. Com um hat-trick (quando o jogador marca três gols no mesmo jogo), o atacante Harry Kane, do Tottenham, se tornou líder isolado na artilharia, com 19 gols. O inglês ultrapassou o espanhol Diego Costa, que tem 18, e o argentino Sergio Aguero, que já anotou 17 gols no Campeonato. - Os brasileiros que jogam na Europa fizeram bonito na rodada do final de semana. Carlos Eduardo, do Nice, protagonizou o lance mais bonito entre os jogadores do Brasil. Com uma bicicleta, após uma confusão na área do Lyon, o meia ajudou o Nice vencer o vice-líder do Francês por 2 a 1. O lateral convocado pela primeira vez por Dunga, para defender a seleção brasileiro, também ajudou seu time, Mônaco, da França a vencer a quinta consecutiva no Campeonato Nacional. Já Raffael, do Borussia Mönchengladbach, fez algo que poucos imaginavam. Marcou duas vezes contra o Bayern de Munique, e quebrou uma invencibilidade de 11 meses que o time de Munique não perdia em casa. Por último, Fabinho, do Cagliari,fez o único gol na derrota do seu time para o Milan, por 3 a 1. - A partida vencida pelo Manchester City, por 3 a 0, sobre West Bromwich foi marcada pela confusão do árbitro Neil Swarbrick que, aos dois min de jogo, expulsou um jogador errado do Bromwich. Dawson fez falta em Bony, mas o juiz levantou o cartão vermelho para McAuley. Os jogadores do Bromwich tentaram argumentar, porém Swarbrick manteve a decisão. Na 27ª rodada, o árbitro Roger East também expulsou um jogador errado do Sunderland na derrota para o Manchester United."
Guardiola já se recusou a cumprimentar treinador rival e tem desafetos com astros; confira alguns atritos do técnico,"Durante a derrota para o Porto na última quarta-feira (15), pela Liga dos Campeões, o técnico Pep Guardiola foi flagrado aplaudindo o médico do clube alemão, Hans-Wilhelm Müller-Wohlfahrt, demitido do Bayern de Munique um dia após o jogo. A irritação do treinador catalão estaria ligada aos excessos de problemas físicos enfrentados pelo Bayern. Pelo menos quatro jogadores importantes da equipe alemã (Alaba, Schweinsteiger, Ribéy e Robben) não puderam atuar naquela partida. Vídeo de Guardiola - O jogo de festa entre Bayern de Munique e as estrelas da MLS, liga de futebol dos Estados Unidos, em agosto de 2014, ficou marcado por Pep Guardiola ter se recusado a cumprimentar o treinador adversário, Caleb Porter. O técnico do Bayern ficou irritado com as entradas duras do time norte-americano em seus jogadores durante o amistoso. Após o apito final, nenhum membro da equipe alemã cumprimentou Porter, que foi atrás do espanhol para falar com ele. No entanto, Guardiola virou as costas e foi embora do gramado. - O atacante Zlatan Ibrahimovic tornou-se desafeto de Pep Guardiola assim que ambos trabalharam juntos no Barcelona entre os anos de 2009 e 2011. Em sua biografia, intitulada ""Eu sou Ibrahimovic"", o sueco não poupou críticas ao treinador, que o teria boicotado do time principal, e acusou o comandante de nem mesmo olhar em seus olhos por conta da má relação. ""Tenho sempre a porta aberta e, se não se fala, há sempre uma razão"", explicou o treinador na época. - O treinador teve problemas com outros atletas que passaram pelo elenco catalão. O camaronês Samuel Eto'o também deixou o clube após alegar ser impossível se comunicar com o seu então comandante. ""Guardiola não teve coragem de falar na minha cara que queria me tirar do time. Eu tive que relembrar que ele nunca foi um grande jogador. Pep queria me dar lição de como atacar sendo que ele sempre foi meio campo. Ele não é normal. A verdadeira historia é que Pep nunca respeitou algumas coisas no mundo do futebol"", disse o jogador transferido para a Inter de Milão. - Os frequentes jogos entre Real Madrid e Barcelona também renderam atritos entre o treinador espanhol e o português José Mourinho. Antes de um dos encontros entre os anos de 2010 e 2011, Guardiola disparou: ""A beleza do futebol depende do treinador. Parece que Mourinho prefere o resultado que o espetáculo"". - Os técnicos Stale Solbakken e Pep Guardiola discutiram após o jogo entre Copenhague e Barcelona, pela Liga dos Campeões em 2010. Após o apito final, os dois trocaram acusações ríspidas e quase chegaram às vias de fato. O volante Sergio Busquets, do time espanhol, precisou separá-los e evitou que a briga se estendesse. - Em 2012, o técnico do Barcelona se irritou na beira do gramado com Alexis Sánchez, que saía de campo com uma lesão na coxa direita. Guardiola não escondeu sua irritação com outra contusão do atacante chileno e gritou com o jogador na frente dos médicos e do banco de reservas. Depois, o treinador justificou a atitude alegando que já havia alertado o atacante sobre ele jogar um amistoso inteiro da seleção de seu país contra Gana dias antes da partida do Barcelona. - Já no ano passado, Pep Guardiola sofreu críticas pela reclamação acintosa com a quarta árbitra alemã Bibiana Steinhaus no empate do Bayern de Munique com o Borussia M'gladbach. Durante a revolta contra a ""cera"" dos adversários, o técnico fez um cumprimento irônico à juíza e retirou a sua mão de forma ríspida. -"
Seu cocô é do bom? Veja 7 tipos de fezes na escala internacional usada para classificá-las,"Seu cocô normalmente é mole, duro ou pastoso? Sai em bolinhas ou em forma de salsicha? Você tem nojo de falar sobre isso? Pois saiba que fizeram até uma escala internacional para classificar as fezes. A Escala de Bristol, como é chamada, separa o cocô em sete categorias, descrevendo cada uma delas de acordo com sua forma e consistência. Criada pelos médicos Kenneth Heaton e S. J. Lewis na Universidade de Bristol, na Inglaterra, ela foi publicada pela primeira vez em 1997, no Scandinavian Journal of Gastroenterology (Jornal Escandinavo da Gastroenterologia). A classificação ajuda os médicos a avaliar e tratar doenças intestinais como diarreia infecciosa ou constipação intestinal. Conheça a escala abaixo e confira se seu cocô é do bom. * Bolinhas duras (quando é muito difícil fazer cocô). ""Salsicha"" com caroços (quando é um pouco difícil). ""Salsicha"" com rachaduras; é normal. Cobrinha ou minhoca; também é normal. Bolhas moles; indicam falta de fibras. ""Massinha""; de quem está com diarreia. Totalmente líquido; indica diarreia."
Do 'cheiro do diabo' sentido por Chávez à 'bomba' de Netanyahu: relembre discursos memoráveis na ONU,"Khruschov martela a mesa com seu sapato. Fidel Castro discursa por horas a fio. Gaddafi rasga a carta da ONU. Enquanto as Nações Unidas celebram seu 70º aniversário e líderes mundiais iniciam nesta segunda-feira (28) em Nova York a fase de debates da Assembleia Geral da ONU, com a presidente Dilma Rousseff sendo a primeira a discursar, vale recordar seis episódios memoráveis que marcaram sessões passadas. O líder cubano Fidel Castro denunciou os Estados Unidos no discurso mais longo já proferido na Assembleia Geral da ONU —quatro horas e 29 minutos—, em 26 de setembro de 1960. Trajando o uniforme militar verde que era sua marca registrada, Castro disse que a revolução que comandara 20 meses antes tinha posto fim ao status de seu país de ""colônia dos Estados Unidos"", mas que os EUA ainda acreditavam ter ""o direito de promover e incentivar a subversão em nosso país"". No discurso, que incluiu longas divagações, Castro defendeu os vínculos de Cuba com a União Soviética, expressou o receio grave de que o ""governo imperialista"" norte-americano pudesse atacar Cuba e descreveu o presidente americano, John F. Kennedy, como ""milionário analfabeto e ignorante"". Castro também se queixou de ser submetido a ""tratamento degradante e humilhante"" em Nova York, incluindo ser expulso de seu hotel. Em dezembro de 2014, graças à intermediação do papa Francisco, EUA e Cuba retomaram relações diplomáticas. Durante um debate na Assembleia Geral sobre colonialismo, em 12 de outubro de 1960, o primeiro-ministro soviético, Nikita Khruschov, reivindicou o direito de dar uma resposta ao representante das Filipinas, que protestava contra a falta de liberdade dos Estados do Leste da Europa, satélites soviéticos. Khruschov se levantou e começou a martelar a mesa, com raiva. Em seguida, pegou um sapato que estava sob a mesa e o bateu várias vezes, indignado. Curiosamente, aquele momento não chegou a ser registrado em fotografia ou vídeo. Sua neta escreveu mais tarde que Khruschov estava usando sapatos novos e, como eles estavam apertados, tinha tirado-os enquanto estava sentado. Ela e o intérprete do líder soviético disseram que, quando Khruschov se levantou, bateu sobre a mesa com seus punhos com tanta força que seu relógio caiu do pulso. Quando ele se abaixou para pegar o relógio, viu o sapato e passou a martelar a mesa com ele. Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), discursou perante a Assembleia Geral pela primeira vez em 13 de novembro de 1974, tornando-se o primeiro representante de uma organização não pertencente à ONU a discursar perante o organismo mundial. Ele lançou um apelo à ONU para que possibilitasse aos palestinos ""estabelecer a soberania nacional independente"" de sua terra. No trecho mais memorável de sua fala, Arafat disse: ""Vim aqui hoje portando um ramo de oliveira e o fuzil de um combatente da liberdade. Não deixem o ramo de oliveira cair de minha mão. Repito: não deixem o ramo de oliveira cair de minha mão."" Depois do discurso, a OLP recebeu o status de observadora nas Nações Unidas, e seu direito à autodeterminação foi reconhecido. Em um discurso acalorado diante da Assembleia Geral da ONU, em 20 de setembro de 2006, o presidente venezuelano Hugo Chávez descreveu o presidente dos EUA, George W. Bush, como ""o diabo"", fazendo o sinal da cruz e acusando Bush de ""falar como se fosse dono do mundo"". O discurso do líder esquerdista foi visto como uma das iniciativas mais ousadas de Chávez na liderança de uma aliança de países que se opunham aos Estados Unidos. Aludindo ao discurso feito por Bush perante a Assembleia no dia anterior, Chávez afirmou: ""Ontem o diabo esteve aqui. Bem aqui. E sinto o cheiro de enxofre hoje"". Ele descreveu Bush como ""porta-voz do imperialismo"" que estaria tentando ""preservar o padrão atual de dominação, exploração e saqueio dos povos do mundo"". Após sua morte, em 2013, Chávez foi substituído por Nicolás Maduro, que manteve a retórica anti-EUA. O ditador líbio Muammar Gaddafi subiu ao pódio da Assembleia Geral pela primeira vez em 40 anos em 23 de setembro de 2009 e proferiu um discurso pouco coerente que durou uma hora e 36 minutos —e levou boa parte dos presentes a abandonar o recinto. Trajando vestes beduínas longas e uma boina preta, ele criticou as Nações Unidas asperamente por não terem prevenido dezenas de guerras, sugeriu que os responsáveis pelos ""assassinatos em massa"" no Iraque fossem levados a julgamento e defendeu o direito do Taleban de criar um emirado islâmico. Em dado momento, Gaddafi brandiu no ar uma cópia da Carta das Nações Unidas e aparentemente a rasgou, dizendo não reconhecer a autoridade do documento. Mais tarde no mesmo dia, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown declarou perante a Assembleia: ""Estou aqui para reafirmar a Carta das Nações Unidas, não para rasgá-la"". Em 2011, após ficar 42 anos no poder, Gadaffi foi derrubado com os protestos da Primavera Árabe. Meses mais tarde, foi morto por rebeldes. Discursando na Assembleia Geral da ONU em 27 de setembro de 2012, o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, ergueu um diagrama grande e simplificado de uma bomba. A bomba era dividida em seções assinaladas 70% e 90%. Netanyahu disse que o Irã já tinha percorrido 70% do caminho para o enriquecimento de urânio para a produção de uma arma nuclear. Ele exortou o mundo a traçar uma ""linha vermelha"" inequívoca e sustar o programa nuclear iraniano. Em seguida, traçou uma linha vermelha sob ""90%"", dizendo que os iranianos chegariam a esse ponto até meados de 2013 e que não se devia permitir que chegassem a isso. Netanyahu avisou que ""nada pode colocar o mundo em perigo maior que um Irã nuclearmente armado"" e insistiu que as ""linhas vermelhas"" previnem guerras. Em 2015, apesar da oposição de Israel, Irã e potências ocidentais firmaram um acordo que limitou o desenvolvimento nuclear de Teerã."
"Futebol pelo Brasil tem empurrão no árbitro, vaias à presidente Dilma e estreante goleador","No final do primeiro tempo, Emerson Sheik tentava passar pelo adversário próximo à área do Red Bull quando o árbitro Luiz Vanderlei Martinucho apareceu no caminho. O atacante corintiano não teve dúvida: deu um empurrão no juiz para continuar na jogada. No intervalo, Sheik pediu desculpas ao árbitro: ""Fui falar com ele no intervalo e pedi desculpas. Ele entendeu"", disse o atacante. - Mesmo com um time quase todo reserva, o São Paulo conseguiu ter forças para buscar a vitória de virada sobre a Ponte Preta por 2 a 1 na tarde deste domingo (15), em Campinas, pela 10ª rodada do Campeonato Paulista. Com isso, a equipe do Morumbi conseguiu emplacar a segunda vitória seguida e amenizou a pressão no clube antes do confronto diante do San Lorenzo, na próxima quarta-feira (18), pela Libertadores. - O Palmeiras venceu por 1 a 0, o XV de Piracicaba neste domingo (15), na arena alviverde, mas além da vitória, outros fatos mereceram destaque na partida. O primeiro foi o de Fernando Prass. O goleiro palmeirense completou 100 jogos pela equipe paulista. O outro fato digno de destaque aconteceu após o fim da partida. No dia marcado por manifestações em todo o país, a torcida que compareceu ao estádio entoou um coro em crítica à presidente Dilma Rousseff : ""ei, Dilma, vai tomar no c..."". - A vitória do Vasco, por 5 a 1, sobre o Nova Iguaçu marcou a estreia do atacante Dagoberto, que chegou ao Vasco como a maior contratação do ano, e o atleta não decepcionou a torcida. Com um gol marcado, o jogador ajudou a equipe a chegar à 5ª vitória seguida na competição. - Criado nas categorias de base do Corinthians, o atacante Lulinha reencontrou Itaquera no empate entre Corinthians e Red Bull, por 0 a 0. O jogador, que hoje defende as cores do Red Bull, não conseguiu esconder a emoção de voltar à região em que cresceu. Na época em que atuava pelos juvenis do Corinthians, o CT da categoria era justamente onde hoje se construiu o Itaquerão."
"Os 4 melhores aeroportos do Brasil, segundo os viajantes","A Secretaria de Aviação Civil divulgou, nesta quarta-feira (9), os vencedores da segunda edição da premiação Aeroportos + Brasil, que elege os melhores terminais do país em diversas categorias. O ranking, criado como uma avaliação trimestral, é anual desde o ano passado. Ele leva em conta avaliações feitas por 52 mil viajantes nos 15 principais aeroportos brasileiros, responsáveis por 80% da movimentação de passageiros no Brasil. O aeroporto Internacional Afonso Pena, na região metropolitana de Curitiba, venceu na principal categoria, a ""Aeroporto + Brasil"", de melhor aeroporto do país, e em outras três: restituição de bagagem e raio-x mais eficientes e aeroporto mais cordial. No total de oito categorias, só mais três terminais foram condecorados. O aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília, foi eleito o de serviço público mais eficiente. O Governador Aluízio Alves, em Natal/São Gonçalo do Amarante, ganhou como aeroporto mais confortável. Já o de Viracopos, em Campinas, foi melhor em duas categorias: aeroporto mais limpo e com mais facilidades aos passageiros. No ano passado, o aeroporto do Recife havia sido eleito o melhor do país, mas ele ficou de fora de todas as premiações em 2016. Os terminais de São Paulo (Congonhas e Guarulhos) e do Rio (Galeão e Santos Dumont) também não marcaram presença na lista de 2016. Segundo o ministro da Aviação, Guilherme Ramalho, a avaliação da premiação é positiva. ""A percepção do passageiro, além de funcionar como ferramenta de gestão, reforça que estamos no caminho certo"", afirmou. Uma das novidades desta edição foram duas categorias para verificar o desempenho também das companhias aéreas. Na categoria check-in mais rápido, a Azul foi a vencedora; no item de restituição de bagagem mais eficiente, a Gol saiu vitoriosa. Confira abaixo os terminais premiados e as categorias em que venceram. * Vencedor nas categorias Aeroporto + Brasil, Raio-X + Eficiente, Aeroporto + Cordial e Restituição de bagagem + Eficiente Vencedor na categoria Aeroporto + Confortável Vencedor nas categorias Aeroporto com + Facilidades ao Passageiro e Aeroporto + Limpo Vencedor na categoria Serviço Público + Eficiente"
"Brasil perdeu da França em jogos que valiam, embora tenha vencido mais; relembre 7 duelos","Com o histórico de ter eliminado o Brasil duas vezes em quartas de final de Copa do Mundo e vencido uma decisão de título, a França carrega no currículo a fama de algoz da seleção. No histórico, levando em conta todos os confrontos, porém, o retrospecto é negativo para os europeus, que perderam seis partidas e ganharam cinco. Houve quatro empates. A Folha relembra os sete confrontos mais marcantes entre as duas equipes que se enfrentam em amistoso, nesta quinta-feira (26), na França, às 17h. Eliminada na primeira fase do Mundial de 1930, no Uruguai, a seleção francesa fez uma escala no Rio antes de retornar ao continente europeu. Em 1º de agosto de 1930, o Brasil recebeu a França no estádio das Laranjeiras e venceu por 3 a 2. Heitor, duas vezes, e Friedenreich marcaram e ajudaram os brasileiros a superar o trauma de sair na fase de grupos da Copa. Em jogo, uma vaga na decisão da Copa do Mundo de 1958, na Suécia. O Brasil chegou à semifinal sem ter sofrido nenhum gol, enquanto a França tinha o melhor ataque da competição. Quando a bola rolou, a seleção dirigida por Vicente Feola atropelou os rivais. Com três de Pelé, um de Vavá e outro de Didi, os brasileiros ganharam por 5 a 2, placar que se repetiria na final contra os donos da casa. Brasil e França eram as equipes com o futebol mais envolvente da Copa de 1986 e se encontraram nas quartas de final. Careca abriu o placar para a seleção brasileira, mas Platini empatou antes de intervalo. Na etapa final, Zico teve a chance de colocar o time de Telê Santana nas semifinais, mas viu sua cobrança de pênalti ser defendida por Bats. A igualdade levou o jogo para a prorrogação e pênaltis, quando mais uma vez a estrela do goleiro francês brilhou. Veja vine No primeiro jogo do Torneio da França –competição organizada para testar a organização da Copa do ano seguinte–, o time da casa empatou em 1 a 1 com a seleção brasileira, em Lyon. O jogo é até hoje lembrado pelo gol marcado pelo lateral Roberto Carlos, em cobrança de falta. O Brasil, então campeão mundial, terminou a competição sem perder nenhum das três partidas, mas viu o título ficar com a Inglaterra. No jogo mais importante entre as duas seleções, a França bateu o Brasil com facilidade na decisão da Copa de 1998. Com dois de cabeça, o meia Zidane saltou para o estrelado internacional. Petit ainda fez o terceiro gol já nos minutos finais. Para a torcida brasileira, ficou a sensação de que o time não entrou em campo. O sentimento ganhou após o confronto, com a notícia de que Ronaldo sofreu uma convulsão horas antes da final. O Brasil teve a chance de vingar a derrota de 1998 oito anos mais tarde, no Mundial da Alemanha. Apontado como grande favorito ao título, o time treinado por Carlos Alberto Parreira caiu para os franceses nas quartas de final, ao perder de 1 a 0. Zidane mais uma vez foi protagonista, auxiliado pelo atacante Thierry Henry, que marcou o único gol do jogo enquanto o lateral Roberto Carlos permaneceu parado para ajeitar a meia. No encontro mais recente disputado no Stade de France, deu França por 1 a 0. Benzema marcou o único gol da partida. A equipe de Mano Menezes teve uma atuação discreta, atrapalhada pela expulsão do meio-campista Hernanes aos 38min da primeira etapa. Depois de Benzema aplicar um chapéu sobre Hernanes, o ex-jogador do São Paulo tentou evitar a repetição do drible com falta, mas exagerou na dose, cravando as chuteiras no peito do atacante francês. Brasil 3x2 França - Amistoso - 1/8/1930 França 2x5 Brasil - Copa do Mundo 1958 - 24/6/1958 Brasil 3x2 França - Amistoso - 28/4/1963 Brasil 2x2 França - Amistoso - 30/6/1977 Brasil 0x1 França - Amistoso - 1/4/1978 Brasil 3x1 França - Amistoso - 15/5/1981 Brasil 1x1 França * - Copa do Mundo - 21/6/1986 Brasil 2x0 França - Amistoso - 26/8/1992 Brasil 1x1 França - Torneio da França - 3/6/1997 Brasil 0x3 França - Copa do Mundo - 12/7/1998 Brasil 1x2 França - Copa das Confederações - 7/6/2001 França 0x0 Brasil - Amistoso - 20/5/2004 Brasil 0x1 França - Copa do Mundo - 1/7/2006 França 1x0 Brasil - Amistoso - 9/2/2011 Brasil 3x0 França - Amistoso - 9/6/2013 *Classificação foi definida na disputa de pênaltis, com vitória da França."
Santos volta de excursão fora do país e fica sem Pelé por 30 dias,"""Chega a ser sacrifício, agora só entro em campo em boa forma. Esta excursão foi uma loucura."" Assim Pelé desabafou ao voltar nesta sexta (1º) da excursão do Santos no exterior. Além de não trazer os dólares que fora buscar nos EUA e na Europa, o time voltou com muitos atletas lesionados. O presidente da delegação, Athiê Jorge Cury, disse que Pelé, com infecção no tendão e dores na perna direita, ficará de repouso por 30 dias e perderá o clássico contra o Corinthians no dia 10. Athiê disse que a excursão foi abreviada, pois dirigentes de Barcelona e Napoli não aceitaram jogar sem Pelé."
Eliminatória de festival de MPB da Record começa neste sábado,"Será aberta neste sábado (30) a primeira eliminatória do 3º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, que será realizado a partir das 21h30 no teatro da emissora, em SP. Com direção de Solano Ribeiro e apresentação de Blota Jr. e Sônia Ribeiro, a primeira fase terá doze músicas e quatorze intérpretes. Entre os concorrentes desta eliminatória estão Chico Buarque, Jair Rodrigues, Wilson Simonal, Roberto Carlos, com o conjunto O Grupo, e as duplas Gal Costa e Sílvio César e Edu Lobo e Marília Medalha. As próximas fases são nos dias 6 e 14 de outubro e a etapa final no sábado (21)."
"Há 25 anos, massacre do Carandiru resultou na morte de 111 detentos","O massacre do Carandiru completa hoje 25 anos. A Folha e a seção no ""Saiu no NP"" resgatam o que foi esse fato e o impacto para a sociedade. Confira abaixo. AUGUSTO CÉSAR BORGES DO BANCO DE DADOS FOLHA O jornal ""Notícias Populares"", que em 2013 comemorou 50 anos de sua primeira edição, publicou importantes fatos do país. O massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos após invasão da Polícia Militar na Casa de Detenção em São Paulo no dia 2 de outubro de 1992, foi um deles. De acordo com relatos oficiais, a ação no presídio fora motivada por uma briga de presos, de duas facções rivais, no campo de futebol. Ao se espalhar para o pavilhão, a contenda tomou maiores dimensões. Para a polícia, a ameaça de rebelião provocou a intervenção da Rota e da Tropa de Choque, que invadiram o recinto com cães e armamento para reprimir a agitação. A ação, que durou cerca de 30 minutos, provocou a morte de dezenas de detentos e se tornaria uma das maiores crises da história da Secretaria da Segurança Pública do Estado de SP. O conflito no presídio tomou a imprensa em geral e virou destaque no ""NP"", que dedicou ao Carandiru exatos 12 dias consecutivos só de primeira página. Mesmo mantendo a linguagem coloquial que marcou a história do diário, seu tom bem-humorado tão característico articulou-se a um jornalismo com prestação de serviço e compromisso com a liberdade de expressão. A invasão da polícia no Pavilhão 9, porém, teve tímida repercussão no ""NP"" do dia seguinte. No sábado, na seção ""RX das Cidades"", a chamada ocupou só duas colunas de jornal, que relatou o caso como ""rebelião mata 8 no Carandiru."" Já a partir do domingo a cobertura subiu o tom. Com a capa intitulada ""Massacre de Presos na Detenção!"", o ""NP"" entrou de vez no caso e falou no ""maior massacre que já ocorreu num presídio"". A reportagem deu especial atenção ao número de vítimas, à descrição de testemunhas que tiveram acesso ao local logo após a invasão das tropas e aos relatos dos parentes que, sob atenta escolta policial, aguardavam do lado de fora da cadeia por informações. Enquanto José Luís da Conceição, então fotógrafo do ""NP"", era censurado e detido por policiais, que procuravam dificultar a apuração da imprensa, os jornalistas tentavam colher as várias versões do caso, polarizadas de um lado pelo governo do Estado de São Paulo, na época chefiado por Antônio Fleury Filho e que falava em ""8 mortos"", e de outro por parentes de vítimas, que diziam haver mais de 300 óbitos. Após repórteres do ""NP"" conseguirem entrar no necrotério para onde foram levados os corpos e verem o estado dos mortos, o jornal reagiu por meio de um editorial, lançado na segunda-feira, dia 5. O diário condenou o ""massacre"" e culpou o poder público pela ""chacina"". Intitulado ""Vergonha!"", o texto criticou a conduta das tropas de segurança e chamou o evento de ""Holocausto da Detenção"". Nos dias seguintes, a reportagem acompanhou as investigações, o processo de identificação dos corpos e tentou esmiuçar o que ocorreu no Pavilhão 9, até com testemunhos de sobreviventes e funcionários da Casa de Detenção. Passada quase uma semana, o ""NP"" divulgou na capa do dia 8 os primeiros estudos de opinião sobre a repercussão da ação no presídio. Com o título ""Massacre na cadeia divide o povão"", pesquisa do Instituto Datafolha realizada em São Paulo com 1.080 pessoas apontou que 53% da população se posicionou contra a atuação da PM no dia da invasão. Já 29% se colocaram a favor da intervenção, ao passo que o restante não soube responder. Com a chamada ""Amigos da Rota atrapalham o trânsito"", o diário publicou em 10 de outubro de 1992 manifestações em apoio ao trabalho da tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo no Pavilhão 9. A primeira página destacou que cerca de 500 pessoas protestavam em frente à sede do Batalhão da Rota, na zona norte de São Paulo, e pediam a volta dos comandantes afastados pelo governo estadual após o escândalo. Em ""Eu amo a Rota"", publicado em 15 de outubro, entrevistados defenderam a corporação e alegaram que não houve chacina dentro do presídio. As autoridades do governo, como Pedro Franco de Campos, secretário da Segurança Pública do Estado, e o coronel Hermes Bittencourt Cruz, comandante da polícia, ocuparam quase que diariamente as páginas do jornal. Para eles, os policiais só reagiram à investida dos presos. Contrariando a versão oficial, os parentes dos mortos também tiveram espaço. Com a manchete ""NP dá uma força aos parentes"", o jornal anunciou ajuda às pessoas afetadas pela ""chacina"". O periódico chegou até a disponibilizar as dependências de sua redação para assessorar os parentes que desejavam solicitar indenização ao Estado pelos danos sofridos. A experiência vivida no Pavilhão 9 era relatada aos jornalistas por meio dos poucos parentes que tiveram acesso aos sobreviventes. ""Preso forçado a mergulhar no sangue aidético""; ""PM metralha até preso que não andava"" ou ""111 corpos mutilados com balas e dentadas de cães"" foram algumas das chamadas de capa baseadas em declarações de familiares dos detentos. Não é difícil encontrar no ""Notícias Populares"" da época o estilo único com o qual tratou os fatos, como em ""Tomou 7 tiros e não morreu"", sobre um prisioneiro que ""tomou uma chuva de chumbo e está inteiro"", e ""Traçou a irmã no Pavilhão 9"", que relata a história de um detento morto que teria tido quatro filhos com sua irmã. Outras capas dos primeiros 12 dias de cobertura se caracterizaram pela mistura entre a crítica, a informalidade e a ironia. Em ""Pena de morte no Pavilhão 9"", do dia 11, o diário revelou um raio-x do setor, que na ocasião era ocupado especialmente por presos cujos casos nem sequer haviam sido avaliados pela Justiça. A informalidade pôde ser vista na capa publicada de 7 de outubro, que chamou a atenção para o ""tresoitão que pega bem no coração""; para o ""tiro que racha um cara em dois"" e para a metralhadora que ""estraçalha 20 de uma vez só"". Por fim, o ""NP"", para revelar que cães da PM foram utilizados para atacar os presos, publicou ""Bestas da PM matam sem dó"". Ao final da cobertura, o diário surpreendeu ao publicar mais um editorial sobre o caso. Os 12 dias de capas sobre o Carandiru se encerraram com o artigo do dia 15 chamado ""Contra a Violência"". Em tom bastante formal, o ""NP"" condenou os métodos da polícia para restabelecer a ordem na Casa de Detenção, dizendo que ""não se pode admitir que a violência, a barbárie e a absoluta falta de escrúpulos tomem conta da atividade policial"". - 2.out.1992 111 presos são mortos na Casa de Detenção em São Paulo após invasão da PM 2001 Coronel Ubiratan, apontado como responsável pela ordem para invadir o Carandiru, é condenado a 632 anos de prisão, por 105 das 111 mortes Fev.2006 Tribunal de Justiça de SP absolve o coronel, ao entender que a sentença do júri havia sido contraditória 10.set.2006 Ubiratan é encontrado morto; única acusada do crime, sua ex-namorada foi absolvida em 2012 21.abr.2013 Após 21 anos, julgamento do 1º andar é concluído 3.ago.2013 Conclusão do julgamento do 2º andar 19.mar.2014 Conclusão do julgamento do 4º andar 31.mar.2014 Conclusão do julgamento do 3º andar 10.dez.2014 Ex-PM da Rota que foi julgado separadamente é condenado a 624 anos de prisão; ele já estava preso por outras mortes. Seu caso foi separado porque, na época, a defesa pediu que ele fosse submetido a laudo de insanidade mental 27.set.2016 Após recurso da defesa, Tribunal de Justiça de SP anula todos os julgamentos por 2 votos a 1 11.abr.2017 Como não houve unanimidade na decisão anterior, TJ-SP chama mais 2 desembargadores e decide por um novo julgamento O QUE ACONTECE AGORA > Se não houver mudança pelos tribunais superiores, novos júris devem ocorrer, mas ainda sem data definida > Enquanto isso, a Promotoria deve recorrer ao STJ para manter as condenações *Parte das mortes não resultou em condenações porque não havia provas de que haviam sido causadas por policiais Fontes: Ministério Público e Fundação Getúlio Vargas"
Seca causa migração e transforma cidade na 'capital das araras' do Brasil,"Em meio ao vaivém intenso de pedestres e veículos, emaranhados de fios elétricos, linhas com cerol e postes, objetos colorem e fazem barulho no céu de Campo Grande. A cidade no centro-oeste do Brasil ganhou o título informal de ""capital das araras"", uma homenagem às aves que se adaptaram de maneira única ao ambiente urbano da capital de Mato Grosso do Sul. É um fenômeno sem precedentes nessa escala no país, segundo biólogos que estudam as aves na cidade. A proximidade do Pantanal –a maior área alagada do mundo, um mundo de água doce e vida selvagem do tamanho de Portugal– ajudou. Campo Grande é arborizada e ainda mantém manchas de cerrado, buritizais e inúmeras árvores frutíferas. As araras aproveitam um belo cardápio de espécies exóticas e nativas do cerrado –encontram comida em pelo menos 14 árvores, como jatobá, ingá, cedro-rosa e tamarindo. Indiferentes ao movimento e ao barulho, as araras fizeram morada em diferentes pontos da cidade, num fluxo que começou em 1999, após uma seca prolongada na região. Optam por restos de buritizais, palmeiras secas e até ninhos artificiais, obra de moradores que começam mais e mais a se integrar com os bichos. As araras ficam ainda mais visíveis nessa época do ano. É período de reprodução, que vai de julho a dezembro, e casais cruzam os ares em busca de ninhos para procriar. Em geral, os psitacídeos –a família das araras, que inclui papagaios e periquitos– são monogâmicos e formam casais pela vida toda. MIGRAÇÃO Uma longa estiagem no ano de 1999 marcou a chegada das araras-canindé e de araras-vermelhas (Ara chloropterus) a Campo Grande. A seca, somada a desmatamentos e queimadas na zona rural e municípios do entorno, reduziu de forma brusca a oferta de alimentos para essas aves. Na ocasião, o Instituto Arara Azul, que pesquisa o comportamento dos bichos, monitorou grupos de 27 a 48 araras que estavam em Terenos, a 32 km de Campo Grande, e poucos dias depois já circulavam pela capital. Segundo a bióloga Neiva Guedes, presidente do instituto, hoje existem pelo menos 400 araras em Campo Grande, e mais de 200 filhotes já nasceram na cidade desde 2010. De 2001 a 2005, Guedes acompanhou, a menos de 150 metros de sua casa, a reprodução de araras em um tronco de buriti. Observou disputas de casais, nascimento e voo de filhotes. E até interveio pela manutenção no ninho quando a avenida foi duplicada –o traçado da via acabou sendo desviado para preservar a árvore. O instituto cadastrou 74 ninhos de araras em Campo Grande, dos quais 34 são monitorados. Um deles, por exemplo, fica em uma das esquinas mais movimentadas da cidade, a da rua Dom Aquino com avenida Duque de Caxias. E as pesquisas mostram que, apesar das dificuldades impostas pelo ambiente urbano, as araras-canindé estão se reproduzindo na cidade com sucesso. ""Eles conseguem se manter na cidade o ano inteiro. E já fazem parte do cotidiano, a população se acostumou a ouvi-las todo dia"", afirma Guedes. ACOLHIMENTO Há moradores que chegam a oferecer abrigo para as aves. O major do Corpo de Bombeiros Pedro Centurião, por exemplo, durante uma obra na área de lazer de sua casa, resolveu cortar as folhas de uma palmeira que sujava muito o quintal. Foi a senha para as araras começarem a frequentar o tronco. A família de Centurião providenciou uma estrutura de madeira no alto da palmeira para facilitar a estadia dos hóspedes. Isso foi há cerca de dois meses, e hoje um casal já choca três ovos no local. ""Estamos ansiosos pela chegada dos filhotes"", conta Centurião, de 51 anos. Ao lado de Peru e Colômbia, o Brasil é o país mais rico do mundo em aves - são cerca de 1800 espécies. No caso dos psitacídeos, uma das famílias de características mais marcantes, facilmente reconhecível pelo bico, patas e cauda, é o país mais diverso do planeta, com 82 espécies. Araras-vermelhas e araras-canindé estão entre as mais comercializadas no planeta. A diversidade de cores, sociabilidade, capacidade de adaptação e de imitar a voz humana atraem o interesse das pessoas em todo o mundo. No caso das araras-canindé, que habitam desde o Panamá até a região central brasileira passando pelas Guianas, Venezuela, Peru, Colômbia, Equador, Bolívia e Paraguai, não há risco de extinção no Brasil, mas relatos de retirada de indivíduos da natureza são comuns. E afinal, o fenômeno das araras na cidade é algo bom ou ruim? Neiva Guedes diz ter pensado muito até concluir que sim. ""Se temos araras, é porque ainda temos ambiente para elas. Bom para elas, melhor ainda para nós, que temos uma cidade bem arborizada, com frutíferas variadas dando suporte à biodiversidade. As araras são boas indicadoras dessa diversidade. Dão grande valor social a cidade e transmitem paz, tranquilidade e alegria"", afirma. O fenômeno, diz a bióloga, aponta também para a necessidade de preservação da biodiversidade em áreas urbanas. ""Até 2030 a população urbana será 46% maior. Com isso, haverá pressão maior para exploração das áreas naturais, cada vez mais diminuídas. As áreas urbanas ganharão mais importância, e buscar equilíbrio entre desenvolvimento e manutenção da paisagem deve ser meta dos dirigentes públicos e de cada cidadão"", diz a pesquisadora."
Noivo tem ataque epilético no altar e noiva se casa com convidado,"Uma noiva indiana se casou com um convidado do seu próprio casamento depois que o ex-futuro marido teve um ataque epilético no altar e desmaiou. Segundo o jornal ""The Times of India"", o noivo, Jugal Kishore, 25, não havia revelado ser epilético à noiva, Indira, 23, e à família dela. Ele caiu em frente aos convidados quando se aproximava dela. Enquanto Kishore era levado ao hospital, Indira, furiosa, decidiu trocar de marido. Pediu a um homem da família do cunhado, que era convidado da cerimônia, que se casasse com ela. O convidado concordou. Segundo o jornal, a recusa da noiva em se casar com o pretendente inicial indignou outros presentes na cerimônia, que arremessaram talheres e pratos para forçá-la a rever a decisão. O incidente ocorreu na cidade de Rampur, no Estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia. Ao retornar do hospital, Kishore pediu a Indira que mudasse de ideia, argumentando que seria alvo de chacota de amigos e parentes se voltasse para casa sem a noiva, mas ela se recusou. Um porta-voz da polícia local, Ram Khiladi Solanki, disse à BBC que Kishore e sua família fizeram boletim de ocorrência. ""Mas, levando em conta que a noiva está casada agora, o que se pode fazer? Então as famílias resolveram a questão e retiraram o caso da polícia"", disse."
Britânico se surpreende com suas fotos em perfis falsos de sites de namoro,"Um eletricista da cidade de Milton Keynes, no sul da Inglaterra, descobriu que suas fotos na Internet estão sendo usadas para criar perfis falsos em sites de namoro. Além disso, ele também conta ter se surpreendido com muitas mulheres que acreditavam ter um relacionamento online com ele. Ali Gordon, de 26 anos, tem um blog e também trabalha ocasionalmente como modelo. Os seguidores de seu blog o avisaram sobre as contas em sites de namoro e mulheres entraram em contato com ele até quando o britânico estava em locais públicos.. ""Um grupo de garotas se aproximou e disse 'oi, Michael'. Elas tentaram conversar comigo como se me conhecessem e eu nunca tinha visto nenhuma delas em toda minha vida!"" ""Elas eram da Irlanda e, conversando um pouco descobri que aparentemente elas me conheceram pelo Tinder, um aplicativo de encontros no qual eu não estou (registrado). Tenho um relacionamento"", afirmou o britânico. A partir deste episódio, amigos de Gordon começaram a falar sobre outros perfis falsos que usavam fotos dele. O britânico até descobriu que alguns destes perfis tentavam extorquir dinheiro de mulheres. E isto levou o eletricista a temer pela própria segurança. Leia mais: Como se proteger dos golpes mais comuns na internet ""Se eu for identificado de forma errada na rua, como já fui, e pelas razões erradas, como saber no que isso pode resultar? Posso ser atacado ou qualquer outra coisa neste sentido."" NAMORADA Gordon conta que os perfis falsos também já causaram problemas com sua namorada. ""Ela recebeu algumas mensagens de amigos, que eu imagino que não tenham sido muito agradáveis. Eles contavam que tinham encontrado meu perfil em sites de namoro."" ""Uma pessoa ouvir isto a respeito do parceiro não é legal. Acho que ela não aceitou muito bem. Obviamente, depois descobrimos que eram os perfis falsos"", afirmou. Gordon tentou denunciar o problema para os sites de redes sociais mas não conseguiu desativar estes perfis. Leia mais: Britânica descobre clone online com vida fictícia criada a partir de suas fotos Especialistas afirmam que as opções para quem passa por este tipo de situação são limitadas. O roubo de identidade na Internet está cada vez mais comum e especialistas esperam que histórias como as de Gordon ajudem a conscientizar as pessoas sobre a importância da segurança online. ""Me sinto mal pelas vítimas, as garotas que realmente estão falando com indivíduos que fingem ser eu"", afirmou Gordon. Leia mais: Blogueira de moda encontra foto sua de biquíni em site de pornografia"
"'Impotentes e frustrados' são os mais agressivos na internet, diz psicóloga","Impotência, frustração e uma necessidade de se impor sobre outras pessoas. Assim, a psicóloga americana Pamela Rutledge, diretora do Media Psychology Research Center (Centro de Pesquisas sobre Psicologia e Mídia), na Califórnia, avalia a agressividade de muitos ""comentaristas"" de redes sociais em tempos de polarização política no Brasil. Referência em um ramo recente da psicologia dedicado a estudar as relações entre a mente e a tecnologia, Rutledge ressalta que as pessoas ""são as mesmas"", tanto em ambientes físicos quanto virtuais. Mas faz uma ressalva sobre a impulsividade de quem dedica seu tempo a ofender ou ameaçar pessoas nas caixas de comentários de sites de notícias e páginas de política: ""Já estamos acostumados com a ideia de que nosso comportamento obedece a regras sociais, mas ainda não percebemos que o mesmo vale na internet"". Além da polarização política ou ideológica, a especialista comenta a ascensão de temas como diversidade sexual, racismo e machismo ao debate público, graças às redes sociais. ""Tudo isso já acontecia, mas não tínhamos conhecimento."" Leia os principais trechos da entrevista. * BBC Brasil - Estamos mostrando o nosso 'lado negativo' nas redes sociais? Pamela Rutledge - As pessoas são as mesmas, online ou offline. Mas a internet tem a ver com respostas rápidas. As pessoas falam sem pensar. É diferente da experiência social offline, em que você se policia por conta da proximidade física do interlocutor. Nós já estamos acostumados com a ideia de que nosso comportamento obedece a regras sociais, mas ainda não percebemos que o mesmo vale na internet. BBC Brasil - No Brasil, a polarização política tem levado pessoas com visões distintas a se ofenderem e ameaçarem, tanto em comentários em sites de notícias quanto nas redes sociais. A internet estimularia o radicalismo? Rutledge - As redes sociais encorajam pessoas com posições extremas a se sentirem mais confiantes para expressá-las. Pessoas que se sentem impotentes ou frustradas se comportam desta maneira para se apresentarem como se tivessem mais poder. E as pessoas costumam se sentir mais poderosas tentando diminuir ou ofender alguém. BBC Brasil - Os comentários na internet são um índice confiável do que as pessoas realmente acreditam? Rutledge - Depende do tópico. Mas as pessoas que tendem a responder de maneira agressiva não representam o sentimento geral. BBC Brasil - As pessoas com opiniões menos radicais têm menos disposição para comentar do que as demais? Rutledge - Sim. Porque os comentários agressivos têm mais a ver com a raiva das pessoas do que com uma argumentação para mudar a mente das outras. Quem parte para a agressividade, não está dando informações para trazer alguém para seu lado, estas pessoas querem apenas agredir. BBC Brasil - A ""trollagem"", gíria de internet para piadas ou comentários maldosos sobre anônimos e famosos, muitas vezes feitos repetidamente, é vista por muita gente como diversão. Há perigos por trás das piadas? Rutledge - No caso das celebridades que são alvo da ''trollagem'', os fãs vêm defendê-las, então, elas não costumam precisar tomar qualquer iniciativa. No caso dos anônimos, a recomendação é usar ferramentas para solução de conflitos, como encorajar seus amigos e conhecidos a não serem espectadores, mas a tomarem atitudes em defesa do ofendido. Isso não significa discutir com os autores das ofensas, porque isso alimenta os ''trolls'' e é isso que eles querem. BBC Brasil - Os procedimentos de segurança do Facebook e do Twitter são suficientes para proteger os alvos de bullying? Rutledge - Seria ingênuo esperar que qualquer companhia, mesmo do tamanho do Facebook e do Twitter, seja capaz de monitorar e ajudar neste tipo de situação. E não dá para deixar só para as empresas aquilo que devemos ser responsáveis, nós mesmos. É importante que as pessoas entendam como funcionam as ferramentas e seus mecanismos para privacidade. Se a conclusão for que o Facebook não oferece o suficiente, que as pessoas se posicionem e reclamem: ''Não é suficiente''. BBC Brasil - Que tipo de doenças são ligadas ao uso da internet ou das redes sociais? Rutledge - A resposta simples é não, não há doenças causadas pela internet. Há preocupações recorrentes com o vício em internet ou em redes socais. Mas vícios são doenças bastante sérias e a internet não cria personalidades com vícios. As pessoas usam as redes da mesma forma que usam álcool, jogos, chocolate, ou qualquer outra coisa que mascare problemas maiores. BBC Brasil - Problemas como...? Rutledge - Falta de autoestima, depressão. É importante chegar à real causa do vício, apenas cortar a internet não muda nada. BBC Brasil - Temas como diversidade sexual, racismo e machismo, vistos como tabus até recentemente, são hoje bastante populares online. Como vê estes tópicos ganhando atenção? Rutledge - É sempre positivo que as pessoas debatam e desenvolvam seu conhecimento sobre temas. Mesmo que a conversa termine de forma negativa, isso ainda vale para que se perceba o que está acontecendo a seu redor. Afinal, tudo isso já acontecia, mas não tínhamos conhecimento - e isso significa que estamos nos aproximando da possibilidade de transformá-las. BBC Brasil - Quais são os conselhos para os pais ajudarem seus filhos a não embarcarem nas ondas de ódio das redes sociais? Rutledge - A primeira coisa é conversar com as crianças desde muito cedo sobre tecnologia. Muitos evitam porque não entendem bem a tecnologia. Mas a tecnologia é apenas o ""lugar"" onde as coisas estão acontecendo; o principal ainda são os valores. Então, se algo está acontecendo em qualquer plataforma que os pais não conheçam bem, a sugestão é que chamem as crianças e peçam que elas deem seu ponto de vista. Aí sim eles poderão entender como as crianças estão lidando com a questão e, a partir daí, decidir quais devem ser as preocupações. A responsabilidade pode ser compartilhada. É importante ensinar os filhos a pensarem criticamente. BBC Brasil - Muitos acham que ler históricos de conversas dos filhos ou usar apps para controlá-los é a melhor forma de ajudar as crianças. O controle é uma boa saída? Rutledge - Os pais precisam entender que devem escutar seus filhos. Claro que cada situação tem suas características, mas geralmente controlar significa que você não conversou com eles e não lhes deu oportunidades para tomar decisões. O problema é que, em algum momento, eles vão precisar tomar decisões por si mesmos e você não vai estar ali, nem o seu ""app de controle"". Então, é muito melhor dialogar, e isso costuma ser muito difícil para os pais, que tendem dizer o que os filhos devem fazer, sem conversa. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Bioengenheiro cria sistema para detectar parasitas com smartphone,"Aparelho que funciona como microscópio portátil é acoplado no Iphone e, com o uso da câmera, ele detecta quantidade de parasitas no sangue Especialistas em bioengenharia desenvolveram um sistema que permite que smartphones sejam usados para detectar a presença de parasitas no sangue. O sistema, chamado CellScope, permite que um app analise o movimento em uma imagem de uma gota de sangue capturada pela câmara do celular, para buscar eventuais organismos estranhos. Os sistema foi testado com sucesso em Camarões, na África, e os resultados foram divulgados na publicação científica ""Science Translational Medicine"". Especialistas dizem que a técnica marca um avanço fundamental no combate a doenças tropicais. VERME NO OLHO Nos testes em Camarões, o sistema foi usado para detectar larvas de loa loa. Níveis altos deste parasita –que pode chegar até o olho– tornam arriscado o uso de ivermectina, um remédio comum contra vermes e parasitas, amplamente usado na África para tratar doenças como a oncocercose, também conhecida como ""cegueira dos rios"", e a elefantíase. Em geral, os pacientes precisam passar por exames para analisar a quantidade de larvas loa loa que têm no corpo, o que custa tempo e requer equipamento de laboratório. Por conta disso, o professor de bioengenharia da Universidade da Califórnia Daniel Fletcher, desenvolveu uma espécie de microscópio portátil para o smartphone, capaz de identificar a loa loa em uma gota de sangue. O sangue é colhido e, a partir daí, fica tudo por conta do celular. A gota é colocada no pequeno microscópio adaptado para iPhone e aí, com o uso da câmera, o smartphone consegue examinar o material e dar o resultado do exame em três minutos. ""Com um toque na tela, o aparelho mexe a amostra, capta imagens e automaticamente analisa todas elas"", disse Fletcher. O software utilizado no celular não tenta desvendar o formato da larva, mas sim qual é o movimento dela. Com isso, ele consegue identificar o número de parasitas loa loa no sangue e diz aos cientistas se eles estão aptos a receber o tratamento com o remédio ou não. Isso significa que é preciso pouco treinamento para utilizar o programa do smartphone, enquanto os procedimentos atuais para o exame requerem profissionais especializados para analisar a amostra de sangue. A ideia agora é testar o software em 40 mil pessoas. ""Estou animado, isso oferece uma abordagem de alta tecnologia para lidar com problemas de baixíssima tecnologia"", afirmou Fletcher. Os cientistas esperam que a mesma ideia possa ser adaptada para examinar outros tipos de infecção, como tuberculose, malária, e outras doenças de parasitas transmitida pelo solo, como a lombriga. O professor Simon Brooker, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, comentou que essa descoberta representa um grande avanço na luta contra doenças tropicais. ""Acho que é um dos avanços mais fundamentais que fizemos em muito tempo contra doenças tropicais negligenciadas"", disse. ""No século 21, estamos usando tecnologia do século 20 para diagnosticar essas infecções, agora isso nos traz para o mundo moderno."""
Promotores tentam ampliar pena de Pistorius e condená-lo por homicídio doloso,"Prestes a ser libertado para cumprir o restante da pena em prisão domiciliar, o paratleta sul-africano Oscar Pistorius poderá voltar a julgamento pela morte de sua namorada Reeva Steenkamp. Promotores recorreram da decisão pela condenação de Pistorius por homicídio culposo (sem a intenção de matar) e tentam ampliar a pena do atleta paralímpico pedindo a revisão do caso na Suprema Corte do país. A promotoria quer que o paratleta seja condenado por homicídio doloso (com a intenção de matar). Oscar Pistorius passou os últimos 10 meses na prisão por ter atirado na namorada em fevereiro de 2013. O sul-africano alega ter confundido Reeva com um ladrão. A pena dele é de cinco anos, mas ele será libertado no fim desta semana por já ter cumprido um sexto dela - e poderá cumprir o resto em prisão domiciliar. Ao ser julgado pelo crime no ano passado, Pistorius foi considerado inocente do crime de homicídio doloso e culpado pelo assassinato sem a intenção de matar. O que os promotores querem agora é rever a sentença para o crime intencional, que prevê pelo menos 15 anos de prisão na África do Sul. PRISÃO DOMICILIAR Pela lei sul-africana, Pistorius pode cumprir o restante da pena sob 'supervisão' em sua casa, após ter passado 10 meses (o equivalente a um sexto da pena total) em reclusão. Durante a sentença, a juíza Thokozile Masipa disse que o Estado falhou na tentativa de provar a intenção de Pistorius de matar a namorada quando atirou. Os pais da vítima afirmaram que o tempo que o atleta paralímpico ficou na prisão 'não foi o suficiente para quem tirou uma vida'. Em março, o tribunal de Johanesburgo brecou a tentativa dos advogados de Pistorius de acabar com o apelo dos promotores públicos. Agora, a defesa terá um mês para preparar uma resposta."
O hacker que ataca sites racistas e homofóbicos,"Ele realizou mais de 20 ataques desde o dia 15 de setembro e ameaça outros 20 no dia 31 de outubro, o Dia das Bruxas (ou Halloween). Os alvos são sites racistas, principalmente os ligados a grupos como a Ku Klux Kan (KKK). Trata-se de um hacker anônimo que geralmente atua sozinho. Além de sites racistas como o da KKK, ele também ataca sites do grupo autodenominado Estado Islâmico e de páginas ligadas ao primeiro-ministro conservador do Canadá, Stephen Harper, que está deixando o cargo -e enfrentou acusações de racismo, entre outras coisas, por tentar proibir o uso do véu islâmico durante o juramento de cidadania canadense. O hacker também ataca páginas homofóbicas. Há alguns dias realizou um novo ataque contra o site godhatesfags.com (""deusodeiahomossexuais.com"" em tradução livre). ""Esta é apenas uma pequena amostra do que eu posso fazer"", anunciou em sua conta no Twitter, aberta sob o pseudônimo de Amped Attacks. ""É hora de acabar com todo o racismo. Já vivemos no século 21"", acrescentou. Alguns dos alvos dos ataques já se recuperaram. Mesmo assim, ele não parece se intimidar. ""Esperem até ver o que tenho preparado para outros 20 sites racistas no Halloween"", ameaçou o hacker. TIPO DE ATAQUE Todos os ataques deste hacker são do tipo negação de serviço (também conhecidos como DDoS Attack, a abreviação em inglês para Distributed Denial of Service), cada vez mais frequentes. Esta técnica, usada geralmente pelo grupo de hackers Anonymous, permite destruir páginas na web ao inundá-las com uma avalanche de Gbytes de uma rede de computadores infectados, até que o site caia e o acesso a ele seja negado. Os hackers do grupo Anonymous já atacaram a Ku Klux Klan em várias ocasiões e até chegaram a publicar dados pessoais de seus líderes. Também assumiram o controle da conta principal do grupo no Twitter em uma operação que chamaram de ""operação KKK"". Em um vídeo divulgado em 2012, o grupo disse que a ""operação racismo"" pretendia acabar com sites que tinham ""conteúdo racista e discriminatório"". Por enquanto, o hacker Amped Attacks ainda não se identificou como parte do Anonymous nem com qualquer outro grupo de hackers, apesar de usar frequentemente a hashtag #tangodown, assim como o Anonymous. Ele também divulga mensagens do grupo em sua conta de Twitter. Além disso, o misterioso hacker ofereceu uma recompensa de US$ 5 mil (mais de R$ 19 mil) para quem conseguir descobrir sua identidade. Até agora ninguém conseguiu."
Japão quer instalar privadas em elevadores para emergências em terremotos,"Em tremor mais recente, mais de 20 mil elevadores pararam na capital; país é atingido constantemente por sismos O governo japonês está planejando instalar vasos sanitários e recipientes de água potável para atender emergencialmente pessoas que fiquem presas em elevadores de prédios após terremotos. Funcionários do Ministério da Infraestrutura do país se encontraram com representantes de indústria para discutir as propostas após um maremoto de 7,8 graus de magnitude que foi sentido por todo o país no início deste mês. Uma das ideias é de que os elevadores sejam equipados com privadas portáteis que incluam um recipiente à prova d'água e outro material absorvente dentro de uma estrutura de papelão dobrável. Na capital do país, Tóquio, cerca de 20 mil elevadores travaram por causa do tremor do início de junho, e 14 deles ficaram parados entre andares. Em um dos casos, os passageiros tiveram de esperar mais de uma hora até o socorro chegar. Mas após o terremoto devastador de 2011, que provocou danos materiais de proporções imensuráveis ao país, a situação foi pior. Houve casos de pessoas que ficaram presas dentro de elevadores por mais de nove horas. Cerca de 60% dos elevadores japoneses são concebidos para detectar tremores e parar no andar mais próximo antes de automaticamente abrir as portas. O Japão é afetado constantemente por terremotos, e sismólogos preveem que Tóquio deve ser atingida por um grande tremor nas próximas décadas. O governo estima que cerca de 17 mil pessoas possam ficar presas dentro de elevadores nos edifícios da capital japonesa se isso realmente acontecer. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Dalai Lama diz que eventual sucessora tem que ser 'atraente',"Em declaração controversa, o líder espiritual tibetano Dalai Lama, que já disse ser um ""feminista"", afirmou que uma eventual sucessora teria que ser ""atraente"", pois de outro modo ""não teria muito uso"". ""Essa mulher deve ser atraente, senão não seria [de] muito uso"", afirmou ao jornalista da BBC Clive Myrie, em resposta a uma questão sobre a possibilidade de ser sucedido por uma mulher. Em um tom entusiasmado, o líder espiritual budista confirmou que sim, citando uma entrevista anterior em que destacara o maior potencial biológico das mulheres ""para mostrar afeição e compaixão"". ""Há muitos problemas no mundo de hoje - é um mundo problemático. Penso que as mulheres devem assumir um papel mais importante"", afirmou. O Dalai Lama então se inclinou em direção ao repórter e afirmou com um sorriso: ""E (eu) disse à repórter: 'Se vier uma Dalai Lama mulher, seu rosto deveria ser muito atraente'"". Aparentando surpresa, o jornalista pergunta se o Dalai Lama estava brincando, ao que o monge de 80 anos responde: ""É verdade"". Em 2009, ao receber um prêmio nos EUA, o Dalai Lama, cujo nome verdadeiro é Tenzin Gyatso, afirmou: ""Eu me considero um feminista. Não é assim que vocês chamam alguém que luta pelos direitos das mulheres?"" Declarações de líder espiritual sobre eventual sucessora foram tomadas como brincadeira por alguns, mas também foram alvo de críticas As declarações motivaram críticas em sites e blogs feministas. Enquanto alguns apontavam tom de piada nas afirmações e defendiam que não fossem levadas tão a sério, outros comentários atacaram o budismo como ""religião patriarcal"". DALAI LAMA E TIBETE Pela tradição do budismo tibetano, quando chegar a perto dos 90 anos, o Dalai Lama decidirá, com outros líderes espirituais, se um sucessor deverá assumir como o 15° Dalai Lama. Na entrevista à BBC, o Dalai Lama reforçou declarações anteriores que lançam dúvidas sobre o futuro do posto de líder espiritual, ao afirmar que cabe ao povo do Tibete decidir ""se a instituição do Dalai Lama deve continuar ou não"". O Tibete foi um Estado independente até 1950, quando tropas do líder comunista Mao Tsé-tung invadiram e, posteriormente, anexaram a região à China. Jovem líder do Tibete à época, o Dalai Lama fugiu para a Índia em 1959 e vive até hoje no exílio, de onde promove a defesa da independência do território. O monge, que é a 14ª encarnação do espírito do Dalai Lama, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1989. Na entrevista à BBC, ele também foi questionado sobre a atual crise dos refugiados na Europa, e afirmou que países da região não devem rejeitar imigrantes apenas por sua condição de muçulmanos. ""O islã, como qualquer outra religião, professa uma mensagem de amor e perdão"", disse ele, que também condenou o uso da violência como meio de resolução de conflitos no Oriente Médio. ""A não ser que você lide com o problema de uma maneira não violenta, hoje [haverá] um Bin Laden, depois de alguns anos dez Bin Ladens, e alguns anos depois cem Bin Ladens poderão vir."""
Invasão de gafanhotos destrói 7.000 'Maracanãs' na Rússia,"Uma invasão de gafanhotos destruiu milhares de hectares no sudoeste da Rússia e obrigou o Ministério da Agricultura do país a declarar estado de emergência na região de Stavropol. Segundo autoridades locais, a área devastada chega a 900 quilômetros quadrados, o equivalente a mais de 7.000 vezes o estádio do Maracanã, no Rio. Os gafanhotos costumam aparecer na região todos os anos, mas normalmente são exterminados antes de nascer. Desta vez, a estratégia parece não ter dado certo, mas o governo local diz que a infestação está sob controle."
"Caso raro na medicina, homem com 2 pênis lança biografia","DDD diz ter sofrido discriminação em algumas vezes em que sua condição foi descoberta ou revelada. Um americano que alega ter dois pênis como consequência de uma anomalia congênita diz que cresceu ouvindo de seus pais que era uma pessoa ""única e especial"". Em entrevista ao programa Newsbeat, da BBC, o homem, que se autoentitula DDD, diz que já manteve relações sexuais com cerca de mil pessoas, mas se recusa a revelar sua identidade por temer o assédio que sua condição pode provocar. DDD se tornou uma espécie de subcelebridade na internet após o lançamento recente de sua autobiografia. O Newsbeat teve acesso a fotos das partes íntimas de DDD, e os produtores do programa disseram que as imagens são bastante convincentes. A condição que afetaria o americano é a difalia, uma anomalia congênita identificada pela primeira vez em 1069. Ela é rara, afetando apenas um em cada 5,5 milhões de americanos, por exemplo. Fonte de embaraço Normalmente, a difalia é marcada por deformações, mas DDD afirma que seus dois membros funcionam normalmente. ""Posso urinar e ejacular com ambos ao mesmo tempo"", explicou o americano. Na infância e na adolescência a condição foi uma fonte de embaraço para o americano, que foi orientado pelos pais a jamais de despir em frente a colegas ou participar de brincadeiras de médico. Quando colegas de escola descobriram a ""duplicidade"", DDD disse ter sofrido bullying. ""Eu não queria que os outros meninos tivessem ciúmes ou se sentissem mal por não terem dois pênis. Jamais pensei que eles fossem me odiar por me achar estranho"", disse o americano. ""Quando comecei a namorar, não tirei a roupa até que a menina que estava vendo dissesse que queria (fazer sexo). Nunca pensei que ela poderia simplesmente ter ficado assustada (com a minha condição)."" Amputação cogitada DDD diz que aos 16 anos cogitou amputar um dos membros quando as pessoas começaram a perceber sua condição. ""As meninas começaram a olhar para minha cintura muito mais"", lembra o americano. ""Eu gostaria que meus pais tivessem me falado que as pessoas fariam troça do que não entendem. Eu sempre tive dois pênis e, quando olho para baixo, para mim tudo parece normal."" Quando questionado sobre a razão de falar abertamente de sua condição mas não se identificar, DDD disse que a atenção não seria benvinda. ""Em todos os lugares as pessoas saberiam quem sou. Elas teriam expectativas."" DDD admite ser bissexual e ter participado de relacionamentos poligâmicos. Seu mais longo namoro foi com um casal. Mas a condição trouxe inconveniências, como a compra de roupas de baixo. O americano diz que não pode usar cuecas, por exemplo. DDD também pensou em tentar a sorte na indústria pornográfica, mas a ideia foi abandonada porque o americano temeu ser visto como uma aberração. ""Minha dignidade não tem preço"", afirmou."
Homem morre de câncer formado por células de verme e intriga cientistas,"Um homem morreu com tumores formados por tecidos cancerígenos de um verme parasita que cresceram em seus órgãos, de acordo com médicos. O paciente tinha HIV e seu sistema imunológico fragilizado permitiu que o câncer-parasita crescesse. O raro caso foi diagnosticado por uma parceria entre os Centros de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos (CDC na sigla inglesa) e o Museu de História Natural do Reino Unido. Médicos disseram que o caso, detalhado na publicação científica New England Journal of Medicine, era ""maluco"" e incomum. Médicos colombianos tentaram diagnosticar o que afetava o homem de 41 anos em 2013. Ele aparentava ter tumores normais, alguns com mais de 4 cm de comprimento, em seus pulmões, fígado e outros locais do corpo. Mas uma avaliação mais detalhada mostrou que as células cancerígenas claramente não eram humanas –elas tinham apenas um décimo do tamanho usual das células humanas. ""Não fazia sentido"", disse Atis Muehlenbachs, que analisou o caso nos Centros de Controle nos EUA. Ele considerou diversas hipóteses, como a de que as células humanas cancerígenas terem encolhido ou que se tratava de uma infecção recém-descoberta. Ao final, testes moleculares identificaram altos níveis de DNA de tênia nos tumores e a reação de Muehlenbachs foi de ""descrença total"". ""Esse foi o caso mais incomum, me deixou acordado várias noites. Era para ser uma decisão óbvia entre câncer ou uma infecção, mas não conseguir distinguir isso por meses foi muito incomum."" O estado do paciente já estava avançado demais quando os médicos identificaram a causa de seus tumores e ele morreu três dias após o DNA do parasita ser descoberto. VERME ÚNICO O tecido em questão veio de uma espécie de verme, a Hymenolepis nana, também conhecido como tênia-anã –especialidade de Peter Olson, do Museu de História Natural. ""Há algo muito especial nessa espécie porque ela consegue cumprir todo seu ciclo de vida em apenas um hospedeiro e isso é completamente único"", disse ele à BBC. Cerca de 90% do corpo do verme é dedicado à reprodução, já que expele milhares de ovos no intestino todos os dias. Acredita-se que, em vez de o verme desenvolver um câncer, um desses ovos penetrou na mucosa intestinal, passou por mutação e acabou se tornando cancerígeno. ""Elas (as células) estavam se dividindo e proliferando de forma descontrolada e é isso que define um câncer. Eram células de um tumor de parasita"", disse Olson. 'ATÍPICO' Acredita-se que até 75 milhões de pessoas sejam infectadas pela tênia-anã –causadora da himenolepíase, uma verminose com sintomas como diarreias, dor abdominal, agitação, insônia e irritabilidade– em algum momento da vida. Médicos acreditam que câncer-parasita seja raro, mas que muitos casos podem não ter sido diagnosticados. Os CDCs dizem que lavar as mãos e cozinhar legumes crus é a melhor forma de prevenir parasitas. Há registro de cânceres desse tipo passando de uma pessoa para a outra por meio de um transplante de órgãos ou pelo útero. Também há um tipo de câncer-parasita que vem sendo transmitido entre cachorros há 11 mil anos. Mel Greaves, diretor do centro de evolução e câncer do Instituto de Pesquisa de Câncer de Londres, disse que o caso era ""interessante e único"". ""O que é mais atípico é que são células livres do parasita crescendo de uma forma semelhante ao câncer em vez de o verme inteiro. Espécies de quase todo filo dos invertebrados podem desenvolver câncer e este potencial parece inerente às células animais, e principalmente a células-tronco de animais multicelulares. O que esse caso mostrou é que uma combinação de circunstâncias excepcionais permitiu que esse potencial fosse expresso em um hospedeiro estrangeiro."""
Concurso 'Miss Tanguinha' com crianças causa polêmica na Colômbia,"O ""Miss Tanguinha"" é o concurso do qual todos estão falando na Colômbia - e não é para menos. Nesta competição de beleza, meninas de 5 a 11 anos de idade desfilam em trajes de banho, em frente a uma multidão em que geralmente muitos estão bêbados. Ele é realizado anualmente há 20 anos na cidade de Barbosa, na região metropolitana de Medellín, no noroeste do país, como parte do Festival do Rio Suárez. Mas, quando as fotos da edição deste ano começaram a circular na internet no último fim de semana, uma onda de indignação tomou as redes sociais. Logo, os meios de comunicação e instituições governamentais também estavam criticando o ""Miss Tanguinha"". O Instituto Colombiano de Bem-Estar Familiar (ICBF), a Procuradoria Geral da República e o Ministério Público anunciaram uma investigação, com a promessa de punir os envolvidos. Até a imprensa internacional ecoou o tema, que foi alvo de reportagens na Rússia, em Cingapura, no Japão e na Coreia do Sul, só para citar alguns dos países. Mas por que o ""Miss Tanguinha"" virou um escândalo só agora? 'NORMAL' Parte da resposta pode ser encontrada na normalidade com que muitas pessoas vinculadas ao evento - que faz parte de um festival onde também é realizado a cada ano outro concurso, o mais notório ""Miss Tanga"" - veem o certame. ""Que menina não sonha em ser princesa ou rainha?"", disse a mãe de uma das participantes da edição deste ano ao jornal local ""El Tiempo"". Os reinados de beleza são muito populares na Colômbia, e muitas meninas sonham em imitar as ""rainhas"" que participam deles. Surpreendidas com a polêmica, autoridades da cidade defenderam o ""Miss Tanguinha"" dizendo que a disputa, longe de promover a exploração sexual de menores, como dizem as acusações feitas na Justiça, incentiva o cuidado com o corpo e coloca as candidatas em contato com causas em prol do meio ambiente. O concurso está tão arraigado que a porta-voz da prefeitura, Tatiana Smith, reconheceu ter participado dele na infância, ficando com o título de ""vice-rainha"". E, dado que o Festival do Rio Suárez atrai cerca de 150 mil pessoas todos os anos, causa pouco estranhamento o fato de ninguém ter soado o alarme durante décadas. SEXUALIZAÇÃO E EXPLORAÇÃO Há, no entanto, muitas razões para preocupação, desde as mais gerais, como a sexualização prematura das meninas, a outras típicas de um país onde o abuso e a exploração sexual de menores continua a ser um problema grave. Mas, desta vez, a indignação de algumas pessoas parece ter tirado proveito do poder de mobilização das redes sociais, num momento em que o noticiário carecia de novidades em um país onde os meios de comunicação e os comentaristas estão sempre em busca da indignação da vez. E, certamente, o infeliz nome do ""Miss Tanguinha"" parece ter contribuído para colocar em evidência um costume que não é uma exclusividade de Barbosa. Segundo a diretora do ICBF, Ana Cristina Plazas, depois do escândalo, surgiram mais denúncias de concursos parecidos em outras cidades. A Colômbia se orgulha da beleza e sensualidade de suas mulheres, um ""recurso"" aproveitado pela televisão e pela indústria de moda. Curiosamente, foram poucos os que estenderam suas críticas aos concursos de beleza, infantis ou adultos. Mais raros ainda foram o que fizeram a conexão entre a existência do ""Miss Tanguinha"" e o fato de que, no país, os noticiários dão mais espaço a estes concursos - ou às seções de estilo - que a notícias internacionais. SEM OLHAR PARA TRÁS O debate sobre os méritos e riscos da exibição pública de menores não é uma novidade. Já ocorreu, por exemplo, em 2012, quando o governador do departamento de Antioquia, Sergio Fajardo, decidiu proibir os concursos de beleza nas escolas. Na época, muitas vozes também defenderam as competições com argumentos muito parecidos com os usados agora pelas famílias das participantes do ""Miss Tanguinha"" e das autoridades de Barbosa. Mas, quando se trata de notícias - ou de indignação -, a Colômbia raramente olha para trás. Isso só garante que haja mais indignações no futuro, porque a atenção da imprensa e das instituições acaba se concentrando nos culpados de um episódio em particular, em vez de tratar o assunto de forma mais aprofundada, discutindo suas causas. Desde que cheguei à Colômbia, vi o mesmo acontecer com casos de acidentes causados por motoristas bêbados ou de ataques a mulheres com ácido."
Por que o peso de um dinossauro importa para a ciência,"Cientistas britânicos determinaram que estegossauro pesava 1,6 toneladas e tinha o tamanho de um rinoceronte Na entrada do Museu de História Natural de Londres, Sophie fascina os visitantes. Ela é uma estegossauro, cujo esqueleto é o mais completo do mundo. Sua exposição serve também como uma espécie de celebração pelo fato de seu peso ter sido identificado. Um grupo de cientistas britânicos concluiu que ela pesava cerca de 1,6 tonelada quando estava viva e tinha tamanho semelhante ao de um rinoceronte pequeno. Os especialistas calcularam a massa corporal do dinossauro, que morreu quando ainda era jovem, com seis ou sete anos, há mais de 150 milhões de anos. Os cientistas criaram uma versão digital em 3D do esqueleto, calculando o volume de pele ao redor dos ossos e comparando os dados com informações de animais modernos do mesmo tamanho. ""As descobertas mostram o quanto espécies completas como essa são excepcionalmente importante para pesquisas científicas"", disse o professor Paul Barett, diretor do departamento de dinossauros do museu. Agora, cientistas vão poder estudar fatores como velocidade da corrida do dinossauro ""Agora que sabemos o peso do estegossauro, podemos começar a entender melhor seu metabolismo, seus hábitos alimentares e sua taxa de crescimento. Também podemos usar a mesma técnica para outros fósseis e assim entender melhor a ampla ecologia dos dinossauros."" INTACTO O esqueleto foi descoberto em 2003 no estado americano de Wyoming e 85% está intacto. Sophie era relativamente pequena, com 3 metros de altura e 5,6 metros de comprimento. Charlotte Brassey, paleontologista corresponsável pelo projeto, deu detalhes à BBC sobre a importância de se determinar a massa corporal do dinossauro. ""Se você quiser estimar a velocidade em que um animal corre, você precisa saber sua massa corporal; se quiser saber algo sobre seu metabolismo, também"", disse. ""Por isso estamos tão empolgados e animados para, agora, começar a estudar os músculos para determinar detalhes de como ela se locomovia."""
Cidade turística inundada após quebra de barragem reemerge após quase 30 anos na Argentina,"A cidade de Epecuén, na província de Buenos Aires, na Argentina, era um movimentado resort turístico, recebendo milhares de visitantes. Isso até ser inundada por um lago em 10 de novembro de 1985, que transformou-a em uma 'cidade-fantasma'. As barragens que protegiam a cidade se romperam e a água cobriu o local. Moradores conseguiram abandonar a cidade com segurança, mas ela manteve-se submersa por quase 30 anos, até que a água evaporasse. Agora, as ruínas da cidade emergiram novamente e antigos moradores podem caminhar entre os escombros. ""Tudo foi perdido"", disse Mirta Noemi, que tinha um hotel na cidade. ""Não se perderam apenas as casas e hotéis, mas perdeu-se também a vida"". Clique para assistir ao vídeo"
Terremoto obriga âncora de jornal a abandonar transmissão ao vivo,"O forte terremoto que atingiu o norte do Afeganistão e do Paquistão na segunda-feira foi flagrado ao vivo por uma emissora de TV do país. Um apresentador da TV Ariana, de Cabul, foi forçado a deixar às pressas o estúdio durante o tremor. O terremoto, de magnitude 7,5, atingiu áreas remotas do Afeganistão e Paquistão. Mais de 300 pessoas morreram e ao menos 2 mil ficaram feridas. A maioria das vítimas foi registrada no norte do Paquistão. No Afeganistão, 12 alunas morreram pisoteadas enquanto tentavam deixar suas salas. Equipes de resgate foram enviadas à áreas montanhosas remotas onde o impacto do tremor ainda é desconhecido. Clique para assistir ao vídeo"
Turista britânico é resgatado na Austrália após escrever mensagem na areia,"Um turista britânico que ficou perdido por dois dias em uma área remota no nordeste da Austrália contou como foi resgatado após escrever uma mensagem de SOS na areia. Geoff Keys, de 63 anos, se perdeu em julho após tentar encontrar uma cachoeira no Parque Nacional Jardine, no Estado de Queensland. Uma operação de busca com helicópteros foi organizada logo após amigos do britânico terem reportado seu desaparecimento. Segundo o jornal local ""Brisbane Times"", a polícia afirmou que a mensagem escrita na areia provavelmente salvou a vida do britânico. Isso porque a equipe de resgate estava prestes a direcionar as buscas para outra área quando viu a mensagem. Em seu blog, Keys explicou que ele estava tentando encontrar as cachoeiras Eliot Falls. Segundo ele, o mapa mostrava que a cachoeira não era longe do lugar onde estava acampado, então ele decidiu percorrer um trecho do caminho e depois nadar por um riacho. ""Meu equipamento consistia em uma sunga, um shorts, uma camiseta e um boné."" Ao perceber que não ia conseguir, Keys decidiu parar de nadar e voltar para o acampamento. ""Em vez de voltar nadando, decidi ir pela mata. Já estava meio à noite. Não sei o que eu estava pensando."" 'HELP 2807' Ele caminhou até as 2 horas da manhã antes de decidir dormir. Seus amigos avisaram a polícia que ele estava desaparecido –e as buscas começaram no dia seguinte. Keys decidiu voltar a caminhar e resolveu escreveu uma mensagem de SOS na areia: ""Help 2807"" (em referência à data, 28 de julho), com uma flecha. Ele teve de passar outra noite na mata e voltou a nadar, antes de as equipes de resgate verem a mensagem. Após ser resgatado, um paramédico no helicóptero verificou que seus sinais vitais estavam bem, mas ele foi levado ao hospital, onde foi medicado para evitar infecções nos cortes que tinha no pé. Em seu blog, Keys fez muitos elogios ao profissionalismo da equipe de resgate. E terminou: ""Me senti estúpido, mas sortudo. Sinto muito pela preocupação que causei aos meus amigos e minha família, mas acreditem em mim. Não farei isso de novo!"" BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Jovem indiana vence preconceito e se torna 'rainha dos macarons',"Quando Pooja Dhingra experimentou seu primeiro macaron, ela soube imediatamente o que queria fazer da vida. Em 2008, a jovem indiana estava em Paris estudando para ser uma chef confeiteira. Quando seus colegas descobriram que ela nunca havia provado o doce francês –um merengue colorido feito com farinha de amêndoas e recheado com creme– eles a levaram para uma das melhores confeitarias de macaron da capital. Depois da primeira mordida, Dhingra decidiu que, quando voltasse a Mumbai, abriria a própria loja de macarons, a primeira do tipo na Índia. ""Sei que pode soar dramático, mas pensei: é isso o que eu quero fazer. Quero voltar para a Índia e levar macarons comigo. Essa é minha missão"", contou ela à BBC. Sete anos depois, a chef, de 28 anos, é dona de três docerias famosas em Mumbai. Mais três lojas de sua rede, a Le 15 Patisserie, serão abertas na cidade ainda neste ano e ela pretende expandir o negócio para todo o país. No entanto, Dhingra relembra que o caminho de uma jovem empresária na Índia não é fácil. Além dos desafios normais de abrir seu próprio negócio, ela teve de enfrentar a burocracia indiana e o preconceito de fornecedores pelo fato de ser mulher. PROBLEMAS NO INÍCIO Dhingra estudava para ser advogada, mas tinha o sonho de fazer algo mais criativo. Ela convenceu seus pais a deixarem-na estudar hotelaria e administração na Suíça e, depois, seguiu para a prestigiada escola de culinária Le Cordon Bleu, em Paris. Ao voltar para Mumbai, a jovem começou a trabalhar na cozinha dos pais para criar sua própria receita de macaron. O clima em Mumbai, no entanto, é bem mais quente e úmido que o de Paris, o que dificulta a produção dos delicados merengues. Outro grande problema foi encontrar ingredientes locais adequados. ""Quando eu comecei a fazer macarons na cozinha da minha casa era um desastre completo. Precisei de seis meses de pesquisa e 60 receitas fracassadas até conseguir fazer certo"", relembra. Quando ela finalmente encontrou a fórmula perfeita, seu pai, um empresário, concordou em investir o dinheiro necessário para que ela começasse o negócio, mas ele também teve que ajudá-la a superar o preconceito de fornecedores locais. ""O maior problema era fazer com que as pessoas me levassem a sério. Se eu tinha que assinar um contrato para alugar um local, por exemplo, ou comprar equipamentos, precisava pedir que meu pai desse os telefonemas para mim"", afirma Dhingra. A burocracia no país, segundo a empresária, foi mais um obstáculo a ser vencido: ""Ter estudado na Suíça e trabalhado em hotéis lá me deu uma boa ideia do que seria trabalhar em hotelaria, mas aqui na Índia a burocracia torna muito difícil começar um negócio"". ESTRATÉGIA DE CRESCIMENTO O próximo passo foi arrumar uma cozinha onde pudesse treinar funcionários e produzir os doces. Pouco depois, veio a primeira loja. Ela batizou a loja de Le 15 Patisserie, por causa do 15º arrondissement (bairro) de Paris, onde ela viveu no período em que viveu na capital francesa. Para impulsionar as vendas em uma cidade onde poucas pessoas sabiam o que era um macaron ou sequer tinham experimentado um, Dhingra começou a distribuir amostras grátis. Os merengues ficaram populares imediatamente. Ela também começou a dar cursos que ensinam a fazer macarons e outros doces - o que deu um estímulo extra ao negócio. A empresária ainda lançou um livro de receitas que foi best-seller na Índia e lhe rendeu o apelido de ""rainha indiana dos macarons"". Dhingra ressalta que não recebeu mais dinheiro dos pais desde o investimento inicial. Ela explica que fez o negócio crescer reinvestindo seus lucros e fazendo empréstimos em bancos. Suas lojas vendem macarons e outros tipos de doces; a empresa tem 40 funcionários. Esse sucesso acabou motivando outras pessoas a abrir confeitarias similares em Mumbai, mas a jovem empresária diz não se incomodar com a concorrência. ""As pessoas podem copiar o que você fez, mas ninguém pode copiar suas ideias e sua visão. Então eu gosto (da competição). Me mantém alerta e sempre desafiamos nossos próprios limites para estar um passo à frente"", afirma. Ela dá um conselho para outras jovens mulheres, tanto na Índia quanto em outros países: ""Quando você é apaixonado pelo que quer fazer, você consegue. Você vai trabalhar muito e terá muitos desafios, mas se estiver apaixonada o suficiente, vai ter sucesso."""
França cria réplica gigantesca de caverna pré-histórica,"A França construiu uma réplica de caverna do tamanho de um estádio para exibir ao público pinturas pré-históricas - feitas há 35 mil anos. O complexo, que reproduz a caverna Chauvet, custou 55 milhões de euros. O esforço é uma tentativa de mostrar a arte paleolítica à população sem danificar as pinturas originais. Isso porque, segundo especialistas, a presença de milhares de visitantes poderia alterar a temperatura da caverna e deteriorar as pinturas. A caverna Chauvet original fica no desfiladeiro de Ardeche, no sul da França. Ela é considerada um dos sítios arqueológicos mais importantes do planeta. Uma equipe do programa Newsnight, da BBC, foi autorizada pelo Ministério da Cultura e da Comunicação da França a visitar a caverna original. O local é uma espécie de ""cápsula do tempo"", pois, antes de ser descoberta em 1994, seus últimos visitantes foram nossos ancestrais do período paleolítico. Isso porque um deslizamento de rochas fechou a entrada do complexo de cavernas por mais de 20 mil anos. O local foi descoberto por três exploradores: Eliette Brunel-Deschamps, Christian Hillaire and Jean-Marie Chauvet. As paredes da caverna são cobertas por centenas de figuras de arte rupestre. A maioria das pinturas representa rinocerontes, mamutes, leões e ursos - além, de cavalos, bisões e cabras. Elas foram feitas por homens das cavernas do período glacial. As figuras foram pintadas com carvão e ocre, um tipo de terra vermelha, ou gravadas na pedra. Elas foram feitas com técnicas de sombreamento e aproveitando o relevo da superfície da caverna. ""Elas são muito sofisticadas"", diz Marie Bardisa, a curadora da caverna Chauvet, que também é conhecida como Caverna Decorada de Pont d'Arc. ""Eles usaram as saliências da pedra para criar formas e sombras e expressar muitas coisas. Mais de 400 animais foram pintados aqui e ainda há coisas para descobrir"", afirmou ela. A caverna foi imediatamente fechada para a visitação pública logo após ser descoberta. Segundo Bardisa, a presença de visitantes pode fazer a temperatura da caverna subir rapidamente e causar alterações nas pinturas. ""Não queremos correr esse risco"", disse ela. A decisão foi tomada devido a uma experiência considerada ruim com a caverna de Lascaux, descoberta em 1940. O local, também repleto de figuras rupestres, ficou aberto por cerca de 20 anos para a visitação pública. Mas bolores e bactérias começaram a deteriorar visivelmente as pinturas e o local foi fechado. Cientistas tentam até hoje restaurar os danos, mas eles não têm certeza de que a recuperação será possível. Modelos 3D A réplica da caverna Chauvet fica apenas a alguns quilômetros da original, em uma montanha coberta por uma floresta de pinheiros. Especialistas levaram oito anos para construir o complexo, que inclui modelos em 3D e imagens digitais usadas para recriar as pinturas originais. Alguns dos espaços mais importantes da caverna original foram reproduzidos em tamanho natural. Para que as pinturas ficassem iguais às originais, imagens digitais foram projetadas sobre telas que imitam a superfície da caverna, para orientar o trabalho dos artistas. A réplica da caverna é uma estrutura de metal coberta com concreto - para representar a superfície calcária. As estalactites foram feitas com resina. Até a temperatura tenta reproduzir a original. ""O processo é muito complexo, você tem que respeitar o original. Estamos usando ilusões para recriar composições originais"", disse Gilles Tosello, que trabalhou na reprodução das pinturas. Segundo Jean Clottes, especialista em arte paleolítica, criar réplicas é a melhor forma de contar às ""massas modernas"" a história de seus ancestrais. ""Eles não eram pessoas primitivas, eram pessoas como nós. Humanos modernos datam de 200 mil anos ao menos, então 35 mil anos atrás não é assim tão distante"", disse. Ele disse acreditar que a caverna era um lugar espiritual para esses homens, que se dedicavam a caçar e a coletar alimentos. As imagens de animais da Era Glacial eram associadas a rituais e magias. ""(Essas pessoas) tinham vidas curtas que eram bem diferentes das nossas, mas a partir de sua arte podemos ver como eram inteligentes e que tinham grandes artistas e religião. Eles estão próximos de nós"", disse. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Foto de raposas após batalha mortal rende prêmio de natureza selvagem,"O Museu de História Natural de Londres, no Reino Unido, anunciou os ganhadores do prêmio 'Fotógrafo de Natureza Selvagem do Ano'. O fotógrafo amador canadense Don Gutoski foi o grande ganhador com sua foto de uma raposa vermelha com o corpo ensanguentado de uma raposa do Ártico em sua boca. A competição busca destacar cenas incríveis encontradas na natureza, com foco no comportamento de animais ou em paisagens sublimes. Mais de 42 mil fotos foram enviadas de 96 países para competir em 18 categorias. Confira na galeria algumas da fotografias vencedoras em 2015."
Novas imagens mostram atirador correndo na praia com metralhadora,"Foram divulgadas novas imagens do atirador que matou 38 pessoas, a maioria turistas, na praia de Sousse, na Tunísia, na sexta-feira. Foi o pior ataque na história recente da Tunísia. Segundo autoridades, o atirador, Seifeddine Rezgui, teve cúmplices que lhe deram o rifle usado no ataque. Forças de segurança tunisianas realizaram as primeiras prisões relacionadas à ação. O grupo autodenominado Estado Islâmico assumiu a autoria do ataque."
Concurso de mulheres com 'axilas peludas' gera debate sobre liberdade feminina na China,"""Deveria raspar minha axila?"" Essa é uma pergunta levantada por Xiao Meili, ativista de direitos das mulheres. ""As meninas muitas vezes ficam nervosas por causa dos pêlos nas axilas, como se isso fosse um sinal de sujeira ou falta de civilidade"", diz Xiao. ""Mas devemos ter a liberdade de escolher se queremos aceitar o que cresce naturalmente em nossos corpos."" Xiao, que luta pelo empoderamento feminino, decidiu então lançar um concurso chamado ""Axilas Peludas"" no Weibo, o popular site de microblogging chinês. Ter pêlos no corpo é considerado algo ""masculino"" na China, explica Xiao, mas axilas raspadas ainda estão longe de fazer parte do ideário de beleza tradicional do país. Misterioso e fascinante No passado, os chineses costumavam considerar os pêlos nas axilas das mulheres como algo ""misterioso e fascinante"". O concurso lançado por Xiao cita o exemplo de uma estrela do cinema chinês que deixou os pêlos das axilas crescerem para um papel em um filme ambientado na China dos anos 30. No entanto, muitas pessoas criticaram a abordagem feminista de Xiao sobre o assunto. ""O que é este concurso? Ninguém me obriga a raspar minha axila. Eu faço isso porque acho que ter pêlos debaixo dos braços é nojento"", escreveu uma mulher no Weibo. ""É falta de educação não raspar os pêlos das axilas, independentemente se você é homem ou mulher"", escreveu outro. Defesa 'apaixonada' As provocações e as críticas não eram inesperadas. Mas causou surpresa o entusiasmo das pessoas sobre o concurso: milhares de chineses participaram da discussão. ""Eu amo meus pêlos na axila. Eu defendo o cabelo natural, a autoconfiança e a igualdade"", escreveu uma usuária ao lado de uma foto em que aparece com os braços levantados. Já Li Tingting, outra ativista de direitos das mulheres, publicou uma foto sua seminua em que exibe suas axilas acompanhadas do texto: ""punição à violência doméstica e amor aos pêlos das axilas"". Li deixou recentemente a prisão em liberdade condicional. Ela ficou detida por mais de um mês junto com outros quatro ativistas por organizar um protesto contra o assédio sexual e a violência doméstica. ""Acho que este concurso é muito significativo. O consumismo é baseado no gênero. O mercado está abarrotado de todos os tipos de produtos de depilação para as mulheres"", opina Li. ""Precisamos de espaço para pensar por que as mulheres são forçadas a se depilar."" Ainda monitorada de perto pela polícia, Li diz querer discutir os limites sociais dos corpos de homens e mulheres. ""Na China, os homens andam sem camisa o tempo todo, porque as mulheres não podem fazer o mesmo?"", questiona. ""Nós, mulheres, precisamos libertar nossas mentes e nossos corpos"", defende. ""Para mim, o meu corpo é o meu campo de batalha"". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Facebook restringe vídeos e fotos que mostram violência extrema,"O Facebook começou a colocar advertências sobre vídeos postados em seu site, identificando conteúdos que possam ""chocar, ofender ou indispor"" seus espectadores. Os alertas impedem que os vídeos sejam automaticamente rodados nos ""feeds"" do Facebook –é preciso clicar neles, ao contrário de vídeos comuns. O site também está impedindo que vídeos e fotos chocantes sejam mostrados a qualquer usuário identificado como menor de 18 anos. Mas críticos alegam que a medida é insuficiente para proteger os usuários mais jovens e vulneráveis da rede social. Entre os primeiros posts afetados pela iniciativa estão as imagens que mostram o policial francês Ahmed Merabet sendo morto à queima-roupa em Paris pelos atiradores responsáveis pelo ataque à Charlie Hebdo. O Facebook foi alvo de duras críticas nos últimos anos por permitir que imagens violentas e fortes permanecessem em suas páginas, por conta do interesse público. As diretrizes da empresa vetam materiais que sejam ""compartilhados por prazer sádico ou para celebrar ou glorificar a violência"". No entanto, permitem vídeos noticiosos ou imagens documentárias que retratem decapitações e outros tipos de assassinatos, apesar de eventuais choques que possam causar. E o Facebook é aberto a adolescentes a partir dos 13 anos, mas muitas crianças mais novas driblam as restrições e também usam a rede social. Em agosto passado, polêmicas envolvendo imagens de cabeças humanas colocadas em espetos na Síria levaram o Instituto de Segurança Online da Família (Fosi, na sigla em inglês) - membro do conselho de segurança do Facebook - a exigir mudanças na rede social. CAPAS Stephen Balkam, executivo-chefe da organização, disse à BBC que queria que capas fossem colocadas sobre vídeos e fotos chocantes, para impedir que fossem vistas sem uma advertência, e que um ""portão"" dificultasse seu acesso por jovens com menos de 18 anos. O Facebook confirmou que começou a implementar esse sistema em dezembro, aplicando-o a materiais fortes denunciados por usuários. ""Quando as pessoas compartilham coisas no Facebook, esperamos que o façam com responsabilidade, incluindo escolher quem vai ver esse conteúdo"", disse à BBC uma porta-voz da empresa. ""Também pedimos que as pessoas advirtam sua audiência quanto ao que estão prestes a ver caso o vídeo contenha violência. Em casos em que as pessoas denunciam conteúdo forte a nós, que não seja apropriado para menores de idade, podemos acrescentar uma advertência para adultos e impedir que jovens vejam o conteúdo."" A porta-voz acrescentou que os engenheiros do Facebook ainda pretendem aperfeiçoar o método, o que pode incluir advertências em vídeos do YouTube (algo que não é possível atualmente) ou sobre fotografias perturbadoras que estejam disponíveis para adultos. Balkam elogiou a iniciativa do Facebook. ""Também acho que é uma linha muito tênue entre proteção de usuários e proteção da liberdade de expressão, e acho que eles acertaram."" DECAPITAÇÕES O Facebook já havia experimentado uma forma mais básica de alerta a vídeos de decapitações datados de outubro de 2013, depois de o premiê britânico David Cameron ter dito que a empresa era ""irresponsável"". Mais tarde, tais vídeos foram completamente banidos. A medida recém-adotada pelo Facebook foram bem vistas pela Childnet International, ONG londrina que também aconselha a rede social. ""É um passo muito bom para tentar proteger as pessoas desse tipo de conteúdo, e estamos felizes que haja barreiras a menores de idade"", disse Will Gardner, executivo-chefe da ONG. ""É preciso reconhecer que as pessoas nem sempre se inscrevem (na rede social) com sua idade verdadeira. É importante agir para protegê-las de conteúdo prejudicial e perturbador que elas não querem ver."" Mas o psicólogo Arthur Cassidy, de uma organização de prevenção ao suicídio, acredita que o Facebook deva implementar um veto a vídeos e fotos de violência extrema, argumentando que é o grande número de crianças que usam a rede social e que muitas podem tentar driblar as novas restrições. ""No fim das contas, advertências não impedem que jovens vejam conteúdo incômodo e que pode causar danos psicológicos"", opina. ""Eles ainda vão querer assistir, independentemente de quão grotesco seja. E isso tem o potencial de influenciar o comportamento dos que podem se tornar eles próprios agressores."""
Rio Tâmisa tem focas e baleias 50 anos após 'morte' por poluição,"O rio Tâmisa, que cruza a capital britânica, Londres, já foi chamado de ""O Grande Fedor"" e declarado ""biologicamente morto"", mas atualmente, vive uma espécie de renascimento. A Sociedade Zoológica de Londres (ZSL, na sigla em inglês) afirma que, nos últimos dez anos, foi informada sobre o avistamento de 2.732 mamíferos de grande porte. Focas são os animais mais vistos, com registro de vários espécimes inclusive na região de Canary Wharf, conhecida por seus modernos arranha-céus. Também foram documentados no rio 444 botos e golfinhos, além de 49 baleias. ""Muitos olham para o Tâmisa e veem um ambiente turvo e sujo. Mas, na verdade, sob a superfície, está cheio de vida. Temos uma enorme variedade de peixes, invertebrados e grandes predadores"", afirmou Joanna Barker, gerente europeia de projetos da ZSL. Em 1957, o Tâmisa andava tão sujo que autoridades o declararam ""biologicamente morto"". A situação era pouco melhor do que um século antes, quando o rio era conhecido pelo apelido carinhoso de ""Grande Fedor"". RIO ACIMA Hoje, a situação mudou tanto que cada vez mais animais se aventuram rio acima. Focas já foram vistas até em localidades no sudoeste, além do centro de Londres, como Teddington e o palácio de Hampton Court. Grandes grupos de golfinhos e botos também já foram avistados perto de Kew Gardens e Deptford. Em 2006, uma baleia-bico-de-garrafa causou burburinho ao nadar o rio até a altura do centro de Londres. Ela acabou morrendo. Outras baleias mais saudáveis já foram vistas nos arredores de Gravesend, no condado de Kent. ""O fato de termos visto tantos animais na região central de Londres indica que os estoques pesqueiros são grandes o suficiente para alimentar estes grandes predadores"", afirmou Barker. Além de compilar uma lista de avistamentos enviados pelo público, a equipe da ZSL também realiza pesquisas detalhadas sobre focas no estuário do Tâmisa. Nos três últimos anos, os cientistas vêm usando barcos e até aviões para monitorar o número de focas no rio. Eles estimam que até 670 focas-comuns vivam no estuário. O número de focas-cinzentas é desconhecido, mas elas também parecem estar se proliferando na região. ""Essa é uma região bastante abrigada, se comparada ao Mar do Norte, e há diversos ambientes e habitats diferentes para mamíferos marinhos"", afirmou Barker. ""Por isso, consideramos Londres e o estuário do Tâmisa um ambiente importante para estas espécies."" A ZSL pede a colaboração de todos para enviarem fotos e outros registros de avistamento de mamíferos marinhos no Tâmisa."
Brasil (de novo) sem WhatsApp: Entenda polêmicas do app no mundo,"A juíza Daniela Barbosa, da 2ª Vara Criminal de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, ordenou que todas operadoras de telefonia bloqueiem o WhatsApp no Brasil –é a quarta vez que o aplicativo deixa de funcionar no país após uma decisão judicial. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a determinação ocorreu depois de o aplicativo se negar a fornecer informações sobre uma investigação criminal. As empresas de telefonia foram notificadas da decisão às 11h30 desta terça-feira (19). A multa diária caso a decisão judicial seja desrespeitada é de R$ 50 mil. Em sua defesa, o WhatsApp afirma já não ter o conteúdo das conversas requisitadas –o aplicativo agora usa a criptografia ""end-to-end"", na qual só as pessoas que participam do bate-papo podem ler o que é escrito nele. Mas não é só no Brasil que o aplicativo vive sob ameaça. OUTROS PAÍSES Em locais como Arábia Saudita, Irã, Reino Unido e Bangladesh, por exemplo, já houve discussão sobre a retirada do aplicativo do ar –em alguns deles, o app foi suspenso por tempo determinado. Em alguns países, a iniciativa de discutir bloqueios ao uso do WhatApp parte de seus setores de segurança, que argumentam ser mais difícil monitorar mensagens –que são encriptadas– enviadas pelo aplicativo do que ligações telefônicas ou e-mails, por exemplo. Argumenta-se, porém, que se o WhatsApp permitisse o relaxamento na encriptação das mensagens, isso ameaçaria a privacidade dos usuários e os deixaria mais vulneráveis à ação de criminosos cibernéticos. No Reino Unido, o então primeiro-ministro David Cameron criticou a falta de colaboração da empresa em investigações –no caso britânico, a preocupação é com terrorismo. Em um discurso em janeiro do ano passado, o britânico disse que tentaria proibir serviços de mensagens encriptadas, como as do WhatsApp e do Snapchat, caso os serviços de inteligência do país não pudessem acessar o conteúdo. A declaração foi feita após os ataques à revista satírica Charlie Hebdo em Paris, que aumentaram o temor sobre ameaças terroristas. Já havia uma pressão para que empresas como Google e Facebook fornecessem mais informações sobre atividades de seus usuários. Ambas as plataformas são usadas como espaço de propaganda e recrutamento de grupos radicais pela internet. ""Vamos permitir meios de comunicação que são impossíveis de ler? Minha resposta é: não, não devemos fazer isso"", disse Cameron. Em junho de 2015, o assunto voltou à tona no Reino Unido com a discussão de uma nova lei de comunicações de dados. SEGURANÇA NACIONAL Ameaças de terrorismo ou à segurança nacional também serviram de justificativa para o bloqueio do serviço em outros países. Muitos desses governos, no entanto, foram acusados de restringir a liberdade de expressão. Na Arábia Saudita, houve uma ameaça de retirar o WhatsApp do ar em 2013 porque o serviço não estaria se adequando às regras de Comissão de Comunicações e Tecnologia da Informação. Na época, o país chegou a tirar do ar o Viber, aplicativo de mensagens e chamadas de voz pela internet, pelo mesmo motivo. ""Terroristas e elementos criminosos estão usando essas redes para se comunicar"", disse uma autoridade do Paquistão para justificar a suspensão do aplicativo em uma província, segundo a imprensa local. Em Bangladesh, o serviço foi bloqueado duas vezes. Na primeira, em janeiro de 2015, o governo afirmou que havia ameaças de terrorismo e que era difícil monitorar comunicações pelo aplicativo. Em novembro, houve um bloqueio mais drástico: o WhatsApp e o Facebook saíram do ar por quase três semanas após a Justiça do país confirmar a condenação à morte de dois homens por seu envolvimento em crimes de guerra na luta por independência do país nos anos 1970. O bloqueio do WhatsApp teria ocorrido para evitar tumultos. Em 2014, o presidente do Irã, Hassan Rouhani, considerado moderado, precisou se empenhar pessoalmente para liberar o aplicativo. Setores linha dura do governo queriam proibir o uso do aplicativo no país devido à aquisição do WhatsApp pelo Facebook –cujo dono, Mark Zuckerberg, seria uma ""americano sionista"", segundo o comitê do país responsável pela internet. Na Síria em guerra, o WhatsApp foi suspenso em 2012. ""Um golpe na liberdade de expressão e nas comunicações em todo lugar. Um dia triste para a liberdade"", publicou o WhatsApp em sua conta no Twitter à época."
Mascote 'assustador' ajuda a viralizar time desconhecido escocês,"Kingsley, ao lado de seu criador, o cartunista David Shrigley Dentro da máxima de que não existe má publicidade, o clube de futebol Partick Thistle, da Escócia, não tem muito do que reclamar. A pequena equipe da já tímida liga escocesa, uma prima pobre dos dois grandes rivais da cidade de Glasgow, o Celtic e o Rangers, ""viralizou"" essa semana quando divulgou imagens de um novo mascote que foi imediatamente ""deserdado"" pelos torcedores. 'Assustador' Criado pelo artista escocês David Shrigley, que já foi finalista do Turner Prize, a mais importante honraria britânica para as artes plásticas, o mascote criou controvérsia justamente por fugir dos padrões estéticos mais comuns - em vez de bichos, Shrigley, torcedor do Thistle, produziu uma criatura inspirada no logotipo do novo patrocinador do time - o sol nascente do fundo de investimentos americano Kingsford Capital Management. O logo do patrocinador do time também foi redesenhado pelo artista. O problema é que, para muitas pessoas, o mascote, Kingsley, ficou longe do que esperavam de um personagem para animar a torcida. O logo do patrocinador do time também foi redesenhado Nas mídias sociais, torcedores compararam Kingsley a uma versão maléfica da personagem Lisa, do desenho animado Os Simpsons. Houve ainda quem visse um Pokemon malvado e que temesse ver os torcedores mais jovens com medo. No entanto, o mascote inspirou um festival de memes na internet - incluindo alguns usando a Santa Ceia - e despertou uma atenção internacional que o Thistle até hoje jamais alcançou com seus resultados em campo. Até porque o debate chegou ao meio artístico: crítico de arte do jornal britânico The Guardian, Jonathan Jones exaltou a alternativa do clube por algo fora dos padrões. ""Bons artistas não fazem coisas fofinhas e David Shrigley capturou com esse mascote a essência da agressividade esportiva. Esse mascote grotesco é pura arte"", afirmou Jones, que comparou Kingsley às criaturas surrealistas concebidas pelo pintor catalão Joan Miró. O Thistle, porém, prefere confiar numa ofensiva de charme: nesta quarta-feira, o mascote passeou pelas ruas de Glasgow, a convite do jornal escocês The Daily Record. No entanto, o mesmo jornal fez uma enquete perguntando a seus leitores se Kingsley era o ""pior mascote de todos os tempos"". Até a tarde de quarta-feira, 66% dos votantes tinham respondido ""sim"". Curiosamente, o antecessor de Kingsley, a abelha Jaggy McBee, também recebeu algumas críticas do público e da mídia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Professora vítima de agressão em MG é transferida; futuro de aluno é incerto,"A professora que foi agredida por um adolescente de 14 anos dentro da biblioteca de uma escola estadual em Araçuaí (MG) será transferida para outro colégio, informou o governo de Minas Gerais à BBC Brasil. A agressão foi filmada por alunos no mês passado e se espalhou pelas redes sociais há pouco mais de uma semana. O vídeo já foi visto mais de 1,5 milhão de vezes –repercussão sem precedentes para a cidade de apenas 37 mil habitantes no vale do Jequitinhonha. Segundo a SEE (Secretaria Estadual de Educação de Minas), a decisão pela transferência foi tomada em comum acordo entre professora, direção da escola e especialistas da secretaria. A pasta, entretanto, afirma não ter detalhes sobre quando isso acontecerá, nem sobre a escola de destino da profissional. Já o futuro do aluno é incerto. A BBC Brasil apurou que o adolescente é atendido há dois anos por assistentes sociais do Estado e recebe ajuda psicológica há três, no CAPs (Centro de Assistência Psicossocial) local. No ano passado, ele chegou a ser internado após agredir um homem com um tijolo. Segundo a SEE, para que o aluno seja transferido para outra escola, é necessário o consentimento da família. Além disso, é preciso que existam vagas disponíveis em colégios próximos à residência do estudante –algo pouco provável na pequena cidade de Araçuaí. ""A Secretaria de Estado de Educação tem como princípio a inclusão do estudante e não a exclusão, garantido o direito à educação pública, conforme previsto no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente)"", afirmou a pasta, em nota, à BBC Brasil. Como o ECA garante o direito à educação para menores de idade, alunos da rede pública não podem ser expulsos, como ocorre em casos extremos na rede privada. A regra não é exclusividade brasileira. No Reino Unido, por exemplo, alunos violentos de colégios públicos só podem ser expulsos se tiverem vaga assegurada em outra escola na região. DESCOMPASSO ""É mais habitual a professora sair da escola do que o aluno sair, diante de casos como estes"", disse à BBC Brasil o pedagogo Luciano Campos da Silva, professor da Universidade Federal de Ouro Preto e especialista em Sociologia da Educação, horas antes de a reportagem descobrir que a professora de fato seria transferida. Ele afirma que as instituições envolvidas em casos como o registrado em Araçuaí –governo, Polícia, Ministério Público e Defensoria Pública– ""têm um tempo de ação"" até que decisões efetivas sejam tomadas e transformações sejam percebidas. ""A questão é que a escola não tem este tempo. Tem aula todos os dias. Professores, direção e aluno estão diariamente ocupando o mesmo espaço"", explica. ""Em casos extremos como este, se não há outra escola para transferência, se o aluno é reincidente e se não há mobilização efetiva do Estado e da Justiça, resta à comunidade se mobilizar."" 'De luto', professores, alunos e moradores vestidos de preto caminharam até a escola onde a agressão foi filmada Foi o que ocorreu nesta quarta-feira. Um protesto organizado por professores, alunos e moradores vestidos de preto percorreu ruas da cidade e terminou na portaria da escola onde a agressão foi filmada. Os muros do colégio foram cobertos com lonas pretas pelos manifestantes, que pressionam o governo estadual por providências práticas. Mais do que punição ao estudante, os manifestantes pediam mais atenção do governo estadual à precariedade das escolas da região. Simultaneamente ao protesto, duas profissionais enviadas pelo governo mineiro à cidade realizavam reuniões com os envolvidos no caso. COMPLEXIDADE As representantes do governo mineiro se encontraram com o aluno, o pai e a mãe do jovem, com a professora, junto a seu advogado e sua mãe, e com professores e a direção da escola –além de técnicos de Saúde e de Assistência Social do Estado. Os encontros darão origem a ""um plano de atendimento ao estudante e sua família"", segundo a SEE –que não informa quando ele estará pronto, nem quais pontos serão abordados. ""O foco da atuação da SEE é sempre o educacional e o preventivo"", explica a Secretaria de Educação. No vídeo filmado pelos alunos do colégio mineiro, o jovem agressor chega a passar a mão nas nádegas e tocar os seios da professora - ao fundo, escutam-se os risos de outros estudantes. ""O caso em Araçuaí é complexo e as medidas a serem tomadas devem ser intersetoriais e atenderem tanto o direito do estudante quanto o da professora envolvida"", afirma o governo de Minas, que também promete um ""plano de mediação de conflitos específico para a escola"". Procurado, o Ministério da Educação, em Brasília, afirmou que ""a responsabilidade pela educação básica e pela gestão das redes de ensino é de Estados e municípios"", e disse que apoia, desde 2011, projetos de extensão ""em direitos humanos, prevenção e enfrentamento ao preconceito, à discriminação e à violência no ambiente escolar""."
Brasileiros usam cruzeiros para tentar migrar para os EUA,"Navios de cruzeiro que circulam entre a Flórida e o Caribe se tornaram uma alternativa para brasileiros que tentam migrar ilegalmente para os Estados Unidos. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, 90 brasileiros foram detidos só em 2015 nas Bahamas ao tentar chegar à costa dos Estados Unidos sem a documentação adequada. Não foram divulgados detalhes sobre as circunstâncias em que eles foram detidos, mas sabe-se que eles tentavam entrar ilegalmente nos EUA. O número –divulgado após uma consulta da BBC Brasil– já supera o total de detenções em todo o ano passado (80). País arquipélago a 80 quilômetros do litoral da Flórida, as Bahamas são um popular destino turístico no mar caribenho. O ministério diz que a maior parte dos detidos tentava alcançar os Estados Unidos em navios turísticos. Segundo especialistas em assuntos migratórios, os detidos podem ter tido a entrada negada nos Estados Unidos e sido entregues a autoridades das Bahamas ou, se viajavam em barcos independentes, interceptados no meio do caminho e obrigados a voltar ao arquipélago. Alguns podem ainda ter sido detidos antes de embarcar, se as autoridades suspeitavam que planejavam chegar ilegalmente à Flórida. Também não há dados sobre brasileiros que conseguiram entrar ilegalmente no país com essas embarcações. O governo brasileiro estima que 1,2 milhão de brasileiros morem nos Estados Unidos, 730 mil dos quais irregularmente. A maioria ingressou no país de avião, com vistos de turistas, ou atravessando a fronteira com o México. RISCOS E DESINFORMAÇÃO O desânimo sobre a situação no Brasil e a falta de informações sobre os riscos da travessia marítima estão por trás do aumento nas tentativas de migração pelo mar, diz o advogado brasileiro Alexandre Piquet, que atende imigrantes na Flórida há 16 anos. Segundo ele, pequenos grupos de brasileiros têm migrado aos Estados Unidos em embarcações que partem das Bahamas há muito tempo, mas desde o fim do ano passado o fluxo se intensificou. ""O pessoal acha que, como os navios são turísticos, o controle migratório é mais frouxo e eles não correm riscos de serem barrados."" Segundo Piquet, a rota é usada por dois tipos de passageiros. Um é composto por pessoas que viajam de avião até as Bahamas e, de lá, tentam chegar aos Estados Unidos em navios ou barcos clandestinos. As Bahamas não exigem vistos de brasileiros para viagens de turismo de até 15 dias. O outro grupo é formado por brasileiros que já estão nos Estados Unidos com vistos de turista e viajam às Bahamas em cruzeiros achando que, ao regressar, terão o prazo de permanência renovado. Segundo o advogado, quando notam que o passageiro deixou os Estados Unidos apenas para renovar o prazo de estadia, os agentes migratórios podem rejeitar a entrada e ordenar que ele seja devolvido ao ponto de embarque. No caso dos que partem das Bahamas, eles têm de voltar ao arquipélago e, de lá, são obrigados a retornar ao Brasil. Em outros casos, os migrantes podem ficar detidos nos Estados Unidos e deportados por ordem de um juiz de imigração. A agência americana de alfândega e proteção de fronteiras diz que 25 brasileiros foram detidos no litoral sul da Flórida no atual ano fiscal, que vai de outubro de 2014 a 30 de setembro de 2015. O dado, que contabiliza casos de brasileiros que chegaram a entrar em território americano até o fim de junho, já iguala o total de detenções em todo o ano fiscal de 2014. Em 2012, houve 22 detenções de brasileiros e, em 2013, 20. O número de detenções de pessoas de todas as nacionalidades também está em alta: passou de 4.478, em 2012, a 6.588, em 2014. A agência não diz quantos dos detidos viajavam em cruzeiros e quantos estavam em barcos clandestinos. RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS Carey Davis, diretor da agência americana de alfândega e proteção de fronteiras, afirma que cabe às empresas que operam os cruzeiros impedir que passageiros sem documentos embarquem para os Estados Unidos. A legislação americana prevê multa de US$ 3.300 (R$ 11 mil) às companhias por cada passageiro embarcado que não cumpra os requisitos para entrar no país. Segundo Davis, autoridades migratórias americanas checam os documentos de todos os passageiros no porto de chegada. Dois brasileiros que viajaram em cruzeiros das Bahamas a Miami nos últimos anos, porém, disseram que só tiveram os documentos checados por funcionários do próprio navio, ainda nas Bahamas. A reportagem questionou três das principais empresas que operam rotas entre a Flórida e o arquipélago –a Royal Caribbean, a Carnival e a Disney Cruise Lines– sobre o que faziam para evitar que passageiros usassem seus navios para migrar ilegalmente aos Estados Unidos. Apesar de repetidas cobranças por e-mail e telefone, nenhuma delas respondeu os questionamentos. Procurado, o governo das Bahamas tampouco se expressou sobre a detenção de brasileiros. FALHAS DE SEGURANÇA Há relatos antigos sobre o uso de navios de cruzeiro por pessoas que buscavam migrar aos Estados Unidos. Em 1994, uma reportagem do The New York Times denunciou falhas no controle migratório nessas embarcações. ""Para imigrantes ilegais, entrar nos Estados Unidos pode ser tão simples quanto se agarrar às escadas de um navio de cruzeiro nas Bahamas e descer no sul da Flórida algumas horas depois - sem nem mostrar qualquer prova de cidadania ou trocar uma só palavra com um inspetor da imigração"", dizia a reportagem. Há ainda relatos de brasileiros detidos ao tentar viajar das Bahamas aos Estados Unidos em barcos clandestinos, um dos principais métodos usados por cubanos que migram ao país. Em 2012, uma embarcação que levava 15 brasileiros para a Flórida foi interceptada e obrigada a retornar a Nassau, capital das Bahamas. O grupo foi deportado para o Brasil. Também há registros de brasileiros mortos em naufrágios no trajeto. FUGA DE CÉREBROS O advogado Alexandre Piquet diz que, desde novembro de 2014, seu escritório em Miami têm atendido um grande número de brasileiros que desejam migrar legalmente aos Estados Unidos. O aumento coincidiu com a reeleição da presidente Dilma Rousseff. ""Existe um sentimento generalizado de frustração e de descrença nas instituições"", diz. ""São pessoas que jogaram a toalha e não veem a luz no fim do túnel"". Piquet aponta uma diferença entre o fluxo atual de migrantes e o que chama de ""grande êxodo da década de 1990"". ""Antes vinha uma mão de obra menos qualificada, gente que chegava para ralar na construção civil, construir a vida do zero. Agora vêm profissionais liberais com grande qualificação, pessoas com nível superior, empresários."" Segundo Piquet, ""o Brasil está perdendo talentos"" para um país que sabe recebê-los. ""São pessoas competentes e honestas que vão usar sua força e sucesso em outro país. Será um grande rombo para o Brasil""."
Menino autista é encontrado após cinco dias perdido na Austrália,"Um menino australiano de 11 anos que desapareceu durante uma viagem da família a um parque nacional do país há cinco dias foi encontrado vivo. Luke Shambrook, que tem autismo, foi encontrado a três quilômetros do acampamento onde estava o resto de sua família, perto do lago Eildon, no Estado de Victoria, sul da Austrália. O menino foi levado para o hospital com hipotermia, mas, segundo a polícia, ele não parecia ter sofrido ferimentos. Dezenas de turistas que visitavam a região ajudaram nas buscas durante o fim de semana. Luke se afastou do acampamento Candlebark, no parque nacional Fraser, uma popular área de turismo na Austrália, por volta do meio-dia da sexta-feira (3). Ao perceber a ausência do menino, a família deu o alerta. Os policiais saíram a cavalo, motos e caminhando. Além disso, outros voluntários e turistas que acampavam no local se juntaram às buscas, procurando por Luke em poços, tocas de animais e embaixo de árvores. Mergulhadores Os mergulhadores da polícia também procuraram por Luke em lagos e canais da região, enquanto pilotos da polícia faziam buscas aéreas. A mãe de Luke informou que ele tem fascinação por água e gosta de se esconder em locais pequenos. Na segunda-feira (6), as equipes de buscas encontraram o gorro de Luke em uma trilha. Então, na terça-feira (7), um helicóptero da polícia conseguiu localizar o menino em uma mata e enviou uma equipe de paramédicos. Luke recebeu o primeiro atendimento no local e então foi levado para um hospital próximo. Luke A polícia de Victoria divulgou um vídeo no Instagram mostrando o momento em que um policial conseguiu chegar até Luke, que estava deitado no chão em uma trilha em um morro. A polícia agradeceu a todos os envolvidos na operação, pelo ""imenso apoio da comunidade"". O comandante interino da polícia, Rick Nugent, disse que a família de Luke está ""aliviada""."
Ex-'barwoman' de David Bowie cria 'império do suco' de R$ 700 mi,"Phil Mercer da BBC News em Sydney Na adolescência, uma viagem ""mochilão"" da australiana Janine Allis a levou a fazer drinks para estrelas do rock no iate particular de David Bowie. A experiência a ajudou a criar um 'império' de casas de suco com vendas globais anuais de mais de 300 milhões de dólares australianos (R$ 720 milhões). Quinze anos depois de ter seu primeiro estabelecimento aberto, a empresa Boost Juice Bars tem 400 lojas em 13 países e consome, anualmente, 49 milhões de mirtilos e três milhões de bananas. Nada mal para uma garota que nasceu no subúrbio de Melbourne - segunda maior cidade da Austrália -, saiu da escola aos 16 anos e, em vez de ir para a universidade, trabalhou em três empregos para pagar por uma aventura no mar que a deixaria mais forte para enfrentar as batalhas que encontraria no mundo dos negócios. Era 1984, ela anunciou à família que faria um ""mochilão"" pelo mundo. A viagem de Janine, no entanto, durou muito mais do que o previsto, e a levou a passar dois anos fazendo e servindo bebidas no iate particular do astro do rock britânico David Bowie, para personalidades como a princesa Margaret - irmã da rainha Elizabeth 2ª - e celebridades como o ator Robin Williams. Quase sete anos depois de sua partida, ela voltaria para a Austrália com um filho de dois anos. Controlando o destino ""Viajar me ensinou a ser tenaz e a pensar rápido"", diz Janine, na sede de sua empresa em Melbourne. ""Quando eu trabalhei para Bowie, aprendi que há boas e más pessoas, sejam elas ricas, pobres ou agricultores locais. É um excelente insight sobre os seres humanos."" Janine trabalhou como assessora de imprensa em um estúdio de cinema, teve uma experiência mal sucedida como editora de livros e até viajou pela Austrália com comediantes que não conseguiam ganhar dinheiro. Mas foi no final dos anos 1990 que a semente para sua rede global de casas de suco foi plantada. Inspirada pela experiência de criar receitas de bebidas para os ricos e famosos, ela diz ter decidido ""controlar meu próprio destino"". ""Quando trabalhei com Bowie, aprendi que há boas e más pessoas, sejam elas ricas, pobres ou agricultores locais"", diz Allis Além disso, ela percebeu que ser sua própria chefe poderia trazer uma rotina mais flexível, já que havia acabado de ter seu terceiro filho. ""Eu fui aos Estados Unidos e vi que sucos e smoothies (vitaminas de frutas) estavam começando a virar moda. Ao voltar para a Austrália não havia nada saudável e o aumento da obesidade estava completamente relacionado com o aumento do consumo de fast food"", diz. ""Pensei: 'Não seria ótimo se eu pudesse criar um produto que tornasse ser saudável mais fácil?'. Só tinha experiências sendo babá e barwoman em um barco, mas escrevi um plano de negócios e fui em frente."" Rápido demais Em março de 2000, Janine abriu o primeiro Juice Boost Bar. No entanto, ela preferiu fazê-lo em Adelaide, e não em Melbourne, porque acreditava que seria mais fácil testar o conceito em um mercado menor. Com empréstimos bancários - em que teve de ceder sua casa como garantia -, Janine e seu marido Jeff, que ajuda a administrar o negócio, abriram 100 lojas em quatro anos e levaram a empresa a todos os Estados australianos. Hoje, a Boost Juice Bars também tem lojas no Chile, na Inglaterra, na China, na Índia, na Alemanha e na África do Sul. Ao lembrar destes primeiros anos, Janine admite que sua empresa cresceu rápido demais, que ela não tinha infraestrutura suficiente e que, por algum tempo, negligenciou os clientes. A empresária, no entanto, diz ter conseguido corrigir o rumo da empresa. ""Frequentemente penso no meu negócio como uma criança. Quando você começa uma empresa e ela está em estágio de incubação, ela precisa de você 100% do tempo"", afirma. Seus filhos hoje têm 24, 18, 16 e seis anos, mas Janine diz que, em alguns momentos, a busca pelo crescimento da empresa veio antes da vida em família. ""Você tem esse monstro que é o seu negócio, que suga completamente seu tempo e sua energia. As pessoas dizem 'quero equilíbrio na vida', mas, para fazer um negócio de sucesso, você precisa dar a alma."" Após 16 anos, ela diz ter alcançado o equilíbrio que buscava entre ser mãe e ser uma multimilionária self-made. Mesmo assim, continua querendo expandir. ""A primeira coisa que me motivou a ter uma carreira foi o medo. Em determinado momento, tínhamos obrigações financeiras de mais de 20 milhões de dólares australianos, então vendemos nossa casa para colocar todo o dinheiro que tínhamos no negócio"", afirma. ""Não havia plano B, e isso, em alguns aspectos, ajuda, porque fica muito difícil. É como escalar o (monte) Everest... você precisa continuar até o topo."" BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Cidades brasileiras despencam em ranking de crescimento econômico,"Oito de 11 metrópoles brasileiras despencaram no ranking de crescimento econômico elaborado pelo centro de estudos Brookings Institution, dos Estados Unidos. Este centro analisa anualmente o desempenho das 300 maiores economias metropolitanas do mundo com base na evolução do seu PIB (Produto Interno Bruto) per capita e da criação de empregos. Salvador foi a cidade que mais perdeu posições, passando do 64º lugar em 2013 do estudo para 266º neste ano, com uma queda de 0,9% do PIB per capita e um aumento de 0,5% na taxa de emprego. Porto Alegre foi a segunda cidade do país com a maior piora, ao passar do 158º para o 290º lugar. A capital gaúcha teve uma redução de 1,7% no PIB per capita e de 0,2% na taxa de emprego. Além destas, São Paulo, Campinas, Brasília, Curitiba, Vitória e Fortaleza caíram no ranking. Já Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte melhoraram de posição. Mas, de forma geral, o desempenho das cidades do país presentes no estudo decepcionou no ano passado, mesmo os das três que galgaram posições. A queda no PIB per capita foi quase uma constante entre as metrópoles brasileiras. Somente Recife, em 200º lugar, teve um ligeiro aumento, de 0,2%. REFLEXO Segundo Jesus Trujillo, coautor do estudo, assim como as economias de maior crescimento obtiveram um bom resultado embaladas pelo bom desempenho da economia nacional, o resultado ruim das cidades do Brasil é um reflexo do mau momento pelo qual passa a economia do país. ""O ano de 2014 foi ruim para a economia brasileira. O menor crescimento chinês afetou o crescimento da América do Sul, especialmente o do Brasil. Além disso, a economia global vem numa trajetória de recuperação lenta desde a crise de 2008. Por fim, a população cresceu mais do que o PIB, gerando um impacto negativo no PIB per capita"", afirma o pesquisador. ""Ainda assim, sete das 11 cidades tiveram um crescimento maior do que o da economia nacional e continuarão a ter um papel importante para a performance da economia brasileira no futuro."" Para Antonio Carlos Porto Gonçalves, professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças da FGV (Fundação Getúlio Vargas), o ano passado foi especialmente ruim para as economias metropolitanas por causa de sua dependência da produção industrial. ""No interior, o desempenho econômico foi melhor, porque as commodities estavam com um bom preço, mas vimos uma recessão de 4% na indústria brasileira, e também foi um ano ruim para exportação"", afirma o economista. ""É um indicador de que a economia do Brasil não está bem."" EMPREGO O Rio de Janeiro obteve na melhor posição na lista entre as cidades do país, mas ainda assim ficou em apenas 162º lugar –32 posições a mais do que no ano passado, quando estava em 194º. A cidade teve um aumento de 1,8% no emprego, mas sofreu uma redução de 0,2% no PIB per capita no último ano. ""O aumento da taxa de emprego foi a principal razão da melhora de posição do Rio no ranking, e isso ocorreu por causa dos setores de construção, serviço e turismo, com a Copa e as Olimpíadas, aumentando também o consumo"", afirma Trujillo. Copa e Olimpíadas tiveram um impacto posituivo na criação de emprego no Rio Mas Gonçalves, da FGV, acredita que a tendência é de piora na posição da capital fluminense no ranking. ""Houve muitas obras na cidade e isso emprega muita gente, mas é passageiro. Por isso, vai piorar no próximo ano, ainda mais com a crise em torno da Petrobras, que emprega muitas pessoas na cidade, e a suspensão de investimentos e a maior dificuldade da empresa em conseguir recursos"", diz o economista. HISTÓRICO São Paulo e Campinas, dois dos mais importantes centros econômicos do país, ficaram nas últimas posições da lista. Em 284º lugar, São Paulo não teve aumento nem redução do emprego entre 2013 e 2014. Entretanto, seu PIB per capita caiu 1,1%. Campinas ficou em 291º lugar, a pior posição entre todas as metrópoles do Brasil. A cidade não teve variação na taxa de emprego, mas seu PIB per capita caiu 2,2% entre 2013 e 2014. Trujillo, do Brookings Institution, acredita ser necessário analisar o histórico das cidades brasileiras no ranking para ter uma visão mais ampla de sua performance econômica. No caso de São Paulo, por exemplo, a cidade teve o 95º melhor desempenho entre 2000 e 2014, com um aumento de 2,2% do emprego e de 1,9% no PIB per capita. Já entre 2009 e 2014, a capital paulista fica na 136ª posição. ""As cidades brasileiras passaram de forma geral por um crescimento impressionante desde o ano 2000, mas agora estão em um grupo de ritmo mais moderado, o que indica uma necessidade de buscar novas fontes de crescimento para a economia nacional, especialmente melhorando a produtividade"", afirma Trujillo. ""Todos os indicadores indicam que a performance das cidades brasileiras em 2015 será bem similar ao deste ano, se não for pior."""
"Contra reprodução de estereótipos, campanha pede proibição de robôs sexuais","Contra a reprodução de estereótipos, ativistas lançaram uma campanha pressionando pela proibição ao desenvolvimento de robôs para fins sexuais. Segundo a responsável pela iniciativa, Kathleen Richardson, o uso da tecnologia é ""desnecessária e indesejável"". Nos últimos anos, as famosas 'bonecas infláveis' vêm se sofisticando na medida em que empresas do setor buscam adaptá-las com inteligência artificial. O intuito dessas companhias é torná-las cada vez mais semelhantes a seres humanos. Kathleen, que é professora da Universidade de Montfort, em Leicester, diz que lançou a campanha para aumentar a conscientização sobre o tema. Ela também afirma querer persuadir as empresas que desenvolvem robôs sexuais a repensar o uso dessa tecnologia. ""Robôs sexuais parecem ser um foco crescente na indústria de robôs e os modelos que se apresentam como mais atraentes —como eles vão se parecer, quais papeis eles vão desempenhar— são cada vez mais perturbadores"", disse ela à BBC. Kathleen diz acreditar que esses robôs reforçam os estereótipos tradicionais das mulheres bem como a percepção de que o relacionamento entre duas pessoas não pode ir além do sexo. ""Acreditamos que a criação de tais robôs contribuirá para prejudicar as relações entre homens e mulheres, adultos e crianças, homens e homens e mulheres e mulheres"", afirmou ela. A empresa Abyss Creations, que fabrica e vende brinquedos sexuais masculinos e femininos, está começando a introduzir componentes eletrônicos em seus produtos. Enquanto isso, outra companhia, a True Companion, reivindica para si a autoria do ""primeiro robô sexual do mundo"" e promete lançar a primeira boneca do tipo, Roxxxy, no final deste ano. Leia também: Quais profissões estão ameaçadas pelos robôs? DEMANDA REPRIMIDA O CEO da empresa, Douglas Hines, diz acreditar que há uma demanda reprimida entre os consumidores de produtos eróticos. ""Não estamos substituindo o ser humano de carne e osso. Trata-se de uma solução para pessoas que estão solteiras ou para alguém que perdeu a esposa ou marido"". ""As pessoas podem buscar a felicidade de outras formas que não a interação humana"", acrescentou ele. Em entrevista à BBC, Hines disse esperar que Roxxxy se torne o primeiro robô sexual capaz de falar com seu usuário e aprender o que lhe agrada ou lhe desagrada. ""O ato sexual será apenas uma pequena parte do tempo que você passa com este tipo de robô —a maioria do tempo você vai passar socializando e interagindo"", disse ele. Alguns especialistas, no entanto, permanecem céticos quanto aos planos da companhia, dada a imensa complexidade de criar máquinas inteligentes. Mas a primeira versão —que será vendida por US$ 7 mil (R$ 28 mil)— já tem milhares de pré-encomendas, afirmou Hines. Para Kevin Curran, do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos do Reino Unido, tais produtos devem ganhar força no mercado. ""Seria ingênuo ignorar a demanda do mercado por 'robôs sexuais'"", disse ele à BBC. ""Basta adicionar 'pele' a esses robôs para transformá-los em companhias atraentes. Não se trata de algo difícil de ser feito e essas máquinas só não se espalharam no mercado porque ainda são construídas em institutos de pesquisa e não empresas. Isso já está mudando"", acrescentou. Curran, no entanto, diz acreditar que a repercussão pública é inevitável. ""Grupos têm feito campanhas para se opor a 'robôs assassinos', mas, em breve, prevejo um tempo onde os humanos farão lobby contra 'robôs sexuais'"", disse ele. Leia também: Cientistas criam robô capaz de construir sozinho outros melhores COMPANHIAS ATRAENTES David Levy, autor do livro Love and Sex with Robots ('Amor e sexo com Robôs', em tradução livre), diz acreditar que há um imenso mercado para bonecas como Roxxxy e prevê que, em 2050, as relações íntimas entre robôs e humanos serão comuns. ""Há um número crescente de pessoas que acreditam ser difícil ter um relacionamento e as máquinas de certa forma preenchem esse vazio. Não é mais degradante para as mulheres quanto os vibradores"", afirmou ele à BBC. E à medida que esses robôs ficarem mais sofisticados e capazes de simular o comportamento humano, mais complexa se tornará a relação entre humanos, acredita ele. Curran diz temer que a sociedade como um todo não esteja preparada para lidar com um cenário em que robôs se tornem acompanhantes. ""Temos leis suficientes para lidar com problemas que podem surgir no futuro quando robôs não serão mais distinguíveis dos humanos? Um robô pode se casar? Um casal robô pode adotar uma criança?"", questiona ele. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
A internet pode prever resultados de eleições?,"As pesquisas eleitorais, que já sofriam quando um resultado não se confirmava nas urnas, enfrentam agora um novo desafio: precisam competir com previsões feitas a partir do Google, Wikipedia, Twitter e Facebook. Nas eleições britânicas do mês que vem, pelo menos dois pesquisadores usarão análises de buscas no Google para fazer previsões eleitorais. No Brasil, um instituto de pesquisa garante ter acertado o vencedor da eleição presidencial do ano passado por pesquisas feitas no Facebook e Twitter. Este último também foi usado por pesquisadores americanos para apurar os resultados das eleições para o Congresso em 2010. A premissa de todos estas pesquisas é a mesma: com a internet disseminada, por que ir atrás de eleitores para perguntar em quem eles vão votar, quando há uma amostra muito maior de pessoas se expressando na internet? Previsões Ronald MacDonald, da Universidade de Glasgow, usou o Google Trends - uma ferramenta que mostra tendências de buscas no site - para prever o resultado do plebiscito sobre a independência da Escócia realizado no ano passado. O estudo previu que o ""sim"" perderia com 45% dos votos - bem próximo do resultado final (o ""sim"" teve 44,7%). Isso foi feito a partir de um método sofisticado de previsão que associava pesquisas tradicionais com buscas na web. Segundo o pesquisador, quanto mais as pessoas pesquisavam sobre a eleição, mais elas decidiam votar pela permanência do país na Grã-Bretanha. Sabendo disso, ele fez a previsão de votos. ""Estamos tentando fazer algo semelhante para as eleições gerais, mas é muito mais complexo, pois não é uma escolha binária"", disse ele à BBC Brasil. Para ele, no entanto, o método é complementar e não vai substituir as pesquisas tradicionais - até porque precisa delas para ser feito. Jonathan Bright, cientista político da Universidade de Oxford, também acha que as mídias sociais têm ""algum poder de previsão"", mas diz que as pesquisas de opinião tradicionais são mais certeiras. Bright, que pretende analisar como buscas no Google e na Wikipedia influenciam as eleições, diz que, diferentemente das pesquisas tradicionais, nas mídias sociais não é possível saber quem está sendo ouvido. Também sabe-se muito menos como corrigir desvios. ""Quanto mais soubermos sobre como corrigir desvios, será mais provável que previsões usando mídias sociais possam começar a reduzir a necessidade de pesquisas (tradicionais), mas ainda há um longo caminho a ser percorrido e nenhum garantia de que vai dar certo."" Brasil Já no Brasil, pesquisadores da consultoria AirStrip afirmam ter conseguido prever os resultados da disputa entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) de forma mais precisa que alguns institutos de pesquisa tradicionais na disputa mais acirrada da história. O método usado é simples de entender: foram monitorados todos os tuítes e postagens no Facebook com declaração de voto. Se a pessoa dizia, por exemplo, ""eu vou votar em Aécio"" ou ""Eu sou Dilma"", entrava na conta. Mensagens dúbias não eram contabilizadas. A três dias da eleição, foram analisados quase 5 mil postagens - 52% a favor de Dilma, 48% de Aécio, mesmo resultado das urnas. Rafael Arrigoni, um dos diretores da empresa, diz que a pesquisa teve duas grandes diferenças em relação às tradicionais: o grupo pesquisado foi maior e não houve divisão por faixas de população. As pesquisas tradicionais costumam entrevistar parcelas da população (faixas etárias e de renda) que representem o total da população brasileira. Ele afirma que, por não contar com essas divisões, a pesquisa feita pela agência, atualmente, também serve apenas como ferramenta complementar. Mas diz que seria possível fazer essa diferenciação no futuro. Mas por que a pesquisa acertou o resultado mesmo sem representar, percentualmente, todos os estratos da população? Para Rafael, a explicação foi a amostra grande e a polarização da eleição. Twitter Nos EUA, pesquisadores da Universidade de Indiana decidiram usar não apenas as declarações de votos no Twitter, mas todas as menções aos candidatos. Em artigo publicado no Washington Post, o sociólogo Fabio Rojas explica que o buzz eleitoral responde à máxima ""falem bem ou falem mal, mas falem de mim"". ""Se as pessoas falam de você, mesmo de que forma negativa, é um sinal de que o candidato está prestes a ganhar. A atenção dada aos vencedores cria uma situação em que toda publicidade é boa"", afirma. Usando uma amostra de bilhões de tuítes, ele e outros pesquisadores descobriram 542.969 posts que mencionavam um democrata ou um republicano que concorria ao Congresso em 2010. Eles calcularam, então, os percentuais de menções por distrito eleitoral e conseguiram acertar o resultado de 404 de 435 disputas. Possibilidades Ele lista diversas vantagens de pesquisas feitas pelas redes sociais. A primeira é que elas podem ser úteis em países pobres, onde não há recursos ou credibilidade para realizar levantamentos tradicionais. Rojas também destaca que as pesquisas, atualmente, são feitas para as grandes disputas, mas em locais mais afastados às vezes não há levantamentos. Ainda há, porém, um longo caminho até que sejam totalmente confiáveis. ""Elas têm muito ruído - o que faz sentido, já que o Twitter é um lugar de falar. Mas eu espero que possamos analisar as redes sociais e descartar o ruído e o erro para obter medidas mais precisas de opinião política"", disse à BBC Brasil. Bright, de Oxford, também cita a possibilidade de realizar pesquisas onde elas não são feitas tradicionalmente, e acrescenta também assuntos que não são pesquisados tradicionalmente. Na opinião dele, seria possível ""medir opinião pública em novas iniciativas de políticas, sentimento sobre comprar novas casas etc""."
Escola de SP causa polêmica ao pedir que meninas usem cabelo 'liso e solto',"Para que a apresentação de fim de ano da turma da escola fique mais bonita, mande sua filha de cabelo liso solto. Foi esse o tom do comunicado enviado nas agendas de crianças da escola Associação Cedro do Líbano de Proteção à Infância, de São Paulo, motivando reações indignadas nas redes sociais de pessoas que acusaram a escola de ter uma atitude racista. A mensagem, dirigida aos pais, faz parte dos preparativos para a festa de fim de ano da turma, prevista para o dia 3 de dezembro. O penteado das meninas, de acordo com mensagem, é ""cabelo liso solto"". O aviso traz a imagem de uma atriz infantil, com o cabelo liso e solto, enfeitado com uma tiara. O cabelo para a apresentação, alerta a mensagem, deverá ser ""sem a tiara"". Uma pessoa compartilhou a imagem do comunicado em sua página no Facebook no dia 30 de novembro, obtendo 6 mil curtidas e mais de 1 mil compartilhamentos. Houve também vários comentários considerando racista a atitude da escola. No perfil do estabelecimento na rede social, as mensagens se multiplicaram, questionando o fato de a escola pedir cabelo liso numa apresentação de fim de ano mesmo sabendo que há no país e na própria escola crianças negras e também brancas de cabelos crespos. Por outro lado, houve quem defendesse a escola e o trabalho social que ela realiza na região, minimizando o ocorrido como um caso individual. Ou considerasse as reclamações exageradas, de gente que vê racismo em tudo. A Associação Cedro do Líbano de Proteção à Infância funciona há 68 anos e é uma escola beneficente criada por mulheres de origem libanesa. Atende gratuitamente crianças e adolescentes de até 18 anos, de baixa renda, de bairros da zona sul de São Paulo. Oferece ensino tradicional e cursos técnicos. Segundo sua assessoria, vive de doações e parcerias, inclusive com a Prefeitura de São Paulo, recebendo diariamente 3 mil crianças. Em seu site, a divulgou nota na terça-feira informando que houve um ""procedimento equivocado e individual de um funcionário sem autorização da Direção"". Afirma que essa atitude ""não pode representar a imagem de todo um trabalho voluntário de 68 anos a favor da igualdade e contra qualquer tipo e forma de preconceito"". Depois, em novo comunicado enviado à BBC Brasil, volta a lamentar o ocorrido, considera a mensagem enviada aos pais um equívoco e reitera que já tomou as medidas administrativas cabíveis, sem informar quais. A associação afirma ainda que o episódio fez com que eles ampliassem sua visão sobre a construção de uma ""educação pautada no respeito à diversidade, reconhecendo as identidades de todos, com práticas pedagógicas, materiais e ambientes planejados para combater qualquer forma de discriminação"". Especialista na questão racial no Brasil, a psicóloga Maria Aparecida Silva Bento, coordenadora executiva do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), não conhecia o caso, mas condenou o tom do comunicado enviado pela escola aos pais. Na avaliação dela, a não aceitação das características físicas das crianças produz, nas entrelinhas do comunicado, uma mensagem de conotação racista. ""As crianças negras já convivem com esse desconforto por causa da questão do cabelo, ainda vem a escola cobrar isso? O racismo atinge a nossa subjetividade, a nossa essência"", afirma Aparecida Bento, uma das duas personalidades brasileiras listadas pela revista britânica The Economist entre as 50 pessoas mais influentes do mundo no tema da diversidade. A outra é o deputado federal Jean Willys (PSOL-RJ). Doutora em Psicologia pela USP, Aparecida Bento destaca também nesse episódio a questão pedagógica, reiterando que a escola deve assumir o papel de combater o racismo, não de perpetuar, mesmo inadvertidamente, convicções e afirmações racistas."
Como britânico que largou escola montou império multimilionário,"""Números são minha diversão"", diz Gary Grant, fundador da loja de brinquedos The Entertainer. Grant nem precisa discorrer sobre sua paixão por números. Em uma hora dentro de sua empresa, nossa conversa é repleta deles: quantos xelins compõem uma libra, quantos anos ele tinha quando eventos importantes aconteceram em sua vida e as datas de fatos históricos. Quando não consegue se lembrar de um número, ele próprio se interrompe e volta ao assunto original até extraí-lo das profundezas de sua mente. Para uma pessoa que não gosta de matemática, todo o processo é exaustivo, mas trata-se de uma olhar apurado sobre como funciona a mente de Grant. Disléxico, ele não demonstrava interesse na escola, mas dizia que a matemática era ""muito fácil"". Após ter sido reprovado, ele foi estudar em uma escola para alunos repetentes da qual saiu aos 16 anos com uma única qualificação: nota máxima em matemática. Agora ele lê as tabelas e pode falar instantaneamente se algo está errado, faz somas sem usar calculadora e até hoje, apesar de ter um diretor financeiro, checa semanalmente o fluxo de caixa da empresa, assina cheques e aprova ou não as despesas. Sua devoção aos números acabou compensando. A Entertainer —- batizada dessa forma na eventualidade de ele precisar mudar de setor e levar o nome consigo caso o negócio fracassasse —- abriu sua primeira loja em 1981. Hoje, são mais de 110 lojas no Reino Unido e quatro no exterior. O Lair (lucro antes do Imposto de Renda) foi de 7,8 milhões de libras no ano encerrado em janeiro, uma alta de quase um terço ante ao período anterior, com as vendas chegando a 130 milhões de libras. CONVERSÃO O sucesso da Entertainer ocorre apesar do gerenciamento atípico do seu negócio. Grant tornou-se cristão em 1991, uma década depois de abrir a primeira loja. Sua fé era tão forte que ele quase desistiu de tudo para se tornar um missionário, mas, em vez disso, decidiu tornar o negócio compatível com suas crenças. Uma das implicações práticas disso é que a loja nunca abre aos domingos, não vende armas de brinquedo ou produtos licenciados de marcas como Harry Potter e doa 10% dos lucros da companhia à caridade: ""Só queremos estar confortáveis com o que estamos vendendo"", diz ele. Antes de sua conversão, quando uma cliente muito religiosa lhe disse que ele estava ""estimulando as crianças a brincar com a escuridão"", e que se ele parasse de vender determinados produtos ""Deus lhe devolveria em outras formas"", Grant admite ter pensando que ela era ""maluca"". ""Eu expliquei que comprava e vendia as coisas para obter lucro e esse era o segredo de todo e qualquer negócio"". Agora, como ela, ele diz que o sucesso contínuo da empresa não causa surpresa, assinalando que a Bíblia diz: ""Aqueles que me honram eu honrarei"" (1 Samuel 2:30) Quando a companhia enfrentou seu pior momento, no auge da crise financeira de 2008, Grant chamou um vigário e convidou seus funcionários a rezar junto com ele. Ficou surpreso com quantas pessoas (cerca de 30) apareceram. Eles se encontraram semanalmente por quatro meses - chegando inclusive a orar pela concorrente Woolworths, à época em maus lençóis, por sabedoria e pela saúde financeira. No final, a empresa —que em certo momento parecia que registraria um prejuízo de 1 milhão de libras terminou 2008 sem estar pior do que começou. ""Não tivemos lucro, mas não perdemos nenhum dinheiro e sobrevivemos"", resume Grant. Sobreviver é uma palavra antiga no vocabulário de Grant, antes mesmo de fundar seu próprio negócio. Seus pais se divorciaram quando ele tinha apenas três anos e o dinheiro era escasso. ""Se eu quisesse qualquer coisa, eu tinha de ir pra rua e batalhar por ela"". Durante o período escolar, ele entregou jornais, coletou garrafas vazias de cerveja e trabalhou em uma leiteria, doceria e loja de bicicletas. ORIGEM Quando saiu da escola, ele passou a trabalhar em uma loja de bicicletas em tempo integral, que se tornou o epicentro local durante o boom dos skates nos anos 70. Quando o mercado de skates implodiu, ele comprou o excedente para vendê-lo por conta própria. Passar o tempo todo usando o telefone da loja para conversar com clientes potenciais acabou resultando em sua demissão, mas lhe deu dinheiro suficiente para começar a montar a sua própria loja de bicicletas. Em vez disso, um telefone de um amigo que era agente imobiliário e que tinha uma loja de brinquedos em Amersham (ao noroeste de Londres) em seu portfólio se provou fatídico. Gary e sua mulher, Catherine, compraram o estabelecimento apesar do pouco conhecimento no setor. Parecia um movimento ambicioso para um homem de então 23 anos. Mas ele disse que a vida já lhe havia ensinado que se um trabalho acaba, outro aparece. A cada semana, ele anotava as receitas e as despesas da loja no verso de um envelope marrom. ""Era como eu administrava o fluxo de caixa"", conta ele. O 'divisor de águas' na história de sua empresa ocorreria em 1991, com a derrocada da rival Zodiac Toys. Com o concorrente fora do mercado, a Entertainer pôde abrir sua primeira loja em um shopping center, algo normalmente impossível para uma pequena varejista, e a partir daí teve início a expansão. As lojas físicas ainda são a principal fonte de receita da empresa, correspondendo a 80% das vendas. O restante vem do comércio eletrônico. Trata-se de uma divisão que agrada a Grant e ele demonstra irritação quando lhe digo que as pessoas tendem a inevitavelmente ir às lojas para olhar os brinquedos e, feita a escolha, comprá-los na internet por causa do preço mais baixo. ""Se eu não valorizar o serviço ao cliente, a gama de produtos, o ambiente das lojas, o aconselhamento dos vendedores...então compre na Amazon porque eu não vou perder o meu tempo"", diz ele. ""Tudo é uma questão de equilíbrio. Oferecemos valor agregado e o valor não é só o preço"". O SUCESSO DA COMPANHIA O negócio é controlado integralmente por Grant, sua mulher e seus quatro filhos, dois dos quais trabalham na empresa junto com ele. A companhia lhe trouxe muita felicidade material, mas uma das conquistas das quais mais se orgulha é dar uma chance às pessoas. Atualmente, muitos dos integrantes do Conselho de Administração (CA) da empresa entraram na empresa como jovens aprendizes. A Entertainer também contrata funcionários sem qualificação. ""Se não me tivessem dado oportunidades talvez hoje eu não teria um negócio desse tamanho. Quero que todos tenham oportunidade"", diz ele."
Estatal aérea indiana proíbe 125 funcionários acima do peso de voar,"A Air India, estatal aérea da Índia, irá impedir que 125 tripulantes acima do peso voem, citando uma recomendação da autoridade de aviação civil do país. Um representante da companhia disse à BBC que a decisão foi tomada com base no documento emitido pela autoridade em 2014. A empresa disse ter alertado 600 tripulantes a ""entrarem em forma"" no ano passado, mas que 125 não atingiram o peso requisitado, disse. Autoridades de aviação confirmaram a recomendação, mas acrescentaram que ela era parte de um documento interno, e que eles não comentariam publicamente sobre o assunto. Segundo eles, a sugestão havia sido feita diante de temores de que tripulantes fora de forma não conseguiriam atuar de maneira eficiente em situações de emergência. Normas internacionais indicam que o Índice de Massa Corporal (IMC) deve estar entre 18-25 para tripulantes homens e entre 18-22 para mulheres. ""Uma equipe acima do peso é um sinal de que uma empresa aérea não está em forma. Você precisa de uma equipe que seja inteligente e ágil que possa complementar a imagem da companhia"", disse o especialista em aviação Kapil Kaul. No entanto, Tapan Sen, líder do sindicato nacional, negou haver leis que citem restrições de peso para tripulantes de cabine. Esta não é a primeira vez que a Air India impediu funcionários de trabalharem devido a questões de peso. Em 2009, a empresa demitiu nove mulheres alegando questões de segurança, dizendo que a forma delas poderia ""prejudicar a agilidade"". Em 2004, a companhia se envolveu em outra polêmica, ao dizer que potenciais tripulantes e agentes não deveriam ter cicatrizes, acne ou qualquer marca no rosto."
"Jurista do PSDB diz que estratégia mudou, mas que o fim é tirar Dilma","Um dos mais importantes juristas do país, o advogado e professor de Direito da USP Miguel Reale Jr. exerceu influência num dos momentos mais importantes da história recente do Brasil, ao ajudar a redigir a petição de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Nesta terça-feira (26), ele volta aos holofotes como redator de outra petição –a ser entregue ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot–, que acusa a presidente da República, Dilma Rousseff, de crimes contra as finanças públicas e de falsidade ideológica. Ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique Cardoso, Reale Jr. acompanha a cúpula do PSDB há décadas e tem manifestado fortes críticas ao governo, dizendo que Dilma deveria renunciar ao cargo, embora tenha aconselhado os tucanos a não darem prosseguimento ao pedido de impeachment. ""Não foi um recuo. Foi uma questão de estratégia, de saber qual era o melhor caminho neste instante. Muito pelo contrário, o processo criminal é mais grave do que o impeachment"", disse em entrevista à BBC Brasil. A base da acusação são as ""pedaladas fiscais"". Em auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), apontou-se que, no ano passado, o governo atrasou repasses para bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil para o pagamento de benefícios sociais como Bolsa Escola e Bolsa Família. Os bancos pagam em dia, e cobraram juros, o que configuraria empréstimo de banco público ao Tesouro, prática proibida pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Veja os principais trechos da entrevista: + BBC BRASIL- A pedido do PSDB, em seu parecer o senhor não identificou subsídios jurídicos para um pedido de impeachment, mas, nesta terça-feira, os partidos de oposição entram com pedido de ação penal por crime comum, redigido pelo senhor, contra a presidente Dilma Rousseff. Caberá ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, arquivar ou enviar o pedido ao STF. Como se deu essa guinada de estratégia? Miguel Reale Jr. - Diante da complexidade e a chance de arquivamento de um pedido de impeachment, nos atentamos para a possibilidade da ação por crime comum, presente no Código Penal. Por isso todos os partidos de oposição estão entrando nesta terça-feira com um pedido para apuração da responsabilidade da presidente da República por crime comum, que não tem o obstáculo de só poder ter ocorrido no mandato atual da presidente. Estamos falando das ""pedaladas fiscais"" como base da acusação nesta petição. A população talvez não se dê conta da importância desses fatos, mas as ""pedaladas"" impactaram as finanças públicas e é o controle das finanças públicas que impede a inflação e a estagnação econômica. E houve a mais absoluta irresponsabilidade, porque ao não ter dinheiro para cumprir com seus compromissos mais importantes, como Bolsa Família, Seguro Desemprego e Minha Casa, Minha Vida, o governo se valeu de empréstimos que contraiu com as entidades financeiras que o próprio governo dirige, o que já é crime por si só, pois a lei proíbe isso. Tudo isso prejudicou as contas públicas, e foi maquiado, caracterizando também um crime de falsidade ideológica ao deixar-se registrar esses empréstimos como despesas, criando assim um superavit primário. Foi um superavit fictício. Isso permitiu dizer, na campanha eleitoral do PT, que tudo corria bem, e que o país seria alvo de investimentos e de crescimento do PIB, sem inflação. E o que aconteceu foi exatamente o contrário. A petição se baseia no artigo 359, de crimes contra as finanças públicas, e no artigo 299, de falsidade ideológica, ambos do Código Penal. A população tem que se conscientizar de que essas ""pedaladas fiscais"" não são um mero problema contábil, e sim um problema muito próximo. Entre os movimentos sociais pró-impeachment há críticas ao PSDB, por ter ""voltado atrás"" ao decidir entrar com uma ação penal comum, e não um pedido de afastamento da presidente. Como o senhor se posiciona? E por quê o pedido de ação penal é apresentado ao procurador-geral da República? Esta ação de crimes comuns tem na verdade o mesmo efeito do impeachment, que é o afastamento da presidente de suas funções enquanto o processo é julgado, caso seja aceito. A acusação será entregue nesta terça-feira ao procurador, e ele tem a possibilidade de arquivá-la ou encaminhá-la ao STF. Ao encaminhá-la ao STF, os ministros da Suprema Corte têm que requerer autorização da Câmara para processar a presidente. Dada a autorização por votação com dois terços dos parlamentares, a presidente fica 180 dias afastada do cargo. Então o efeito é o mesmo, e portanto estão enganados aqueles que dizem que o PSDB voltou atrás. Nós fizemos aquilo que é o mais aconselhável neste momento, até porque o impeachment não fica proibido de ser interposto, mesmo porque novos fatos estão ocorrendo a todo instante, com os novos desdobramentos dos depoimentos da Operação Lava Jato. O senhor diria então que o PSDB não recuou após o parecer em que o senhor desaconselhou o partido a entrar com pedido de impeachment? Não. Não houve recuo. Foi uma questão de estratégia, de saber qual era o melhor caminho neste instante. Não é um recuo. Muito pelo contrário, o processo criminal é mais grave do que o impeachment. Mas como isso ficou na cabeça das pessoas, vulgarizado, passou-se a achar que era uma coisa muito simples. Não é bem assim. Para começo de conversa, para o impeachment, é necessário ter-se o apoio de dois terços da Câmara e do Senado. E depois há muita diferença entre chegar ao Congresso um pedido de impeachment de um partido, ou de um grupo de juristas, e chegar um pedido do Supremo Tribunal Federal, movimentado pelo procurador-geral da República. O presidente da Câmara pode arquivar esses pedidos facilmente. Agora com um requerimento do Supremo, o peso é muito maior para que ele coloque em votação. Ele pode rejeitar, mas não pode arquivar. Um pedido do STF para que a presidente seja processada é algo muito forte. Quais devem ser as chances reais deste pedido de investigação da presidente da República ser aceito e começar a tramitar em Brasília? Veja bem, procurando ter um distanciamento do trabalho que eu mesmo revisei, eu acho que a petição de representação por crime contra a presidente está muito bem fundamentada. Não se trata de algo político. Não é uma peça política. Trata-se de uma peça técnica, jurídica, fundamentada em laudos e pareceres do Tribunal de Contas da União (TCU). É uma petição muito consistente, e acho difícil que venha a ser arquivada pelo procurador. Caso seja processada, como a presidente se defende das acusações? Neste caso a presidente apresenta sua defesa, com um advogado, perante a Câmara dos Deputados, no sentido de evitar que a acusação seja acolhida. Ela se apresenta e se defende no Congresso, mas quem julga a ação é o STF. Havendo condenação, não é necessário impeachment, ela é afastada do cargo de forma permanente tão logo seja proferido tal veredicto pela Suprema Corte. Na quarta-feira a marcha do Movimento Brasil Livre (MBL) chega à Brasília, depois de caminhar por mais de um mês, desde São Paulo. O grupo é pró-impeachment e diz querer influenciar o Congresso neste sentido. Como o senhor avalia a atuação destes grupos que insistem no afastamento da presidente? O principal movimento social contra o governo, que é o Vem Pra Rua, se descolou destes que estão andando e passou a apoiar o pedido de ação por crimes comuns. Não adianta querer o impeachment, tem que avaliar. Falta informação. Por que insistir num caminho mais difícil? Por que não deixar o impeachment para um momento em que haja mais elementos? O impeachment virou palavra da moda. Eu acho que os movimentos de rua são importantes, mas também não são donos da verdade. Até porque eles têm várias reivindicações diferentes. Eu creio que o mais sereno, e que aliás reúne o maior número de pessoas, é o Vem Pra Rua. Eles entendem que o impeachment deve ser pedido, mas num momento mais apropriado. Em 2001, um grupo de juristas de renome, como Dalmo Dallari, Fabio Konder Comparato e Celso Antônio Bandeira de Melo, entrou com um pedido de impeachment do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), pela suposta compra de votos de parlamentares para aprovação da emenda da reeleição. Presidente da Câmara na época, o hoje senador Aécio Neves (PSDB), arquivou o pedido. Como o senhor se posiciona? Se o pedido fosse hoje, teria chances de ser aceito? Eu sei que houve esse pedido, mas eu não tenho conhecimento sobre os detalhes. Essa é a dificuldade de um pedido de impeachment. Por mais ilustres que sejam os requerentes, há que se ter muitos elementos. Mas o senhor considera acertada a decisão do então presidente da Câmara de arquivar o pedido? Nunca se estabeleceu qualquer ligação do presidente com esses fatos. As indicações são de que haveria governadores interessados nestes votos e houve dois deputados que foram expulsos por conta deste caso. Num artigo intitulado ""Renúncia Já"", publicado no jornal O Estado de S. Paulo no dia 7 de março, o senhor defende, por uma série de argumentos, que a presidente abandone o cargo. Embora em seu parecer não tenha orientado o PSDB a protocolar um pedido de impeachment, no artigo o senhor diz que ""Dilma não tem condições éticas e políticas para governar"". Poderia explicar? O impeachment é um processo político que tem uma série de dificuldades. Ele passa primeiro pelo crivo do presidente da Câmara, que já arquivou 30 pedidos de impeachment somente neste ano. Ele pode arquivar, e há que se perguntar se Eduardo Cunha teria interesse na saída de Dilma ou se prefere manter a satisfação de mandar por trás. Entraríamos também na discussão novamente se para o impeachment podem ser levados em conta atos praticados no mandato anterior. O fato é que este governo está extremamente desgastado e incapacitado. O senhor foi um dos juristas que redigiu o pedido de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Na sua opinião, há semelhança entre a situação do país e os manifestantes da época com o contexto atual? Acho que a única semelhança entre os dois momentos é a situação econômica bastante difícil para a população. Em 1992, a inflação retornava e os gastos públicos estavam fora do controle, e isso se repete agora em 2015. A crise já deveria ter acontecido em 2014, mas houve todo um esforço de maquiagem para que não ocorresse. No plano político, são panoramas completamente diferentes e os fatos que foram objeto do processo de impeachment de Collor eram diferentes. Collor era um franco-atirador, não tinha partido político, não tinha uma história política. Havia uma corrupção generalizada, mas o fato que recaía sobre o presidente era muito pontual: os contratos firmados por PC Farias e o esquema montado, o dinheiro depositado nas contas dos envolvidos, para, dentre outras coisas, pagar as contas da Casa da Dinda. O senhor vê semelhanças entre os caras pintadas, que foram às ruas em 1992, e os manifestantes pró-impeachment, de 2015? Em 1992, havia um pedido de impeachment e uma oposição ao Collor, como existe hoje uma oposição à Dilma e uma oposição ao PT. O próprio Lula começa a sentir os efeitos de uma redução de popularidade significativa. Mas há uma diferença primordial entre as duas épocas. Com o PT, o que está havendo é um imenso esgotamento, mais prolongado. Faz dez anos que o Roberto Jefferson denunciou o mensalão, e de lá para cá a política virou caso de polícia. Virou discussão sobre algemas, pulseiras eletrônicas, delação. E ainda surgiu o petrolão, o que levou a um cansaço ainda maior da população com a corrupção. Tudo isso é extremamente desgastante, e a revolta afeta a todas as classes sociais. Não é apenas uma elite branca, como se pretendeu dizer. O PT empreendeu uma ocupação do Estado. As empresas públicas, a Petrobras, o número de empregos que foram criados na petroleira para acomodar os apadrinhados. Isso se soma ao processo de estagnação da economia, inflação e desânimo. É um quadro socialmente muito negativo. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Artista britânico causa polêmica com escultura em forma de vagina na França,"Um dos mais consagrados artistas plásticos contemporâneos da Grã-Bretanha, Anish Kapoor está no centro de uma polêmica envolvendo sua exposição na França. O pivô é Canto Sujo, uma escultura de metal instalada dos jardins do Palácio de Versalhes, nos arredores de Paris. Uma espécie de caverna gigante, a escultura foi descrita pelo próprio Kapoor, de 61 anos, como uma representação de uma vagina. Cuja ""entrada"" está voltada para a fachada do palácio. ""Ela representa a vagina de uma rainha que assume o poder"", disse o artista, numa entrevista para jornal francês Le Journal du Dimanche que ele tentou relativizar depois de a obra atrair críticas pesadas na França - ""suja"" e ""grosseira"" foram alguns dos adjetivos usados para descrever Canto Sujo. Leia mais: Escultura com rei 'sendo penetrado' leva a suspensão de exposição na Espanha Interpretação O Palácio de Versalhes foi o centro de poder da França durante quase um século. Lá, por exemplo, viveu Maria Antonieta, a notória rainha decapitada pela Revolução Francesa, em 1789. Turistas visitando o local, uma das principais atrações turísticas de Paris e arredores, reclamaram da escultura de Kapoor. O artista britânico, de 61 anos, se defendeu das acusações de sensacionalismo Mas Canto Sujo também recebeu elogios de intelectuais feministas francesas, como a filósofa Fabienne Brugère, para quem a ""vagina"" desperta questões sobre igualdade de gênero, além de questionar o poder simbólico da extinta realeza francesa. Leia mais: Misteriosa escultura 'fálica' causa polêmica em Milão ""Kapoor também fabrica o que se pode chamar de objetos incertos, cuja interpretação não pode ser única"", afirmou Brugère ao jornal Libération. Na sexta-feira, o britânico, vencedor do renomado prêmio Turner Prize, e mais conhecido pelo público internacional por ser o autor do Orbital, a gigantesca torre de ferro retorcido erguida ao lado do Estádio Olímpico de Londres para os Jogos de 2012, disse ter sido mal interpretado na entrevista. ""Uma obra tem múltiplas interpretações. Claro que uma delas envolve nossos corpos e nossa sexualidade. Mas certamente não é a única coisa que se pode dizer de Canto Sujo"". A escultura de metal não é a única obra trazida por Kapoor para a exposição em Versalhes. Há ainda um jogo de espelhos que se tornou bem mais popular com os turistas visitando Versalhes e posando para selfies. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
"Veja fotos das pessoas que trabalham nos esgotos de Mumbai, na Índia","Trabalhadores descem ao 'inferno' nos esgotos de Mumbai, na Índia, para manter a superfície limpa Mumbai, na Índia, tem cerca de 30 mil funcionários de conservação, também conhecidos como varredores, que vivem uma rotina de trabalho intensa e insalubre - para não dizer infernal. O fotógrafo Sudharak Olwe registrou a vida dessas pessoas, que passam seus dias nos esgotos e no meio do lixo para manter a cidade limpa. Confira as imagens: Todos os varredores pertencem à casta dos dalits, antes conhecidos como intocáveis. Eles coletam o lixo, varrem as ruas, limpam calhas, enchem e esvaziam caminhões e atuam nos aterros Essas pessoas muitas vezes têm de descer às galerias de drenagem de águas - algumas são tão profundas que poderiam acomodar um ônibus de dois andares. Depois de emergir, o trabalhador pode levar horas para se 'recuperar'. O trabalho não requer habilidades especiais, apenas um par de braços e pernas e a coragem de descer o que para muitos seria o 'inferno' Parmar usa uma pesada vassoura de madeira para limpar essa escadaria - para fazer uma pequena pilha com as minúsculas folhas que tira dos degraus são necessárias de 30 a 40 passadas. E esse trabalho tem de ser feito bem rápido, antes que as folhas sejam espalhadas pelo vento O material que esses trabalhadores removem inclui carcaças de animais, restos de comida, fios de aço, lixo hospitalar, pedaços pontiagudos de vigas de madeira, pedras, vidro quebrado e até lâminas A remoção é um trabalho árduo e as ferramentas para isso são primitivas: as mãos são usadas para levantar o lixo e os ombros, para carregá-lo. Jadhav, que atua nessa função há vários anos, não gosta de falar sobre seu trabalho. Há cicatrizes em seus ombros, provocadas pelas varas de madeira. Questionado sobre dores, ele acena com a cabeça Há quatro aterros situados nos extremos leste e oeste da cidade - todos com a capacidade já esgotada. Nenhum deles tem uma cantina ou ao menos um pequeno quarto onde os trabalhadores possam trocar de roupa ou apenas sentar para descansar durante uma pausa Um 'benefício' do trabalho é o direito a uma pequena casa, mas muitas acabam tendo de ser divididas entre duas ou mais famílias. Uma linha no chão divide o 'território' de cada uma delas A mulher de Hiraman, que se recusou a ser fotografada, está furiosa porque, segundo diz, o varredor dá a ela apenas 150 rúpias (R$ 9) mensais para manter a casa. Quando esse registro foi feito, ameaçava deixá-lo - ele a mandava se calar. Hiraman está visivelmente esgotado e é improvável que viva por muito tempo. Se morrer, ela será considerada um 'caso digno de pena' e herdará seu trabalho"
O homem que explodiu estátuas históricas para o Taleban,"Mirza Hussain tinha 26 anos quando líderes do Taleban ordenaram que ele colocasse bombas nas famosas estátuas de Budas em sua província natal, Bamiyan, no Afeganistão. As antigas esculturas de arenito, que chegaram a ser as mais altas estátuas de Buda do mundo, foram aniquiladas em um ato de destruição que chocou o mundo e abriu precedente para o recente vandalismo de antiguidades iraquianas por parte de combatentes do grupo autodenominado ""Estado Islâmico"". Passados 14 anos desde a destruição dos Budas, muito mudou no Afeganistão. Mas Mirza ainda se lembra com detalhes do episódio. ""Primeiro, eles atingiram os Budas com tanques e disparos. Quando viram que não fazia efeito, colocaram explosivos para destruí-los"", disse à BBC. Foi quando Mirza foi recrutado, junto a outros moradores da região que estavam sob o poder do Talibã. Como a maioria da população da cidade de Bamiyan, Mirza é um muçulmano xiita - portanto, era visto como um inimigo e um infiel sob os olhos do Talibã, que é um grupo muçulmano sunita. O grupo tomou controle da província em maio de 1999, depois de meses de combate. Moradores fugiram ou foram capturados. ""Eu estava junto com 25 prisioneiros. Não havia civis na cidade, apenas combatentes do Talibã"", recorda Mirza. ""Fomos escolhidos porque não havia mais ninguém. Éramos prisioneiros e tratados como pessoas que poderiam ser descartadas a qualquer momento."" ARMAS E DINAMITE Mirza conversou com a BBC diante dos majestosos penhascos de Bamiyan onde, até 2001, estavam as estátuas gigantes. Ele contou que o Talibã levou armas e dinamite para detonar no local. Ele e os demais reféns esperavam morrer a qualquer momento, fosse nas explosões ou nas mãos dos guardas. ""Quando um dos homens, que tinha um problema na perna, não conseguiu mais carregar os explosivos, o Talebã atirou nele na hora e deu o corpo a outro prisioneiro, para que ele o descartasse."" Segundo Mirza, os homens passaram três dias colocando os explosivos ao redor das estátuas, de até 55m de altura. Foram detonados aos gritos de ""Allah Akbar"" (Deus é grande). Foram necessários diversos dias para destruir as esculturas - que remetiam ao século 6, quando Bamiyan era um local sagrado para o budismo. Mesmo diante da condenação internacional, o Talibã não recuou. Mirza diz que mais explosivos foram levados ao local. ""A partir de então, eles faziam duas ou três explosões por dia para destruir os budas completamente. Fazíamos buracos nas estátuas para plantar dinamite. Não tínhamos as ferramentas adequadas. O processo todo durou 25 dias."" Os reféns eram alimentados com pequenas porções de arroz e pão, e Mirza diz que durante todo esse tempo ele usou a mesma roupa e um fino cobertor para se proteger nas noites frias. Quando as estátuas foram finalmente destruídas, o Talibã comemorou. ""Eles dispararam tiros ao ar, dançaram e levaram nove vacas para serem sacrificadas."" SEM ESCOLHA Mirza diz que hoje se sente seguro em Bamiyan e espera que o governo e doadores estrangeiros reconstruam as estátuas. Quanto ao seu papel na destruição, ele só sente remorso. ""Lamentei na época, lamento agora e sempre lamentarei"", diz. ""Mas não tinha como resistir, não tinha escolha, porque eles teriam me matado."" Seu desejo pela reconstrução, no entanto, provavelmente não será realizado, pelo menos não no futuro próximo. Arrastou-se por anos um debate sobre reconstruir ao menos uma das estátuas ou deixar seus buracos gigantes como uma recordação da destruição. Para moradores como Mirza, conservar a herança histórica da região não significa apenas preservar a identidade de Bamiyan, mas também construir um futuro sustentável calcado no turismo."
"Com 350 quartos, maior casa da Grã-Bretanha é colocada à venda","Com estimados 350 quartos —o número exato ainda é um mistério— a maior casa privada da Grã-Bretanha está à venda por 8 milhões de libras (R$ 38 milhões). A mansão Wentworth Woodhouse foi construída no século 18 e tem 11,5 mil metros quadrados de área construída. Só de corredores, são cerca de oito quilômetros. Localizado ao norte de Rotherham, no norte da Inglaterra, o imóvel tem duas vezes o tamanho do Palácio de Buckingham, residência oficial da rainha Elizabeth 2ª, e é 150 vezes maior do que uma casa média no Reino Unido. A mansão, que mistura dois tipos de estilos arquitetônicos, o barroco e o palladiano, já pertenceu a um aristocrata que inspirou o personagem Mr. Darcy da famosa escritora britânica Jane Austen. Segundo a imobiliária Savills, responsável pela venda, a propriedade é tão grande que não se sabe ao certo o número de quartos. Estima-se que a Wentworth Woodhouse tenha cerca de 350 dormitórios. A casa está sendo vendida após a morte de seu antigo proprietário, o arquiteto Clifford Newbold. Em entrevista ao jornal britânico Metro, Crispin Holborow, diretor da imobiliária Savills, disse que ""nunca vendeu um imóvel tão grande"". ""Não acho que exista casa maior do que essa"", disse ele ao diário. ""Não é possível entrar em cada quarto —são muitos, mas depois de alguns você pensa que já viu o bastante"", acrescentou. VALOR Apesar do tamanho, o imóvel foi colocado à venda por 8 milhões de libras ou R$ 38 milhões, valor considerado baixo para os padrões britânicos. Para se ter uma ideia, com esse montante, é possível comprar apenas um apartamento de um quarto próximo ao Hyde Park, uma das regiões mais caras de Londres. Já se quisesse investir no Brasil, o comprador poderia adquirir 70 apartamentos de 60 metros quadrados em São Paulo, de acordo com o Índice FipeZap. No entanto, segundo o anúncio, o futuro morador da Wentworth Woodhouse terá de gastar milhões de libras para restaurar uma grande parte da casa que permanece inabitada. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Brasileiro cria canal global colaborativo para apresentações de músicos de rua,"Há dois anos, durante uma viagem à capital da Ucrânia, Kiev, o jornalista gaúcho Daniel Bacchieri ficou encantado com o som de um instrumento que nunca tinha ouvido. Era uma abandura, uma espécie de violão com 55 cordas tradicional do país. Quem a tocava era um músico de rua. Bacchieri gravou a cena por meio da então recém-lançada função vídeo do aplicativo Instragram. Quando voltou ao Brasil, teve uma ideia: criar um canal que reunisse registros amadores de apresentações musicais de rua do mundo todo. Foi assim que, semanas depois, nasceu o StreetMusicMap. Inicialmente, Bacchieri conta que usava sua própria conta no Instagram para divulgar o conteúdo. Com o boca a boca -e a ajuda primordial da internet-, tornou-se um mapa colaborativo, em que os usuários registram em vídeo as performances e situam geograficamente onde elas ocorreram. ""Inicialmente, o canal só tinha vídeos de músicos de rua que eu havia filmado. Mas logo se tornou colaborativo porque amigos de amigos também começaram a enviar vídeos que haviam captado em diferentes cidades do mundo"", explica. ""Comecei a me interessar a mapear os músicos de rua do mundo inteiro a partir Instagram"". ""E sendo colaborativo há uma abertura para as pessoas enviarem vídeos. Sempre peço que seja identificado o local. O grande barato é geolocalizar essas apresentações"", diz. Cabe a Bacchieri filtrar quais vídeos serão exibidos no site (www.streetmusicmap.com) e nas redes sociais (Instagram e Facebook) ligadas ao canal. Atualmente, segundo ele, são mais de 800 registros -feitos por mais de 600 colaboradores de 80 países diferentes. ""O lado bacana da plataforma é que, nessa vida maluca que a gente vive, os 15 segundos do vídeo são suficientes para prender a atenção da pessoa e provocar interesse dela clicar em outros vídeos de 15 segundos de músicos"". ""Cada vez mais com a tecnologia, o palco pode ser em qualquer lugar, e a audiência pode estar em qualquer lugar"", finaliza. Segundo Bacchieri, a divulgação dos vídeos dá maior visibilidade aos músicos de rua, aproximando-os do público e das gravadoras. ""Um dos objetivos principais do projeto é servir de ponte entre os músicos, os produtores musicais e os fãs. É facilitar essa triangulação, oxigenando a curadoria dos festivais e ampliando a possibilidade de monetização desses artistas"". ""O trabalho segue sendo uma aposta. Mas cada segundo que tenho livre invisto intelectualmente no StreetMusicMap"". ""O primeiro passo foi criar uma conta no Instagram; o segundo, geolocalizar esses músicos e o terceiro é criar um site que tenha os vídeos e a localização desses artistas"", acrescenta. Bacchieri credita à popularização da tecnologia a evolução do projeto. ""Mesmo em países onde nós acreditamos que a tecnologia pode estar um pouco distante, a popularização do smartphone é a grande parceira do nosso trabalho, porque a captação é feita quase que 100% por meio desse dispositivo"". ""Nos lugares mais distantes do mundo, é possível essa conexão, essa captação e esse compartilhamento de informação"". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC."
Ladrão de banco volta a cena do crime e surpreende repórter ao vivo na TV,"Um repórter de uma emissora de TV de Rochester, no Estado americano de Minnesota, foi surpreendido por um ladrão de banco durante uma transmissão ao vivo para um telejornal. Adam Sallet estava falando justamente de um roubo no Sterling State Bank quando um funcionário do banco saiu correndo da agência, apontando para o suposto ladrão, que fugia. Sallet interrompeu a entrada ao vivo no jornal para ligar para a polícia. A polícia informou que o ladrão foi preso depois e que ele é suspeito de ter tentado roubar o mesmo banco no dia anterior. Clique para assistir ao vídeo"
Condenado por pirataria escapa de processo com vídeo viral no YouTube,"Um homem condenado por pirataria de software recebeu uma sentença diferente: ele escaparia de pagar polpudas indenizações se produzisse um filme denunciando a pirataria que fosse visto pelo menos 200 mil vezes no YouTube. O homem, conhecido apenas como Jakub F, atingiu a marca em alguns dias e agora o vídeo já foi visto mais de 915 mil vezes. Jakub, de 30 anos, foi condenado pela Justiça da República Tcheca, mas conseguiu um acordo com o grupo de empresas que tiveram seus softwares pirateados por ele. As empresas concordaram em não processá-lo. Ele foi condenado por ter colocado cópias do Microsoft Windows 7 e 8, além de outros conteúdos, em sites de compartilhamento de arquivos. As companhias, entre elas Microsoft, HBO Europa, Sony Music e 20th Century Fox, estimaram que as indenizações chegariam a milhares de dólares. A Microsoft avaliou que suas perdas com as ações de Jakub chegariam a 5,7 milhões de coroas da República Tcheca (cerca de R$ 837 mil). A Business Software Alliance (BSA), instituição que representou a Microsoft no processo, reconheceu que Jakub não poderia pagar esta indenização. E, em vez dos pagamentos, as empresas disseram que ficariam satisfeitas se recebessem apenas um pequeno pagamento e a cooperação de Jakub na produção do vídeo. Mas as companhias estipularam que o vídeo produzido teria que ser visto pelo menos 200 mil vezes nos dois primeiros meses depois de sua publicação, que ocorreu nesta semana. Um porta-voz da BSA disse à BBC que esta determinação foi imposta para garantir que Jakub ajudaria o máximo possível no compartilhamento do vídeo. Caso o vídeo não tivesse conseguido alcançar esta meta, o porta-voz disse que, ""em teoria"", as empresas teriam base para entrar com um processo civil pedindo as indenizações. O vídeo se chama The Story of My Piracy (""A História da Minha Pirataria"", em tradução livre) e mostra Jakub, que interpreta a si mesmo, alertando outros piratas de que, por menor que seja o crime, também podem ser pegos. A BSA aceitou a alegação de que Jakub não pirateou os programas e conteúdos para obter ganhos financeiros. O vídeo é uma descrição fiel de como Jakub no começo gostou de piratear os softwares, mas depois foi rastreado e recebeu uma visita da polícia."
Governo da Jamaica vota legalização de produção e consumo de maconha,"O governo da Jamaica aprovou uma lei que legaliza a posse de pequenas quantidades de maconha. Se for confirmada pelo Parlamento, pela primeira vez na história jamaicana membros da religião rastafari, que usa a droga para propósitos religiosos, poderão fumar maconha legalmente. A lei também prevê a concessão de licenças para o cultivo, venda e distribuição do entorpecente para fins medicinais. Por outro lado, proíbe o consumo de maconha em locais públicos. A proposta deve ser submetida ao Senado jamaicano nesta semana. DESCRIMINALIZAÇÃO Países da América do Sul, da América Central e do Caribe têm combatido há décadas o impacto do tráfico e o uso de drogas. A cocaína e a maconha produzidas na região são traficadas por rotas que passam por diversos países - o que faz com que parte dos cidadãos se tornem consumidores. Governos da região tomaram iniciativas de descriminalização, reconhecendo o baixo sucesso da táticas usuais de repressão ao tráfico. No México, na Colômbia e na Argentina a posse de pequenas quantidades de maconha foi descriminalizada há alguns anos. Na Argentina, propostas que podem afrouxar ainda mais as restrições à posse do entorpecente estão sendo discutidas. Na Guatemala, o presidente Otto Perez Molina está propondo ações para legalizar a maconha e possivelmente também outras drogas. O Chile e a Costa Rica também estão debatendo políticas para a introdução do uso de maconha em tratamentos de medicina. O Uruguai se tornou no ano passado o primeiro país do mundo a aprovar o cultivo, a venda e a distribuição de maconha para fins recreativos. Nos EUA, a legalização da droga para fins recreativos também foi aprovada em alguns Estados."
A cidade destruída para evitar o contato entre brancos e negros,"Sophiatown, no subúrbio de Johannesburgo, era conhecida pelo estilo de vida boêmio e por seu destaque no cenário da música. Mas há 60 anos, o governo da África do Sul decidiu acabar com o bairro multirracial e transformá-lo em uma área exclusiva para brancos. Certa manhã, os sons dos cascos dos cavalos e os gritos dos policiais acordaram Victor Mokine, então com dez anos de idade. Isso aconteceu em fevereiro de 1955. Mokine vivia com sua família em Sophiatown, lar de 65 mil pessoas - negros, brancos, mestiços, chineses e indianos. ""Eu vi policiais a cavalo no nosso quintal. Nossos pais nos disseram para ficar dentro de casa porque pensaram que haveria violência"", afirmou. ""Eles estavam armados com fuzis, pistolas e alguns com metralhadoras. Podíamos ouvir o barulho dos caminhões que chegavam para carregar os pertences das pessoas."" Os moradores de Sophiatown haviam sido avisados de que teriam que se mudar para outro local a 16 quilômetros de distância. Mas para minar qualquer tentativa de resistência, as autoridades chegaram três dias mais cedo que o planejado, enquanto ainda estava escuro, pegando os moradores despreparados. Quando Mokine e sua família saíram à rua, eles perceberam que havia mais de 2 mil policiais no bairro. Sophiatown era uma das poucas áreas na África do Sul em que naquele momento pessoas negras tinham o direto de possuir terras. Mas o governo usou uma legislação que obrigava diferentes grupos raciais a viver separadamente para reforçar a política de segregação. As autoridades haviam decidido que a população de Sophiatown deveria ser transferida para um local chamado Meadowlands depois que residentes de subúrbios brancos vizinhos pressionaram por sua remoção. DESOCUPAÇÕES Moradores foram orientados a não reagir para não serem massacrados pela polícia. Os despejos começaram nos dias seguintes. ""Havia um clima de medo. Alguns policiais simplesmente arrombavam as portas e gritavam em africander para as pessoas saírem. Parecia uma situação de guerra"", disse Mokine. Paul Joseph, um operário na época com 20 anos, então membro da organização Congresso Indiano vivia perto de Fordsburg e foi para Sophiatown no dia em que os despejos começaram. ""Eu fiquei olhando dos arredores e vi pessoas sendo colocadas silenciosamente em caminhões. Não havia cantoria, gritaria ou oposição"", disse. ""Era claramente intimidação."" Mas as autoridades descreveram o episódio como um tempo de celebração, afirmando que os moradores estavam felizes em sair de um local assolado por uma ""praga"". Um noticiário regional afirmou que eles regozijaram com ""os corações cheios de felicidade e expectativas"" enquanto se dirigiam para seu novo lar. O termo ""praga"" teria sido usado porque até 1955 o bairro era frequentado por músicos, artistas escritores e gangsters. Havia superlotação e banheiros compartilhados nos quintais - mas também uma energia incansável e otimismo, segundo afirmou Joseph. ""As pessoas iam ao Sophiatown para ouvir música"", disse. A área atraía pessoas de Johannesburgo, inclusive músicos que depois ficaram famosos, como Miriam Makeba e Hugh Masekela - que iniciaram suas carreiras em clubes de jazz de Sophiatown. Mas o bairro não era apenas um local de salões de dança e festas. Também era um eixo de atividades do CNA (Congresso Nacional Africano). Um dos amigos do operário Joseph era ninguém menos que o jovem Nelson Mandela - que frequentava muito a região. Nos meses anteriores às remoções, o CNA e a organização Congresso Indiano organizaram protestos em Sophiatown contra os planos de desocupação. Mandela então era o vice-presidente do CNA. Ele fez um discurso na Praça da Liberdade de Sophiatown dizendo aos moradores que o tempo de resistência pacífica havia chegado ao fim. A liga jovem do CNA criou o slogan ""Remoção sobre os nossos cadáveres"". Mas quando a população percebeu que a polícia traria muitas armas para a desocupação, as lideranças do CNA aconselharam os moradores a não resistir. ""Teria acontecido um massacre se eles tivessem resistido, não há dúvidas disso"", disse Joseph. NOVO LAR Em agosto de 1956, no meio do inverno sul-africano, Victor Mokine e sua família foram finalmente removidos. ""Esperamos pelo caminhão de remoção durante todo o dia. Ele só chegou às 19h, quando já estava escuro e frio."" Quando chegaram a Meadowlands receberam dois pães, uma garrafa de leite e foram levados para sua nova casa. ""Quando chegamos lá nos jogaram para fora do caminhão com nossos bens. Não havia forro no telhado e as paredes não tinham recebido acabamento. O telhado havia apenas sido colocado sobre os tijolos, por isso a primeira noite foi muito fria, o vento uivava pelas aberturas. Tivemos que usar jornal para nos proteger naquela noite"", disse. ""Ainda não havia lojas em Meadowlands e tivemos que ir ao distrito vizinho, Orlando West, para comprar coisas durante todo o primeiro ano."" E apesar da família de dez pessoas estar agora vivendo em uma casa de cinco quartos, muito maior que a de um quarto em Sophiatown, a mudança foi traumática. ""Ao voltar para casa do trabalho à noite as pessoas se perdiam, porque não havia luz e as estruturas das casas eram idênticas."" Para piorar, muitas famílias começaram a perder seus provedores. ""Eles simplesmente começaram a morrer. Na rua onde vivíamos percebi que em três ou quatro anos a maioria das famílias perderam seu provedor. Meu próprio pai morreu em 1963, aos 53 anos"", disse Mokine. ""Atribuímos isso ao estresse que sofreram."" RECONSTRUÇÃO Em 1962, Sophiatown havia sido demolida e reconstruída como uma área exclusiva para brancos batizada de Triomf. O único lembrete do que aquilo havia sido é que os novos moradores às vezes achavam talheres e jarras enterrados em seus jardins. Os empreiteiros haviam simplesmente construído sobre o entulho das casas demolidas. Para o CNA, a campanha para salvar Sophiatown foi um fracasso. Mas a organização galvanizou o movimento antiapartheid e repensou sua estratégia. ""Foi um grande revés para nós. Mas um efeito que isso teve foi deixar claro que não tínhamos outro recurso senão a luta violenta"", disse Mokine. ""Eu comecei a perceber nos jovens, quando pedia para que assinassem petições, que eles queriam armas para lutar contra o inimigo. Essa era a tendência para a qual começávamos a nos mover."" Sophiatown foi a primeira de uma série de remoções forçadas que desorganizaram muitas comunidades da África do Sul entre as décadas de 1950 e 1960. Sob o pretexto de preservar a harmonia racial, comunidades indianas dos distritos a oeste de Johannesburgo foram despejadas de locais onde moravam havia 70 anos e forçadas a mudar para Lenasia, mais de 30 quilômetros a sudoeste da cidade. Mas meio século depois, em 2006, Triomf foi renomeada e se tornou Sophiatown novamente. Hoje é um dos subúrbios de Johanesburgo com maior diversidade. ""Sophiatown hoje está ficando como era antes - as pessoas ainda se cumprimentam na rua, as crianças brincam na rua ou nas casas umas das outras e as mulheres ainda ficam sentadas nas esquinas esperando pelo número do fahfee (uma espécie de loteria). A diferença é que agora não é tão lotado"", afirmou o antigo morador Rasheed Subjee. Mas para Victor Mokine, uma coisa se perdeu quando a Sophiatown original foi destruída. ""Eu sinto falta da mistura de diferentes amigos. Eu costumava ter amigos negros e indianos em Sophiatown. A tragédia é que quebraram a união das pessoas."""
Projeto transforma fezes humanas em carvão de cozinha,"A capital de Gana, Acra, tem má fama em relação à poluição, mas está tentando transformar isso em vantagem - reciclando dejetos humanos para criar combustível de cozinha. Acra já foi incluída entre os lugares mais poluídos do mundo, sobretudo pelo despejo de esgoto a céu aberto, que hoje é realizado em meio a uma grande favela. Leia também: 'Descendentes precisam saber que história da África é tão bonita quanto a da Grécia' Sem encanamento nem sistema de saneamento eficiente, os quatro milhões de habitantes dependem de esgotos abertos e rios poluídos, que canalizam os dejetos até o mar. A falta de instalações sanitárias e o descarte indevido de resíduos agravam a situação. Mas agora uma equipe de empreendedores está encarando esse desafio de frente, transformando fezes humanas em carvão de cozinha. A ideia é enfrentar dois problemas de uma só vez: as consequências da falta de saneamento e as altas taxas de desmatamento no país para produção de carvão tradicional. Clique para assistir ao vídeo"
"Justiça brasileira é severa com suspeitos e leniente com condenados, diz 'Economist'","A Operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga suspeitas de corrupção na Petrobras, trata suspeitos de forma ""muito dura"" e seus condenados com ""leniência demasiada"", disse a revista britânica The Economist desta semana. Dezenas de empresários e políticos, a maioria da base aliada da presidente Dilma Rousseff, foram condenados ou acusados formalmente por integrarem um esquema bilionário de desvio de verbas na estatal. Outros suspeitos foram presos preventivamente, entre eles o empresário Marcelo Odebrecht, presidente afastado da Odebrecht, maior construtora do país. Vários detidos assinaram acordos de delação premiada e estão colaborando com as investigações. Sob o título ""Weird Justice"" (Justiça estranha), o artigo critica o sistema criminal e judiciário brasileiro, ""baseado num código penal antiquado (de 1940) e que fica aquém em muitos aspectos de normas internacionais"", que permite a prisão de suspeitos sem acusação e a libertação de condenados para que recorram das sentenças. ""As cortes tratam suspeitos com severidade excessiva, e condenados com leniência demasiada"", diz a revista, na edição que começou a circular nesta sexta-feira (11). ""O problema não está confinado a plutocratas pegos pela Lava Jato. Cerca de dois quintos dos 600 mil detentos no Brasil estão à espera de julgamento. Esse encarceramento em massa de pessoas de presumida inocência é sinal de que algo está errado"" com o sistema do país. O artigo cita como exemplo a prisão de Odebrecht, que contratou o escritório de advocacia londrino Blackstone para analisar se a conduta da Lava Jato é compatível com padrões internacionais. Segundo um relatório da Bçackstone citado pela revista, o uso de prisão preventiva pelo juiz Sérgio Moro, que comanda a Lava Jato, pode levantar ""questões sérias"" e violar convenções das quais o Brasil é signatário. O escritório diz que muitos dos detidos sem julgamento deveriam ser libertados. ""Prisões preventivas não podem ser usadas para intimidá-los a cooperar com as investigações ou sinalizar a gravidade das acusações que eles enfrentam. Os interrogadores da Lava Jato negam estar fazendo isso, mas os leitores do relatório da Blackstone ficarão pensando"", diz o texto. Moro tem defendido as prisões, dizendo que muitos dos suspeitos podem atuar para atrapalhar as investigações. Mas alguns detidos foram libertados após a Justiça conceder-lhes habeas corpus. A revista diz que a lei brasileira ""pode ser tão estranhamente indulgente quanto é dura"" ao permitir que condenados sejam libertados para que recorram de sentenças. ""Muitos críticos do sistema, incluindo Moro, acreditam que condenados deveriam recorrer em suas celas na prisão. Isto faria sentido. Assim como uma reforma do código criminal que deixaria em liberdade pessoas com presumida inocência e lhe dessem garantia de um julgamento justo"", diz o texto. ""Moro está certo em aplicar a lei, mas a lei em si precisa mudar""."
Fotos de satélite da Nasa registram mudanças ambientais no mundo,"Vistas de cima, áreas enormes do planeta sofreram profundas transformações nas últimas décadas. Imagens da Nasa mostram como o derretimento de geleiras, lagos em extinção e cidades em expansão alteraram o seu redor, da China à América do Sul. O projeto completo, chamado Images of Change (Imagens da mudança), pode ser visto no site climate.nasa.gov/state_of_flux."
"Ocupações de escolas continuam em 2017, dizem lideranças estudantis","Mudanças no ensino médio tocadas pelo governo Michel Temer, sem discussão com estudantes, e os prováveis impactos negativos da PEC do teto provocaram uma enorme onda de ocupações de escolas em 2016. Cerca de mil escolas e prédios de universidades foram tomados por estudantes em todo Brasil. Estudantes preveem mais um ano ""de luta"", mas ainda é difícil definir o que pode ser o estopim de mobilizações. Para João Vitor Seixas, 18, presente em inúmeras ações estudantis, os desdobramentos políticos terão bastante influência no movimento. ""A mobilização vai acontecer com certeza, só não sei as forças que temos por enquanto"", diz, citando os impactos de cortes na educação e greves de professores como prováveis motivações. As ocupações viraram uma marca do movimento estudantil em 2015, quando quase 200 unidades foram tomadas em São Paulo contra um projeto de reorganização da rede estadual de educação. Em 2016, a tática se espalhou para vários Estados do Brasil. A Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) realiza no início de 2017 um encontro nacional de grêmios escolares, de onde sairá um ""calendário de lutas"". ""Vamos, sim, voltar a ocupar se for preciso para garantir nosso futuro"", diz a presidente da Ubes, Camila Lanes."
Fãs de séries terão ano melhor com novos serviços de streaming no país,"A entrada no mercado brasileiro de streaming da Amazon (no último dia 14) e da HBO é a principal novidade para os fãs de séries em 2017, impondo pela primeira vez concorrência à altura para a Netflix. Munidas de dados sobre as preferências de seus usuários, as plataformas têm expandido as produções originais e adotado fórmulas fáceis como minisséries, revisitações e séries-derivadas, segmentando em nichos um cenário antes dominado por grandes canais de TV. Com isso, o termo ""on demand"", sob encomenda, passa a valer não só para a escolha do momento de exibição, mas também para aquilo que será filmado. No caso da Netflix, a tática foi usada para uma nova temporada da brilhante distopia ""Black Mirror"" e com sucesso no suspense oitentista ""Stranger Things"". Ambas voltam em 2017, assim como o drama sobrenatural ""Sense8"" e o thriller hiper-realista ""Narcos"". A Amazon trilha caminho parecido, selecionando seus investimentos a partir da resposta dos espectadores a episódios-piloto abertos na internet. As premiadas ""Transparent"", dramédia sensível sobre relações familiares, e ""The Man in the High Castle"", outra distopia que trata de fascismo, ganham continuidade. ""Sneaky Pete"", sobre um trambiqueiro vivido por Giovanni Ribisi, também deve marcar pontos. A HBO, cujo alcance cresce descolado de pacotes de cabo, busca substituto para ""Game of Thrones"". A última temporada da genial fantasia política começa em 2017 e terá sua segunda metade exibida apenas em 2018. A sucessora mais provável é o suspense futurista ""Westworld"", que após estreia bem-sucedida com o público e irregular com a crítica ganha um segundo ano (também em 2018). Já a Showtime, que conquista prestígio nos EUA, lança em abril a aguardada revisitação de ""Twin Peaks"", de David Lynch, quase 27 anos após a estreia. Em termos de séries, ao menos, 2017 deve ser melhor do que 2016."
Baleia-azul percorre 5.200 km e revela a cientistas rotas de migração,"Isabela, uma baleia-azul, ajudou os cientistas a traçar a rota de migração de sua espécie no oceano Pacífico, o que era, até então, um mistério da biologia. Os pesquisadores conseguiram observar a baleia em várias oportunidades. A primeira vez foi nas ilhas Galápagos (Equador), em novembro de 1998. Depois, o mamífero foi observado em 2006 e em 2008 na região do golfo do Corcovado, no sul do Chile (veja no mapa). As observações não foram realizadas pelos mesmos grupos de pesquisadores. Para consolidar os dados, foi feito um convênio entre instituições do Chile e dos Estados Unidos. A análise final, que identificou a mesma baleia, Isabela, nas diversas ocasiões, começou a ser feita em 2010, mas o martelo sobre sua identidade nas duas ocasiões só foi batido em 2014. A pesquisa foi publicada na última semana no periódico científico ""Marine Mammal Science"". A conclusão é que Isabela nadou pelo menos 5.200 km entre o Equador e o Chile. Ela mostrou aos cientistas para onde, de fato, as baleias-azuis vão para procurar alimento durante o inverno do hemisfério Sul. MISTÉRIO O biólogo marinho venezuelano-colombiano Juan Pablo Torres-Flores, que atualmente é pesquisador na Universidade Federal de São Carlos, é o principal autor do trabalho e diz que, diferentemente do que se sabe a respeito de outras espécies, como a baleia-jubarte ou a baleia-franca, o local de reprodução das baleias-azuis ainda era um mistério. ""Conhecer a rota da baleia Isabela é motivo de comemoração. Agora já se sabe para onde direcionar a busca por outros indivíduos dessa população e os esforços de conservação"", diz a bióloga e professora da Unicamp Mariana Nery, que não esteve envolvida na pesquisa e já estudou a baleia-azul. Isabela recebeu esse nome em homenagem à filha de Torres-Flores e também por ter sido avistada pela primeira vez perto da ilha Isabela, no arquipélago de Galápagos. As baleias-azuis são os maiores animais que já pisaram ou nadaram na Terra. Podem superar os 30 metros de comprimento e as 180 toneladas de peso –mais que 30 elefantes adultos juntos, ou 2.500 pessoas. Perto das baleias, nem mesmo um tiranossauro impressionaria. ""Estudar cetáceos é um desafio muito grande, porque esses animais são difíceis de serem localizados e passam a maior parte do tempo submersos e fora do nosso alcance visual. Muitas ainda são as perguntas que temos sem respostas"", afirma Nery. Para ""caçar"" as baleias-azuis, os cientistas disparavam dardos para coletar amostras da pele do bicho. Ao espetar as baleias –Torres-Flores garante que não machuca e que elas nem sentem–, os cientistas obtiveram uma amostra de DNA e puderam analisá-lo. É quase a mesma coisa que ter o registro de uma ""impressão digital"" molecular. Outra forma de captura é usar máquinas fotográficas: o padrão de manchas da pele de cada baleia é único. Também é possível identificar e estudar a espécie através do registro acústico do ""baleiês"" emitido por esses gigantes. AMEAÇAS O corpanzil do animal não é sustentado à base de plantinhas. A alimentação das baleias-azuis é principalmente baseada em algumas toneladas do crustáceo krill. Existem estimativas de que há mais quilos de krill do que de gente no planeta. No entanto, o problema é que o aquecimento global tem ameaçado a quantidade disponível de plataformas de gelo na Antártida, o que interfere negativamente na reprodução do crustáceo. Dessa forma, as águas geladas antárticas, geralmente bastante produtivas no verão, deixariam de sê-lo. Em regiões tropicais não há alimentos suficientes para suportar um grande número de baleias por todo o ano, explica Torres-Flores. Outra ameaça para a conservação, que parece coisa do século passado, é a caça de baleias, afirma o cientista. Alguns países, como a Noruega não fazem parte de acordos internacionais e podem caçá-las em águas próprias. O óleo de baleia já foi usado como base para sabão, margarina e como combustível para lamparinas . Hoje, a carne da baleia, vista como iguaria, é que é cobiçada. Também existem comunidades aborígenes que caçam a baleia para consumo tanto da carne quanto do óleo."
"'Avó' das cobras possuía patas, tornozelos e dedos, diz estudo","A mais antiga serpente pisou a superfície da Terra há 130 milhões de anos, devorando pequenos mamíferos quando os dinossauros ainda governavam o planeta. Sim, ""pisou"" é o verbo certo: essa mãe de todas as cobras tinha patas de trás, com tornozelos e dedinhos, de acordo com uma nova análise. A conclusão está em artigo recente na revista científica ""BMC Evolutionary Biology"". Os autores do trabalho, liderados por Allison Hsiang, paleontóloga da Universidade Yale (EUA), usaram as características anatômicas e genéticas de mais de 70 espécies de cobras e lagartos para fazer o ""retrato falado"" da primeira serpente. ""Era um predador noturno, furtivo, que vivia em ambientes de floresta no hemisfério Sul"", disse Hsiang em comunicado oficial. O mais provável é que esse ancestral não tivesse veneno potente nem fosse capaz de esmagar suas vítimas, como fazem as sucuris e jiboias - essas duas características surgiriam mais tarde na linhagem das serpentes. Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores basicamente computam a frequência de determinadas características em cobras atuais e extintas e usam análises estatísticas sofisticadas para verificar a probabilidade de que determinado traço –a vida diurna ou noturna, por exemplo– também estivesse presente no ancestral comum dos bichos. Uma das espécies extintas mais importantes para a análise é a Najash rionegrina, de 90 milhões de anos, uma serpente da Patagônia argentina que tem como codescobridor o paleontólogo brasileiro Hussam Zaher, do Museu de Zoologia da USP. Não por acaso, a N. rionegrina tinha um par funcional de patinhas de trás. DA TERRA À ÁGUA Para quem está acostumado a pensar nas cobras como bichos essencialmente ""entocados"", sempre rastejando pelo chão, é importante lembrar que a tese de uma origem terrestre para elas não é tão óbvia quanto parece. Há uma série de fósseis bastante antigos de serpentes-marinhas, sem falar nas espécies do grupo que ainda hoje habitam recifes de coral e nunca deixam o oceano (com exceção de um gênero, que bota ovos em terra firme, todas as serpentes-marinhas dão à luz seus filhotes diretamente na água). Além disso, outros tipos de cobras, como as sucuris do Pantanal, estão adaptados a passar boa parte do tempo dentro d'água. Isso levou alguns especialistas a postular que o formato incomum do corpo desses animais poderia ter surgido para facilitar o nado. A nova análise, no entanto, mostra que tanto as serpentes-marinhas do passado remoto quanto as atuais são ramos do ""meio"" da árvore genealógica do grupo, e não de sua base, o que indica que elas evoluíram bem depois da origem das cobras. Resta ainda, portanto, explicar o porquê da perda dos membros no caso de uma origem terrestre. Uma possibilidade é justamente a adaptação à vida fossorial, ou seja, em tocas debaixo do chão –membros reduzidos ajudariam os bichos a se enfiar na terra com mais facilidade. A nova análise, porém, não confirmou totalmente essa hipótese. É igualmente possível que as primeiras serpentes passassem a maior parte do tempo na superfície do solo, e não debaixo dele. NO QUENTINHO Um dado surpreendente do estudo de Hsiang é a preferência original das cobras por hábitos noturnos, uma vez que à noite a temperatura cai, uma situação não muito agradável para répteis, que precisam de calor externo para manter seu organismo funcionando. Em parte, isso se explica pelo hábitat original das serpentes em áreas quentes do globo (como as lagartixas de hoje), e também pelo fato de que as temperaturas do planeta eram significativamente mais altas na Era dos Dinossauros, quando elas surgiram. Conforme o clima da Terra foi ficando menos favorável nas dezenas de milhões de anos seguintes, as serpentes voltaram a se adaptar à vida diurna."
"Dimas Tadeu Covas, da USP, será o novo diretor do Instituto Butantan","O médico hematologista Dimas Tadeu Covas, que até então estava à frente da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto, será o novo diretor do Instituto Butantan, após a saída do médico e imunologista Jorge Kalil. Covas, especialista em hematologia, é professor titular da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, e tem projetos de pesquisa relacionados à coagulação do sangue e ao uso de células-tronco da medula e da veia umbilical para fins terapêuticos, entre outros. A reportagem procurou Covas e, segundo sua assessoria, ele está viajando e deve falar com a imprensa somente após ficar a par da situação no Butantan. Ele assume após a exoneração do médico imunologista Jorge Kalil, professor titular da Faculdade de Medicina da USP que comandava o Butantan desde 2011. SAÍDA No meio acadêmico, a saída de Kalil foi recebida com surpresa. Mayana Zatz, geneticista da USP, disse à Folha que Kalil ""é um cientista respeitadíssimo, uma unanimidade, e, além de tudo, um excelente gestor –e é difícil unir essas qualidades em uma pessoa só. O cientista geralmente é desligado, não sabe ou não gosta de lidar com dinheiro."" ""Ele levantou o Butantan, os projetos que ele dirigia iam muito bem e devem dar resultado em breve. Sua saída é um retrocesso para a instituição e para o país."" Para ela, os problemas da pesquisa geralmente se dão por causa da burocracia, e a implementação dos projetos acaba sendo a parte mais difícil. Funcionários do instituto foram na manhã desta quarta (22) ao aeroporto de Guarulhos recepcionar e mostrar apoio a Kalil, que regressava de um congresso na França. Também há um abaixo-assinado na internet que pede a permanência de Kalil no comando –sua gestão costuma ser bem-avaliada pelos pesquisadores do instituto O governo Alckmin decidiu tirar Kalil do cargo no mesmo dia em que a Folha divulgou que uma fábrica de hemoderivados estava há nove anos sendo construída e longe de ser terminada –o valor investido até então somaria R$ 239 milhões. Um entrave para a implementação, no entanto, seria a disponibilidade de plasma sanguíneo –que depende de um excedente do que seria aproveitado pela Hemobras, empresa da união localizada em Pernambuco. Para Paolo Zanotto, também professor da USP e um dos cientistas mais reputados do país na pesquisa relacionadas ao vírus da zika, a responsabilidade do não funcionamento da fábrica é resultado da ""falta de entrosamento com as agências federais"" por parte do Governo Alckmin. ""Kalil é um pesquisador e líder genial e continua relevante e necessário"", disse em sua conta do Facebook. Outros problemas –como contratos irregulares e compras sem licitação foram apontados pelo ex-presidente da Fundação Butantan, André Franco Montoro Filho, que pediu demissão do cargo, no início do mês. Ele não concordava com o papel secundário nas decisões estratégicas da presidência da Fundação, que administra recursos do instituto."
Maior produtividade da pecuária brasileira reduziria emissão de gases-estufa,"Não é folclore nem é piada: gases produzidos na digestão de bois e vacas pioram o aquecimento global. Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais mostra que dá para reduzir muito os arrotos e demais produções poluidoras dos 211 milhões de cabeças do Brasil –o maior rebanho comercial do mundo. O equivalente a 115 milhões de toneladas de gás carbônico (tCO2eq, como se abrevia a medida padrão para gases do efeito-estufa) poderiam deixar de ser lançadas até 2030 apenas melhorando a produtividade da pecuária. Isso representa quase um décimo de todo o carbono emitido pelo Brasil anualmente. O trabalho foi capitaneado por Britaldo Silveira Soares-Filho, do Centro de Sensoriamento Remoto, e Fabiano Alvim Barbosa, da Escola de Veterinária, ambos da UFMG. Participaram ainda a ONG Aliança da Terra e centros de pesquisa americanos. A pecuária bovina ocupa mais de um quarto do território nacional, 2,2 milhões de km2, dos quais 700 mil km2 na Amazônia. Com baixíssima produtividade, menos de cem cabeças por quilômetro quadrado, o rebanho sempre cresceu à custa da devastação de florestas. ""A pecuária é uma variável chave na equação do território brasileiro"", diz Soares-Filho. ""Dos assuntos que já estudei, é o mais difícil."" A pesquisa demorou um ano e meio para ser concluída. ""O setor está em transformação muito rápida, não tem muito mais área para se expandir horizontalmente"", constata o pesquisador, aludindo à pressão conservacionista que levou à redução de 80% nas taxas de desmatamento na última década. A demanda por proteína animal só faz aumentar, por outro lado, tanto no mercado interno quanto no externo. O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina e envia 20% da produção ao exterior. No entanto, nossa pecuária é muito ineficiente. Com apenas 88 milhões de reses, os EUA produziam em 2013 seus 11,7 milhões de toneladas de carne, 28,6% mais que os 9,1 milhões por aqui. INOVAÇÃO A equipe simulou três cenários para a pecuária nacional, combinando diferentes taxas de crescimento do rebanho, de confinamento (em que animais recebem alimentação melhor) e de recuperação de pastagens degradadas. Com capim melhor, bois e vacas crescem mais rápido e vão para o matadouro mais cedo. Não é raro no Brasil o abate ocorrer após os 40 meses, quando é possível fazê-lo aos 24. Seriam 16 meses a menos emitindo gases. No melhor cenário, apelidado de ""inovador"", o rebanho chegaria a 250 milhões de cabeças em 2030 (em vez dos 300 milhões projetados pelo governo). As pastagens, no entanto, se reduziriam em 21%, para 1,74 milhão de km2. No modelo rodado pelos computadores da UFMG, com a intensificação da atividade a produção de carne subiria para 12,4 milhões de toneladas. A produtividade daria um salto de 3,5 arrobas por hectare para 5,8 @/ha. Em outras palavras: com pasto melhor e suplementação alimentar (rações balanceadas), o gado engordaria mais e mais rápido. Nesse processo, passaria menos tempo no pasto arrotando. O xis da questão está no metano (CH4) produzido no rúmen. Para azar dos pecuaristas, e nosso, ele é um dos piores gases do efeito estufa, 21 vezes mais capaz de reter calor na atmosfera que o CO2. Estima-se que cada rês, no sistema tradicional de criação, produza em média 53,4 kg de metano por ano. Com confinamento e outras boas práticas, esses arrotos cairiam para 40,3 kg/ano. Os 115 milhões de tCO2eq podem parecer pouco, diante de 1,2 bilhão de tCO2eq emitidas anualmente pelo Brasil. Mas corresponde à poluição climática que seria produzida por uma frota imaginária de 115 milhões de carros 1.0 rodando 20 mil km por ano. E representa um quarto de todas as emissões atuais do setor agropecuário. Conter o arroto dos bovinos parece um bom começo para levar a pecuária nacional até o século 21. Clique no infográfico: Bois em milhões Clique no infográfico: Técnicas de criação de gado Clique no infográfico: Produção de carne Clique no infográfico: Lucro da produção de carne"
Terra está cercada por material invisível que intriga cientistas,"A matéria escura foi originalmente descoberta pelo efeito gravitacional que provocava em estrelas nas bordas das galáxias. Mas agora um trio de cientistas encontrou evidências de que ela também existe em quantidade apreciável na região interna da Via Láctea, a nossa galáxia. O achado pode nos dar novas pistas do que é e de como detectar essa misteriosa substância, que aparentemente só interage com a matéria normal por meio da gravidade. É essa baixa interatividade que lhe rendeu o apelido de matéria escura –e também é o que explica a dificuldade em identificá-la. ACHADO ASTRONÔMICO As primeiras sugestões de que algo estava errado com a descrição tradicional da composição do Universo na década de 1930, quando pesquisadores começaram a estudar o movimento de aglomerados de galáxias. A evidência só se tornou contundente, contudo, quando no fim da década de 1960 a astrofísica Vera Rubin fez a descoberta crucial: ela notou que as estrelas na periferia nas galáxias orbitavam em torno do centro galáctico mais rápido do que deveriam. Isso só podia significar que havia um halo de matéria em torno da galáxia, além das últimas estrelas. Mas, ao observar essas regiões, não havia nada lá. Nada detectável, pelo menos. Era matéria escura. Agora, o que dizer da presença dessa misteriosa substância no interior das galáxias, o que inclui a Terra? O novo estudo, liderado pelo italiano Fabio Iocco, astrofísico do Instituto Sul-Americano de Pesquisa Fundamental e do Instituto de Física Teória da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em São Paulo, explica essa questão. PONTO DE VISTA O que os cientistas fizeram foi comparar as observações reais sobre o movimento das estrelas com o que se esperava delas tendo em mente somente a influência gravitacional da matéria visível ao seu redor. A diferença entre trajetória esperada e real pode ser atribuída à influência da matéria escura. A conclusão é inescapável: também deve haver matéria escura neste pedaço do Universo, inclusive na região do nosso planeta. ""Nosso resultado é um passo firme: dizemos pela primeira vez com toda certeza, 'ela está lá'"", disse à Folha Iocco, cujo trabalho foi publicado online nesta segunda-feira pela revista científica ""Nature Physics"". Modelos teóricos já sugeriam que esse era mesmo o caso, e a confirmação é um primeiro passo importante para finalmente desvendar o enigma da matéria escura. ""O próximo passo, já em andamento, é fazer análises mais precisas da distribuição e do total de matéria escura por toda a Via Láctea"", afirma Iocco. Outro ponto importante é que a revelação aumenta a chance de detectarmos algum sinal da matéria escura na pesquisa de raios cósmicos. Já há alguns resultados sugestivos, mas de modo algum conclusivos, nesse sentido. Os cientistas estão tentando, por exemplo, buscar sinais de aniquilação de partículas de matéria escura emanados do espaço. Um experimento a bordo da Estação Espacial Internacional tem registrado partículas que podem ser resultado disso. ""Pelo menos mostramos que a condição zero [para que se possa observar tal fenômeno], a presença da matéria-prima, está garantida"", diz Iocco. ""Mas, claro, isso não garante que os sinais que estão sendo observados sejam mesmo de matéria escura. Isso depende da natureza da matéria escura, que é basicamente desconhecida."""
Mensageiro Sideral: Câmara aprova Brasil no ESO,"Depois de algumas idas e vindas que causaram comoção na comunidade astronômica, o acordo de adesão do Brasil ao ESO (Observatório Europeu do Sul) foi aprovado nesta quinta-feira (19) pelo Plenário da Câmara dos Deputados. Aleluia, irmãos! A proposta de ... Leia post completo no blog"
Flor-cadáver desabrocha e atrai milhares de visitantes nos EUA,"Por anos a cidade de Denver, nos EUA, aguardou pelo desabrochar de uma planta verde e roxa que se abre por apenas 48 horas e exala um perfume que os botânicos costumam classificar como carne apodrecida. Ao mesmo tempo que o propósito evolutivo do aroma é atrair insetos polinizadores que normalmente se alimentariam de animais mortos, o mesmo cheiro atraiu mais de 12 mil visitantes ao Jardim Botânico da cidade, que esperaram em fila para ver a atração fedorenta. A atmosfera local era um misto de ansiedade em ver o espetáculo botânico e a ânsia de vômito provocada pelo aroma peculiar. ""É como se o circo estivesse na cidade"", diz Alan Walker, 65, no meio de um grande empurra-empurra de pais e filhos na entrada dos Jardins, na quarta (19). Ele contou que, mesmo sendo um amante de plantas, achou estranho que ""todas essas pessoas formariam fila para algo que cheira como uma combinação de queijo limburger e meias após o exercício"". Dentro dos jardins, a estrela do dia estava dentro de uma estufa e sua espádice (tipo de espiga pontiaguda no centro da planta) empurra a folha para cima, fazendo a inflorescência se abrir e exibir sua cor amarronzada. Os funcionários do jardim estenderam um tapete vermelho, e famílias se revezavam para tirar fotos com a planta. A flor-cadáver, conhecida formalmente como titã arum, é nativa de florestas tropicais da ilha de Sumatra, mas costuma ser cultivada em jardins botânicos. Exigente, a planta demora de 8 a 20 anos até desabrochar. Após isso, ela continua a desabrochar. Sem uma frequência bem definida, porém. O nome científico dela é Amorphophallus titanum. As 12 mil pessoas presentes fizeram parte do que foi o recorde de público do jardim."
Sites brasileiros vendem drogas 'legais',"O cardápio de alucinógenos naturais é amplo na natureza – e também na internet brasileira. Pelos menos quatros lojas on-line colocam à disposição de qualquer pessoa cogumelos, cactos, sementes e outras ervas que contêm substâncias que alteram o estado de consciência do usuário. Os sites alertam que os produtos não são para o consumo humano, mas as seções de avaliação das substâncias estão repletas de comentários sobre as experiências causadas pelas drogas. A legislação é ambígua: as plantas e fungos vendidos não estão na lista de proibições da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). No entanto, no texto constam as substâncias que provocam os efeitos alucinógenos. No caso do cogumelo Psilocybe cubensis, a substância psilocibina é proibida, mas o fungo, não. Em relação à maconha, tanto a planta (Cannabis sativa) quanto a substância (tetraidrocanabinol) estão na lista. O advogado criminalista Ivan Pareta diz que a venda pode ser enquadrada como tráfico de drogas caso o produto possua as substâncias proibidas pela Anvisa. Contudo, como muitas das lojas on-line vendem os esporos (""sementes"") para o cultivo caseiro e eles não possuem a psilocibina, existe uma brecha legal para este tipo de comércio, diz o advogado. ""Também não conheço casos de punição legal por ingestão de cogumelo. O cultivo individual não tem jurisprudência"", diz Henrique Carneiro, professor de história da USP e membro do núcleo de estudos interdisciplinares sobre psicoativos. Produtos naturais que alteram o estado normal de consciência, como a ayahuasca, costumam ser usados em rituais. ""Mas a pessoa que compra pelo site não tem informações sobre o produto. Os riscos são maiores"", diz Davyson Moreira, do laboratório de toxicologia da Farmanguinhos/Fiocruz. ""Vender qualquer substância sem saber o que é pode causar problemas. Estamos falando de coisas que não sabemos muito bem que efeitos causam"", diz Ana Cecília Marques, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas. Essas drogas agem sobre o cérebro e podem disparar um gatilho da esquizofrenia em pessoas que têm a doença no histórico familiar. ""É o cara que não voltou da viagem depois de tomar"", diz Moreira. Duas pessoas que usaram os produtos disseram à Folha que compraram kits de cultivo caseiro e outras substâncias nos sites. ""Eles entregam na sua casa pelo correio"", conta o músico F.K., 26 anos, que cultivava o cogumelo Psilocybe. Ele também experimentou sálvia, mas teve uma ""bad trip"". Já o pesquisador Pedro (pseudônimo) comprou pela internet um cacto em pó que contém mescalina, sálvia e sementes de planta Argyreia nervosa, com a qual teve uma reação alérgica. OUTRO LADO O site Jardim Xamânico afirma que nenhum dos produtos está na lista da Anvisa. ""Não recomendamos o consumo, mas o usuário faz o que quiser"". O responsável pelo site Floresta de Luz disse por e-mail que vende apenas produtos in natura. ""A sociedade olha para essas coisas como se fossem drogas, o que é para nós um insulto"", disse. Natureza Divina e Amazônia Botânica foram contatados e não responderam."
Darwin e Deus: Bíblia de 1.700 anos? Na tela!,"Esqueça o Código Da Vinci, meu filho: legal mesmo é o Códex Vaticano. Esse manuscrito, datado do século 4º d.C., é um dos mais importantes e antigos exemplares da Bíblia cristã todinha - Antigo e Novo Testamentos - em grego. ... Leia post completo no blog"
Estranho objeto na Via Láctea pode mudar compreensão sobre galáxias,"A cerca de 280 mil anos-luz, nas fronteiras da Via Láctea, um estranho objeto chama a atenção de astrônomos. Tem um brilho fraco que o faz arredio até para supertelescópios, mas nos rodeia como a Lua faz com a Terra. É uma galáxia anã chamada Virgo I, que pode mudar o que sabemos sobre como a matéria escura mantém os objetos unidos nas galáxias. Até onde se sabe, galáxias como a Via Láctea são produzidas por uma combinação de matéria escuras, que vão criando órbitas escuras, e formações de gás e estrelas que vão sendo afetados pela gravidade. Se essa teoria estiver correta, deveríamos ter centenas de pequenas galáxias satélites orbitando nossa galáxia. Contudo, até o momento, apenas 50 delas foram detectadas. Os números não se encaixam. Esse é o chamado ""problema das galáxias anãs"". DUAS OPÇÕES Isso quer dizer que, ou a teoria sobre como se formam as galáxias com matéria escura fria está errada ou simplesmente não conseguimos detectar todas as galáxias-satélite que deveriam estar orbitando a Via Láctea. Esta descoberta, feita pelo estudante japonês Daisuke Homme da universidade de Tohoku, sugere que a segunda opção é possível. Com a ajuda do telescópio Subaru foi possível detectar Virgo I, que têm uma magnitude absoluta de -0,8. Magnitude absoluta é a medida do brilho dos objetos celestes e até o momento não havia sido possível detectar galáxias com brilho menor que -8. Mas este telescópio de 8,2 m tem uma grande abertura, o que permite absorver mais luz que outros. E descobriu esta galáxia anã perto da constelação de Virgem. Por isso ela recebeu esse nome. NOVA JANELA ""Examinamos cuidadosamente os dados do Subaru e descobrimos uma excessiva densidade de estrelas em Virgo que mostram um padrão característico de um sistema estelar ancestral"", informou Masashi Chiba, professor encarregado do estudo. ""Surpreendentemente é uma das galáxias satélites mais fracas, mas mesmo assim uma galáxia."" Isso se deve ao fato de que se estende por um raio de 124 anos-luz, ""sistematicamente maior que um grupo globular com luminosidade comparável"", acrescentou o especialista. O estudo, publicado recentemente no ""Astrophysical Journal"", é importante porque agora sabemos que é possível detectar galáxias com um brilho extremamente fraco, o que ajudará a solucionar o problema das galáxias anãs e a entender melhor a matéria escura. ""Esta descoberta implica que existem centenas de galáxias anãs esperando para serem descobertas na órbita da Via Láctea"", comentou Masashi Chiba. Chiba acrescentou que determinar quantas outras galáxias anãs existem nos dará importantes pistas de como a Via Láctea e como a matéria escura contribuiu para isso."
"Em domingo de fenômenos, eclipse e superlua viram astros da noite","Em domingo de lua cheia, os cliques só foram para ela. Visíveis (ou quase) em todo o país, dois fenômenos astronômicos, a superlua e o eclipse lunar, transformaram o céu na grande estrela da noite. A Lua virou a atração. Suas fotos dominaram as plataformas sociais. Houve uma enxurrada de mobilizações pela internet ao promover encontros e celebrações em torno dela. Neste domingo (27), foi a primeira vez, desde 1982, que ocorreu o encontro desses dois fenômenos. Tal coincidência é coisa rara. Aconteceu apenas cinco vezes no século passado. A Lua estava no seu ponto mais próximo da Terra, conhecido como perigeu lunar. A superlua combinou o perigeu com uma noite de lua cheia. Bingo! A união desses dois fatores fez a Lua parecer maior em diâmetro do que o habitual. Ao mesmo tempo, a Terra passou entre o Sol e a Lua, criando, assim, o eclipse lunar. Bastava olhar para o céu. Infográfico: Eclipse da Superlua Muitos paulistanos, porém, não tiveram a mesma sorte. A chuva forte, com direito a trovoadas no começo da noite, escondeu a superlua. Em praças, parques, ruas e avenidas, o que se viu foi o contorcionismo de gente tentando ver a superlua. Entre 19h e 21h, o que mais se ouvia era: ""Cadê a Lua?"" A praça da Paz, no parque Ibirapuera, seria palco de uma meditação coletiva para celebrar a Lua, mas o aguaceiro embaçou. Pelas redes sociais, o próprio Ibirapuera convidou os internautas para o eclipse, o que despertou o interesse de muita gente. No embalo do ""like"", 51 mil pessoas confirmaram presença, mas só alguns ""gatos pingados"" cumpriram o combinado, desviando-se de muitas poças e lama. ""A chuva veio num momento errado"", disse a estudante Fabiana Steffens, 22, obrigada a sacar da mochila um agasalho de moletom para se aquecer depois de ter que abandonar a praça sob a chuva forte. ""Cheguei às 19h, pensando que daria tempo de participar de uma sessão de ioga."" Não deu. Richard Fernandes, 19, também estudante, contou que estava rezando para chover. ""Outro dia, né? Porque o mundo está precisando. Não no domingo. E ainda mais em dia de superlua."" Ele contou que percebeu ""uma energia boa"" no parque, pois as pessoas ""pareciam mais alegres e receptivas"". ""É claro que a Lua influencia, mas, com esse temporal, tudo foi literalmente por água abaixo"", afirmou. A auxiliar administrativa Rafaela Trofino, 18, contou que estava exausta. Virou a noite na balada e só estava ali à espera da meditação sob a ""vibração"" da superlua. ""Confesso: estou muito chateada. Fiquei na maior expectativa."" Já a nutricionista Gislaine Vasconcelos, 28, resignou-se a espiar a Lua entre as nuvens carregadas. ""Ok, perdi a meditação, mas a Lua, quando aparece, está simplesmente maravilhosa. Triste é que vai demorar muito tempo para surgir outro momento assim."" Triste mesmo, Gislaine, já que fenômenos semelhantes aos deste domingo só devem voltar a ocorrer em 2033. ENVIE SUA FOTO Envie para a Folha suas fotos do fenômeno. Ao fazer o compartilhamento, utilize a hashtag #folhadespaulo e informe seu nome e o local onde está. Ou, se preferir, mande pelo WhatsApp do jornal: (11) 99490-1649. As imagens enviadas poderão ser exibidas em quaisquer plataformas da Folha, digital ou impressa. Os participantes autorizam a Folha a reproduzir as imagens enviadas em qualquer plataforma e a utilizar seus nomes nos créditos"
Mensageiro Sideral: Treinamento em jornalismo científico,"Sempre quis trabalhar com divulgação científica? Tem vontade de praticar jornalismo de ciência, mas não sabe nem onde, nem como? Quer ajudar a espalhar conhecimento e pensamento crítico por esse Brasilzão? Seus problemas acabaram! A Folha abriu no último domingo (15) as inscrições ... Leia post completo no blog"
Cientistas japoneses conseguem fazer peixe fêmea produzir espermatozoides,"Aproxima-se o dia em que o sexo masculino pode se tornar reprodutivamente obsoleto –pelo menos para peixes japoneses da espécie medaka. Cientistas japoneses conseguiram, desativando um gene, fazer medakas fêmeas produzirem espermatozoides funcionais e capazes de fertilizar óvulos normalmente. O nome dele é FOXL3. Ele faz parte de uma família de genes que é sabidamente importante para produção de gametas (espermatozóides e óvulos). Os pesquisadores do Instituto Nacional de Biologia Básica e de outros centros de pesquisa japoneses conseguiram interromper a atividade do gene. As maior parte das células germinativas que gerariam óvulos acabaram formando espermatozoides. ""Ninguém sabia que em vertebrados as células germinativas teriam esse mecanismo de liga-desliga, capaz de decidir o futuro dela como óvulo ou espermatozoide. Nossos resultados indicam que uma vez que a 'decisão' é feita, as células germinativas conseguem chegar até o final do processo"", diz Minoru Tanaka, que coordenou o estudo. A pesquisa foi publicada na edição dessa semana da revista ""Science""."
Cientistas criam bactéria apenas com os genes essenciais à vida,"Pela primeira vez na história, pesquisadores conseguiram projetar do zero o genoma de um ser vivo (uma bactéria, para ser mais exato) e ""instalá-lo"" com sucesso numa célula, como quem instala um aplicativo no celular. É um feito e tanto, sem dúvida. Paradoxalmente, porém, o próprio sucesso do americano Craig Venter e de seus colegas deixa claro o quanto ainda falta para que a humanidade domine os segredos da vida. Cerca de um terço do DNA da nova bactéria (apelidada de syn3.0) foi colocado lá por puro processo de tentativa e erro – os cientistas não fazem a menor ideia do porquê ele é essencial. ""As pessoas já tinham feito há tempos uma estimativa da quantidade mínima de genes necessária para que um ser vivo funcionasse"", contou Venter em entrevista coletiva por telefone. ""O que nós descobrimos é que a estimativa estava errada justamente por causa dessa porção substancial de genes cuja função nós ainda não conhecemos."" A criação da syn3.0, descrita em artigo na revista especializada ""Science"" desta semana, coroa décadas de esforço do polêmico pesquisador, que hoje lidera um órgão privado que leva seu nome, o Instituto J. Craig Venter, na Califórnia. Depois de ser um dos líderes do sequenciamento (ou seja, a ""leitura"") do genoma humano nos anos 1990, Venter se impôs a tarefa nada modesta de descobrir quais eram os ""aplicativos básicos"" das células, ou seja, as funções bioquímicas realmente essenciais dos seres vivos. Venter e seus colaboradores apostavam que, se fosse possível criar em laboratório uma ""célula mínima"", com um DNA contendo apenas a receita de tais funções essenciais à sobrevivência, os cientistas conseguiriam ter acesso aos mistérios mais básicos da biologia. Mas o americano também é um homem de negócios, o que traz à tona outro de seus objetivos: a ""célula mínima"" poderia se tornar, no futuro, uma plataforma industrial sem precedentes. Usando-a como ponto de partida ou modelo básico, seria possível ir adicionando a tal plataforma celular os mais variados tipos de genes obtidos de outros seres vivos, de forma que a bactéria sintética produzisse medicamentos, biocombustíveis, plásticos e inúmeros outros produtos. Micro-organismos já são usados de um jeito parecido hoje, mas a versatilidade da ""célula mínima"" poderia levar tais aplicações a um novo patamar. MYCOPLASMA Tais possibilidades mirabolantes ainda estão no futuro. Venter e companhia tiveram de suar um bocado e desenvolver suas próprias tecnologias para chegar à syn3.0, que teve um ponto de partida lógico: as bactérias que naturalmente já apresentam os genomas mais enxutos da natureza, parasitas pertencentes ao gênero Mycoplasma (em parte, seu DNA é tão simples porque conseguem obter boa parte dos recursos de que necessitam de seus hospedeiros humanos). Usando um método que ""desliga"" os genes de Mycoplasma, a equipe foi estimando quais eram essenciais à sobrevivência dos micróbios e quais podiam ser descartados. Depois, passaram a montar diversas versões do que parecia ser o genoma mínimo, verificando como as bactérias resultantes sobreviviam e se multiplicavam em laboratório. ""Como estamos em busca de uma ferramenta de pesquisa, também não adiantava muito obter células que eram viáveis mas demoravam muito para se reproduzir e que, portanto, não seriam muito úteis em laboratório"", explica Venter. (No fim das contas, a syn3.0 até que se saiu bem nesse quesito, dobrando sua população a cada três horas, em média.) Após anos de tentativa e erro, eles acabaram percebendo um padrão intrigante. Havia genes que não pareciam essenciais e que podiam ser deletados sem muita dor na consciência. Entretanto, na verdade, eles formavam ""pares"" com outros genes, como se eles fossem cópias de segurança um do outro - e aí, quando o segundo membro do parzinho era apagado, a célula se tornava inviável. ""Nós pensamos em várias metáforas da indústria da aviação para explicar isso"", conta Venter. ""Uma delas é a seguinte: se você arranca um dos motores do seu avião, ele pode até ser capaz de pousar em segurança, então a tendência é você achar que o motor não é algo essencial - até arrancar o outro motor."" O plano dos pesquisadores é comercializar tanto a syn3.0 como plataforma de pesquisa quanto os instrumentos automatizados inventados por eles para ""montar"" o genoma da criatura, que tem apenas 531 mil ""letras"" (o humano chega a 3 bilhões) e 473 genes. Se você está preocupado com um cenário apocalíptico no qual o novo organismo sintético sai do controle, domina a Terra e mata todos nós, pode respirar aliviado: trata-se de uma bactéria muito mimada. Justamente por ter um genoma enxuto, ela não possui várias funções ligadas ao processamento de nutrientes - é preciso que os pesquisadores entreguem tudo ""mastigado"" a ela, digamos. Portanto, não sobreviveria mais do que meia hora fora do laboratório."
China lança o primeiro satélite mundial de comunicação quântica,"A China realizou nesta terça (16) o primeiro lançamento mundial de um satélite de comunicação quântica, um avanço tecnológico para Pequim, que busca construir um sistema inviolável de comunicações codificadas. O lançamento foi feito na madrugada desta terça no deserto de Gobi (norte), anunciou a agência estatal Xinhua, e acontece quando os EUA, Japão e outras nações também desejam obter esta tecnologia. A China investiu muitos recursos financeiros nesse desafio tecnológico, um dos inúmeros investimentos de Pequim na investigação científica de ponta, que abarca da exploração mineradora dos asteroides às manipulações genéticas. O objetivo do satélite, batizado Mozi em homenagem a um filósofo chinês do século 5 a.C., será demonstrar a importância e o interesse da tecnologia quântica nas comunicações de longa distância. Ao contrário dos métodos clássicos de transmissão segura, o sistema utiliza fótons (uma ""partícula fundamental"" do campo eletromagnético) para enviar as chaves de encriptação necessárias para decodificar a informação. Os dados contidos nesses fótons são impossíveis de interceptar, já que qualquer tentativa de espionagem provocaria sua autodestruição. Apesar de os cientistas demonstrarem a eficácia para transmitir mensagens em distâncias relativamente curtas, os obstáculos técnicos situam até agora fora do alcance as comunicações em longa distância. O recorde atual se situa em torno dos 300 km, segundo artigo da revista científica ""Nature"". O satélite tentará enviar dados cifrados entre Pequim e Urumqi, a capital da região de Xinjiang (noroeste) situada a quase 2.500 km de distância. A operação precisará que o satélite esteja orientado de uma maneira extremamente precisa para as estações receptoras situadas na Terra, de acordo com a agência Xinhua. ""Será como lançar uma moeda de um avião que voa a 100 km de altura e esperar que caia exatamente na abertura de um cofre de porquinho em rotação"", explicou o responsável pelo projeto, Wang Jianyu. O desenvolvimento desta nova tecnologia é um objetivo crucial para Pequim, que a incluiu em seu novo plano quinquenal publicado no mês de março passado. ""Este satélite marca uma mudança no papel da China. Ela deixa de ser uma seguidora em termos de desenvolvimento de tecnologias da informação clássicas a um dos líderes dos futuros êxitos do setor"", indicou Pan Jianwei, responsável pelo satélite, citado pela Xinhua. ""A China pode esperar a criação de uma rede mundial de comunicações quânticas até 2030"", declarou ainda. Pequim já havia declarado que a tecnologia quântica representa uma de suas prioridades nacionais. As revelações do ex-consultor de inteligência americano Edward Snowden sobre as operações de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional) dos EUA reforçaram a vontade chinesa de desenvolver tecnologias impossíveis de serem hackeadas. A China também faz parte do grupo de alguns países que trabalham na criação do primeiro ""computador quântico"" do mundo. Esta máquina, com a ajuda das propriedades das partículas subatômicas, poderá realizar cálculos a velocidades muito mais rápidas que os obtidos com a tecnologia atual."
Mares em luas geladas de Júpiter e Saturno podem abrigar vida,"Duas descobertas anunciadas nesta semana, numa lua de Júpiter e noutra de Saturno, aumentaram as perspectivas da busca por vida extraterrestre no Sistema Solar. Usando o Telescópio Espacial Hubble, alemães conseguiram confirmar que Ganimedes, a maior das luas jovianas, tem um vasto oceano sob sua superfície congelada. Já dados da sonda Cassini, que orbita Saturno desde 2004, trouxeram evidências de que há fontes hidrotermais sob o oceano oculto de Encélado, uma modesta lua de apenas 500 km de diâmetro. A revelação, publicada em estudo na revista ""Nature"", é importante porque muitos cientistas creem que foi em fossas hidrotermais que a vida surgiu aqui na Terra. ""A descoberta de ambientes similares em Encélado abre perspectivas novas na busca por vida em outras partes do Sistema Solar"", afirmou Gabriel Tobie, cientista da Universidade de Nantes, em um artigo-comentário. O achado foi feito ao analisar a composição de partículas de um dos anéis de Saturno, que é composto por material ejetado de fissuras na superfície de Encélado. A presença de pequenos grãos de silicato (rocha) revelou a existência das fontes hidrotermais no leito do oceano. Água em estado líquido é tida pelos cientistas como a condição essencial para a existência de vida, por isso também há empolgação pela descoberta em Ganimedes. Ao medir a interação do campo magnético da lua com o fluxo de partículas do Sol, os cientistas conseguiram inferir a presença de um oceano sob a crosta de gelo. Estima-se que a camada líquida de água salgada em Ganimedes tenha espessura média de 100 km –dez vezes a dos oceanos terrestres. Já se sabia que outra lua joviana, Europa, também tem oceano subterrâneo. A sonda Galileo já sugeria que era esse o caso em Ganimedes, mas a confirmação só veio agora."
Mensageiro Sideral: Um mistério brilhante em Ceres,"A espaçonave Dawn, da Nasa, está prestes a chegar ao planeta anão Ceres, maior objeto do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. E um misterioso ponto brilhante detectado pela sonda, ainda sem explicação concreta do que possa ser, intriga os ... Leia post completo no blog"
Cientistas encontram fósseis mais antigos da América do Sul,"Centenas de estruturas em forma de disco achadas em rochas da Argentina são os mais antigos indícios da evolução da vida complexa na América do Sul. Com idade entre 570 milhões e 560 milhões de anos, os pequenos discos ainda são um mistério quase completo, mas o certo é que pertenciam a criaturas multicelulares, ou seja, cujo organismo era construído pelo trabalho colaborativo de muitas células, como o nosso. ""Por enquanto não podemos dizer nada [sobre o parentesco deles com os seres vivos atuais], estamos trabalhando nisso. Podem ter afinidades tanto com animais quanto com vegetais"", disse à Folha a pesquisadora María Julia Arrouy, do Centro de Investigações Geológicas de La Plata, na Argentina. Junto com colegas argentinos e brasileiros, María Julia assina um estudo sobre o tema na revista especializada ""Scientific Reports"". Fósseis da época são notórios por sua capacidade de deixar os paleontólogos confusos. Coletivamente conhecidos como a biota de Ediacara. tais criaturas costumam ter forma simples e enigmática –além dos discos, há estruturas tubulares, enquanto outras lembram talos ou folhas. Do lado brasileiro da fronteira também existem fósseis ediacaranos, achados em regiões como o Mato Grosso do Sul, por exemplo, mas eles possuem um corpo calcário e relativamente duro, enquanto os novos achados parecem ter possuído corpo mole. Os discos identificados deixam claro que estamos falando de criaturas diminutas. Os maiores não passam de 14 cm de diâmetro; alguns têm só poucos milímetros, e a maioria mede entre 1 cm e 2,5 cm. Curiosamente, há uma conexão entre tamanho dos discos e detalhes de sua estrutura, o que talvez indique os passos do desenvolvimento das antigas criaturas. Enquanto os menorzinhos têm superfície lisa, os maiores apresentam ""dobraduras"" e raios que se estendem do centro para as bordas, além de uma marca característica no centro. Em alguns dos espécimes, parece que desse ponto no centro está brotando um começo de ""caule"". Esses detalhes levaram os cientistas a propor que as criaturas pertenciam ao grupo das chamadas Aspidella, já encontrados em outros registros da biota de Ediacara. ""As Aspidella são fósseis enigmáticos, de distribuição global. A associação delas com outros fósseis, representados por estruturas frondosas e na forma de talos, levaram os pesquisadores a interpretarem-nas como estruturas de fixação de organismos"", explica Marcello Simões, da da Unesp de Botucatu, também autor do estudo. O bicho inteiro, portanto (se é que era um animal mesmo), lembraria vagamente uma folha ou uma pena fincada numa base redonda no leito marinho –no caso dos achados da Argentina, numa área rasa, próxima da praia, que poderia ficar temporariamente descoberta dependendo da maré. A criatura usaria sua fronde ou folha para filtrar nutrientes da água do mar. Segundo María Julia, a luz solar talvez fosse importante para a sobrevivência de tais criaturas. ""Ocorre que, durante a vida do organismo ou mesmo após sua morte, as diferentes partes anatômicas, como o disco basal, o 'talo', a 'fronde', poderiam se desconectar, de forma que nem sempre é comum encontrar todas as partes ainda em conexão orgânica"", afirma Simões. SUMIÇO Quando comparados com os grandes grupos de seres vivos complexos atuais, os Aspidella são considerados mais próximos dos animais –ou talvez dos fungos, como os cogumelos modernos. ""As formas com frondes não parecem ter sobrevivido até o intervalo de tempo seguinte"", diz Fernanda Quaglio, da Universidade Federal de Uberlândia (MG), outra coautora da pesquisa. Essa fase da história do planeta é o Cambriano, que começa há 541 milhões de anos e se caracteriza pela primeira grande explosão de diversidade dos animais, com a chegada dos ancestrais de insetos e vertebrados. ""Uma hipótese é que, com o surgimento desses novos organismos, a dinâmica da coluna d'água mudou. Antes, as águas eram riquíssimas em nutrientes"", explica Fernanda. Com menos comida para absorver ou filtrar por causa da presença dos concorrentes, os misteriosos ""bichos-caules"" teriam perecido."
Cachorros pequenos realmente são mais agressivos?,"Em um simples passeio por um parque, é comum ver donos de cachorros sendo puxados para todas as direções. E nem sempre o ""culpado"" é algum cão das famosas raças grandes, como um dinamarquês –mas sim um pequeno terrier. Ou talvez você já tenha visto vídeos de cães grandes correndo, assustados, de colegas pequeninos. Com base nessa percepção geral, perguntamos aos nossos leitores se eles veem as raças menores como mais agressivas. Entre as respostas afirmativas, estava a convicção de que cachorros menores sofrem de uma espécie de complexo canino de inferioridade que os torna mais defensivos. Esse sentimento tem equivalência humana no Complexo de Napoleão, aquele em que alguém de estatura diminuta compensa isso com a adoção de um comportamento dominador. Faz sentido, mas pesquisas sugerem que se trata de um fenômeno anedótico. David Sandberg, da Universidade de Búfalo (EUA), e Linda Voss, da Peninsula Medical School, em Plymouth (Reino Unido), estudaram as evidências sobre o Complexo de Napoleão e publicaram suas conclusões em 2002. Para eles, a adaptação psicológica de indivíduos mais baixos que a média não é amplamente distinguível de outros, seja na infância, adolescência ou vida adulta. A REALIDADE NO MUNDO ANIMAL Mas o que serve para humanos nem sempre se aplica a animais. Em 2012, um estudo de Andreas Svensson, da Universidade de Linnaeus, na Suécia, analisou o comportamento do peixe de água fresca conhecido como Chlamydogobius eremius. Os machos dessa espécie defendem os ninhos, então pesquisadores introduziram intrusos para enfrentar os residentes. Resultado: a equipe de Svensson descobriu que machos menores atacavam mais cedo e com mais intensidade que os maiores. Se isso acontece com peixes, pode ser o mesmo com cachorros? Em um estudo de 2013, Paul McGreevy, da Universidade de Sydney (Austrália), e sua equipe avaliaram se as características externas de cães são relacionadas a seu comportamento. Cães, segundo McGreevy, são uma boa espécie para estudar esse tipo de coisa porque formatos de crânio e corpo são bastante diversos entre as raças. Os cientistas descobriram que cães menores demonstravam mais agressividade em relação ao dono, pedidos de comida, uso de urina para marcar território e necessidade de atenção. Em outras palavras, cães menores são realmente mais agressivos em algumas circunstâncias. Mas os dados não mostram nada sobre o porquê. A conclusão é que era impossível determinar o quanto o comportamento observado era influenciado pela genética ou o ambiente. É certamente possível que cães menores tenham tendência natural para a agressão, mas pode haver muitas outras explicações, a maioria delas relacionada a como tratamos os cachorros. O estudo de McGreevy apenas mostrou uma correlação entre tamanho e agressividade, não uma ligação absoluta, como explica Daniel Mills, da Universidade de Lincoln, no Reino Unido. ""Tamanho pode ter uma influência, mas não significa que todo cachorrinho é agressivo."" Também não há boas informações sobre qual raça ataca mais. ""Pesquisas sugerem que as pessoas tendem a relatar mais uma mordida de um pastor do que a de um Jack Russell, porque é uma lesão mais severa. Há uma grande falta de confiabilidade nas informações disponíveis."" Mills acredita que humanos podem, inconscientemente, estar forçando alguns comportamentos. ""As pessoas veem cachorros pequenos como símbolos de status, carregando-os nas bolsas. Eles não gostam disso, o que afeta seu desenvolvimento comportamental."" Ele diz haver muitas maneiras de afetar o comportamento canino. ""Se um certo comportamento é esperado de um cachorro, ele pode ser tolerado."" Humanos podem também não perceber os sinais. ""Com cachorros pequenos, podemos estar menos atentos a sinais prematuros de agressão, como olhares fixos, do que com um cachorro maior. Sendo assim, o primeiro sinal de agressão que vimos em pequenos cachorros é um latido, o que nos faz pensar que eles são mais agressivos que o cachorro maior. Ambos estão apenas dizendo 'me deixe em paz'"". O que temos, então? Há evidência de que cachorros menores tendem a ser mais ""tensos"" que os maiores, mas essa diferença pode ser influência humana, seja pela criação diferenciada deles ou pela interpretação errada de suas ações. Melhor ter isso em mente da próxima vez em que você brincar com um lulu da Pomerânia."
Está inaugurada a novíssima era da astronomia de ondas gravitacionais,"Em 1916, Albert Einstein previu, a partir da sua teoria da relatividade geral, a existência de uma radiação produzida pela aceleração de massas. Ele batizou esta radiação de ""ondas gravitacionais"". Ele mesmo, porém, achou naquela época que talvez essas ondas nunca fossem detectadas, pois os seus cálculos indicavam uma amplitude absurdamente pequena se elas fossem produzidas em laboratório. A perspectiva só melhorou com os avanços da tecnologia e com a possibilidade de detecção das ondas gravitacionais produzidas por eventos catastróficos no Universo, tais como a explosão supernova de estrelas, choque de estrelas de nêutrons e/ou de buracos negros, os quais poderiam gerar ondas gravitacionais muito mais fortes. E foi justamente o que aconteceu. Em 14 de setembro de 2015, às seis horas e aproximadamente 51 minutos da manhã (horário de Brasília), os observatórios Ligo (Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro de Laser) localizados nos Estados americanos da Louisiana e Washington, detectaram quase simultaneamente um sinal de ondas gravitacionais de cerca de 0,2 segundos de duração. A frente de onda chegou primeiro no observatório da Louisiana e 7,3 milissegundos depois no de Washington. Ao analisar os dados registrados em ambos observatórios, concluiu-se que se tratava do sinal dos últimos dois décimos de segundos de órbita de dois buracos negros com massas aproximadamente iguais a 29 e 36 vezes a massa do Sol, seguida da colisão e formação de um único buraco negro de massa igual a 62 vezes a massa do Sol. A diferença em relação à massa total (65) foi irradiada na forma de ondas gravitacionais, segundo a famosa formula E=mc2, da teoria da relatividade especial de Einstein, resultando em aproximadamente 6,3 x 1054 ergs de energia, o que equivale a mais do que 10 mil vezes a energia total emitida pelo Sol até hoje, desde o seu nascimento, 5 bilhões de anos trás. Os dados indicam uma maior probabilidade para que este evento tenha ocorrido em uma grande região do céu do hemisfério sul, a uma distância aproximada de 1,3 bilhão de anos-luz da Terra (um ano-luz é a distancia que a luz percorre em um ano, com a velocidade de 300 mil km/s). A chance de haver engano nas conclusões é de aproximadamente uma parte em 5 milhões. Dizendo de outra forma, precisaríamos de aproximadamente 200 mil anos para o ruído produzir ao acaso este mesmo sinal em ambos observatórios. Portanto, é quase certo que as conclusões estejam corretas. ondas gravitacionais PROVA DIRETA Com a descoberta, fica confirmada por detecção direta a existência de ondas gravitacionais, a existência de buracos negros e a coalescência deles em sistemas binários (formados por dois deles). A prova observacional indireta da existência das ondas gravitacionais já havia ocorrido com a descoberta e estudo do sistema binário de estrelas de nêutrons PSR1913+16 (em que uma delas emite pulsos de rádio) feita pelos americanos Joseph Taylor e Russell Hulse, o que lhes deu o prêmio Nobel de física de 1993. Esse sistema binário está continuamente perdendo energia de rotação por emissão de ondas gravitacionais. Essa perda de energia é comprovada pela diminuição continua do período orbital do sistema, observada pela variação do intervalo entre os pulsos de rádio que são emitidos por uma das estrelas de nêutrons e que, na época, foram detectados pelo radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico. Desta vez, porém, elas foram confirmadas pela observação/detecção direta das próprias ondas gravitacionais, agora nos observatórios Ligo. Cada um deles tem um feixe de laser que se divide em dois feixes horizontais e perpendiculares entre si, e cada um desses feixes percorre mais de 100 km em repetidas reflexões em espelhos dentro de tubos de 4 km de extensão e alto vácuo. No final esses feixes são reunidos e suas fases comparadas. Uma onda gravitacional ao passar pelos observatórios causa uma variação nas distâncias entre os espelhos o que, por sua vez, causa uma variação relativa nas fases dos feixes. Essa variação modifica a intensidade da luz que chega a um fotodetector instalado em cada um deles, pelo processo chamado de interferometria, acusando a passagem da onda. Em 14 de setembro de 2015, a onda gravitacional produzida pela coalescência daqueles buracos negros deixou registrada nos dois observatórios interferométricos Ligo a sua passagem pela Terra. Outros observatórios não estavam ligados naquele dia, não estavam em modo de observação, ou não tinham a sensibilidade suficiente, pois apesar de ter sido detectada muito claramente nos dois observatórios Ligo, com uma amplitude 24 vezes acima do nível de ruído deles, ela modificou os 4 km de distancia entre os espelhos em apenas 1/250 do diâmetro de um próton (partícula presente no núcleo de átomos)! O detector de ondas gravitacionais nacional, a antena Mário Schenberg, não estava ligada no dia do evento. A sua operação em 2015 ocorreu em maio e outubro-novembro. De qualquer forma, sua faixa de operação vai de 3150 Hz a 3250 Hz, fora da faixa do sinal desta fusão de buracos negros (entre 35 Hz e 250 Hz) e a sua sensibilidade não chegou à incrível sensibilidade que o Ligo já alcançou. Mas vamos continuar aperfeiçoando-a. NOVA ERA A façanha de detectar as ondas gravitacionais inaugurou uma nova janela para a observação do Universo: a astronomia de ondas gravitacionais. Com elas, é possível ""ver"" eventos que não poderiam ser observados no espectro eletromagnético ou pela detecção de partículas (raios cósmicos ou neutrinos), como foi no caso dessa coalescência de dois buracos negros. Essa nova astronomia deverá causar, muito provavelmente, ao longo do tempo, uma revolução no conhecimento que temos do Universo e de suas leis físicas. Além disso, fica reconhecida a técnica de interferometria laser como capaz de realizar observações. Em breve, começarão a operar o Virgo Avançado (Itália) e o Kagra japonês. Este último inaugura uma nova fase desses interferômetros: a dos subterrâneos e de espelhos resfriados, para diminuição simultânea dos ruídos sísmicos e térmicos. Ao mesmo tempo, projetos de novos interferômetros estão sendo estudados na Europa (Einstein Telescope ou ET), Índia (Ligo-Índia or Indigo) e na Austrália (Aigo), e conversas já foram iniciadas entre cientistas do Brasil, Argentina e México, para a construção de um interferômetro subterrâneo e com espelhos refrigerados na América do Sul, que entraria em funcionamento entre 2030 e 2040. O que exatamente vamos descobrir ouvindo o Universo no ""canal"" ondas gravitacionais? Fazer astronomia somente com ondas eletromagnéticas é como assistir a um filme sem legendas e sem som. Vemos as imagens, mas não entendemos completamente o que está acontecendo. O som ou as legendas são essenciais para o entendimento completo de toda a história. Em alguns casos, como o detectado recentemente (colisão de buracos negros, que não emitem luz) a coisa ainda é pior. Não vemos imagem nenhuma. Nesses casos, ""ouvir"" já vai fazer toda a diferença. Por exemplo, no caso de duas estrelas de nêutrons se chocando, ou de uma estrela de nêutrons se chocando com um buraco negro, vamos ""escutar"" as estrelas de nêutrons serem espremidas e retorcidas, descobrindo quanto tempo isto leva e como ocorre. Vamos descobrir as leis que regem a matéria feita de nêutrons e a relação entre as forças nucleares fortes, a força eletromagnética e a gravitacional, escutando o esmagamento e vendo os raios gama emitidos (onda eletromagnética), o que é chamado de burst de raios gama. A Astronomia de Ondas Gravitacionais vai permitir que ""ouçamos"" o Universo e daí possamos entender a sua história completa. ODYLIO DENYS AGUIAR é pesquisador titular do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e líder do grupo de pesquisa no Inpe da colaboração Ligo no Brasil e um dos autores do estudo que descreveu, pela primeira vez, a detecção de ondas gravitacionais. Os outros pesquisadores do Brasil envolvidos são RICCARDO STURANI (do Instituto de Física Teórica, da Unesp), CÉSAR COSTA, MARCOS OKADA, MÁRCIO CONSTANCIO JR., ELVIS FERREIRA e ALLAN SILVA."
Histórias pessoais ricas animam os arqueólogos,"Os mandatários do Antigo Egito não tinham grandes pudores quando o assunto era vida sexual. Vejo o caso de Tutancâmon. Seu pai, o rei Akhenaton, era casado com Nefertiti, mas ela não era sua mãe. Akhenaton engravidou a própria irmã, segundo um estudo de DNA. O próprio Tutancâmon teve de se casar com uma meia-irmã ainda criança. Esses casamentos em família devem ter dado origem a doenças genéticas. Essa é uma possível explicação para que, em oposição a Nefertiti, famosa pela sua beleza, Tutancâmon tenha ficado para a história como um faraó deformado, que passou doente os 19 anos que viveu. Ele não conseguiu, aliás, nem ter filhos – é provável que problemas genéticos tenham feito com que os fetos morressem nas duas vezes em que a esposa engravidou. Seu reinado não foi nada demais, mas sua tumba, encontrada em 1922, estava incrivelmente bem preservada, o que permitiu grandes descobertas –e explica um pouco a ansiedade dos arqueólogos por encontrar novas pistas sobre o Egito Antigo."
"Vai demorar, mas religiões cairão em desuso, diz historiador da ciência","Pode levar séculos, mas as religiões vão cair em desuso. A predição é de Michael Shermer, historiador da ciência e escritor americano que fundou a Sociedade dos Céticos nos EUA. ""Em países europeus, onde há bons sistemas de proteção social, eles não precisam de religião. Essa é uma das razões por que os percentuais de religiosos são bem mais baixos lá do que em países americanos, incluindo a América do Sul"", diz Shermer. O escritor esteve em São Paulo para participar do 1º Seminário Internacional Scientific American Ciência e Sociedade e conversou com a Folha sobre os desafios de disseminação da cultura científica no momento atual, permeado por ""fake news"" e ataques à ciência. Otimista, Shermer acredita que o momento atual seja um caso típico de ""três passos à frente, dois atrás"", mas se preocupa com o fenômeno das ""bolhas"" de isolamento criadas pelas redes sociais. ""Somos xenofóbicos e você pode classificar pessoas em qualquer categoria que quiser, não apenas cor da pele ou gênero, mas partido político, ideologia, crenças religiosas."" E como se elevar acima da cacofonia da internet e vencer a noção errônea de que a ciência é apenas uma ""narrativa"", uma ""versão"" dos fatos? Para ele, o segredo está na educação infantil. ""Precisamos ensinar às crianças que há um mundo real e que podemos saber algo a respeito dele, e a ciência é a melhor ferramenta que temos, e ensinar aos estudantes não só os fatos da ciência, mas como os cientistas pensam sobre as coisas."" * Folha - Como o sr. vê o cenário da divulgação científica? Há dificuldades ou é uma impressão criada pelas redes sociais? Michael Shermer - As duas coisas. Quer dizer, há mais ataques à ciência e à verdade, há mais ""fake news"", fatos alternativos, clickbait [caça cliques], todo esse lixo na internet, mas, por outro lado, nós todos podemos ter nossas páginas web, nossos próprios canais no YouTube, podemos fazer nossos filmes, programas de TV, blogs, podcasts e assim por diante. Então é como as publicações de papel, que cortam para os dois lados. Ela imprime Shakespeare e imprime ""Mein Kampf"" [autobiografia de Hitler]. Tudo que podemos fazer é seguir adiante e bolar ferramentas melhores de comunicação. Outro problema é o fato de as empresas de redes sociais, como o Facebook, terem algoritmos que o alimentam com notícias baseadas no que você já está buscando, então sua bolha vai ficando cada vez pior, mesmo que você não se esforce para isso. Você tem de ativamente procurar e ler pontos de vista contraditórios. Mas as pessoas não fazem isso. Não fazem. Acho que uma solução é alguém bolar um aplicativo –provavelmente alguém já fez– que contorne isso e envie automaticamente para você informações que são de algum outro jornal com o qual você não concorda. Não seria uma forma limitada de contornar? A maioria das pessoas não ficaria irritada? Está certo. O que fazer quanto a isso? Então, eu não sei. Isso o preocupa? Sabemos por estudos de cientistas políticos que os partidos estão ficando mais extremados, estão se afastando do centro. Quer dizer, os eleitores indecisos, aquele grupo do centro está ficando menor, enquanto esquerda e direita estão ficando maiores e se afastando. E isso, em parte, é alimentado pela bolha. Isso me preocupa, porque a mente humana é projetada para fazer isso. Somos muito xenofóbicos e você pode dividir, classificar pessoas em qualquer categoria que quiser, não apenas cor da pele ou gênero, mas partido político, ideologia, crenças religiosas. Parece que a maioria das pessoas vê a ciência como uma narrativa, mais uma versão, e não algo que você teste e deixe a natureza arbitrar. Acho que a resolução disso começa com educação primária. Precisamos ensinar às crianças que há um mundo real e que podemos saber algo a respeito dele, e a ciência é a melhor ferramenta que temos, e ensinar aos estudantes não só os fatos da ciência, mas como cientistas pensam sobre as coisas. Que não há certezas. Há hipóteses provisórias que testamos e progredimos e temos modelos cada vez melhores de como o mundo funciona, mas é um processo contínuo. É mais como um modo de pensar sobre o mundo e abordar questões. É disso que se trata o pensamento crítico. Nós ensinamos como pensar, não ensinamos o que pensar. Mudando de assunto para a ameaça nuclear, ainda não nos livramos dela, como podemos ver no noticiário. Há bem menos armas nucleares agora do que quando elas atingiram o pico, em 1987. Havia, acho, cerca de 70 mil armas nucleares no mundo inteiro. São cerca de 10 mil agora. Então tivemos algo como uma redução de 80%. Isso é bastante. Mas teríamos de chegar abaixo de mil para impedir a extinção da nossa espécie ou outra grande catástrofe. Trump tuitou dizendo que Clinton, Bush e Obama fracassaram com a Coreia do Norte, e que ele não ia fracassar. Eles não falharam. Nada aconteceu e isso é sucesso. Nós não queremos que esse cara faça nada, então é só apertar as sanções econômicas e é assim que funciona. Não houve guerras, então na verdade está funcionando. Mas também há o argumento de que a Coreia do Norte é um perigo crescente. Sim, talvez sim, porque Kim Jong-un desenvolveu mísseis. Pode ser que os queira para defesa. Para que seria? Ele realmente os usaria? Duvido. Ele não é um doido religioso. Eu ficaria mais preocupado se o Estado Islâmico pegasse uma arma nuclear, porque esses caras, eles querem morrer, eles acham que vão para o céu, eles realmente acreditam nesse papo de doido. O sr. já foi religioso e se tornou ateu. Como lidou com essa grande mudança? Eu não fui criado com religião. Foi uma experiência pela qual eu passei com meus colegas no ensino médio, mas fiz isso por sete anos e levava a sério. E fico feliz de ter feito isso, porque eu realmente entendo a mentalidade religiosa. Em uma bolha, como uma escola religiosa, cercado por colegas de religião, há um escudo em torno de você protegendo-o de ideias de fora. Quando eu abandonei minha religião, foi meio que ""tanto faz"". Acho que meus amigos e minha família ficaram aliviados, porque parei de pregar para eles. Evangélico, sabe como é, a coisa toda é sobre evangelizar, contar às pessoas sobre Jesus para salvar as almas deles. Acho que eu era chato. Mas agora entendo isso, por que eles fazem aquilo. Eles sentem que têm de fazer. O sr. acha que a religião ainda tem uma função na sociedade? Claro, no passado foi importante para criar coesão social, mas atualmente... Em países europeus, onde há bons sistemas de proteção social e tudo mais, eles não precisam de religião. Essa é uma das razões por que os percentuais de religiosos são bem mais baixos lá do que em países americanos, incluindo a América do Sul. Visito catedrais na Europa e elas estão vazias ou fechadas. Eles as alugam para festas ou as usam como museus de arte –o que é ótimo, porque são construções bonitas. É um sinal de que a religião está declinando, porque não precisamos dela para explicar o mundo. A ciência faz isso. Você não precisa dela para cuidar dos pobres, o governo e instituições de caridade estão fazendo isso. Prevejo que não vá acontecer logo, mas em séculos acho que a religião vai cair em desuso. E isso é uma coisa boa? É uma coisa boa. É, porque ela é repleta de bagagem, isso não é bom para a sociedade. A crença no sobrenatural e a na vida após a morte não é boa. Eu não acho, quer dizer, eu entendo por que pode confortar, quando há um ente querido morrendo e há a promessa de uma vida após a morte. Entendo isso. Mas a ideia de bancar um pós-vida pode levar você a perder o aqui e o agora. Agora é a hora de tentar fazer o mundo melhor."
Busca por navio que naufragou com escravos levou dez anos,"Segundo o ""The New York Times"", a busca do Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana (NMAAHC) pelos destroços de um navio negreiro já durava dez anos. De acordo com o jornal, os pesquisadores do NMAAHC procuravam uma embarcação relacionada ao tráfico de escravos dentro dos Estados Unidos. Mas o foco mudou em 2010, quando Jaco Boshoff, um arqueologista marítimo ligado ao museu sul-africano Iziko, entrou em contato com os membros do museu americano. Até então, pensava-se que os destroços do São José Paquete na verdade pertenciam a um navio mercante holandês, que teria afundado na região, uma área notória por naufrágios, em 1756. Após mergulhos em que encontrou peças de cobre incomuns para navios do meio do século 18, Boshoff debruçou-se sobre documentos até encontrar um testemunho do capitão Manuel João, que comandava o São José, onde ele relatava cenas do naufrágio. Segundo João, o navio se aproximou da costa para fugir de uma tempestade, mas acabou se chocando contra rochas e ficando preso entre dois recifes. O capitão ainda relata que os mais de 200 escravos salvos do naufrágio, assim como a tripulação e ele próprio, foram enviados ao continente em barcos salva-vidas. Por causa do mar turbulento, os pequenos barcos não conseguiram retornar, e os escravos restantes esperaram por horas até que o navio afundasse."
"Lucy, a famosa australopithecus, morreu ao cair de uma árvore","Quando o defunto é ilustre e morre em circunstâncias misteriosas, nunca é tarde demais para reabrir as investigações. Lá se vão 3,2 milhões de anos desde a morte de Lucy, mulher-macaca que é a mais famosa ancestral da humanidade, mas pesquisadores americanos finalmente acharam pistas sobre como ela deixou este mundo: caindo do alto de uma árvore, provavelmente. A chave para a hipótese dos cientistas é o padrão de fraturas no que restou do esqueleto da pequena fêmea da espécie Australopithecus afarensis (ela media apenas 1,1 m, embora já fosse adulta quando morreu). Eles afirmam que os ossos de Lucy se quebraram de um jeito semelhante ao de pessoas de hoje que caem e tentam aparar a queda colocando as mãos na frente do corpo. Detalhes da pesquisa acabam de sair em artigo na revista científica britânica ""Nature"". A equipe liderada por John Kappelman, da Universidade do Texas em Austin, chegou às conclusões depois de realizar exames de tomografia computadorizada no esqueleto da fêmea de hominídeo (que foi emprestado a eles durante um tour por museus dos EUA) e de reconstruir vários dos ossos de Lucy com a ajuda de uma impressora 3D. UMA MACACA NO SEU GALHO? O primeiro motivo para postular que a fêmea caiu de uma árvore está na anatomia dos A. afarensis, primatas que já eram totalmente bípedes, como o ser humano moderno, mas que ainda contavam com adaptações ligadas à vida nas alturas. A mais interessante delas talvez seja a curvatura característica dos dedos das mãos, que provavelmente facilitava a tarefa de agarrar os galhos. Além disso, os braços desses australopitecos ainda eram proporcionalmente mais compridos que os nossos. Levando em consideração o estilo de vida dos grandes macacos de hoje, como os chimpanzés, seria concebível que Lucy e seus parentes passassem parte do dia caminhando pela savana em busca de comida, subindo para a copa das árvores para passar a noite. Chimpanzés, aliás, podem construir seus ninhos arbóreos a alturas de dezenas de metros (a média é de 13 m). Fraturas por todo o esqueleto da fêmea já eram bem conhecidas antes, mas isso, por si só, poderia não significar muita coisa: os ossos poderiam ter se quebrado por processos naturais –outros animais pisoteando o esqueleto, forças geológicas etc.– ao longo dos milhões de anos desde a morte de Lucy. Kappelman e companhia, porém, ficaram com a pulga atrás da orelha ou notar que as fraturas nos úmeros (os ossos do braço entre o ombro e o cotovelo) eram do tipo compressivo –como as que acontecem, por exemplo, em idosos com osteoporose que caem para a frente e tentam aparar a queda com os braços estendidos. Eles argumentam que esse tipo de dano ao osso dificilmente seria produzido por fatores naturais, porque está ligado ao movimento vertical da queda. Outros danos espalhados por todo o esqueleto da criatura poderiam ser encaixados nesse padrão. E, o que é mais significativo, de acordo com os autores do estudo, é o fato de que os estilhaços de osso produzidos pelas fraturas ainda estão presos no lugar. Para os pesquisadores, isso seria um indício de que os ossos foram quebrados no momento da morte de Lucy, quando o periósteo (membrana que reveste o osso propriamente dito) ainda estava intacta. Do contrário, esses fragmentos teriam sido espalhados e se perdido. Segundo o estudo, é possível que as características ""híbridas"" dos A. afarensis (nem totalmente terrestres, nem puramente arbóreos) poderiam ter predisposto os membros da espécie a quedas mais frequentes das árvores. ""Os pés dos chimpanzés, por exemplo, são órgãos especializados para agarrar objetos, mas nossos pés não são tão móveis, e os de Lucy eram mais semelhantes aos nossos. Por causa disso, ela provavelmente dependia mais de seus braços para escalar"", explicou Kappelman à Folha. A análise das fraturas sugere que ela teria caído praticamente de pé, usando os braços para tentar proteger a cabeça, sem sucesso (veja infográfico). A queda teria sido suficiente para danificar órgãos internos e levar rapidamente à morte. ""Analisar essas fraturas me permitiu, talvez pela primeira vez, enxergar Lucy como um indivíduo, como uma pessoa, ainda que não uma pessoa humana, um corpo frágil caído no chão da savana"", conta Kappelman. A hipótese, ao menos por enquanto, não convenceu o homem que achou os restos de Lucy na Etiópia há mais de quatro décadas. ""Há inúmeras explicações para a quebra dos ossos. A da queda é só uma história difícil de verificar"", disse ao jornal britânico ""Guardian"" o paleoantropólogo Donald Johanson, da Universidade do Estado do Arizona."
Cientistas 'caçadores de dinossauros' pedem mais verba ao governo federal,"Um dos maiores caçadores de fósseis do Brasil decidiu capitanear um movimento por mais verbas para cientistas que estudam seres extintos. ""A gente chamou de SOS Dinossauros porque, se fosse SOS Paleontologia, ninguém ia entender"", brinca Alexander Kellner, do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Kellner diz que o principal órgão federal de fomento à pesquisa, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), não dá a atenção devida à área. Com 150 colegas, enviou um abaixo-assinado questionando o fato de paleontólogos não terem representante no comitê de zoologia do órgão. ""Falta o conhecimento específico. Avaliadores já chegaram a dizer que projetos eram porcaria porque o animal nem estava completo"", diz –a regra é que paleontólogos estudem só fragmentos. A pedido da Folha, Rogério Meneghini, especialista em estatísticas de publicação científica, fez um levantamento com seu doutorando Estêvão Cabestré Gamba. Com dados da base Scimago/Scopus, descobriram que o número de artigos científicos de paleontólogos brasileiros foi de 31 em 1996 para 135 em 2013, um aumento de 4,35 vezes. No período, porém, o número de artigos brasileiros em geral aumentou 6,77 vezes, e o de pesquisas em zoologia aumentou 8,36 vezes. O CNPq disse à Folha que a demanda dos paleozoólogos, de 2009 a 2013, correspondeu a no máximo 3% dos pedidos da área de zoologia. ""Não tem projetos porque já se sabe que não emplacam"", rebate Kellner. ""Amigos brincam que já viraram 'hexa' –hexacampeões em projetos recusados""."
Ovelha power: carneiro se perde e fica anos sem tosa na Austrália,"Um carneiro muito estranho foi encontrado passeando na região de Camberra, a capital da Austrália. O bicho se perdeu de alguma fazenda da região há muitos anos e misteriosamente se virou sozinho na natureza nesse período, comendo mato por aí. Como não foi tosado, sua lã está agora várias vezes maior do que o normal, o que não é bom para a saúde. A tosa rendeu 40 kg de lã, segundo a BBC. Os veterinários que atenderam o carneiro disseram nunca ter visto algo assim. Ele provavelmente se desacostumou com humanos, porque estava bastante arisco. Cinco funcionários da Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA), entidade de proteção dos animais, tiveram de se mobilizar para resgatar e carregar a ""ovelha macho"". ""É definitivamente um dos maiores carneiros que já vimos"", disse Tammy Ven Dange, diretora da RSPCA. ""Ele fica bastante estressado com a presença humana"". Isso mostra que, embora não seja possível saber quanto tempo o carneiro ficou perdido –até agora ninguém apareceu se apresentando como o seu dono–, é provavelmente que o animal tenha passado muitos anos sem contato com ninguém. O perigo de uma ovelha acumular tanta lã é que ela se torna uma espécie de paraíso para parasitas, além de ficar mais vulnerável a infecções –a ovelha fica, enfim, menos higiênica. Nas palavras de Ven Dange, fica difícil para o bicho ir adequadamente ""ao banheiro"" sem acumular sujeira. ""Muita coisa pode dar errado, precisamos tosá-lo o quanto antes."" Em função da cabeleira abundante da ovelha, a RSPCA decidiu chamar o campeão australiano de tosa –sim, existe isso–, Ian Elkins, tetracampeão nacional, para dar um jeito. ""Será um dos maiores desafios que já enfrentei"", disse ele à BBC. Algo parecido ocorreu em 2004, quando uma outra ovelha, desta vez na Nova Zelândia, ficou seis anos perdida do seu rebanho. A tosa virou um evento nacional, passou ao vivo na TV e rendeu 27 quilos de lã. O caso é interessante porque mostra o poder da seleção artificial: ao longo das gerações, o homem favoreceu tanto o desenvolvimento de certas características nos bichos domésticos –dar muita lã, produzir muito leite, ficar ""carnudo"" ou excessivamente dócil– que esses animais sofrem ou até morrem sem a intervenção humana. A ovelha que fica excessivamente peluda, a vaca que sofre com a falta de ordenha ou a ingênua e apetitosa galinha, não exatamente o bicho mais capaz de se proteger ou fugir de predadores naturais, são exemplo disso."
"Domínio sobre o genoma avançou, mas houve frustrações no caminho","""Como uma coisa tão linda pôde dar tão errado?"". O médico Siddhartha Mukherjee ouviu esse questionamento angustiado em 2014, 15 anos depois da morte inesperada do jovem americano Jesse Gelsinger num teste clínico que deveria ter consagrado o potencial da terapia gênica –cujo objetivo é alterar o DNA dos pacientes e curar doenças. Gelsinger, então com 18 anos, sofria de uma doença causada por uma mutação no gene OTC, importante para o metabolismo de proteínas. Se não seguisse uma dieta milimetricamente calculada e não tomasse mais de 30 comprimidos por dia, o rapaz morreria envenenado pelo acúmulo de amônia no cérebro (chegou a entrar em coma após comer um sanduíche de manteiga de amendoim aos quatro anos). Por isso, Gelsinger e sua família se empolgaram com a proposta de um tratamento inovador para o problema –o uso de um adenovírus, patógeno comum que causa resfriados, para inserir a versão consertada do gene OTC no DNA do jovem, corrigindo o metabolismo. Essa ideia elegante, a ""coisa tão linda"" a que se referia o pai de Jesse, Paul Gelsinger, acabou se revelando catastroficamente errada. Tudo indica que Jesse já tinha tido contato com outra forma de adenovírus, e a ""memória"" do sistema de defesa de seu organismo levou a uma reação exagerada e autodestrutiva que o matou em poucos dias. A morte trágica de Jesse Gelsinger é uma das muitas histórias que fazem jus ao subtítulo do novo livro de Mukherjee, ""O Gene: Uma História Íntima"", que acaba de chegar ao Brasil. A obra é, em parte, uma aventura intelectual: o relato de como, em menos de 150 anos, a humanidade deixou para trás a ignorância completa sobre a hereditariedade e hoje a manipula com cada vez mais precisão. Por outro lado, o autor não esconde em nenhum momento a coleção de preconceitos, crueldades e incertezas que o estudo da genética suscitou e ainda suscita. Seria confortador imaginar que o lado negro do estudo dos genes é algo que fede a naftalina, idiotices dos defensores do darwinismo social do século 19 ou sadismo de nazistas dos anos 1930 e 1940 (os quais, aliás, produziram pouquíssimo conhecimento relevante no assunto). Seria, se luminares como o britânico Francis Crick (1916-2004), codescobridor da estrutura do DNA, vencedor do Nobel e um dos cientistas mais brilhantes de todos os tempos, não se sentisse à vontade para dizer que ""nenhum recém-nascido deveria ser declarado humano até ter passado em certos testes de dotação genética"". SABER E CONTROLE Com efeito, uma das lições da narrativa de Mukherjee, oncologista indiano-americano da Universidade Columbia (EUA), é que a busca pelos segredos da hereditariedade quase sempre foi acompanhada pelo desejo de controlá-la, seja da maneira tosca advogada pelos eugenistas do século passado ou da maneira mais sutil e menos eticamente problemática dos biólogos moleculares de hoje. Para ser justo, os delírios de ""purificação"" ou ""melhoramento"" da espécie humana são uma parte relativamente pequena dessa saga. Conforme a distância entre pesquisas básicas aplicadas foi ficando mais curta, nos anos 1970, e os truques indispensáveis para manipular diretamente o DNA finalmente foram sendo dominados, os estudos deram frutos basicamente benignos para a saúde humana (como a produção de insulina com mais eficiência em ""fábricas"" microbianas), para o bolso de investidores mais ousados ou para ambos. Ao mesmo tempo, é importante enfatizar que, quanto mais sabemos sobre o genoma, mais estonteante parece sua complexidade. A própria definição clássica de gene –um trecho de DNA que contém o código para a produção de uma proteína, a partir de um código intermediário representado pelo RNA, ""primo"" do DNA– está ridiculamente longe de abarcar tudo o que acontece no genoma. O ""mesmo"" gene, para começo de conversa, pode ser editado de maneiras diferentes pela célula, gerando versões de RNA –e proteínas– com funções distintas. O próprio RNA frequentemente não chega a virar receita de uma proteína, mas desempenha funções próprias e essenciais, como defender a célula da invasão de vírus. Certos trechos do DNA nunca chegam a ser transcritos –ou seja, não servem de molde ao RNA– e parecem perdidos em regiões remotas do genoma, mas são essenciais para ligar ou desligar genes em órgãos ou fases específicas do desenvolvimento dos seres vivos. O tamanho e a complicação das redes de interação dentro do genoma –para não falar da interface delas com o ambiente em que cada pessoa está inserida, da barriga da mãe ao asilo de idosos– sugere fortemente que não há soluções mágicas para a maior parte dos problemas biológicos que nos afligem. Formas de terapia gênica bem mais sofisticadas que a que vitimou Jesse Gelsinger certamente aparecerão, mas a ideia de reescrever do zero o ""Livro da Vida"" humano muito provavelmente continuará a ser miragem. O GENE: UMA HISTÓRIA ÍNTIMA AUTOR Siddhartha Mukherjee EDITORA Companhia das Letras QUANTO R$ 69,90 (680 págs.)"
Mensageiro Sideral: O ataque dos alienígenas requentados,"A internet foi tomada por um furor viral alienígena no fim de semana. Por alguma razão ainda pouco compreendida pela ciência, alguns tabloides britânicos, dentre eles o ""Daily Mail"", resolveram requentar um estudo controverso de 2013 em que um grupo ... Leia post completo no blog"
Micróbios resistem a passeio de balão pela estratosfera,"Viver em Marte não é um desafio tão grande, afinal -pelo menos se você for um micróbio duro na queda. Essa foi a principal descoberta de um inovador experimento astrobiológico brasileiro. Em maio, pesquisadores liderados por Douglas Galante, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, e Fábio Rodrigues, do Instituto de Química da USP, em São Paulo, levaram diversos micro-organismos para um longo passeio. Elas foram lançadas numa sonda acoplada a um balão meteorológico, para tomar um banho de sol a 30 km da superfície, onde a maior parte da atmosfera terrestre já ficou para trás. Lá, as condições não são muito diferentes das encontradas na superfície de Marte -frio intenso, ar extremamente rarefeito, baixíssima umidade e quantidades cavalares de radiação ultravioleta solar. A pergunta a ser respondida era: pode algum micróbio terrestre não só sobreviver mas também proliferar nessas condições alienígenas? A missão ""quase espacial"" ganhou o nome de Garatéa I, nome tupi-guarani cuja tradução seria algo como ""busca vidas"" -bem apropriado, considerando-se o objetivo de investigar as chances que a vida teria em ambientes hostis fora da Terra. UM EXPERIMENTO ACIMA DAS NUVENS PROCEDIMENTO Os pesquisadores prepararam amostras de diversos micro-organismos em dois pacotes iguais -um voaria a bordo do balão, lançado com o apoio do grupo Zenith, da Escola de Engenharia da USP de São Carlos (SP), e o outro ficaria em terra, como controle. Depois de um voo livre de pouco menos de duas horas pelos arredores de São Carlos, realizado em 14 de maio, a sonda foi resgatada no solo. Os cientistas passaram então a comparar os micróbios que voaram e os que ficaram. A análise quantitativa ficou prejudicada por uma falha técnica no sistema da sonda que colhia as informações ambientais. Ainda assim, o experimento produziu bons resultados qualitativos, pois contrastou amostras de criaturas e moléculas biológicas que fizeram jornadas bastante distintas. Pelo ineditismo da proposta e o sucesso de sua execução, a missão ganhou segundo lugar num concurso internacional de experimentos científicos em balões, o Global Space Balloon Challenge. ""Mostramos que o conceito de usar a estratosfera como ambiente análogo marciano funciona muito bem"", disse Galante. ""Esperamos explorar cada vez mais essa possibilidade, já que é uma maneira relativamente barata e muito completa de testar a resposta de micro-organismos."" Diversas espécies de micro-organismos foram levadas lá para cima, dentre elas o famoso extremófilo Deinococcus radiodurans -uma bactéria notória por sua alta resistência a doses agressivas de radiação de alta intensidade, como raios X e gama. Os cientistas esperavam que ela fosse se mostrar a grande campeã de sobrevivência, como testes em laboratório sugeriam, mas na prática a teoria foi outra. ""Ela perdeu comparada com algumas leveduras que isolamos de um vulcão dos Andes, na borda do deserto do Atacama"", conta Galante. ""A D. radiodurans perde quando temos UVB e A, a faixa do ultravioleta dita ambiental. Nesse caso, as leveduras mostraram uma sobrevivência mais alta. Com esse resultado, mostramos que um ambiente real pode mudar nossa interpretação de quem são os melhores modelos de vida na superfície de Marte ou outros ambientes irradiados por luz estelar."" Como toda boa pesquisa, ela sempre traz novas perguntas a serem respondidas. No caso, a maior delas é: por que as leveduras se mostraram mais resistentes num ambiente natural? No momento, os cientistas não têm ideia. Em paralelo, a ideia é realizar novos voos de balão, aprimorando ainda mais a plataforma de experimentos, que poderá ser usada também por outros grupos de pesquisa em colaborações com o pessoal do Zenith. No lado tecnológico, esses experimentos são vistos como precursores de futuras missões espaciais, lançadas em cubesats -satélites miniaturizados de baixo custo, que devem se valer das tecnologias desenvolvidas para a sonda estratosférica."
"Cérebros se dobram como papel, mostra pesquisa brasileira","As dobras e reentrâncias que caracterizam a superfície do cérebro humano costumam ser vistas como um dos fatores por trás da inteligência da nossa espécie. Dois pesquisadores brasileiros, no entanto, podem ter dado o passo decisivo para demonstrar que isso não passa de mito. Em um estudo publicado na ""Science"", uma das principais revistas acadêmicas do mundo, eles argumentam que as dobrinhas não passam de um subproduto da maneira como o cérebro humano (e o de alguns outros mamíferos) acaba assumindo sua forma conforme cresce. O processo seria muito parecido com o que acontece com o papel quando amassado até virar uma bolinha. ""Ou seja, é algo que não depende de modificação genética. É física pura"", resume a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e colunista da Folha. Ela assina o estudo junto com o físico Bruno Mota, também da UFRJ. Durante muito tempo, cientistas acharam que o grau de girificação (ou seja, de dobras) no córtex, a camada mais externa do cérebro, teria a ver com a capacidade de empacotar mais neurônios. Com as dobras, a superfície externa do córtex continuaria com o mesmo tamanho, mas a superfície total –ou seja, a área que apareceria se as dobras fossem ""endireitadas"" e estendidas– cresce. Resultado: mais capacidade de processamento de dados no córtex sem que a cabeça da criatura ficasse enorme. Só que a análise de várias espécies mostrou que a situação era bem mais bagunçada do que sugeria essa hipótese inicial. Basta dizer que o cérebro dos elefantes é duas vezes mais ""enrolado"" que o dos humanos, mas tem só um terço dos nossos neurônios. Ao comparar os dados mais completos sobre o cérebro de dezenas de espécies de mamíferos, a dupla da UFRJ percebeu que alguns fatores simples poderiam explicar o que estava acontecendo. Primeiro, bichos de cérebro pequeno tinham córtex liso. Após certo limiar, as ""rugas"" apareciam –e o que explicava a maior quantidade delas era a relação entre a área total do córtex e a espessura dele. Se o córtex era relativamente fino com área grande, havia mais dobras; já um córtex mais espesso tendia a ficar menos enrugado. PRÉ-ESCOLA Foi então que Mota teve o insight de ligar esses dados com bolinhas de papel, afirma Suzana. Ele bateu o olho e notou que o dobramento do córtex e o do papel amassado seguiam a mesma escala. ""Acho que é coisa de físico ter na 'caixinha' dele esses dados guardados"", brinca ela. ""Fui para casa naquele dia dirigindo e pensando nisso. Depois não saí da mesa até ter uma série de bolinhas"", conta. De fato, bolinhas feitas com uma única folha sulfite (mais finas, portanto) tinham mais dobras, enquanto as feitas com várias folhas se dobravam menos. O nome técnico da coisa, que vale para o córtex e para as bolinhas de papel, é superfície autoevitante: os dois tipos de sistemas se deformam de modo a assumir a configuração mais estável. Assim, o mais importante para o poder de processamento do cérebro humano seria mesmo o número de neurônios, e não o de dobras. Suzana Apesar disso, o córtex enrugado poderia ter vantagens. Com ele, é mais fácil desenvolver a especialização de funções em áreas cerebrais distintas, e o órgão fica com volume menor, facilitando a passagem rápida de sinais. SUFOCO Apesar da publicação numa das mais prestigiosas revistas científicas do planeta, a saúde financeira do laboratório de Suzana Herculano-Houzel não anda das melhores, diz a neurocientista. ""O financiamento efetivo acabou. O CNPq [órgão federal] aprovou uma verba de R$ 50 mil para três anos, mas até agora, oito meses depois, só liberou R$ 6.000. Temos dois projetos aprovados pela Faperj [órgão estadual], mas nenhum dos dois teve a verba liberada. E o dinheiro de um prêmio que eu recebi para o laboratório está na mão da reitoria, correndo o risco de ser bloqueado por falta de orçamento. Legal, né?"", ironiza ela. Suzana afirma que os problemas começaram a partir do final do ano passado e têm sido crescentes. ""Às vezes a gente sente que tem de fazer mágica."" A assessoria de imprensa do CNPq declarou à Folha que o restante dos recursos aprovados para o laboratório viria dos Fundos Setoriais (que captam verbas de empresas públicas e privadas para financiar áreas estratégicas de pesquisa) e ainda não foram repassados ao órgão. ""O CNPq, entretanto, está envidando todos os esforços com vistas a receber o repasse."" A Faperj, por sua vez, informou que há diversos pedidos de bolsa para alunos da pesquisadora em fase de ""avaliação final"" e que dois projetos dela, em parceria com cientistas da Alemanha e da França, também estão sendo avaliados. Em comunicado, a reitoria da UFRJ declarou: ""Para liberação dos recursos é necessário que a universidade tenha receita própria disponível, mas em 2015 ainda não tivemos liberação completa de nosso orçamento pelo governo federal. No momento, a UFRJ aguarda a definição de sua cota de limite para usar recursos próprios e fazer a descentralização dos valores informados pela professora""."
Como caneta hidrográfica salvou do desastre a 1ª missão à Lua da Apollo 11,"Em 21 de julho de 1969, os astronautas americanos Neil Armstrong e Edwin ""Buzz"" Aldrin representaram a humanidade em uma missão histórica: o homem pisava na Lua pela primeira vez. A Apollo 11 foi a primeira espaçonave a levar humanos até o satélite natural da Terra. Armstrong e Aldrin aterrissaram no dia 20, às 20h18 (tempo universal coordenado). Armstrong foi o primeiro a pisar na superfície lunar, seis horas depois, às 2h56 do dia seguinte. Aldrin se juntou a ele 20 minutos depois. Os astronautas passaram cerca de 2h15 fora da espaçonave e coletaram 21,5 kg de material lunar para levar à Terra. O terceiro membro da missão, Michael Collins, pilotou a nave principal sozinho na órbita da Lua, até Armstrong e Aldrin voltarem para a viagem de volta. Lançada de um foguete Saturn V em 16 de julho, a Apollo tinha três partes: um módulo de comando com uma cabine para os três astronautas, que foi a única parte que voltou à Terra; um módulo de serviço, que dava apoio ao módulo de comando com propulsão, energia elétrica, oxigênio e água; e um módulo lunar para pousar na Lua. Muitas coisas podem dar errado em uma missão espacial –a Apollo 1, por exemplo, a primeira missão tripulada do programa, terminou com a morte dos três astronautas em decorrência de um incêndio durante um treinamento para o lançamento, em janeiro de 1967. PEQUENO GRANDE PROBLEMA No caso da Apollo 11, contudo, a tripulação entrou em apuros por um problema aparentemente menor. E foi preciso uma solução típica do engenhoso agente secreto Angus MacGyver, do seriado americano ""MacGyver - Profissão Perigo"", sucesso nos anos 1980. Após coletarem as amostras na superfície lunar, Armstrong e Aldrin estavam cansados e ansiosos para voltar logo ao módulo de comando. No módulo lunar que os levariam ao encontro de Collins no módulo de comando, Aldrin percebeu um objeto estranho no chão. Era a manopla de um disjuntor essencial, que ligava o foguete para tirá-los da superfície. Se não conseguissem acionar aquele disjuntor, o módulo não iria a lugar nenhum. Em órbita, Collins temia a ideia de voltar para casa sozinho. Será que seu pesadelo se tornaria realidade? As horas passavam. O módulo lunar estava frio e cheio de poeira lunar. O oxigênio era consumido rapidamente. Aldrin pediu ideias ao controle da missão na Terra, mas nada surgia. SOLUÇÃO 'MACGYVER' Duas vidas e uma missão bilionária estavam em jogo. Aldrin e Armstrong olhavam ao redor tentando improvisar uma solução. Foi então que Aldrin teve seu ""momento Macgyver"" e notou que poderia tentar encaixar alguma coisa no disjuntor para fazê-lo funcionar. Mas qualquer coisa de metal estava fora de cogitação –havia o risco de curto-circuito em todo o sistema. Aldrin então alcançou uma caneta marcadora em seu bolso no ombro - aquelas com ponta de feltro. Ele então enganchou a ponta da caneta sem tinta no lugar do interruptor quebrado e... o disjuntor foi acionado. Eles estavam prontos para a decolagem. Às 17h35, o módulo lunar se acoplou ao módulo de comando na órbita da Lua. A Apollo 11 estava voltando para casa –e o resto é história."
Humanos conversam com pássaros para coletar mel na África,"Um pequeno pássaro africano aprendeu a se comunicar com seres humanos quando estes demonstram estar interessados em coletar mel. É um raríssimo caso desse tipo de interação entre um animal selvagem e o homem, descrito em artigo recente na revista científica ""Science"". A pequena ave tem dois lados distintos, lembrando o clássico romance gótico do século 19 ""O médico e o monstro"", do autor escocês Robert Louis Stevenson. Um deles é doce, literalmente: o pássaro-do-mel (Indicator indicator) costuma guiar seres humanos até colmeias de abelhas. Mas ele também age como um cuco, que põe seus ovos nos ninhos de outras aves para serem criados por elas. O filhotes do pássaro-do-mel matam seus rivais ""adotivos"" assim que nascem. ""Venho estudando o lado mais sombrio da vida dos pássaros-do-mel, o seu brutal comportamento reprodutivo parasitário, por muitos anos na Zâmbia. E sempre quis estudar as interações dos pássaros-do-mel com seres humanos, desde que ouvi o ecologista queniano Hussein Isack dando uma palestra sobre sua pesquisa sobre isso, quando eu tinha 11 anos"", disse a principal autora, Claire Spottiswoode, à Folha. Claire é pesquisadora da Universidade de Cambridge, Reino Unido, e da Universitdade de Cape Town (Cidade do Cabo) em Rondebosch, África do Sul. ""Mas onde eu trabalho na Zâmbia eles não costumam orientar os humanos"", diz. Até que ela soube, através de um casal de pesquisadores, Keith e Colleen Begg, que trabalham na Reserva Nacional do Niassa, norte de Moçambique, que ali as interações entre os pássaros-do-mel e seres humanos são uma ocorrência diária. A reserva, diz ela, é uma ""notável região selvagem, onde os seres humanos e os animais selvagens ainda coexistem e, neste caso, ainda cooperam"". Ambos ganham com a interação. Homens coletam mel, e usam fumaça para espantar as abelhas; as aves comem a cera, e não correm risco de picadas dolorosas. Habitantes da reserva, os coletores de mel da tribo Yao chamam os pássaros para buscarem colmeias gritando algo como ""brrr-hum"".Os pássaros geralmente entendem e iniciam o ritual de voar de árvore em árvore atrás das colmeias. O chamado levou os humanos até o doce objetivo em em 75% dos casos. ""O 'brrr-hum' mais do que triplicou as chances de uma interação bem-sucedida"", diz Claire. A paixão das aves pela cera de abelha é algo conhecido faz tempo. João dos Santos, um missionário português em Sofala, Moçambique, notou em 1588 que volta e meia pequenos pássaros marrons vinham mordiscar a cera de suas velas. Ele foi o primeiro a observar e relatar por escrito que os mesmos pássaros também guiavam os nativos em busca de colmeias de abelhas. E como evoluiu essa interação com os seres humanos? ""Essa é uma questão difícil de responder"", diz a pesquisadora. O pássaro-do-mel existe há pelo menos três milhões de anos, bem mais do que os seres humanos modernos. Logo, durante muito tempo esses pássaros tiveram que se contentar em comer insetos e cera que conseguissem arranjar em colmeias abandonadas. Veja vídeo É possível ativar a tradução automática das legendas (closed caption) para o português - Por mel, humanos 'falam' com pássaros Animais domesticados, como o cão, ajudam humanos na busca de comida em caçadas. Mas são raríssimos os casos de animais selvagens e humanos que cooperam com benefícios mútuos, o chamado 'mutualismo' O pássaro-do-mel africano (Indicator indicator) é conhecido por guiar seres humanos até colmeias. Os homens se livram das abelhas com fumaça, coletam o mel, e deixam a cera para atrás –que serve de alimento para as aves Uma pesquisa em Moçambique mostrou que a cooperação vai um passo além. Os coletores de mel da tribo Yao conseguem chamar os pássaros para buscar colmeias usando um som específico, algo como ""brrr-hum"" Ao ouvir o pedido dos 'amigos' humanos, os pássaros voam de árvore em árvore em busca de colmeias. Sozinhos, os pássaros são incapazes de lidar com as abelhas, ou quebrar a colmeia para comer a cera Os coletores de mel da tribo dizem ter aprendido o grito de chamada com os pais. A equipe testou o som comparando com dois outros e seguiu os coletores. O chamado 'brrr-hum' levou os humanos em 75% dos casos até uma ou mais colmeias"
Neurologista e escritor Oliver Sacks está com câncer em estágio terminal,"O neurologista e escritor inglês Oliver Sacks, 81, está com câncer e em estágio terminal, como ele mesmo escreveu em um texto para o jornal ""The New York Times"". Ele havia sofrido um câncer ocular, cujas chances de agravamento eram de 2%. O câncer, segundo relata, já ocupa um terço de seu fígado. O autor é famoso por ter escrito livros de não ficção como ""Tempo de Despertar"" e ""O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu"". No primeiro, Sacks conta como conseguiu despertar pacientes que tinham encefalite letárgica, doença que os deixavam perdidos em labirintos mentais. Já em ""O Homem que Confundiu sua Mulher com um Chapéu"", Sacks relata distúrbios causados, por exemplo, por falta e excesso da atividade cerebral, incluindo o caso de um homem com agnosia visual, que dá título à obra. O neurologista, que é professor da Universidade de Nova York, afirma ter poucos meses de vida."
Rosetta encerra missão de 12 anos com segundo pouso em cometa,"Dez anos de planejamento, outros dez de viagem interplanetária, 24 meses estudando de perto um cometa e dois pousos. A saga da missão Rosetta terminou ontem, mas seu legado ainda está por ser totalmente contemplado. A sonda encerrou de forma apoteótica sua longa jornada espacial ao descer suavemente, em queda livre, à superfície do 67P/Churyumov-Gerasimenko, um cometa que dá uma volta em torno do Sol a cada 6,4 anos, alternando entre afastamentos que o levam além de Júpiter e aproximações que o trazem perto da órbita terrestre. Ao tocar o solo do astro, às 7h39, a transmissão de dados da Rosetta foi interrompida –em caráter permanente. Mas, dada a grande distância de lá até a Terra, o sinal de rádio só chegou 40 minutos depois ao centro de controle em Darmstadt, na Alemanha. Era o sinal de que a sonda havia se juntado ao módulo de pouso Philae, seu companheiro de viagem pela maior parte dos últimos 12 anos, no solo intrigante e cheio de mistérios do cometa. CIÊNCIA ATÉ O FIM Durante a descida –uma longa e lenta queda de 19 km, dada a débil gravidade do astro–, a Rosetta permaneceu colhendo dados e fotos, com 7 de seus 11 instrumentos. E, com isso, colheu quase 200 megabytes em grande proximidade de sua superfície. O contato final se deu na região do cometa conhecida como Ma'at, onde há diversos buracos enormes, com mais de 100 metros de largura por 50 de profundidade, produzidos pela atividade do cometa. Astros como o Churyumov-Gerasimenko são essencialmente agregados de gelo e rocha formados nos primórdios da história do Sistema Solar. Como se mantiveram intocados por bilhões de anos, oferecem uma possibilidade de investigar a origem dos planetas apesar de seus menores componentes. O ""grand finale"" da Rosetta, como foi batizado pela equipe da missão, consistiu em tentar observar de perto principalmente as paredes internas desses buracos –cuja textura revela a maneira como o próprio cometa foi formado a partir de pequenos grãos há 4,6 bilhões de anos. O FIM DO COMEÇO Lançada em 2004, a Rosetta fez história uma década depois, ao se tornar a primeira sonda a entrar em órbita de um cometa e então depositar um módulo de pouso em sua superfície. Agora, a coleta de dados se encerrou, mas ainda há muito que descobrir nas observações feitas pela sonda. Para que se tenha uma ideia, cerca de 80 mil fotografias de alta resolução produzidas pela espaçonave sequer foram analisadas pelos cientistas. O mesmo vale para as medições espectroscópicas que indicam a composição do cometa –rica em compostos orgânicos e possíveis precursores da vida. ""Assim como a pedra de Roseta, que deu nome à missão, foi essencial para entender a história e a linguagem antiga, o vasto tesouro de dados da Rosetta está mudando nossa visão de como os cometas e o Sistema Solar se formaram"", disse Matt Taylor, cientista-chefe da missão. ""Inevitavelmente, agora temos novos mistérios a resolver. O cometa ainda não entregou todos os seus segredos, e com certeza há muitas surpresas escondidas nesse arquivo incrível. Então, não vá a lugar algum –estamos apenas começando."""
Estímulos 'retomam' consciência de pessoa em estado vegetativo há 15 anos,"Pesquisadores disseram nesta segunda-feira (25) que uma técnica de estimulação nervosa pode ter aumentado o nível de consciência de um homem de 35 anos que estava em estado vegetativo há anos. O estudo, publicado na revista americana ""Current Biology"", é baseado em um só paciente, mas os pesquisadores disseram que planejam expandir seu trabalho a outros devido aos avanços que observaram neste homem, que ficou incapacitado em um acidente de carro há 15 anos. ""A plasticidade cerebral e a reparação cerebral ainda são possíveis mesmo quando a esperança parece ter desaparecido"", disse a pesquisadora Angela Sirigu, do Instituto de Ciências Cognitivas Marc Jeannerod em Lyon, França. ""É possível melhorar a presença de um paciente no mundo"", afirmou. O processo inclui a utilização de um implante no peito para enviar pulsos elétricos ao nervo vago, que conecta o cérebro a outros órgãos importantes do corpo. A estimulação do nervo vago já é usada para tratar pessoas com epilepsia e depressão. Segundo o estudo, o homem mostrou melhoras significativas em termos de atenção, movimento e atividade cerebral após um mês de estimulação desse nervo. Ele começou a responder a ordens simples, como seguir um objeto com os olhos e virar a cabeça. Também parecia mais alerta e era capaz de ficar acordado enquanto escutava seu terapeuta ler um livro. O paciente reagiu, ainda, a estímulos ameaçadores de uma forma que não fazia há anos –abrindo muito os olhos quando um examinador movia o rosto de repente em direção a ele. No entanto, o tratamento não devolveu ao paciente seu estado original. Em vez disso, foi considerado que ele passou de um estado vegetativo a ""um estado de consciência mínima"", de acordo com os exames cerebrais. Isto significa que a ""consciência se mantém gravemente alterada mas, em contraste com o estado vegetativo, há uma mínima mas definitiva evidência comportamental de consciência pessoal ou do contexto"", explicou Tom Manly, especialista em ciências cerebrais da Universidade de Cambridge. Manly, que não participou do estudo, o descreveu como ""potencialmente muito emocionante"", mas pediu cautela para determinar ""se esta mudança no paciente é uma mudança real""."
"Mídias sociais reduzem a capacidade de aprender, diz sociólogo americano","O sociólogo americano Richard Sennett, 72, afirma que a onda das mídias sociais tem reduzido a capacidade das pessoas de adquirir conhecimento externo. Em entrevista à Folha, ele diz que o modelo cada vez mais customizado da internet cria um cenário sem elemento ""surpresa"" no cotidiano. Um dos sociólogos mais prestigiados, Sennett publicou em 1977 o clássico ""O Declínio do Homem Público"", em que aborda, entre outras coisas, as mudanças de comportamento do homem desde o século 18, sobretudo em relação a intimidade, individualismo e exposição. O que escreveu há quase 40 anos, diz ele, ainda se aplica hoje, agora num contexto do mundo eletrônico da web. Nascido em Chicago, Sennett recebeu a reportagem na London School of Economics, onde leciona. É professor também da New York University e entre seus livros está ""Juntos"", obra de 2012 em que defende o conceito de cooperação entre os indivíduos. O sociólogo, que integra a comissão de reorganização urbana de Atenas como parte da conferência da ONU de 2016 sobre o futuro das cidades (Habitat 3), diz que a criação de cooperativas informais é fundamental para países como Grécia e Brasil reagirem às turbulências econômicas. Na entrevista, Sennet critica os shoppings no Brasil e as ""cidades inteligentes"". O sociólogo estará em Porto Alegre no dia 24 de agosto e em São Paulo no dia 26 para palestras no evento Fronteiras do Pensamento, copatrocinado pela Folha. * FOLHA - Como o sr. vê as mudanças no comportamento das pessoas tantos anos depois de publicar ""O Declínio do Homem Público""? RICHARD SENNETT - Há 40 anos, havia muitas questões sobre a transformação da presença física das pessoas em público, e agora temos os mesmos problemas: perguntamo-nos sobre a presença na web. As mídias sociais aumentam a discussão entre o público e o privado. Não tínhamos nada parecido nos anos 70 e fico impressionado como ainda nos atingem questões sobre a noção do uso de espaço público para autoexposição e interação real. Como analista social, é deprimente para mim que esses problemas persistam, agora no espaço eletrônico. O sr. acha que atingimos o ápice da falta de privacidade? O mais triste sobre o ciberespaço é que há cada vez menos chance para a surpresa. Quando você caminha na rua, coisas que não espera podem acontecer. Quando está no Facebook, isso é feito tão sob medida que fica difícil a ideia de aprender alguma coisa que não soubesse, afinal, tudo é customizado, feito para seu perfil. Isso é um tipo de redução de quão inteligente o público a minha volta pode ser. Por que o sr. critica as ""cidades inteligentes""? Elas removeram o elemento indutivo de aprendizado sobre o entorno. Como um dos líderes do Habitat 3, uma de nossas discussões é como evitar o mau uso da tecnologia que envolve a liberdade das pessoas. Essa tecnologia tem feito as pessoas ficarem sem pensar sobre isso. Os governos autoritários, por exemplo, amam essas cidades, porque sua capacidade de vigilância é incrível. Há cidades americanas que usam os sensores de tráfego, de velocidade para coordenação, para identificar o número de motoristas negros e brancos. Isso acaba usado de forma diferente de seu propósito [original], vira um instrumento de dominação. Recentemente, o sr. criticou o conceito de shoppings das cidades latino-americanas. Fiquei impressionado com tantos estacionamentos nos shoppings no Brasil ocupando espaços públicos. São espaços cosmopolitas mal utilizados. Não há nada para fazer a não ser parar carros, as crianças não podem entrar nem usá-lo. Como na China, são espaços que separam a nova classe média dos pobres. Se você é pobre na China, não pode ir ao shopping. O que os shoppings também fazem é destruir os negócios locais, isso é um grande problema aqui no Reino Unido, pois os centros das pequenas cidades não podem competir com grandes redes. Qual sua opinião sobre a cidade de São Paulo? É uma cidade muito avançada, com muito capital humano. O grande desafio é como colocar essa capital para trabalhar para todos. Eu adoro São Paulo, é uma cidade de torres, mas também tem problemas de segurança. O trânsito nem me incomoda (risos), porque sou muito paciente, posso ver meus e-mails, ouvir música clássica, um violino de Wagner. O sr. trabalhou na organização dos Jogos Olímpicos de Londres. A próxima Olimpíada será no Rio. Qual seu conselho para as autoridades? Eu me envolvi no planejamento dos locais dos jogos, o que fazer com eles depois da Olimpíada. Queríamos evitar o que ocorreu com a Grécia em 2004 [após os Jogos, várias arenas foram abandonadas]. Os lugares precisam ser utilizados imediatamente após o evento. Se você espera cinco, seis anos, eles começam a se degradar, e é isso que tentamos evitar em Londres. Passamos por uma crise econômica no Brasil, na Europa temos o exemplo da Grécia nos últimos cinco anos. O sr. acredita que seu conceito de ""cooperação"" entre as pessoas poderia ajudar esses países a superar tais problemas? Não creio que possa ajudar a superar, mas acredito que pode ajudá-los a enfrentar os problemas. Conheço muito bem a questão da Grécia, por causa do Habitat 3. Lá, o governo tem falhado em apoiar isso, e a União Europeia basicamente criou um cenário de punição para o país. Na Grécia, há cooperativas informais de família dividindo recursos. Uma delas, em Atenas, foi criada para garantir que as crianças tomem café da manhã antes de ir para a escola, porque uma das consequências da austeridade é que muitas famílias não conseguem garantir isso. O governo grego não faz nada. Uma imagem global é sobre a necessidade da cooperação no local de trabalho. Mas na política econômica, se a estrutura formal de apoio falha, gera situações como a de Grécia, Itália, Portugal. A cooperativa é a única medida de defesa. Um coisa terrível no liberalismo [econômico] é que as pessoas são cada vez mais donas de indivíduos em detrimento da cooperação informal. O sr. acredita que haja uma solução para a Grécia? Em 1953, 50% da dívida alemã foi abolida pelo governo grego, mas hoje isso é [usado como] um tipo de hegemonia, uma punição cruel. A Alemanha tem bloqueado qualquer tipo de alívio [aos gregos]. O país nunca vai se recuperar se toda hora tiver que pedir mais dinheiro para pagar dívida. Isso nunca deixará o país ser saudável. Como vê o drama imigratório da África para a Europa? É uma política de combate, sem muita esperança, porque estão mirando nos barcos, nos imigrantes que tentam chegar a Itália e Grécia. Entristece-me ver que a União Europeia está em colapso, não sabe o que fazer com um problema humanitário, como a imigração, e econômico, como as políticas de austeridade que estão falhando. O sr. defende que as pessoas deveriam cada vez mais ter ações das empresas que trabalham. Isso não é uma contradição do modelo capitalista? É um tipo de social capitalismo que contradiz o capitalismo liberal. No Reino Unido, na loja de departamento, John Lewis, os empregados têm ações. Depende de como se manuseia, do quão preocupada a empresa é com isso. Não se espera que o vendedor seja o dono dela, mas que o direito de ter ações lhe dê voz. No regime liberal, o círculo de controle se reduz, cada vez menos pessoas tomam as decisões. Eu gostaria de ver o monopólio de empresas como Microsoft, Google, Amazon quebrado. Mas quando elas têm um competidor, compram-no ou fecham-no. Quando começou a crise de 2008, achei que haveria um movimento para destruir isso, mas essas empresas se mostraram mais resistentes e sobreviveram. * RAIO-X Idade 72 Origem Chicago, EUA Profissão Sociólogo e historiador Atuação London School of Economics, New York University e ONU (Conferência Habitat 3) Principais livros ""O Declínio do Homem Público"", ""A Corrosão do Caráter"", ""A Cultura do Novo Capitalismo"" e ""Juntos"" * RICHARD SENNETT SÃO PAULO QUANDO qua., 26 de agosto, às 20h30 ONDE teatro Cetip, r. Coropés, 88, tel. (11) 4020-2050 QUANTO ingressos esgotados PORTO ALEGRE QUANDO seg., 24 de agosto, às 19h45 ONDE Salão de Atos da UFRGS, av. Paulo Gama, 110, tel. (51) 4020-2050 QUANTO ingressos esgotados"
Foguete faz pouso bem-sucedido e histórico na vertical; assista,"A Space X, empresa californiana do milionário do setor de tecnologia Elon Musk, conseguiu fazer o foguete Falcon 9 pousar na vertical no Cabo Canaveral, Flórida. O foguete foi lançado com 11 satélites. A parte superior da nave se soltou e entrou em órbita levando os satélites. A parte inferior conseguiu fazer a virada graças a propulsores e pousar com sucesso no Estado americano. Este novo tipo de espaçonave pode determinar o futuro das viagens espaciais. A Space X tem um contrato de US$ 1,6 bilhão com a Nasa para enviar suprimentos para a Estação Espacial Internacional. Não se trata da primeira aeronave a pousar verticalmente - feito reivindicado por um foguete de menor porte que pousou no Texas no mês passado. Mas o voo do Falcon 9 é um marco na reutilização de foguetes: a Space X alega que pode reduzir drasticamente os custos de operações espaciais privadas com o reuso de componentes."
Peixe misterioso é vertebrado mais abundante do planeta,"Os habitats terrestres –florestas, estepes, desertos, campos– compõem menos de 1% da biosfera do planeta. Por que tão pouco? A faixa ocupada pela vida é estreita. O solo fértil tem apenas cerca de um metro de espessura, e mesmo as árvores mais altas não ultrapassam 90 metros de altura. A água é outra história. Ela cobre mais de 70% da superfície do planeta e pode ter quilômetros de profundidade. Os cientistas acreditam que o oceano ocupe mais de 99% da biosfera. Os pescadores conhecem as águas superficiais, e os exploradores, as águas mais profundas. De modo geral, em comparação com a terra, o oceano nos é desconhecido. Isso ajuda a explicar por que apenas recentemente cientistas perceberam que o ""bristlemouth"" –peixe das profundidades médias que brilha no escuro e tem abertura bucal extraordinária, com dentes que lembram agulhas– é o animal vertebrado que existe em maior número no mundo. ""Os bristlemouths estão por toda parte"", disse Bruce H. Robison, biólogo marinho do Instituto de Pesquisas do Aquário de Monterey Beach, na Califórnia. ""Todo o mundo está de acordo nisso."" Pelos padrões humanos, o bristlemouth (""boca de cerdas"", em inglês) é minúsculo, menor que um dedo humano. Porém, seu tamanho diminuto é compensado por seu número espantoso, além de alguns truques comportamentais. O bristlemouth nasce macho e, em alguns casos, torna-se fêmea ao longo da vida. Os cientistas o descrevem como protândrico, ou seja, um hermafrodita que começa como macho. John C. Avise, autor de ""Hermaphroditism"", disse que o bristlemouth macho adulto tende a ser menor que a fêmea e apresenta olfato mais desenvolvido, aparentemente para ajudá-lo a encontrar parceiras no escuro. ""Esses peixes vivem em um ambiente de acesso difícil"", disse Avise, razão pela qual pouco é sabido sobre seu comportamento. Embora as informações disponíveis sobre os bristlemouths sejam incompletas, os cientistas sabem o suficiente para afirmar que ele supera de longe todos os outros candidatos ao título de vertebrado mais comum do planeta. Ictiólogos estimam que existam centenas de trilhões de bristlemouths –possivelmente quatrilhões. Os bristlemouths são uma família de peixes vorazes que inclui o gênero altamente bem-sucedido Cyclothone. O nome vem de ""circular"" em grego e é uma referência à grande boca aberta desses peixes, também conhecidos em inglês como ""roundmouths"". O gênero Cyclothone inclui 13 espécies. As principais características que as distinguem são diferenças sutis nas barbatanas e nos órgãos luminosos. Todos os membros do gênero têm dentes que lembram cerdas (""bristles"", em inglês). Os peixes medem entre 2,5 cm e 7,5 cm, sua coloração varia entre preta e castanha e às vezes eles exibem uma translucidez fantasmagórica. Os primeiros sinais da onipresença do bristlemouth foram vistos durante a viagem do H.M.S. Challenger, navio britânico que percorreu os mares entre 1872 e 1876 e ajudou a deitar as bases da oceanografia. Os cientistas a bordo jogaram redes no mar em dezenas de pontos e trouxeram à tona criaturas de até 5.000 metros de profundidade. O primeiro cientista a ver os animais em seu habitat escuro foi William Beebe. No início da década de 1930, Beebe, explorador da atual Wildlife Conservation Society, mergulhou ao largo de Bermuda em um submersível esférico, olhou pelo escotilho e viu ""alienígenas"". Em seu livro de 1934 ""Half a Mile Down"", escreveu: ""Inúmeras criaturinhas"" corriam de um lado a outro em seu feixe de luz. Eram os bristlemouths. Uma ilustração colorida no livro mostra um grupo com boca muito aberta enquanto persegue um cardume de copépodes, crustáceos minúsculos com antenas compridas. Os livros didáticos de oceanografia dos anos 1970 aos 1990 diziam pouco sobre os peixes do gênero Cyclothone. Então começou uma nova onda de pesquisas baseadas na exploração do oceano profundo, usando uma nova geração de redes de malha muito mais fina. Fosse qual fosse a profundidade à qual as redes chegavam, elas sempre traziam para cima muitos bristlemouths. O biólogo Robison disse que os bristlemouths têm olhos muito pequenos que, no habitat semiescuro, parecem exercer pouco ou nenhum papel na localização de presas. Parece que, em vez disso, os peixinhos se guiam por órgãos sensoriais capazes de detectar movimentos e vibração na água. Levou um século e meio, mas finalmente a ciência conseguiu conhecer o bristlemouth bastante bem, embora ainda restem perguntas. O mesmo não se pode dizer de outros animais das profundezas. Se o caminho tortuoso que levou à identificação do peixe dominante for qualquer indicativo, será preciso esperar ainda mais para conhecer todas as formas incomuns de vida que passeiam pelas profundezas."
Fóssil de dinossauro é encontrado em obra no Triângulo Mineiro,"As obras de construção de um condomínio de oito torres na região central de Uberaba, no Triângulo Mineiro, revelaram bem mais do que terra e pedras. Fósseis de um dinossauro de grande porte, com idade estimada em 80 milhões de anos e que pode ser de uma espécie desconhecida, serão desenterrados nos próximos dias. Costelas, vértebras, tíbia e ossos da cintura do animal já foram identificados. Segundo os pesquisadores, o estado de preservação indica que o material craniano ainda pode estar enterrado na rocha. As escavações continuam até a próxima semana. Para o geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price, ligado à UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), a estrutura pode pertencer a uma nova espécie de titanossauro, um dinossauro herbívoro que habitou a região. ""Pela diversidade de fósseis que encontramos e o grau de preservação, provavelmente vamos ter a oportunidade de apresentar uma nova espécie. Isso representaria mais um dado para o avanço das pesquisas paleontológicas em âmbito internacional"", diz Ribeiro. Após a retirada do fóssil, o material será encaminhado para análise no Centro de Pesquisas Paleontológicas. Segundo Ribeiro, os estudos morfológicos e anatômicos devem ser concluídos dentro de um ano e irão confirmar se o achado se refere a uma espécie ainda não identificada no Brasil. Nos últimos dez anos, três espécies de titanossauro foram descobertas no Triângulo Mineiro: o Trigonosaurus pricei, o Baurutitan britoi e o Uberabatitan riberoi. No terreno ao lado da obra do condomínio, foram encontrados há cerca de dois anos os primeiros fósseis nessa região durante escavações para a construção de um shopping. Por falta de acesso à obra, contudo, os pesquisadores não conseguiram identificar a espécie. VIGILÂNCIA Em dezembro passado, uma funcionária da prefeitura encontrou indícios da existência de fósseis na área do condomínio. A partir de então, a obra vem sendo monitorada pelo Centro de Pesquisas Paleontológicas. Em março, foi encontrada parte de um fêmur de titanossauro em outra área do mesmo terreno, mas os pesquisadores não informaram se fazia parte do mesmo animal. O coordenador regional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente das Bacias dos Rios Paranaíba e Baixo do rio Grande, Carlos Alberto Valera, recomendou à prefeitura que fiscalizasse e monitorasse construções que envolvam escavações ou movimentação de terra passíveis de destruir eventuais novos fósseis. Também foi solicitada a revisão imediata das licenças, alvarás e autorizações já emitidas para todas as obras. O secretário municipal de Meio Ambiente, Ricardo Lima, diz que todos os procedimentos administrativos que tramitam na pasta seguem a orientação antes da emissão da licença ambiental e que a medida será estendida a outros setores da prefeitura responsáveis pela liberação de novos empreendimentos. Segundo o secretário, em 2006 foi feito um zoneamento paleontológico para mapear potenciais depósitos de fósseis na cidade, que será atualizado em breve para evitar danos durante intervenções na área urbana. As obras do condomínio de torres residenciais não foram suspensas porque estão em outro quadrante do terreno e não interferem nos fósseis."
Arqueólogos fazem 'descoberta inédita' de cemitério filisteu em Israel,"Pesquisadores em Israel afirmam ter descoberto um cemitério filisteu –seria, segundo eles, o primeiro a ser encontrado na história. O achado, ocorrido em 2013 e tornado público neste domingo (10), pode trazer respostas sobre o antigo mistério em torno da origem do povo. A descoberta marcou o fim da escavação realizada pela Expedição Leon Levy na região do Parque Nacional de Ashkelon, no sul de Israel. Os trabalhos duraram 30 anos. Os líderes da pesquisa dizem ter encontrado 145 conjuntos de restos mortais em várias câmaras fúnebres, algumas cercadas por perfume, comida, joias e armas. As ossadas são originárias do período compreendido entre os séculos 11 a.C. e 8 a.C. POVO MIGRANTE Os filisteus são mencionados na Bíblia como arqui-inimigos dos antigos israelitas. Acredita-se que eles tenham migrado para as terras de Israel por volta do século 12 a.C, vindos de áreas do oeste. O filisteu mais famoso nos dias atuais é Golias, guerreiro gigante que, segundo o livro sagrado, foi vencido pelo jovem Davi antes de ele se tornar rei. ""Após décadas estudando o que os filisteus deixaram para trás, nós finalmente ficamos cara a cara com essas pessoas"", afirmou Daniel M. Master, um dos líderes da escavação. ""Com essa descoberta, nós estamos próximos de desvendar o segredo em torno de suas origens."" SEGREDO DE TRÊS ANOS O achado foi mantido em segredo por três anos até que os trabalhos fossem finalizados. O objetivo era evitar atrair a atenção de ativistas judeus ultraortodoxos, que já haviam feito atos contra escavações. Os manifestantes acusavam os arqueólogos de perturbar locais de sepultamento. ""Nós tivemos que segurar as nossas línguas por um longo tempo"", disse Master. Especialistas que estudaram o período divergem sobre a origem geográfica dos filisteus –Grécia, sua ilha Creta, Chipre e Anatólia, na Turquia, são apontados. A equipe da expedição está agora fazendo exames de DNA, de datação por radiocarbono e outros testes nos restos mortais em uma tentativa de apontar com previsão sua ascendência. A maioria dos corpos não foi enterrada com itens pessoais, afirmam os pesquisadores, mas perto de alguns havia utensílios onde eram guardados perfumes, jarras e pequenas tigelas. Poucos indivíduos foram sepultados com pulseiras e brincos. Outros, com armas. ""É assim que filisteus tratavam seus mortos, e esse é o 'livro de códigos' para decifrar tudo"", disse o arqueólogo Adam Aja, um dos participantes da escavação."
Sapo indiano produz muco que pode combater gripe,"Um sapo no sul da Índia expele um muco da sua pele que pode um dia ajudar as pessoas a combater certos tipos de vírus da gripe, disseram pesquisadores na terça-feira (18). O nome científico desse sapo, colorido e do tamanho de uma bola de tênis, é Hydrophylax bahuvistara, segundo o artigo publicado na revista científica ""Immunity"". ""Sapos diferentes produzem peptídeos [cadeias de aminoácidos] diferentes, dependendo de onde é seu habitat"", disse o especialista em gripe e coautor do estudo Joshy Jacob, da Universidade Emory, ressaltando que os humanos também produzem proteínas que agem como defensoras do organismo. ""É um mediador imune natural inato presente em todos os organismos vivos. Acabamos de encontrar um produzido pelo sapo que por acaso é eficaz contra o tipo de gripe H1"", afirmou Jacob. Os pesquisadores deram pequenos choques elétricos nos sapos para estimular a secreção dos seus peptídeos de defesa, que parecem combater a cepa H1 do vírus da gripe, e coletaram a substância. O peptídeo antiviral foi batizado de ""urumin"", em referência a uma espada parecida com um chicote usada no sul da Índia há séculos, disse o estudo. O urumin não é tóxico para mamíferos, mas ""parece perturbar a integridade do vírus da gripe, como visto através de microscopia eletrônica"". Quando os pesquisadores espremeram um pouco de urumin nos narizes de ratos de laboratório, o peptídeo os protegeu contra o que teria sido uma dose letal do vírus da gripe H1, o tipo responsável pela pandemia de gripe suína de 2009. Mais pesquisas são necessárias para determinar se o urumin pode se tornar um tratamento preventivo contra a gripe em humanos e para analisar se outros peptídeos derivados de sapos podem proteger contra vírus como o da dengue e o da zika."
O animal que consegue sobreviver sem oxigênio,"Em 2010, parecia que os livros de biologia teriam que ser reescritos. No fundo do Mar Mediterrâneo, em um dos ambientes mais extremos da Terra, um grupo de pesquisadores encontrou evidências de um animal que é capaz de viver toda a sua vida sem oxigênio. Nenhuma outra espécie animal entre o milhão de conhecidas consegue fazer isso. O oxigênio, em qualquer forma física, é considerado vital para a vida animal. Portanto, a existência dessas criaturas parece representar um furo nessa teoria, com implicações de grande repercussão para o entendimento da vida na Terra. Os pequenos animais mediterrâneos pertencem a um grupo chamado loriciferas, uma categoria de animais tão incomum que só foi descoberta na década de 1980. Os loriciferas têm o tamanho de uma ameba grande, não maior que um décimo de milímetro. Eles vivem em sedimentos lamacentos no fundo do mar. Porém, essa lama supostamente deveria conter algum oxigênio para permitir a respiração dos animais. A lama na Bacia Atalante no fundo do Mediterrâneo não tem. Durante uma década, Roberto Danovaro, da Universidade Politécnica de Marche (Itália), e seus colegas se arrastaram pelas profundidades da Atalante. Ela fica a 3,5 km abaixo da superfície, cerca de 200 km da costa oeste de Creta. A parte interna da Bacia é completamente destituída de oxigênio porque os depósitos antigos de sal enterrados abaixo do solo do mar foram dissolvidos no oceano, deixando a água ainda mais densa e salgada. A água densa não se mistura com o solo abaixo dela, geralmente rico em oxigênio, e fica presa em pedaços de solo marinho. A água livre de oxigênio está lá há mais de 50 mil anos. Pelo fato da lama no fundo da Bacia de Atalante ser completamente desprovida de oxigênio, os pesquisadores não esperavam encontrar ""formas de vida evoluídas"" –o que basicamente significa animais– vivendo lá. Mas eles encontraram até três novas espécies de loriciferas que aparentemente vivem na lama. E não é apenas com a ausência de oxigênio que esses criaturas precisam lidar. Loriciferas são cercados de sulfetos venenosos e vivem em uma água tão salgada que células normais secariam e virariam cascas. ""Quando os vimos pela primeira vez não conseguimos acreditar"", diz Danovaro. ""Antes desse estudo, apenas duas espécies (de loriciferas) haviam sido descobertas no fundo do Mediterrâneo. Havia mais organismos em 10 centímetros de bacia anóxica do que no resto de todo o Mar Mediterrâneo!"" Mas a maior surpresa foi o fato de que esses minúsculos animais conseguem viver completamente sem oxigênio. ""Nós sabíamos que alguns animais, como as tênias, nematódeos parasitas, conseguem viver parte de suas vidas sem oxigênio, vivendo no intestino"", diz Danovaro. ""No entanto, elas não passam seu ciclo de vida inteiro assim. Nossa descoberta contesta todos os pensamentos e suposições sobre o metabolismo dos animais"". Ele diz que esse fato fez com que outros cientistas tivessem dificuldades para acreditar em sua descoberta. ""Na verdade nem mesmo nós acreditamos de primeira. Levamos dez anos para confirmar através de experimentos que os animais estavam realmente vivendo sem oxigênio"". Não foi fácil colocar esses experimentos em prática. Os cientistas não conseguiam trazer os animais para a superfície porque a viagem os mataria instantaneamente. A única coisa que eles poderiam fazer era testar se havia sinais de vida animal no solo marinho. Os testes indicaram que moléculas fluorescentes que só sobrevivem através de células vivas foram integradas aos corpos dos loriciferas. Os cientistas também usaram uma mancha que reage apenas com a presença de enzimas ativas. A mancha reagiu com os loriciferas da Bacia, mas não com os restos mortos de outros animais microscópicos encontrados no Atalante. Além disso, alguns dos loriciferas pareciam ter ovos em seus corpos, uma sugestão de que eles estavam em fase de reprodução. Outros loriciferas foram encontrados no processo de sair da casca e entrar na fase de muda, outra indicação de que eles estavam vivos. Por fim, os loriciferas em Atalante estavam completamente intactos e sem sinais de decomposição, diferentemente de outros animais microscópicos encontrados pelos pesquisadores no ambiente salgado e desprovido de oxigênio. Após esse trabalho cuidadoso, Danovaro e seus colegas tornaram públicas suas descobertas: os loriciferas estavam, de fato, vivendo em um ambiente completamente sem oxigênio. Seu artigo, publicado em 2010 na revista ""BMC Biology"", foi um fenômeno. Mesmo assim, outros pesquisadores não ficaram convencidos. Um segundo grupo visitou o Mediterrâneo em 2011 para examinar por conta própria os loriciferas e seu ambiente incomum. Suas descobertas, publicadas em 2015, questionam a ideia de que os loriciferas realmente vivem sem oxigênio. Joan Bernhard, da Instituição Oceanográfica de Woods Hole, em Massachisetts (EUA) liderou a segunda equipe. Ela e seus colegas coletaram amostras de lama e água da superfície logo acima das piscinas anóxicas de Atalante. Devido a dificuldades técnicas, as próprias piscinas eram densas demais para que as máquinas operadas remotamente pudessem penetrá-las. O grupo descobriu as mesmas espécies de loriciferas descobertos por Danovaro. Mas esses loriciferas viviam em ambientes com níveis normais de oxigênio e nas camadas mais acima do sedimento acima das piscinas anóxicas, que tinham níveis baixos de oxigênio. Quanto mais próximas das bacias de água anóxica as amostras dos pesquisadores chegavam, menos loriciferas vivos eles encontravam. Bernhard afirma que é extremamente improvável que os loriciferas tenham se adaptado para viver tanto nas áreas completamente sem oxigênio e com muito sal e também em ambientes com muito oxigênio e níveis normais de sal. Em vez disso, sua equipe acredita que cadáveres de loriciferas mortos poderiam ter flutuado até os sedimentos lamacentos da Bacia do Atalante, e lá eles teriam sido habitados por bactérias ""violadoras de cadáveres"". Muitas espécies de bactérias são conhecidas por sua capacidade de viver sem oxigênio e elas poderiam ter incorporado marcadores biológicos dos corpos dos loriciferas, potencialmente levando Danovaro e seus colegas a acreditar falsamente que os loriciferas estavam vivos. No entanto, em junho de 2016, Danovaro e sua equipe voltaram a lutar contra essa hipótese alternativa. Eles dizem que o time de Bernhard não poderia ter certeza de que os loriciferas não vivem ali porque eles não apanharam amostras de lama das áreas da Bacia que estão permanentemente sem oxigênio. O grupo de Danovaro também argumenta que, se os pequenos animais realmente estivessem mortos e habitados por bactérias, isso ficaria óbvio em um exame no microscópio. Mas os loriciferas não apresentaram sinais de decomposição por micróbios. Além disso, nenhuma bactéria foi encontrada vivendo dentro dos loriciferas e uma tinta usada para manchar um tecido vivo marcou todas as partes dos corpos dos loriciferas, não apenas das partes onde as bactérias provavelmente colonizariam um animal morto. Por último, eles dizem que as camadas mais espessas dos depósitos de lama antiga reforçam seu argumento. ""Nós pudemos provar que esses animais estavam presentes em diferentes camadas na lama"", afirma Danovaro. ""Algumas das camadas tinham vários milhares de anos e, portanto, se esses animais estivessem mortos apenas sendo preservados, é um tanto improvável que os animais em uma lama de 3.000 anos fossem apenas mantidos como aqueles que vivem na superfície. A explicação mais provável é que os animais conseguem penetrar sedimentos, nadar e fazer impulso para afundar"". Mas então por que há tamanha controvérsia sobre a possibilidade de animais viverem sem oxigênio? Ninguém duvidaria que uma bactéria consegue viver sem oxigênio, por exemplo. Por que parece tão improvável que animais consigam fazer isso? Para responder essas perguntas é preciso explicar por que animais como nós respiramos oxigênio, para começo de conversa. Todas as formas de vida na Terra precisam gerar energia para comer, reproduzir-se, crescer e se mover. Essa energia vem em forma de elétrons, as mesmas partículas negativas que são movimentadas através de fios elétricos que carregam seu laptop. O desafio para toda a vida na Terra é o mesmo, seja um vírus, uma bactéria ou um elefante: você precisa achar uma fonte de elétrons e um lugar para despejá-los a fim de completar o ciclo. Os animais conseguem seus elétrons através do açúcar nos alimentos ingeridos. Esses elétrons são liberados e se misturam com o oxigênio em uma série de reações químicas que acontecem dentro das células animais. Essa corrente de elétrons é o que dá energia para os corpos dos animais. A atmosfera e os oceanos da Terra estão repletos de oxigênio e a natureza reativa do elemento significa que ele está sempre pronto para roubar elétrons. Para os animais, o oxigênio é uma escolha natural para um despejo de elétrons. No entanto, o oxigênio nem sempre foi tão abundante como ele é hoje. Nos primórdios da Terra, a atmosfera era densa e tinha um nevoeiro de dióxido de carbono, metano e amônia. Quando a primeira faísca de vida foi iniciada, havia pouco oxigênio por ali. Na verdade, os níveis de oxigênio nos oceanos provavelmente eram muito baixos até cerca de 600 milhões de anos atrás –mais ou menos na época em que os animais apareceram pela primeira vez. Isso significa que formas de vida mais velhas e primitivas evoluíram para usar outros elementos como seu aterro de elétrons. Muitas dessas formas de vida, como as bactérias e as arqueias, ainda vivem sem oxigênio hoje. Elas prosperam em locais com pouco oxigênio, por exemplo na lama ou perto de aberturas geotermais. Em vez de passar elétrons para o oxigênio, algumas dessas criaturas conseguem transmitir seus elétrons para metais como ferro, o que significa que elas conseguem conduzir eletricidade com eficiência. Outras conseguem respirar enxofre ou até mesmo hidrogênio. A única coisa em comum entre essas formas de vida independentes de oxigênio é sua simplicidade. Todos eles consistem em apenas uma célula. Até a descoberta dos loriciferas em 2010, não havia sido descoberta nenhuma forma complexa de vida capaz de viver sem oxigênio. Por quê? De acordo com Danovaro, há duas razões principais. A primeira é que respirar oxigênio é de longe a melhor forma de gerar energia. ""Complexidade e organização requerem oxigênio porque é muito mais eficiente para a produção de energia"", diz. Quando os níveis de oxigênio aumentaram, centenas de milhões de anos atrás, foi como se um freio nas ambições evolucionistas fosse retirado. Um grupo de formas de vida chamado de ""eucarióticas"" –que inclui animais– tirou vantagem disso e se adaptou de forma a aproveitar ao máximo a substância em seu metabolismo e, como consequência, se tornaram mais complexos. ""A teoria é que a evolução da vida explodiu quando o oxigênio se tornou disponível na atmosfera e no oceano"", afirma Danovaro. Mas essa é apenas parte da história. Algumas espécies de micróbios também começaram a respirar oxigênio, mas, diferentemente de animais e alguns outros eucariotas, eles não se tornaram mais complexos. Por que não? Danovaro diz que a chave para entender o mistério está na observação da mitocôndria, as minúsculas estruturas dentro das células eucarióticas que atuam como suas usinas de energia. Dentro da mitocôndria, nutrientes e oxigênios são combinados de maneira a criar uma substância chamada ATP, a moeda universal de energia de um corpo. As mitocôndrias podem ser encontradas em praticamente todas as células eucarióticas. Mas bactérias e arqueias não têm mitocôndrias, e essa diferença é chave. ""Quando as mitocôndrias evoluíram, elas tornaram o processo de criação de energia e ATP muito mais eficientes, mas elas precisam de oxigênio para fazer isso"", diz Danovaro. Em outras palavras, a vida animal surgiu como consequência de duas questões. A primeira é que as eucarióticas ganharam mitocôndrias dentro de suas células. Então, quando os níveis de oxigênio subiram, essas mitocôndrias permitiram que outras eucarióticas se tornassem mais complexas e virassem animais. Então como os loriciferas conseguem viver sem oxigênio e outros animais não? ""Eles são muito pequenos, do tamanho de uma ameba grande"", diz Danovaro. ""O tamanho pequeno ajuda. Não funcionaria se eles fossem do tamanho de um elefante. Como eles são pequenos, sua necessidade de energia também é menor"". Os loriciferas podem ser diferentes de outros animais em outros aspectos importantes. Eles parecem não ter as mitocôndrias que usam oxigênio e que são encontradas em outros animais. Em vez disso, elas carregam estruturas que lembram as mitocôndrias e são chamadas de hidrogenossomas. Essas células usam prótons em vez de oxigênio como seu descarte de elétrons. Hidrogenossomas podem até ser um dos muitos tipos primitivos de mitocôndria, que evoluíram nas primeiras eucarióticas para produzir energia antes dos níveis de oxigênio na atmosfera aumentarem. ""Eu acho que o ancestral comum da eucariótica foi uma anaeróbia facultativa que conseguia viver com ou sem oxigênio, muito parecida com a E. coli, uma bactéria muito conhecida"", diz William Martin, um professor de evolução molecular da Universidade de Dusseldorf, na Alemanha. Isso teve consequências importantes para entender como e em que condições a vida complexa apareceu pela primeira vez. As primeiras eucarióticas provavelmente evoluíram antes do oxigênio ser amplamente disponível no oceano, de forma que estruturas localizadas dentro das células e semelhantes às da mitocôndria foram capazes de se adaptar a condições com ou sem oxigênio. Assim, conforme o oxigênio foi se tornando mais abundante, primeiro na atmosfera e depois no oceano, algumas eucariotas se adaptaram aos seus ambientes agora ricos em oxigênio e se tornaram maiores e mais complexas. Elas se tornaram animais. Mas alguns animais –como os loriciferas– podem ter se recolhido e vivido sem oxigênio, continuando pequenos, consequentemente. Para isso dar certo, os loriciferas devem ter mantido a capacidade herdada de seus ancestrais para viver sem oxigênio. Mas há uma alternativa: os loriciferas podem ter conquistado sua capacidade de viver sem oxigênio muito recentemente, talvez roubando genes de outras espécies em um processo conhecido como transferência horizontal de genes. ""Isso pode ser a evolução em ação, já que todas as outras espécies conhecidas de loriciferas respiram oxigênio"", diz Danovaro. ""É possível que esta seja uma adaptação extrema para permitir que os loriciferas vivam em um ambiente sem competidores nem predadores"". Por ora, a comunidade científica espera por mais evidências com a respiração presa para confirmar ou derrubar a descoberta original. ""Eu acho que no momento vivemos um empate"", diz Martin. ""O que precisamos é de mais amostras para um estudo aprofundado"". Uma prova cabal seria ver os animais nadando na lama, mas, segundo Danovaro, o tamanho pequeno dos loriciferas e a dificuldade para alcançar seu ambiente dificulta esse tipo de observação. ""O animal tem um décimo de milímetro, o que exige um sistema especial, porque assim que você o coloca em um microscópio, ele morre"", diz. ""A princípio, você pode extrair seu DNA, que é com o que estamos trabalhando agora, mas alguém ainda poderia dizer 'bem, esse animal está morto'. É um longo caminho para conseguir a confirmação final, mas estamos muito otimistas."""
Médicos alertam para os riscos do consumo de maconha,"Fumar maconha, além de prejudicar o desenvolvimento cerebral em jovens, aumenta o risco de desenvolver doenças mentais, como esquizofrenia e depressão, segundo médicos ouvidos pela Folha. ""Um adolescente que fuma um cigarro de maconha por dia tem uma chance três vezes maior de desenvolver psicose"", diz Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. ""Não existe maconha medicinal. O que existe é a possibilidade de sintetizar uma droga à base da maconha, o que é bem diferente"", diz, referindo-se ao canabidiol. ""O problema é a visão da maconha como um produto"", diz a psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas, Ana Cecília Marques. ""Vemos a maconha sendo propagandeada como algo que não causa problemas e até que serve como remédio. Há muitas empresas de olho no mercado que pode surgir."" Para os médicos, legalizar a maconha traria efeitos como o aumento do consumo. ""Um médico só defende a legalização de maconha se tem interesses por trás"", diz Silva. ""Pra mim, é até bom, porque enche o consultório."" Segundo a Organização Mundial da Saúde, a erva pode ainda prejudicar a performance motora e provocar dependência química e doenças pulmonares."
EUA aposentam 50 chimpanzés que eram cobaias em estudos,"Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos anunciaram que não apoiarão mais pesquisas invasivas com chimpanzés, e 50 animais que estavam disponíveis para estudos biomédicos serão aposentados. A decisão acaba com anos de controvérsia sobre o uso de primatas em experimentos. ""Nós não temos nenhuma evidência de que seja necessário continuar fazendo pesquisas com chimpanzés"", afirmou Francis Collins, diretor dos NIH. Ele afirmou que, além disso, uma razão para não realizar mais as pesquisas é o fato de os chimpanzés serem uma espécie ameaçada de extinção. ""Hoje, a pesquisa com chimpanzés já não é mais essencial"", disse Collins. SANTUÁRIO Ao todo, os NIH aposentou nos últimos anos 183 chimpanzés, que foram enviados para um santuário em Louisiana chamado Chimp Haven. ""Nós estamos ansiosos por receber os 50 chimpanzés, que vão encontrar aqui seus amigos de laboratório"", disse Erika Fleury, diretora da Aliança Norte-Americana dos Santuários de Primatas, entidade que administra o Chimp Haven. Segundo a entidade, o local tem espaço para receber 25 chimpanzés imediatamente e está abrindo espaço para que outros 25 possam ser transferidos no começo de 2016. PRIMOS A decisão dos NIH fazem parte de uma discussão maior sobre os direitos dos primatas, animais que têm relações sociais e sentimentos de alta complexidade, que em vários casos remetem aos padrões de comportamento humanos. Stephen Ross, diretor do Lester E. Fisher Center for the Study and Conservation of Apes, um grupo dedicado aos direitos dos primatas, e membro do comitê que elaborou a recomendação de que os NIH aposentassem os 50 chimpanzés, disse que a decisão deve ser aplaudida. ""Uma vez que já não havia interesse em conduzir pesquisas médicas com chimpanzés, estava certamente claro que os animais não deveriam continuar morando em ambientes laboratoriais"", disse ele."
Cientistas rebatizam alimentos transgênicos,"O que há num nome? Muito, se for ""organismo transgênico"", termo que pode provocar imediata rejeição a muitos produtos. Mas e se os cientistas usassem técnicas da biologia molecular para devolver às plantas genes que há muito tempo foram extirpados em cruzamentos seletivos? E se esse processo fosse chamado de ""rewilding"" (renaturalização)? Um grupo da Universidade de Copenhague propôs esse nome para uma técnica em que os cientistas apanham um ou dois genes de uma variedade vegetal antiga e os fundem a espécies modernas para diversos fins, como o de promover maior resistência à seca. ""É algo que vale a pena ser debatido"", disse Michael Palmgren, fitologista da universidade dinamarquesa e coordenador do grupo, que conta com a participação de cientistas, advogados e especialistas em ética e é financiado pela Fundação Nacional de Pesquisas da Dinamarca. A proposta foi publicada na revista ""Trends in Plant Science"". A melhor maneira de aperfeiçoar as plantas, dizem os cientistas, é com os ""cruzamentos de precisão"", usando métodos modernos e bem conhecidos para a inserção e exclusão de genes nas células. Segundo os pesquisadores, nos EUA e no Canadá, os alimentos não transgênicos não podem conter genes que não ocorreriam naturalmente. Assim, a adição de um gene de peixe a uma planta, por exemplo, é proibida, ao contrário da adição de um gene a partir de uma variedade antiga da mesma planta, usando o cruzamento de precisão. Na Europa, no entanto, os métodos de engenharia genética é que são proibidos, mesmo que o gene adicionado seja da mesma espécie. Isso significa que alimentos ""renaturalizados"" poderiam ser rotulados como não transgênicos nos EUA, mas não na Europa. Brise Tencer, da Fundação de Pesquisa da Pecuária Orgânica, em Santa Cruz (Califórnia), disse que duvida da aceitação desse método entre os adeptos da alimentação não transgênica. ""Eles usam um termo que soa maravilhoso, mas engenharia genética é engenharia genética"", disse. ""Não é algo que os agricultores ou consumidores queiram."" A ideia de restaurar genes perdidos não é nova, disse Julian Schroeder, pesquisador botânico na Universidade da Califórnia, em Davis. Porém, cientes da pecha associada à engenharia genética, os cientistas usaram métodos tradicionais no cruzamento de plantas modernas e antigas, até obterem o gene que desejavam para determinado cultivo. Esse processo inevitavelmente traz outros genes junto aos desejados. Mas o processo mais antigo é ""natural"", segundo Schroeder. Em 2006, por exemplo, os cientistas redescobriram uma antiga variedade de arroz que, apesar de produzir pouco, era resistente a inundações. Após anos de cruzamentos, eles conseguiram cultivar pés de arroz com o antigo gene da resistência à inundação. Hoje, diz Schroeder, esse arroz é cultivado por mais de 4 milhões de agricultores no Sudeste Asiático. Muitas das plantas cultivadas hoje por agricultores convencionais e orgânicos foram criadas com métodos imprecisos, segundo os cientistas. Os pesquisadores promoviam mutações usando produtos químicos e radiação para alterar milhares de genes de uma só vez. Depois, procuravam entre as plantas resultantes aquelas com traços desejados. Apesar de essas plantas terem sido criadas com métodos não naturais, elas podem ser cultivadas com técnicas de agricultura orgânica. Para Nina Fedoroff, pesquisadora botânica da Universidade Estadual da Pensilvânia, é absurdo uma planta ser considerada ""natural"" após sofrer mutações decorrentes de produtos químicos e radiação, mas não se um gene de uma variedade antiga da mesma planta for adicionado com métodos de biologia molecular . No caso do arroz resistente à inundação, os pesquisadores se valeram da hibridização, não do cruzamento de precisão. A razão para isso, segundo Schroeder, é simples: um labirinto de normas que regem os cultivos geneticamente modificados. Usando a hibridização, disse ele, ""as primeiras variedades chegam às lavouras em poucos anos"". E se os pesquisadores tivessem usado o cruzamento de precisão para colocar esse gene no arroz? ""Eles ainda estariam parados no processo regulatório."""
Arqueólogos encontram na Bolívia esqueleto de mulher de 1.100 anos,"Uma equipe de arqueólogos descobriu no sudoeste da Bolívia os restos ósseos de uma mulher que datariam de cerca de 1.100 anos atrás, em uma região onde presumivelmente convergiram povos ancestrais da Argentina, Paraguai, Brasil e Bolívia. O esqueleto seria de uma mulher, enterrada em posição fetal e cujos restos foram colocados numa urna de cerâmica, sendo enterrada um pouco mais de um metro da superfície e coberta por um tipo de mosaico, de acordo com o site do jornal ""El Deber"". O lugar da descoberta arqueológica é a pequena cidade rural de El Soto, na província de Chiquitos de Santa Cruz, habitada por cerca de 50 famílias. A área teria correspondido a um grande assentamento humano da cultura Tupi-guarani. ""Nesta região houve a grande fusão dos povos que então se conectaram com outros em diferentes partes do que é hoje Santa Cruz"", comentou o arqueólogo Danilo Drakic. Em áreas adjacentes foram encontradas várias peças arqueológicas, como colares de cobre com pedras preciosas, cerâmicas e vasos pintados. Por esta razão, o especialista suspeita que havia uma rede comercial entre comunidades com costumes semelhantes."
Registros de patentes em smartphone podem chegar a 250 mil,"Pesquisadores especializados em tecnologias na área de telecomunicações, especialmente no desenvolvimento de smartphones, estão esbarrando em um muro cada vez mais alto de patentes. A estimativa dos escritórios de advocacia especializados em inovação é que físicos, engenheiros e cientistas da computação tenham agora o seu trabalho limitado por cerca de 250 mil patentes ligadas ao setor de smartphones. ""É impossível para um pesquisador nesta área, mesmo em empresas do porte de uma Apple ou Samsung, analisar completamente todas as potenciais infrações de patentes de um novo trabalho"", disse à Folha o desenvolvedor de softwares Florian Muller, consultor na área de violação de patentes da Microsoft. ""São dezenas de milhares de relatórios de patentes que teriam de ser analisados a cada caso"", diz. Pesquisadores que não trabalham em grandes empresas, como os que são vinculados a universidades ou start-ups, têm dificuldades ainda maiores sem o suporte de um departamento jurídico robusto. Entre as patentes, estão itens muito específicos como sistemas que tornam links clicáveis ou servem para identificar o fuso horário do usuário, além de características de design ou hardware. Para oferecer a mesma função, as empresas têm que desenvolver mecanismos alternativos. Tal limitação tem duas consequências. Uma é a guerra na Justiça entre as maiores empresas de tecnologia para impedir a utilização pelas concorrentes de sistemas que já tinham patenteado. No ano passado, um tribunal da Califórnia condenou a Samsung a pagar US$ 119 milhões à Apple por violações de patentes de smartphones. As duas empresas estão envolvidas em disputas judiciais sobre patentes de smartphones em ao menos outros nove países, da Alemanha à Coreia do Sul. Outras ações judiciais envolvem o Google, a Microsoft, a Nokia e a Sony, entre outras empresas. O setor de celulares é tão repleto de registros de propriedade intelectual que, segundo estimativa da consultoria americana RPX, 16% das patentes americanas ativas já se referem a smartphones. Contribui para o valor ser alto o fato de o setor ser muito jovem – patentes valem por 20 anos. Em comparação, a indústria farmacêutica, também conhecida por ter muitas patentes, responde por 6% do total de registros. BRASIL E CHINA A segunda consequência, segundo especialistas, é que novos atores teriam dificuldade para entrar nesse mercado. Uma empresa brasileira que desejasse desenvolver smartphones competitivos no mercado internacional, por exemplo, teria de desviar de dezenas de milhares de patentes. ""Como mero montador de smartphones, e não desenvolvedor, o Brasil hoje quase não esbarra nessas questões de patentes. O projeto e os componentes vêm de fora, então o valor das patentes já está embutido"", afirma o engenheiro Eduardo Tude, presidente da Teleco Consultoria, especializada no ramo de comunicações. ""Dessa forma, as empresas teriam que ficar pagando pelas licenças, mesmo que desenvolvessem um projeto de smartphone nacional."" Pedro Augusto Francisco, pesquisador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV Direito Rio, também aponta que a detenção de patentes por empresas tradicionais do setor de smartphones torna a situação de empresas novas ou pequenas difícil. ""Elas acabam sendo barradas"", afirma. Um caso curioso é o da China. A empresa local Xiaomi conseguiu se tornar a terceira maior vendedora de smartphones do mundo mesmo sem ser detentora de uma grande coleção de patentes. Isso ocorre porque quase todas essas vendas foram feitas na China, onde a aplicação de direitos de propriedade intelectual é deficiente. Por isso, os produtos não teriam como competir no mercado dos EUA, por exemplo. Mesmo na Índia os smartphones chineses foram banidos, após a empresa ser processada pela Ericsson pelo não licenciamento de tecnologias que empregava. A situação pode estar mudando na própria China, que montou em novembro o seu primeiro tribunal especializado em propriedade intelectual, em boa medida por pressão do governo americano."
Mensageiro Sideral: Começa a busca por mundos habitados,"Uma descoberta épica acaba de ser feita pela missão K2, a segunda fase de operações do satélite Kepler, da Nasa. Seria apenas mais um planeta potencialmente similar à Terra, como tantos que já foram anunciados nos últimos anos, não fosse ... Leia post completo no blog"
"Donos não têm ideia de quantos bichos seus gatos matam, dizem estudos","Jennifer McDonald é bióloga por profissão e uma pessoa que gosta de gatos por vocação. Alguns anos atrás, Tiggy, seu gato de pelo curto amarelo e branco, trazia para casa camundongos e musaranhos recém-mortos para sua apreciação. Jennifer, que hoje é pesquisadora do Centro para Ecologia e Conservação da Universidade de Exeter na Inglaterra, ficou curiosa sobre o impacto de gatos domésticos como Tiggy na vida selvagem. Menos camundongos pode ser uma coisa boa. Mas gatos, caçadores naturais, também atacam pássaros e até mesmo animais maiores, como os coelhos. Gatices: Rio tem epidemia de esporotricose em gatos; entenda a doença ""Você não pode escolher a presa do gato"", explica Jennifer. Se os donos percebessem quantos animais seus gatos matam, pensa ela, será que considerariam prender os felinos para proteger a vida selvagem? Ela e seus colegas estudaram a questão. A resposta, publicada recentemente na revista científica especializada ""Ecology and Evolution"", foi inequívoca e enfática. Não. Nos últimos anos, o debate sobre o efeito predatório dos gatos na vida selvagem, principalmente em pássaros canoros ameaçados de extinção, só se intensificou. Mas a maioria das pesquisas de opinião pública foca nos gatos selvagens, não nos gatos domésticos. Jennifer conduziu um estudo que contou com a participação dos donos de gatos que vagueiam do lado de fora de casa em duas cidades britânicas. Os proprietários precisavam prever a quantidade de presas que seus felinos faziam e depois documentar as mortes verdadeiras. Aos donos de uma vila foi questionado se eles acreditavam que seus gatos tinham impacto ecológico. OS RESULTADOS 1) Os donos não souberam nem estimar quantos animais seus gatos matavam. Em um caso extremo, quando instigada a contar, uma família descobriu que a média diária podia chegar a até dez presas. 2) As 43 famílias pesquisadas por Jennifer documentaram que seus gatos mataram, em quatro meses, 325 animais: quase 60% eram roedores, e 27% eram pássaros. (De acordo com os pesquisadores, 6,2 % não puderam ser identificados.) Considere, porém, que um estudo anterior, que colocou câmeras nos felinos (em 55 deles), mostrou que os gatos somente levavam para casa metade das presas que matavam na rua. Assim, o número real de animais mortos pelos felinos de um bairro que tenha dezenas de casas com gatos é da ordem de algumas centenas por mês. 3) Os pesquisadores também perguntaram aos donos sobre sua vontade de manter os animais dentro de casa nos principais horários de caça, do crepúsculo ao amanhecer. A ideia foi completamente rejeitada. ""Meu gato escolhe por si mesmo se quer ficar dentro ou fora"", escreveu um desses donos. 4) Como já havia sido demonstrado por estudos anteriores, os proprietários não acreditam que seus gatos possam ser responsáveis pela redução de algumas populações de pássaros. Os pesquisadores ressaltaram que existe ""uma dissociação entre o comportamento predatório real e percebido"", e concluíram que ""os donos dos gatos neste estudo rejeitaram a proposição de que os gatos são uma ameaça à vida selvagem"". Sara Ash, professora da Universidade de Cumberlands (EUA), diz que os resultados evidenciaram a profunda separação entre os donos de gatos, que enxergam seus animais fazendo nada além do que é natural, e os biólogos, que acham que os gatos pertencem a uma espécie predatória e não nativa. NOVA TÁTICA Considerando que que a ameaça à biodiversidade não era suficiente para persuadir os donos a manter seus gatos dentro de casa, Jennifer e seus colegas sugeriram uma tática diferente: enfatizar os perigos que os gatos que vagueiam pelas ruas correm de morrer atropelados, por exemplo, ou ser atacados por predadores maiores. Cada vez mais nos EUA, esses predadores são os coiotes. As pesquisas mostraram que esses encontros nem sempre terminam bem. ""Deixar o gato sair não é um risco apenas para os pássaros, mas também para o gato"", afirma Roland Kays, líder do estudo e professor de vida selvagem na Universidade do Estado da Carolina do Norte."
"Falta agilidade para parcerias público-privadas, diz presidente do IPT","Sem maneiras mais criativas e flexíveis de levantar recursos e interagir com a iniciativa privada, a pesquisa brasileira continuará penando para transformar boas ideias científicas em produtos inovadores e lucrativos, diz o engenheiro metalúrgico Fernando José Gomes Landgraf, atual diretor-presidente do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), em São Paulo. Landgraf comanda o instituto (ligado à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação) desde 2012. Embora negue que seja necessário escolher entre pesquisa básica e aplicada– ou seja, entre a ciência que tenta entender como as coisas funcionam e a que busca aplicações diretas–, ele enxerga mais limitações para fazer o segundo tipo no Brasil. Para o engenheiro, a falta de agilidade para financiar parcerias público-privadas na área é um dos fatores que limitam o desempenho brasileiro. Ele reconhece a importância do financiamento público para que tecnologias realmente inovadoras surjam, mas aponta também a necessidade de que as pesquisas, em alguma medida, se autofinanciem –a exemplo do IPT, cuja receita atual é, em sua maioria, proveniente de serviços prestados a empresas. ★ Folha - O governador Geraldo Alckmin irritou a comunidade científica ao criticar as pesquisas financiadas pela Fapesp, afirmando que muitas delas não têm utilidade prática. Como o sr. vê esse dilema entre investimentos na ciência básica e os voltados para a pesquisa aplicada? Landgraf - É claro que ambas são importantes. Não há como um país ter avanços na pesquisa aplicada sem boa pesquisa básica. Também é verdade que a Fapesp [agência de fomento do Estado de São Paulo] tem tentado estimular a interação entre instituições de pesquisa públicas e as empresas, há algumas iniciativas nesse sentido. Mas, de maneira geral, a interação com o setor privado e a pesquisa que gera produtos inovadores ainda são modestas, em parte também porque as próprias empresas não buscam essa interação com a intensidade necessária. Então isso não significaria que as empresas é que precisam criar uma cultura mais ousada sobre esse tema? O problema é que a maneira como o financiamento dos projetos conjuntos funciona normalmente não favorece isso. Seria interessante achar um modo de trabalhar que facilitasse essas parcerias, coisa que instituições como a Embrapii [Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, organização social ligada ao governo federal] já vêm estimulando ao fazer as coisas de um modo diferente. O que há de diferente na maneira como a Embrapii atua? O principal ponto é a velocidade e flexibilidade com que as propostas para o financiamento de projetos são analisadas. Há uma espécie de benefício da dúvida dado pelas entidades financiadoras à parceria entre a instituição de pesquisa e a empresa, de maneira que todo o processo de análise do mérito daquela proposta é mais rápido -existe um monitoramento constante e rigoroso durante a execução dos recursos, mas não tantos entraves antes. Outra questão que temos de considerar com cuidado é a maneira como essas parcerias começam. As situações em que os institutos de pesquisa brasileiros procuram uma empresa já com um produto pronto, ou mesmo com um plano claro para chegar a esse produto, são raríssimas. Normalmente o que acontece é o contrário: a empresa procura a instituição de pesquisa com um problema específico, e é a partir daí que soluções às vezes são desenvolvidas e se transformam em produtos. A impressão é que, desde os anos 1990, tem havido um esforço constante para estimular os pesquisadores brasileiros a se transformarem em empreendedores, mas esse modelo parece ter fracassado. O sr. concorda? Eu não acho que esse modelo tenha fracassado. A questão é que, naturalmente, são raras as pessoas com vocação para o empreendedorismo. Vejo isso ao dar aulas na Escola Politécnica da USP –poucos dos meus alunos querem virar empresários. Claro que o ambiente brasileiro de fato não é muito favorável a isso, mas o problema está longe de ser só nosso. A Universidade Harvard e o MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts], que ficam do lado um do outro nos EUA, devem formar milhares de alunos todos os anos, num dos locais com o maior índice de inovação tecnológica do mundo. Você sabe quantas empresas são criadas por esses formandos anualmente? Vou chutar: em torno de 30? Chutou bem, é mais ou menos isso mesmo –de dez a 30. Além disso, não se pode esquecer o papel crucial das instituições públicas e do incentivo governamental para a inovação, porque eles fazem o investimento de longo prazo para que as ideias realmente inovadoras vinguem. Mas é claro que é possível pensar em maneiras de obter financiamento para pesquisa sem depender só do Estado. Aqui no IPT, por exemplo, 35% da dotação orçamentária vem do governo paulista, enquanto os outros 65% derivam da venda de serviços para empresas. Existem críticas ao fato de que a Fapesp possui um patrimônio financeiro próprio, que lhe permite maior estabilidade e autonomia em seus investimentos de pesquisa, mesmo quando a arrecadação cai. Esse modelo deve ser mantido, na sua opinião? Não acho que seja necessário alterar esse modelo. Mas é importante discutir qual a proporção dos recursos que vai para pesquisa básica e pesquisa aplicada."
Fóssil de mamute indica que homem chegou ao Ártico 10 mil anos antes do previsto,"Os restos mortais de um mamute que foi abatido a golpes de lança há 45 mil anos são o mais antigo indício da presença do homem no Ártico, segundo pesquisadores russos. A análise sugere um avanço surpreendentemente precoce da nossa espécie rumo a uma das regiões mais inóspitas do globo - até agora, acreditava-se que o ser humano só teria alcançado a área uns dez mil anos mais tarde. Publicado na edição desta semana do periódico especializado ""Science"", o trabalho liderado por Vladimir Pitulko, do Instituto de História da Cultura Material da Academia Russa de Ciências, pode ser visto como uma espécie de ""CSI: Mamute"", tamanho é o detalhamento detetivesco que permitiu estimar como e quando o paquiderme peludo foi morto. O dado mais importante é que as marcas no esqueleto do bicho –como um corte na quinta vértebra esquerda - só podem ser explicadas pela ação de caçadores humanos. ""Nenhum processo natural, como pisoteamento ou mastigação de predadores, produz coisa parecida, e o mesmo padrão de danos aparece em outros sítios arqueológicos, o que não nos deixa nenhuma dúvida"", declarou Pitulko à Folha. RUMO AO POLO NORTE A descoberta é impactante, em parte, porque mostra o ritmo avassalador com que os seres humanos de anatomia moderna estavam se espalhando pelo planeta naquela época. Originários da África, os primeiros Homo sapiens começaram a deixar seu continente natal a partir de uns 60 mil anos atrás, chegando ao Oriente Médio e alcançando rapidamente a Índia e a Austrália, com climas que não diferiam radicalmente do africano. Por volta de 45 mil anos atrás, aventuraram-se na Europa –e também no norte da Sibéria, à beira do atual mar de Kara, onde foi encontrado o cadáver de mamute. O animal era um macho de 15 anos de idade (elefantes e seus parentes têm mais ou menos o mesmo padrão de envelhecimento dos seres humanos, ou seja, tratava-se de um adolescente). O esqueleto estava ""excepcionalmente completo"", segundo os pesquisadores, que desenterraram ainda alguns tecidos moles do bicho, como restos do ""cupim"" (uma reserva de gordura, similar ao dos bois zebus de hoje) e do pênis. O material obtido da tíbia (osso da canela) foi datado por meio do método do carbono-14, um dos mais usados pelos arqueólogos, chegando-se à idade estimada de 45 mil anos. Além de lesões nas costelas, o mamute foi atingido ainda no ombro esquerdo, de tal maneira que o agressor deveria estar atacando a uma altura de 1,5 m –ou seja, justamente no nível do ombro de um homem adulto. Com o bicho já caído, outro golpe, desta vez no crânio, provavelmente teve como objetivo atingir a base da tromba (veja infográfico). Trata-se de uma técnica ainda usada por tribos africanas - um corte profundo nessa região é capaz de dilacerar grandes artérias e fazer o animal sangrar até a morte. Depois que o paquiderme expirou, os caçadores teriam quebrado sua mandíbula (provavelmente para extrair a língua e consumi-la) e retirado pedaços do marfim de suas presas para usá-lo como matéria-prima. ""Isso faz sentido porque, como dizem alguns de meus colegas, você pode aproveitar quase tudo quando abate um elefante"", afirma o pesquisador russo. ""É uma fonte de comida, mas também de combustível, como as fezes, a gordura e os ossos, além de fornecer matéria-prima para abrigos e ferramentas, o que era muito importante em ambientes abertos como a estepe do Ártico, onde quase não havia árvores."" Para Pitulko, embora não haja restos humanos ou ferramentas associadas ao cadáver de mamute, é praticamente certo que seus algozes tenham sido humanos anatomicamente modernos (Homo sapiens), e não neandertais, parentes da humanidade que ainda existiam na Europa nessa época. É que os neandertais não parecem ter se aventurado na área (seu território era a Europa Ocidental e o Oriente Médio), e a caça ao mamute era uma especialidade dos Homo sapiens. Por incrível que pareça, embora a vida na região certamente fosse duríssima, caçar por lá não era uma má ideia. Há 45 mil anos, o planeta passava por uma trégua nos períodos glaciais. A temperatura no Ártico siberiano era, portanto, similar à atual ou até um ou dois graus Celsius mais quente (algo em torno de 10oC no auge do verão). Com abundante vegetação rasteira, algumas árvores pequenas aqui e ali, rios e pântanos, a área estava repleta de grandes herbívoros - além dos mamutes, rinocerontes-lanosos e bisões circulavam por lá, o que deve ter despertado a gula dos caçadores humanos. A longa adaptação a essa área do planeta pode ter servido de ""treinamento"" para a fase seguinte da expansão humana: a chegada às Américas, atravessando o gélido estreito de Bering entre a Sibéria e o Alasca."
Monstro marinho do Jurássico sai do anonimato,"O monstro marinho do Loch Storr (Lago Storr), de quatro metros de comprimento, que viveu há 170 milhões de anos, saiu finalmente do anonimato no museu nacional da Escócia meio século depois de sua descoberta. O fóssil desta criatura do Jurássico com ventre volumoso, olhos esbugalhados e uma cabeça com um grande bico dotado de centenas de dentes, foi descoberto em 1966 na ilha escocesa de Sky pelo diretor de uma fábrica elétrica vizinha. No entanto, ""durante meio século o museu o manteve resguardado porque não possuíamos as técnicas necessárias para soltá-lo da imensa rocha que o envolvia e, assim, poder estudá-lo"", explicou à AFP Steve Brusatte da Universidade de Edimburgo. Assunto resolvido: Nigel Larkin, especialista restaurador de fósseis, liberou o monstro da rocha na qual estava preso há milhões de anos. Uma vez despojado de sua envoltura rochosa, os paleontólogos Steve Brusatte, Nick Fraser e Stig Walsh, do museu escocês, o identificaram como um ictiossauro, família de répteis marinhos extinta desde então. Conseguiram reconstruir uma imagem clara da enorme criatura, apresentada por eles como uma ""joia da coroa da pré-história escocesa"". O feroz predador, digno de um filme de terror, nadava nos oceanos do planeta há 170 milhões de anos, na época em que os dinossauros dominavam o mundo. ""As pessoas estão obcecadas com o mito do Loch Ness (Lago Ness) que é totalmente falso. Mas não se dão conta de que existiram verdadeiros monstros marinhos"", explica Steve Brusatte. Segundo o paleontólogo, ""eram maiores, mais horripilantes e mais fascinantes que Nessie"", como os escoceses chamam o monstro imaginário. Os ictiossauros desapareceram bruscamente dos oceanos dezenas de milhares de anos antes dos últimos dinossauros."
Peru reconstrói rosto de mulher pré-inca que governou há 1.700 anos,"A imagem do rosto de uma poderosa mulher de uma cultura pré-inca que viveu há cerca de 1.700 na costa norte do Peru, e cujo corpo tatuado foi enterrado junto a armas e joias, foi revelada nesta terça-feira (4) graças a uma reconstrução com tecnologia 3D. O rosto oval e com bochechas acentuadas da denominada Senhora de Cao, da cultura Moche, que morreu quando tinha cerca de 20 anos, foi apresentado após uma projeção de seu crânio, tendo como base um banco fotográfico de mulheres da região onde seus restos foram descobertos em 2005. ""Temos o privilégio de anunciar esta combinação singular entre o futuro e o passado: a tecnologia nos permite ver o rosto de uma líder política, religiosa, cultural do passado"", disse a jornalistas o ministro da Cultura, Salvador del Solar. A Senhora de Cao foi descoberta pelo arqueólogo peruano Régulo Franco na região de La Libertad e, por conta do luxo dos vestidos, coroas, objetos de ouro e cobre e o elaborado fardo fúnebre que envolvia seu corpo, arqueólogos consideram que a mulher concentrava o poder político e religioso do vale de Chicama. O descobrimento foi somente comparável ao do Senhor de Sipán, um ex-governante da mesma cultura Moche e cujo descobrimento dentro de uma tumba se tornou um importante marco da arqueologia peruana, porque estava intacto e sem sinais de roubos."
"Competição feroz por mamutes foi chave na extinção dos neandertais, afirmam cientistas","O desaparecimento, há 40 mil anos, do neandertal, uma espécie humana arcaica, tem sido há muito tempo um mistério para a ciência. A espécie sobreviveu por centenas de milhares de anos, em meio a severas mudanças de temperatura, para depois se tornar testemunha da colonização da Europa pelo Homo sapiens –os ancestrais do homem moderno– 43 mil anos atrás. O declínio e a eventual extinção do neandertal, apenas três milênios depois, tem sido atribuída à dieta do Homo sapiens, que seria mais flexível e variada. Tal hábito teria feito com que conseguisse se ajustar melhor aos tempos de escassez. No entanto, uma equipe internacional de cientistas baseados em Tubinga, na Alemanha, faz cair por terra essa teoria. Em um estudo recém-publicado no periódico ""Scientific Reports"", os pesquisadores sustentam que o menu de nossos ancestrais era composto basicamente de mamutes e plantas –o mesmo cardápio dos neandertais. Assim, estes na verdade foram deslocados e desapareceram em uma feroz competição direta por recursos disponíveis, concluíram os cientistas. ""Muitos estudos examinam a questão do que teria produzido esse deslocamento"", comenta o professor Hervé Bocherens, do Centro Senckenberg de Evolução Humana e Paleoecologia da Universidade de Tubinga. ANÁLISE DA DIETA Segundo o especialista, uma hipótese sustenta que a dieta do humano anatomicamente moderno era mais diversa, flexível e frequentemente incluía peixes. Mas Bocherens e sua colega Dorothée Drucker, uma biogeóloga da mesma instituição, decidiram colocar à prova a hipótese analisando os hábitos alimentares desses ancestrais humanos. Para isso, eles verificaram os fósseis mais antigos encontrados nas cavernas de Buran Kaya, na península da Crimeia, na Ucrânia. ""No decorrer desse estudo, examinamos os restos dos antigos humanos no contexto da fauna local"", conta Drucker. ""Até agora, todas as análises da dieta dos humanos modernos estavam baseadas em descobertas isoladas, de maneira que são muito difíceis de serem interpretadas."" Apesar da falta de um registro fóssil da dieta, a equipe de Tubinga reconstruiu o menu medindo a porcentagem de carbono e de variantes de nitrogênio (elementos químicos orgânicos importantes) nos ossos de nossos ancestrais e dos animais contemporâneos que eram potencialmente caças, como antílopes saiga, cavalos e veados. Como resultado, os pesquisadores encontraram uma proporção muito alta do nitrogênio-15 nos humanos modernos do passado. ""[A substância] Não tem origem no consumo de peixes e produtos afins, mas, principalmente, de mamutes"", afirma Bocherens. FONTE COMUM O mamute também figurava amplamente como fonte de proteína no prato dos neandertais, segundo demonstraram estudos anteriores. Fósseis desses enormes animais e de outros mamíferos foram encontrados perto de ossos de neandertais. Através da análise de substâncias químicas nos restos mortais, foi possível determinar que a dieta principal da espécie neandertal consistia de grandes mamíferos herbívoros, como o mamute, e uma quinta parte de plantas. Ainda que a nova investigação da equipe de Tubinga tenha demonstrado, surpreendentemente, uma alta proporção de plantas na dieta dos humanos anatomicamente modernos comparavelmente maior que entre os neandertais, as principais fontes de carne para ambas as espécies eram as mesmas. ""Segundo nossos resultados, os neandertais e os ancestrais humanos modernos estavam em competição direta no que diz respeito a suas dietas"", afirma a Drucker. ""E parece que os neandertais saíram perdendo nesta competição"", conclui."
Novo dinossauro ganha apelido de 'poodle fofinho e penoso do inferno',"A China, além de ter se tornado uma superpotência econômica, também vem dando seus pulos na área da paleontologia. Desta vez cientistas encontraram no nordeste do país um fóssil quase completo de um dinossauro com penas e asas como as de um pássaro (embora duvidem que a bizarra criatura possa voar). Os cientistas disseram que o bicho teria 1,8 m de comprimento, além de ser carnívoro e um rápido corredor. O maior dinossauro com asas até então conhecido viveu 125 milhões de anos atrás, no período Cretáceo. Levando em consideração a boca cheia de dentes afiados (e sua estranheza como um todo), o paleontologista da universidade de Edimburgo apelidou o dinossauro de ""fluffy feathered poodle from hell"", algo como ""poodle fofinho e penoso do inferno"". O nome oficial do dinossauro é Zhenyuanlong suni e ele é parente do velociraptor, que por sua vez é candidato a ancestral das aves modernas. ""O Zhenyuanlong era muito parecido com um pássaro"", disse Brusatte, que trabalho junto com o paleontólogo chinês Junchang Lü. ""Você não pensaria [só olhando para o fóssil] que é algo diferente de um peru ou de um frango crescido"". Já pela forma das asas, seria mais parecido com um uma ave de rapina, como uma águia. Analisando as asas separadamente, dá até a impressão de que o novo dinossauro poderia voar, mas na realidade, considerando o corpo, provavelmente ele no máximo planava por alguns instantes. Ainda mais provável, a penugem poderia servir para fins de acasalamento ou mesmo espantar rivais. A pesquisa foi publicada na revista científica ""Scientific Reports"""
"Temperaturas globais bateram recorde em abril, mostra mapa da Nasa","O mês de abril foi o sétimo seguido a bater recordes de temperatura global, segundo um mapa da Nasa, a agência espacial americana. Os dados mostram que o mês passado quebrou o recorde para abril pela maior margem já registrada - foi o terceiro mês consecutivo em que esse recorde foi quebrado. Usando a temperatura média analisada pela Nasa no período entre 1951 e 1980, abril de 2016 teve uma temperatura igual a de janeiro. Fevereiro e março registraram temperaturas mais altas que a média desse período, enquanto abril destroçou o recorde anterior, estabelecido em 2010, por 0,24º Celsius. ""A circunstância lamentável que temos agora é a soma de um intenso fenômeno El Niño que foi potencializado pelo aquecimento global"", disse Christina Figueres, secretária-executiva da Convenção da ONU para Mudanças Climáticas. ""Todas essas quebras de recordes nas temperaturas e as implicações disso - como o recorde no número de incêndios e as secas na Índia - nos fazem lembrar que não podemos fazer nada a não ser acelerar planos com soluções. Não temos outra opção a não ser acelerar essa agenda"", afirmou. Várias regiões do hemisfério Norte, incluindo o Estado americano do Alasca, registraram temperaturas muito altas em abril - um padrão que se repetiu em meses anteriores. BRASIL Dados do Instituto Nacional de Meteorologia mostram que o Brasil seguiu o padrão global de aumento de temperatura no mês passado. No período histórico entre 1981 e 2010, algumas regiões, especialmente Sul, Centro e Nordeste do país, registraram aumento de até 3º Celsius. Na comparação mensal, abril também registrou aumento de temperatura em relação ao mês anterior. Na análise anual do mapa do Inmet, o mês de abril de 2016 mostra aumento de temperatura de maneira mais generalizada e acentuada no país comparando o mês nos últimos 53 anos."
Vida na Terra se originou 220 milhões de anos antes do que se pensava,"Nas águas rasas do oceano primordial que cobria a Terra há 3,7 bilhões de anos, comunidades de micro-organismos já faziam o que alguns de seus parentes modernos continuam fazendo até hoje: construíam estruturas vagamente parecidas com cones ou morrinhos, grudando grãos de sedimento marinho uns nos outros conforme cresciam. Essas estruturas, conhecidas como estromatólitos, são os mais antigos fósseis do planeta, argumentam pesquisadores australianos e britânicos em artigo na revista científica ""Nature"". Embora já houvesse algumas indicações geoquímicas da presença de seres vivos mais ou menos na mesma época, a presença dos estromatólitos em rochas do sudoeste da Groenlândia seria uma evidência bem mais sólida sobre as origens da vida na Terra. As estruturas descritas no novo estudo são cerca de 200 milhões de anos mais velhas que os estromatólitos mais antigos conhecidos até então. A equipe liderada por Allen Nutman, da Universidade de Wollongong (Nova Gales do Sul, Austrália), foi bastante sortuda ao identificar as estruturas porque, em rochas tão idosas, sempre há a ação de forças geológicas que modificam profundamente as características do material original. Apesar disso, os pesquisadores conseguiram identificar um trecho das camadas rochosas com a distribuição de camadas típica dos estromatólitos. Tais estruturas surgem conforme micróbios que dependem da luz do Sol vão crescendo em camadas, deixando embaixo de si os restos de seus ancestrais e os sedimentos marinhos que capturaram ao se reproduzir (veja infográfico). Com o tempo, formam-se elevações que podem lembrar mesas, cogumelos ou cones. Além da estrutura laminar característica, a composição química também sugeriu aos pesquisadores que estavam diante de objetos de origem biológica: os minerais dentro dos estromatólitos tinham uma ""receita"" diferente da que existia nas camadas de rocha circundantes, o que parece indicar a ação dos micro-organismos interagindo de forma específica com o ambiente marinho. Tais detalhes de composição química também foram essenciais para comprovar que o ambiente original das estruturas era o mar. Rochas vulcânicas achadas nas vizinhanças dos estromatólitos permitiram a datação relativamente precisa do surgimento deles. IMPLICAÇÕES CÓSMICAS? Se a interpretação das descobertas na Groenlândia estiver correta, as implicações podem ser literalmente cósmicas, influenciando o que sabemos sobre as probabilidades de aparecimento da vida em outros lugares do Sistema Solar e do Universo. Não por acaso, a ""Nature"" convidou Abigail Allwood, uma pesquisadora do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa), para comentar os achados dos paleontólogos. O JPL é o principal ""berço"" dos jipes-robôs da Nasa que têm explorado Marte em busca de sinais de vida (no passado remoto ou, com muita sorte, no presente) do planeta vermelho, e uma das grandes discussões levantadas pelas sondas robóticas tem a ver com a janela de oportunidade indispensável para que os seres vivos sejam capazes de evoluir. Em Marte, por exemplo, já está claro que havia água no estado líquido na superfície do planeta durante as primeiras centenas de milhões de anos de sua existência. Teria sido suficiente para que micróbios simples surgissem? Ainda não é possível sanar essa dúvida. Mas, se estromatólitos já estavam se formando na Terra há 3,7 bilhões de anos, aumenta a probabilidade de que a resposta seja sim. Isso porque, até 4 bilhões de anos atrás, a jovem superfície terrestre estava debaixo de chumbo grosso, sendo bombardeada constantemente por gigantescas sobras rochosas da formação do Sistema Solar. Esse primeiro período da história da Terra foi tão violento que ganhou o apelido de éon Hadeano (nome derivado de Hades, o reino dos mortos na mitologia grega). A idade dos estromatólitos groenlandeses sugere que a vida se estabeleceu de modo relativamente rápido em meio aos escombros ainda fumegantes do Hadeano - até porque provavelmente seriam necessárias várias fases intermediárias de evolução de moléculas orgânicas e protocélulas antes que surgissem bactérias capazes de produzir estromatólitos. ""Se os seres vivos conseguiram cavar espaço para si mesmos num ambiente assim, então a vida não é uma coisa exigente, relutante e improvável. Basta dar meia oportunidade para a vida que ela se vira"", escreve Allwood."
Americanos desenvolvem caneta que identifica câncer em 10 segundos,"Cientistas da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, desenvolveram uma caneta que pode identificar células cancerígenas em dez segundos. Segundo eles, o dispositivo portátil permitiria que a cirurgia para a retirada seja feita de forma mais rápida, segura e precisa. Os cientistas esperam que a tecnologia seja mais uma ferramenta à disposição dos médicos para evitar a reincidência do câncer. O estudo foi publicado na revista científica Science Translational Medicine. Testes indicam que a caneta oferece um resultado preciso em 96% das vezes. O MasSpec Pen se aproveita do metabolismo singular das células cancerígenas. A química interna dessas células, que crescem e se espalham muito rápido, é muito diferente da de um tecido saudável. COMO FUNCIONA A caneta toca em um tecido cancerígeno e libera uma minúscula gotícula de água. As substâncias químicas presentes nas células vivas se movem, então, para a gotícula, que é sugada de novo pelo objeto para análise. Em seguida, a caneta é conectada a um espectrômetro de massa - um equipamento que pode medir a massa de milhares de substâncias químicas a cada segundo. O resultado é uma espécie de ""impressão digital química"", a partir da qual os médicos podem concluir se se trata de um tecido saudável ou de um tumor. Esse é maior desafio dos cirurgiões: descobrir a fronteira entre um câncer e um tecido normal. Isso porque, apesar de em muitos casos ser fácil detectar um tumor, em outros, o limiar entre o tecido doente e o saudável não é tão visível. Retirar apenas uma parte do tecido pode fazer com que as células cancerosas remanescentes deem origem a um novo tumor. Mas remover muito tecido pode causar graves danos, especialmente em órgãos como o cérebro. Em entrevista à BBC, Livia Eberlin, professora-assistente de química na Universidade do Texas, em Austin, disse: ""O que é emocionante sobre essa tecnologia é o quão claro ela atende a uma necessidade clínica"". ""A ferramenta é, ao mesmo tempo, sofisticada e simples. E vai poder ser usada pelos cirurgiões em breve"", acrescentou. TESTES A tecnologia foi testada em 253 amostras como parte do estudo. O plano é continuar os testes para aprimorar o dispositivo antes de usá-lo durante cirurgias no ano que vem. Atualmente, o objeto é capaz de analisar um pedaço de tecido de 1,5 mm de diâmetro. Mas os pesquisadores já desenvolveram canetas muito mais aprimoradas e que podem examinar um pedaço de tecido tão pequeno quanto 0,6 mm de diâmetro. Enquanto a caneta por si só é barata, o espectrômetro de massa é caro e volumoso. ""O obstáculo é o espectrômetro de massa, com certeza"", disse Eberlin. ""Estamos desenvolvendo um espectrômetro de massa um pouco menor, mais barato e adaptado para este fim, que possa ser transportado dentro e fora dos quartos com relativa facilidade"", completou. Segundo James Suliburk, um dos pesquisadores e chefe de cirurgia endócrina no Baylor College of Medicine, nos Estados Unidos, ""sempre estamos em busca de formas de oferecer ao paciente uma cirurgia mais precisa, mais rápida ou mais segura"". ""Essa tecnologia combina todos esses fatores"", afirmou. O MasSpec Pen faz parte de uma série de dispositivos com o objetivo de melhorar a precisão cirúrgica. Uma equipe do Imperial College de Londres desenvolveu uma faca que ""cheira"" o tecido que corta para determinar se está removendo o câncer. Já uma equipe da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, está usando lasers para analisar quanto de um câncer cerebral pode ser removido. Para Aine McCarthy, da Cancer Research UK (órgão britânico de pesquisa contra o câncer), ""pesquisas emocionantes podem fazer com que os médicos descubram se um tumor é cancerígeno ou não mais rapidamente, além de conhecer suas características"". ""Com base nessa análise, eles podem decidir sobre o melhor tipo de tratamento""."
Achados arqueológicos revelam rica 'dieta mediterrânea' na Pré-História,"Um sítio arqueológico em Israel revelou o que poderia ser chamado de ""a primeira dieta do Mediterrâneo"". Essa dieta moderna, hoje na moda, é considerada saudável por incluir legumes, azeite de oliva, grãos, frutas, frutos do mar e consumo moderado de carnes. Quase tudo isso já servia de alimento ao homem pré-histórico do sítio de Gesher Benot Ya'aqov 780 mil anos atrás. Ou seja, mesmo um ancestral humano bem diferente do homem moderno já tinha uma dieta rica; os restos de material botânico indicam 55 espécies distintas de plantas. O sítio também mostra restos de animais aquáticos e terrestres, incluindo até elefantes. Não foram achados restos humanos no local, mas, pela idade, com certeza a população era constituída pelo Homo erectus, ou um parente próximo, em vez do atual Homo sapiens. A descoberta ajuda a explicar como o ser humano, surgido na África, conseguiu colonizar a Eurásia. Em Israel havia o chamado ""corredor do Levante"", o caminho para a migração e que agora se sabe que incluía uma boa dieta ""para a viagem"". ""Os restos de plantas faziam parte de uma dieta muito mais diversificada que provavelmente incluía espécies de plantas alimentares adicionais, peixes, anfíbios, répteis, aves, mamíferos e vários invertebrados aquáticos e terrestres"", afirmam os pesquisadores, em artigo publicado recentemente na revista científica ""PNAS"", da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Também foram achados instrumentos de pedra no local, típicos dos que costumam ser achados com a mesma idade na África. TÉCNICAS AVANÇADAS A grande variedade de recursos alimentares é causada pela presença próxima de um lago, ""permitindo ocupações repetidas do mesmo local durante dezenas de milênios"", escreveram os pesquisadores, liderados por Namma Goren-Inbar, da Universidade Hebraica, de Jerusalém. Os habitantes de Gesher Benot Ya'aqov não só tinham uma dieta variada, mas demonstravam conhecimento sobre quais estações do ano eram mais adequadas para coletar diferentes tipos de alimento, além de já usarem fogo no processamento da comida. A variedade permitia nutrição saudável ao longo de todo o ano. Por causa da melhor preservação de restos de proteínas animais e de ossos, julgava-se que a dieta pré-histórica era rica nesses alimentos. Em parte essa visão foi modelada com base em estudos de caçadores-coletores modernos. O achado dessa variedade de alimentos de origem vegetal modificou agora a visão sobre a antiga dieta humana. ""O que mostramos em nosso artigo é que a dieta era muito mais ampla, mais componentes foram integrados nela e isso incluiu muitos componentes tanto da fauna e da flora do bioma mediterrâneo"", disse Goren-Inbar à Folha. O sítio revelou mais de 100 mil fragmentos de plantas, incluindo 22.714 sementes ou frutos. Mas a parte ""comestível"" compreendia ""apenas"" 9.148 restos de plantas, de pelo menos 55 espécies (em alguns casos era difícil distinguir a espécie exata, apenas o gênero). Diferentes partes das plantas eram consumidas; poderiam ser as folhas verdes, as raízes, os frutos. Podiam ser comidas cruas, cozidas, tostadas. As fontes de energia mais eficientes em termos de nutrição eram os grãos. Qual era a comida a preferida? ""Nós não temos a resolução para discutir as preferências diárias, mas claramente castanhas –e particularmente castanhas-d'água– foram as favoritas e foram encontradas em relativa abundância nos diferentes locais de Gesher Benot Ya'aqov"", disse Goren-Inbar. ""A cultura material –ferramentas de pedra, milhares delas– são muito africanas em suas características. Isso significa que, em algum momento, os hominídeos saíram da África e, posteriormente, preservaram essa tradição de fazer artefatos de pedra. Contudo, o continente africano fornece uma seleção muito diferente de plantas comestíveis"", diz o pesquisador israelense. ""E se encontrarmos a tradição africana com a flora mediterrânica local, isso significa que os hominídeos tinham um grande poder de adaptação. Esse traço de adaptação fantástico e conhecimento da flora e fauna locais claramente lhes permitiu se estabelecerem mais tarde em outras partes do Velho Mundo que tinham diferentes ou parcialmente diferentes faunas e floras"", conclui Goren-Inbar."
Cientistas tentam descobrir como os médicos pensam,"Para um médico, pensar e chegar a um diagnóstico é uma atividade mental tão sofisticada quanto aquela realizada no reconhecimento de que um animal de quatro patas, que abana o rabo e fala ""au, au"" é um cachorro. De certo modo, essa foi uma das conclusões às quais chegaram cientistas da USP após terem tido a audácia de investigar o que se passa na cabeça de um médico enquanto ele tenta bater o martelo sobre qual doença aflige um paciente. A técnica usada não foi a leitura de pensamentos (ainda indisponível no mercado), mas a ressonância magnética funcional, que é capaz de detectar quais áreas do cérebro estão mais ativas em um determinado momento. Será virose? Com ela, os cientistas chegaram à não tão inesperada conclusão de que não é muito diferente o processo de reconhecimento de objetos daquele de diagnosticar pacientes. No estudo, foram apresentadas palavras-chave ligadas a sintomas e a outros dados dos pacientes, como ""febre"", ""dor"", ""vermelhidão na pele"", ""depressão"" e ""teste positivo para o HIV"". Um resultado importante é que, quando o médico recebe uma informação mais específica (como um exame mostrando presença do HIV), ele tende a dar menos bola para outros sintomas menos chamativos. ""Nossa hipótese era a de que informações diagnósticas inespecíficas evocariam mais atividade em áreas do cérebro ligadas à atenção, para dar conta da maior demanda cognitiva relacionada com a incerteza, quando comparadas com informações altamente diagnósticas"", diz o médico Marcio Melo, pesquisador associado à Faculdade de Medicina da USP e principal autor do estudo. ""Os resultados mostram que houve uma redução de atividade nessas áreas quando uma informação altamente diagnóstica era apresentada logo no início da tarefa."" O problema é que, em alguns casos, aspectos importantes e que mereciam atenção, como uma depressão, podem ser deixados de lado. Em outros, pode haver um diagnóstico errado, já que com o baixo nível de atenção do cérebro, outros dados importantes podem ser ignorados, explica o autor. Um possível desdobramento do estudo, afirma o pesquisador, é a criação de um software que pode auxiliar o médico no diagnóstico ao deixar destacadas as opções que seriam facilmente descartadas pelo algoritmo mental do profissional. ""Seria um recurso importante, porque ninguém consegue ficar se monitorando o tempo todo, principalmente se você tem apenas 15 minutos de consulta, tempo médio de atendimento no Brasil e no exterior"", afirma Melo. PALAVRAS Ao investigar os momentos em que surgiam as respostas cerebrais nos médicos, o trabalho dos pesquisadores da USP acabou caminhando por uma trilha menos óbvia. Foi observado que uma pequena fração do cérebro está ativa durante o período de decisão dos médicos. Esse padrão, segundo o estudo, muda completamente com o início da vocalização –e essa atividade engloba áreas envolvidas na consciência e na audição. ""Seria o cérebro se preparando para ouvir a própria resposta"", interpreta Melo. ""Outros trabalhos já propuseram que temos que escutar, em voz alta ou falando só em pensamento, a nossa própria fala para termos consciência dos nossos pensamentos verbais. Concluímos que esta atividade cerebral no início da vocalização está relacionada aos participantes tomarem consciência das próprias respostas."" Na prática, diz o médico, os resultados podem ser uma prova da importância do processo de conversar consigo mesmo para o aprendizado. ""Ao expor suas ideias, de repente você descobre coisas das quais não sabia antes. Há coisas que acontecem no cotidiano e que de repente você entende, mas que ganham clareza após você falar a respeito. O mesmo acontece quando você lê o que escreve"", afirma. ""Deve haver um mecanismo neurológico subjacente que explique isso, mas nós ainda não conhecemos."" Os achados foram publicados na revista ""Scientific Reports"", do grupo Nature. LINGUÍSTICA Os achados do trabalho de Melo e colaboradores sobre o funcionamento do cérebro de médicos durante o diagnóstico de doenças pode ter impacto não só na ciência médica, mas também na linguística. Essa é a opinião do especialista Luiz Carlos Cagliari, linguista e professor aposentado da Unesp. Indo por esse caminho, a discussão acaba descambando para tópicos mais sofisticados, como as hipóteses sobre o funcionamento da consciência, da memória e a definição do que é um pensamento. ""É muito interessante que um médico use sua memória para fazer diagnósticos e receitar tratamentos. Aliás, isso é de se esperar. Porém, a memória por si só não forma uma conclusão, apenas contribui com elementos que devem ser elaborados no pensamento médico de cada caso circunstancialmente"", diz Cagliari. ""É nesse momento que aparece a consciência de fazer certo, errado ou duvidoso. Essa reflexão não se traduz no que o médico realmente diz, mas fica em sua mente como uma forma de consciência do que foi pensado"", afirma. VELOCIDADE O conhecimento sobre o funcionamento da cabeça de um médico (e possivelmente também de qualquer um que use linguagem para pensar) foi possível graças a um ajuste metodológico na hora de se adquirir os dados de ressonância magnética funcional. O macete, segundo o Márcio Melo, da USP, foi obter as informações em um intervalo até dez vezes mais curto, permitindo que a atividade cerebral pudesse ser detectada com a precisão temporal de fração de segundo, em vez de apenas a cada dois ou três segundos, como ocorre convencionalmente."
Bolinhas plásticas cobrem reservatório em Los Angeles para economizar água,"A cidade de Los Angeles investiu US$ 34,5 milhões (R$ 120 milhões) em uma alternativa pouco ortodoxa para preservar o reservatório de água da cidade –ele foi coberto com 96 milhões de bolinhas plásticas. A proposta da prefeitura é preservar a qualidade da água e evitar reações químicas desencadeadas pela incidência de luz solar, impedir que pássaros e outros bichos façam um ""pit stop"" por ali, e até mesmo proteger a água de poeira trazida pelo vento e pela chuva. Veja vídeo Além dessas vantagens de saneamento, a medida pode trazer uma economia de 1,1 milhão de metros cúbicos de água por ano –o suficiente para suprir a necessidade de 8.100 pessoas. De acordo com o departamento de águas da cidade, isso é reflexo de uma diminuição de pelo menos 85% da evaporação. O estado da Califórnia está passando por uma das maiores secas de sua história e a medida teve boa recepção nas redes sociais. Perto de outras alternativas (como a cobertura com uma espécie de lona) as bolinhas podem representar uma economia de US$ 250 milhões. Cada uma custa US$ 0,36 (R$1,25)."
Livro conta a história do Brasil antes de Cabral para acabar com clichês,"Quanto mais recuada no tempo a época escolar de um brasileiro, mais clichês foram ""aprendidos"" sobre os habitantes originais da terra. Não era incomum ouvir que o país era quase despovoado e repleto de mato. Pior ainda, ouvia-se que os índios eram selvagens primitivos vivendo em plena Idade da Pedra, ""indolentes"" demais para trabalhar nas lavouras dos colonos portugueses, que por isso tiveram que importar escravos africanos. Parte dessa visão ainda domina muitas salas de aula. O jornalista Reinaldo José Lopes, que foi editor de ""Ciência e Saúde"" da Folha, escreve uma coluna quinzenal nesta página, aos domingos, e é autor do blog ""Darwin e Deus"", escreveu ""1499 - O Brasil antes de Cabral"" para colocar a casa em ordem. ""Este livro é uma modesta tentativa de tirar da sua cabeça a imagem, a um só tempo clássica e profundamente equivocada, do Brasil pré-Cabral como um paraíso terrestre tropical, no qual a mão do homem (e a da mulher, lógico) pouco havia mexido"", escreveu Lopes na introdução. Muito antes de Cabral A visão dos originais habitantes do território brasileiro foi colorida desde o primeiro contato com um povo letrado, o desembarque dos portugueses da frota de Pedro Álvares Cabral na região de Porto Seguro (BA) em 22 de abril de 1500. Foi na carta de Pero Vaz de Caminha, o primeiro cronista do país, que começaram os mitos. ""Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Vinham todos rijos sobre o batel; e Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os pousaram"" é como descreve Caminha o primeiro contato transatlântico em carta ao rei de Portugal. ""Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal, que a de Adão não seria maior, quanto a vergonha"", continua Caminha, já lançando as sementes da ideia de que aqui haveria um paraíso, e que os índios viviam em estado adâmico. Mesmo depois de três quartos de século desde o primeiro ""encontro de civilizações"" -a maneira politicamente correta hoje de falar ""descobrimento""- os preconceitos dos europeus permeavam sua visão dos nativos. É o caso de um pioneiro historiador luso, Pero de Magalhães de Gândavo (autor de ""História da província Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil"", 1576). Para Gândavo, ""a língua de que usam toda pela costa é uma [...]. Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, cousa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei: e desta maneira vivem desordenadamente sem terem além disto conta, nem peso, nem medido"". É curioso relembrar o comentário de Gândavo ao ler o que Lopes escreveu sobre a variedade linguística da América do Sul: ""basta dizer que o nosso pedaço do continente abriga, sozinho, cerca de um quarto do total de famílias linguísticas do planeta: 108 famílias sul-americanas, para ser mais exato, de uma soma de 420 delas mundo afora"". ""Não é exagero dizer que você é um privilegiado por viver nesta década de 2010, gentil leitor"", diz o autor do livro. O motivo é simples: nas últimas décadas a ciência avançou muito em áreas tão distintas como arqueologia, genética, botânica ou linguística, e esses avanços jogaram nova luz na pré-história do continente americano (veja infográfico nesta página). Outros locais da América Latina exibem prédios monumentais que atestam a pujança de civilizações pré-colombianas, como os astecas do México, os maias da América Central e os Incas do Peru, além de outros com nomes menos conhecidos. Nada parecido foi achado no Brasil; nenhum Indiana Jones local achou um templo perdido na floresta amazônica. Mas isso não quer dizer que culturas sofisticadas não existiram por aqui. Claro, não existia tanta pedra para criar pirâmides e fortes, como nestes outros lugares. Mas muitas das funções rituais, religiosas, simbólicas equivalentes às dessas megaconstruções existiram no território brasileiro. Não havia pirâmides, mas montes artificiais ou ""tesos"", cumpriam essa função. Na região de Santarém (PA) pode ter mesmo existido um ""quase estado"" com líderes ""aristocratas"", guerreiros, e diferenciação social que deveria incluir sacerdotes e com certeza artesãos especializados. Algo parecido aconteceu na ilha de Marajó, um lugar ruim para a agricultura por conta das inundações, mas ótimo para a criação e/ou captura de peixes, um dos elementos mais básicos da dieta amazônica até hoje. Métodos relativamente sofisticados de uma forma de piscicultura foram então desenvolvidos. Frutos do mar também estão na base dos chamados sambaquis do litoral, enormes montes de conchas e restos de peixes. A ideia antiga de que era um mero depósito de lixo foi deixada de lado quando novas pesquisas mostraram que ali havia corpos enterrados e sinais de rituais simbólicos. Na falta de esqueletos ou cerâmica, a arqueologia usa desde restos de plantas ou de pólen para identificar a flora; é um bom exemplo de como as técnicas ajudaram a avançar o conhecimento sobre o Brasil pré-1500. O gosto de Lopes pelo tema e a experiência com reportagens e pesquisas estão destilados em ""1499"" com o tradicional estilo coloquial do autor, que cordialmente chama o leitor de ""gentil"", ""nobre"" ou ""insigne"". O autor procura ser didático, por isso o livro inclui vários quadros com ""explicações técnicas"". Em uma delas, sobre o método de datação por carbono-14, ele diz que o ""treco é instável: surge quando a atmosfera da Terra leva pancadas de raios cósmicos, vindos do espaço sideral, e desaparece com o tempo, transformando-se lentamente em nitrogênio-14 após cuspir um par de partículas radioativas, feito criança que perde um dente de leite"". Quem mais escreveria algo assim?"
Proteína-chave pode acelerar produção de vacina contra zika,"Pesquisadores americanos decifraram uma proteína-chave produzida pelo vírus da zika que o ajuda a se reproduzir no corpo de pessoas infectadas e interage com o sistema imunológico do paciente. A descoberta pode acelerar a produção de uma vacina, afirma Janet Smith, da Universidade de Michigan, líder do estudo publicado nesta segunda-feita (25) na revista ""Nature Structural and Molecular Biology"". ""Quando a pessoa está infectada pela zika, essa proteína, a NS1, está no sangue do paciente, e ela pode virar um alvo da vacina"", explicou Smith. Segundo a pesquisadora, agora que a estrutura da NS1 é conhecida por completo, cientistas poderão avaliar qual parte da proteína pode ser usada com maior eficiência na produção de uma vacina contra o vírus. A NS1 pode ser usada ainda para melhorar o diagnóstico –o zika, do gênero dos flavivírus, é muitas vezes confundido com o vírus da dengue em testes de laboratório. Além do Aedes aegypti, o pernilongo comum também transmite o vírus da zika, que pode causar microcefalia congênita e síndrome de Guillain-Barré. Até o momento, 1.709 casos de microcefalia foram confirmados no Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) apontam que a infecção pelo vírus da zika foi registrada em pelo menos 60 países. O PAPEL DA NS1 A NS1 é conhecida dos pesquisadores: além da zika, ela também é produzida por outros flavivírus, como dengue, febre amarela e febre do Nilo Ocidental. ""Mas a proteína tem muitas funções que ainda não são bem compreendidas"", comenta Smith, que se dedica ao estudo da molécula há mais dez anos. Já se sabe que a NS1 participa ativamente das infecções virais. Dentro das células infectadas, ela ajuda a fazer cópias do vírus e contaminar outras células. Pesquisadores afirmam que as células doentes escondem ""pacotes"" da proteína na corrente sanguínea do infectado, e um nível mais elevado de NS1 estaria associado à manifestação de doenças mais graves. O grupo passou anos tentando isolar a proteína em sua forma pura. Em 2013, pesquisadores conseguiram esse feito para os vírus da dengue e da febre do Nilo Ocidental. Na ocasião, os cientistas usaram um método conhecido como cristalografia, que estuda a matéria numa escala atômica, para visualizar a proteína em 3D. ""Quando a crise causada pela infecção pela zika surgiu, colocamos como meta determinar a estrutura 3D da proteína NS1 do zika"", contou Smith. ""Apesar da semelhança com outros vírus relacionados, descobrimos que a estrutura da NS1 da zika apresenta algumas diferenças importantes"", diz Willian Clay Brown, um dos autores da pesquisa da Universidade de Michigan. As avaliações indicam que a molécula produzida pela zika pode interagir de outra forma com o sistema imunológico do infectado. Richard Kuhn, pesquisador da Universidade de Purdue, que também participou do estudo e fez parte da equipe que identificou, pela primeira vez, a estrutura completa do vírus da zika, acredita que compreender a NS1 e suas funções é fundamental para enfrentar a epidemia. ""Esse conhecimento nos ajuda a identificar alvos para que os inibidores bloqueiem importantes processos virais e tratem a infecção"", adiciona Kuhn. CORRIDA PELA VACINA O vírus da zika circula em vários continentes há alguns anos, mas se tornou uma emergência internacional após a infecção pelo vírus ser associada a doenças graves, como microcefalia em recém-nascidos e síndrome de Guillain-Barré. Até o momento, não existe uma vacina contra o vírus. Em todo o mundo, pesquisadores e empresas correm contra o tempo para atingir resultados confiáveis e iniciar testes clínicos. A situação de alerta fez com que a colaboração entre pesquisadores aumentasse, avalia Smith. ""Por isso, deveremos fazer um progresso mais rápido que o usual no sentido de entender os perigos e opções de tratamento"", comenta. A pesquisadora ressalta que a experiência acumulada no combate a outras epidemias que causaram muitas mortes, como Sars (Síndrome Respiratória Aguda Severa) e ebola, trouxe mudanças. ""A cooperação do compartilhamento de informações são essenciais. Por outro lado, não teremos respostas tão sólidas num período curto de tempo –certamente não antes dos Jogos Olímpicos"", diz Smith, às vésperas do início do evento no Rio de Janeiro. Doenças transmitidas pelo Aedes aegypti"
'Tripla hélice' de DNA com RNA não era inesperada na biologia,"O arranjo composto por duas fitas de DNA e uma fita de RNA não é completamente inesperado na biologia. Recentemente outros achados também contrariaram o dogma central da biologia molecular -no qual um gene (feito de DNA) gera um RNA mensageiro que leva a informação para a formação de uma proteína. Outras formas de RNA, como o RNAi (""i"" de interferente) se ligam ao RNA mensageiro, impedindo que ele cumpra seu destino e sintetize uma proteína. Esse mecanismo é importante, por exemplo, no caso de uma infecção viral, quando as partículas dominam a maquinaria de transcrição (produção de RNA mensageiro) e de tradução (produção de proteínas) da célula. A novidade do estudo do qual o brasileiro Eduardo Gorab participou é o papel de moléculas conhecidas como lncRNA (long non coding, cadeias longas que não contém instruções para a síntese de proteínas). Compreendendo como esse e outros mecanismos naturais funcionam, pode ser possível, em um futuro não muito distante, achar novas soluções terapêuticas: por exemplo, uma vacina de RNA que amenize crises epilépticas. DNA trilpla hélice"
"Foi prematuro terem me dado um prêmio Nobel, diz Eric Betzig","Para o ganhador do Nobel de Química do ano passado, seu prêmio foi prematuro. ""Com a microscopia de super-resolução, nós ainda não desvendamos um problema-chave em biologia que não pudesse ter sido abordado através de outros métodos"", diz o americano Eric Betzig. O comitê do Nobel justificou o prêmio por possibilitar o avanço da investigação da pesquisa sobre Alzheimer e Parkinson. No entanto, críticos apontam que não deu uma contribuição que não pudesse ter sido feita pelos métodos mais tradicionais —e Betzig concorda. Veja abaixo a entrevista que ele deu à Folha. * Folha - O senhor disse que a microscopia de super-resolução ainda não trouxe grandes contribuições para a biologia celular. Teria então o prêmio Nobel sido precipitado? Eric Betzig - Eu acho que o prêmio foi prematuro. Com a microscopia de super-resolução, ainda não desvendamos um problema-chave em biologia que não pudesse ter sido abordado por outros métodos. Nós aprendemos muito e já otimizamos bastante a técnica, mas ainda é cedo. Como o senhor se sente, então, com relação ao prêmio? Num certo sentido, se eu não tivesse ganhado o prêmio Nobel, minhas críticas sobre as limitações de diversos métodos de microscopia seriam vistas apenas como amargura. Mas porque eu ganhei o prêmio, as pessoas têm interesse em ouvir o que eu tenho a dizer. Então a melhor parte de ter o Nobel é que as pessoas se interessam em ouvi-lo? Exatamente. Mas isso quer dizer também que você tem que ter um cuidado danado com o que você tem a dizer. Não vou fazer como outros laureados que assinam, por exemplo, declarações sobre as mudanças climáticas. Isso porque eu não vou colocar o peso do meu nome em algo em que eu não tenho conhecimento científico suficiente. E parece que querem que usar sua reputação em todas as causas. Infográfico Como nasceu a ideia do microscópio? Tive a ideia quase dez anos antes, enquanto empurrava o carrinho de bebê da minha filha. Foi logo após eu estar frustrado e ter pedido demissão do laboratório em que trabalhava. Eu escrevi um artigo com a ideia, mas não sabia como colocá-la em prática. Depois de um tempo ouvi falar da proteína verde fluorescente, aí funcionou. E foi construído na casa do seu melhor amigo enquanto estavam ambos desempregados... Harald tinha muitos instrumentos de óptica guardados em casa. Ele não era casado, então escolhemos a casa dele. Tivemos que colocar dinheiro próprio. O processo levou pouco mais de seis meses. Foi um golpe de sorte incrível. Algumas pessoas veem golpes de sorte como a divina providência. Qual é sua visão? Sou agnóstico, tendendo ao ateísmo. É como disse o velho Pascal —ou outro desses caras—, a sorte favorece os preparados. É a tal frase: ""Trabalhar bastante determina se você vai ter sucesso na vida; a sorte, no quê"". O senhor mencionou bastante Hess em sua palestra na entrega do prêmio Nobel. Ele é meu melhor amigo, além de ser o mais inteligente físico experimental que já conheci. Harald fez contribuições-chave que culminaram em três prêmios Nobel: pelo condensado de Bose-Einstein, pela rede de vórtices de Abrikosov e pelo nosso. Ficou de fora de todos porque é muito humilde e não é um palestrante dinâmico. Parece que na ciência há um bônus para os que são bons comunicadores, em detrimento da qualidade do trabalho. O que esperar da microscopia de super-resolução no futuro? Precisamos conseguir observar em detalhes a célula viva dentro de seu meio natural. É aí que os processos celulares mais fundamentais acontecem. Com isso, teremos os alicerces para a compreensão da biologia celular. Que conselho o senhor daria a países como o Brasil, onde há pouco dinheiro para a ciência? Dinheiro não é tudo. Você aprende a criar soluções inteligentes. Às vezes, a necessidade é a mãe da invenção. É um pé no saco trabalhar com pouco dinheiro, mas na minha opinião, a maioria dos acadêmicos é altamente ineficiente com dinheiro. O senhor dedicou sua palestra do prêmio Nobel a todos que ""arriscaram tudo o que tinham, mas fracassaram"". É muito amargo encarar o fracasso. Mas no final você percebe que os acertos que vieram depois foram bastante inspirados pelo que você aprendeu com seus erros. DÉBORA ANDRADE fez o 3º Programa de Treinamento em Jornalismo de Ciência e Saúde da Folha, patrocinado pela Pfizer"
Cientistas criam órgãos humanos em porcos para transplante,"Cientistas nos Estados Unidos estão fazendo experimentos para gerar órgãos humanos em porcos. Em experimentos na Universidade da Califórnia (UC), em Davis, à qual a BBC teve acesso, os pesquisadores injetam células-tronco humanas em embriões de suínos para produzir embriões híbridos apelidados de ""quimeras"". O termo é uma referência à mitologia grega, em que as quimeras são monstros híbridos de diversos animais –parte leão, cabra ou serpente, por exemplo. Porém, os pesquisadores esperam que as suas ""quimeras"" humano-suínas tenham a aparência e o comportamento normais de porcos, exceto pelo fato de que terão um órgão composto de células humanas. As pesquisas têm por objetivo solucionar a falta de órgãos humanos para transplante. CRIANDO QUIMERAS A criação das quimeras ocorre em duas partes. No experimento da UC, os cientistas removem o gene de um embrião recém-fertilizado de porco que levaria ao desenvolvimento do pâncreas no feto. Isso é feito aplicando-se uma técnica de edição genética (Crispr. O resultado é um ""nicho genético"" na estrutura genética do embrião animal. Células-tronco humanas (iPS), capazes de se desenvolver como qualquer tecido no corpo, são então injetadas no embrião suíno. Os pesquisadores esperam que as células-tronco humanas ocupem o nicho genético no embrião de porco e gerem um pâncreas com tecido humano no feto. Os fetos se desenvolvem em fêmeas de porco durante 28 dias –o período completo de gestação é cerca de 114 dias. Após isso, as gravidezes são interrompidas e o tecido é removido para análise. POLÊMICA ""Esperamos que o embrião de porco se desenvolva normalmente, mas o pâncreas será feito quase exclusivamente de células humanas e será compatível com o de pacientes esperando transplantes"", disse à BBC o coordenador da pesquisa, o biólogo reprodutivo Pablo Ross. Em experimentos passados, a equipe de pesquisadores injetou células-tronco humanas em embriões de porco sem criar antes o nicho genético. Pablo Ross explica que, embora eles tenham depois encontrado células humanas em diversas partes do corpo do feto, essas células tinham ""dificuldade de competir"" com as células suínas. Ao apagar um gene crucial no desenvolvimento do pâncreas do porco, os pesquisadores esperam poder contornar esse desafio. A pesquisa é polêmica. No ano passado, a principal agência americana de pesquisa médica, National Institutes of Health, suspendeu o financiamento de experimentos semelhantes até que surjam mais informações sobre suas potenciais implicações. A principal preocupação é que as células humanas migrem para o cérebro dos porcos ao longo do processo, tornado-os, de certa forma, mais humanos. ""Achamos que existe um potencial muito pequeno de crescimento de um cérebro humano"", disse Pablo Ross, ""mas isto é algo que investigaremos."" 'INCUBADORA BIOLÓGICA' Outras pesquisas nos EUA estão trabalhando com quimeras híbridas de humano e suíno. Nenhuma permite o desenvolvimento do feto até o fim. Walter Low, professor do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Minnesota, diz que os porcos são ""incubadoras biológicas"" ideais para gerar órgãos humanos, e poderiam ser usados não apenas para gerar pâncreas, mas corações, fígados, rins, pulmões e córneas. Ele diz que no futuro os cientistas poderiam tirar as células-tronco de um paciente na fila do transplante e injetá-las em um embrião de porco com a relevante informação genética apagada, como a referente ao fígado. ""O órgão seria uma cópia genética exata do fígado humano, só que muito mais jovem e saudável e não seriam necessárias tantas drogas imunossupressoras (que tentam evitar a rejeição de um órgão transplantado pelo corpo), que têm efeitos colaterais."" Mas ele salientou que sua pesquisa, que usa outra forma de edição genética chamada Talen, ainda está em estágio preliminar, à procura de identificar os genes que precisam ser removidos para evitar que os porcos desenvolvam certos órgãos em particular. Seus pesquisadores também estão tentando criar neurônios humanos a partir de embriões de porco para tratar pacientes com doença de Parkinson. Estes embriões se desenvolvem durante 62 dias. Assim como seus colegas na Califónia, Walter Low diz que sua equipe está monitorando os efeitos da pesquisa no cérebro dos porcos. ""Com cada órgão, vamos olhar para o que está acontecendo no cérebro, e se estiver parecendo muito humano, não deixaremos os fetos nascerem."" SOFRIMENTO ANIMAL A edição genética, imbuída nas novas técnicas, está revitalizando a pesquisa dos chamados xenoenxertos e o conceito de usar animais para produzir órgãos humanos. Na década de 1990, muitos esperavam que porcos geneticamente modificados pudessem suprir a demanda por órgãos humanos para transplante. Acreditava-se que os transplantes entre espécies fosse se tornar uma realidade em pouco tempo. Testes clínicos foram interrompidos por temores de que os humanos fossem infectados por vírus animais. Entidades que pedem o fim da criação em larga escala de animais para fim de consumo se disseram preocupadas com as novas pesquisas. ""Fico nervoso de pensar em uma nova fonte de sofrimento animal sendo aberta"", disse Peter Stevenson, da organização Compassion in World Farming (Compaixão na Pecuária Mundial). ""Devemos primeiro aumentar o número de doadores humanos. Se ainda assim houver escassez de órgãos, podemos considerar usar os porcos, mas desde que comamos menos carne, para não elevar o número de porcos sendo usados para fins humanos"", defendeu."
Câmara aprova novo marco da biodiversidade brasileira,"A Câmara dos Deputados aprovou na noite desta segunda-feira (27) o novo marco legal da biodiversidade nacional, conjunto de regras que tem o objetivo de facilitar a pesquisas e a exploração econômica do patrimônio genético de plantas, animais e outros seres vivos. O texto já havia passado pela votação dos deputados em fevereiro, mas foi alterado pelo Senado, o que resultou em nova votação na Câmara. Agora, o marco vai para a sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff. As novas regras devem ter maior efeito na área de pesquisa e na indústria farmacêutica e de cosméticos. Entre as medidas de desburocratização, o projeto prevê que o acesso à pesquisa será feito mediante um cadastro eletrônico das instituições, dispensando as autorizações prévias exigidas pela legislação em vigor desde 2001. O texto também anistia multas de mais de R$ 200 milhões de empresas e pesquisadores que desrespeitaram a legislação atual. O benefício fica restrito àqueles que se comprometerem a se adequar às novas regras. Entre os pontos constantes do projeto, há a exclusão da possibilidade de que empresas estrangeiras sem vínculos com a comunidade científica brasileira acessem o patrimônio genético nacional. Os deputados rejeitaram alteração do Senado que previa o pagamento de royalties por todos os elementos da biodiversidade que agreguem valor aos produtos. Fica a obrigação de pagamento apenas ao elemento que seja essencial ao produto principal. Essa emenda do Senado era defendida pelo PT e por outros partidos de esquerda. Essas legendas eram favoráveis a uma maior proteção e compensação às comunidades locais, mas acabaram sendo derrotadas pela bancada ruralista."
Temer! Pec do Azulzinho!,"Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Gente, tá uma zona. O Brasil pisou no despacho! O Brasil caiu na areia movediça! E eu fiquei só com a cabecinha pra fora! Rarará! E adorei o pedido de desculpas da Odebrecht ao povo brasileiro! Se eu aceitar, eu fico com quanto dos R$ 6,7 bilhões devolvidos? Rarará! E atenção! Mais um réu na Réupública do Brasil! O RÉUNAN! O Réunan Escandalheiros! E eu tenho uma foto do Frankstemer, Réunan e Rodrigo Mala de Três Patetas! OS TRÊS PODRERES! Rarará! A sacanagem tá solta! E o ""Piauí Herald"": ""Canal Sexy Hot transmitirá TV Câmara"". Lançamentos: ""O Povo Prefere Pelas Costas"", ""O Homem da PEC Descomunal"", ""Orgia na Petrobras"" e ""O Virgem da Lava Jato!"". E eu sugiro: ""PEC no Meu e Balança"". Rarará! E esse telecatch Depurratos X Lava Jato?! Deviam resolver na porrinha, no pênalti, na luta no gel, na luta no Catupiry. ""Hoje! Arena Brasília! Deputado Weverton X Deltan Dallagnol"". Os depurratos preferem perder eleitor do que ir pra cadeia! Esse Deltan Dallagnol parece um bicho de goiaba! Rarará! Agora, tem uma coisa: juiz não é Deus! Aliás, se juiz fosse Deus, o Congresso ia alterar os Dez Mandamentos! Rarará! E o Temer devia lançar a PEC do Azulzinho! Pra levantar o Brasil! Depois da PEC do Teto, vem a PEC da Teta. Todos que votaram a favor querendo favores! E como disse um amigo: ""Chega de PEC! Queremos PEPECA!"". E Frankstemer tá embatucado! O Temer tá como linguiça de churrasco: quando escapa do espeto, cai na brasa! Rarará! É mole? É mole, mas sobe! O Argentino é Cordial! Pichação num muro em Buenos Aires: ""Volvé Fidel! Olvidaste Cristina"". ""Volta Fidel! Esqueceu a Cristina!"". Esqueceu nada, largou! Rarará! E hoje termina o funeral do Fidel. Já imaginou se ele reaparece e diz que foi uma pegadinha? Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!"
O dedo na ferida,"A percepção de quem vive ao redor de Muricy é de que Carlos Miguel Aidar não o quer no comando técnico do clube. Não é verdade. Como nos primeiros quatro anos em que foi presidente do Tricolor, nos anos 1980, Aidar segue a estratégia: delega. O supremo mandatário do departamento de futebol é Ataíde Gil Guerreiro e seu desejo é ter Muricy até dezembro. Se Aidar preferiria ter Josep Guardiola ou Carlo Ancelotti, não importa. Ataíde é quem decide. ""Tenho muitas coisas para pensar. O futebol é responsabilidade do Ataíde e avalizo todas as suas decisões"", diz o presidente. Também garante que deseja Muricy até o fim do contrato. Mas a ideia geral de que Muricy não é seu preferido atrapalha. A expressão opaca e sem alegria de Muricy, diferente de seus melhores dias, vem da certeza de não ser benquisto. Há quem diga que Aidar poderia dar mais sinais claros de seu contentamento com Muricy. No mês passado, deixou seu gabinete no Morumbi e foi até o centro de treinamento da Barra Funda para manifestar o apoio. Não é verdade que nunca fez nada. Embora seja inegável que nos anos 1980 Aidar evitava crises públicas com mais facilidade do que tem conseguido. Briga com Juvenal Juvêncio, desconfiança da comissão técnica, mal-estar dos jogadores ao saberem que a torcida uniformizada iria visitar o CT com permissão do presidente... O São Paulo virou um clube explícito. Também é indiscutível que Muricy não conseguiu montar o time. Às vezes parece faltar pôr o dedo na ferida, tirar quem está mal, escalar quem vai bem. Alan Kardec fez seu primeiro bom jogo do ano contra o Marília e começou o clássico contra o Palmeiras. Só foi escalado por causa da lesão de Luis Fabiano. A percepção do elenco precisa ser de que quem joga bem fica, quem não acrescenta sai. Pato fez careta ao deixar o estádio do Palmeiras provavelmente pensando que se fosse Luis Fabiano em seu lugar não seria o eleito para a substituição. Ganso desarma mais que Denílson e cria menos do que Thiago Mendes –titular só no Paulistão. Denílson e Ganso são titulares ""imexíveis"". Há mudanças a fazer e Muricy é capaz de fazê-las. Na sétima rodada do Brasileirão de 2007, o São Paulo de Muricy tinha seis pontos a menos do que o Botafogo e foi sofrível contra o Flamengo num 0 a 0 medonho. Nove jogos mais tarde, já era líder e jogava bem. Em 2008, o São Paulo de Muricy virou o primeiro turno em quinto lugar, onze pontos atrás do Grêmio. Fez um segundo turno impecável para ser tricampeão brasileiro. Se jogar o que tem jogado, o São Paulo perde para o San Lorenzo e será eliminado da Libertadores. Se esquecer os fantasmas e se lembrar do que já fez, Muricy pode fazer o São Paulo virar um time forte, candidato até ao título da Libertadores. BRASIL SEM BRILHO O Brasil chamou demais o Chile para tentar contra-ataque e deu demais o controle do jogo à seleção de Jorge Sampaoli. Não foi igual ao desempenho contra a França, mas vale lembrar que havia seis reservas escalados. Mesmo assim, o time foi nervoso e ruim tecnicamente. Neymar prendeu demais a bola. A seleção melhorou com Willian e Firmino. É o melhor início de um técnico na seleção em 46 anos. O time está bem montado para a Copa América. O trabalho de Dunga é bom. Mas é só um pedaço do caminho até a Rússia. O Brasil cansou de ganhar Copa América e perder Copa do Mundo."
Combate à corrupção e as reformas econômicas são bens valiosos,"Desde o início, o governo Temer tenta obter, ao mesmo tempo, as graças da elite política, da opinião pública e do mercado. É a implicação inevitável de seu pecado original: a carência de legitimidade eleitoral. FHC sintetizou a fragilidade, classificando-o como uma pinguela. Hoje, corroída pela ausência da esperada recuperação econômica e sob o bombardeio da megadelação da Odebrecht, a pinguela está prestes a ruir. Contudo, sintomaticamente, nenhuma força política tem a ousadia de indicar uma porta democrática de saída da crise. O cientista político Marcus Melo equacionou o impasse, em fórmula elegante (Folha, 14/12). Não podemos ter, simultaneamente, o governo Temer, a Lava Jato e as reformas econômicas, mas apenas um par dessa tríade. Temer poderia sobreviver à devassa da Lava Jato pela renúncia às reformas, num surto derradeiro de populismo fiscal. Em sentido oposto, o governo se salvaria por meio de um pacto bifronte: com o Congresso, para combater a Lava Jato, e com o mercado, para consumar as reformas econômicas. Finalmente, a terceira hipótese seria a substituição da pinguela arruinada por uma outra, mais sólida, capaz de realizar as reformas enquanto a Lava Jato conclui a limpeza das estrebarias fedorentas. Marcus Melo rejeita a noção de ""dilmização"" do governo, pois Temer conserva uma maioria parlamentar. Já se verificam, porém, indícios de ""dilmização"" no comportamento do Planalto, que tende a operar sob um imperativo quase exclusivo de sobrevivência. No núcleo governista e na sua base parlamentar mais fiel, esboçam-se tanto iniciativas de contenção das reformas, especialmente a da Previdência, quanto de sabotagem da Lava Jato, pela via de enxertos oportunistas no projeto de lei de abuso da autoridade. Num ambiente de incertezas, em meio à neblina, a elite política tateia as duas primeiras hipóteses de solução para o impasse. Abdicando das reformas, Temer obteria um pacto político extenso, acalmando até mesmo as centrais sindicais, mas lançaria a economia numa espiral desastrosa de endividamento e inflação. Alvejando a Lava Jato, o Planalto soldaria uma vasta base parlamentar, conseguindo até mesmo uma trégua com o lulopetismo, mas condenaria o sistema democrático à desmoralização absoluta. ""Depois de mim, o dilúvio"": nas duas alternativas, a pinguela assumiria a forma de uma ponte de mão única, que conduz ao passado. O destino não existe. Temer tem, ainda, a prerrogativa de demonstrar que Marcus Melo e tantos outros analistas estão errados. Para isso, precisaria reconstruir o governo, afastando-se dos seus companheiros de sempre, rompendo com as figuras carimbadas pela Lava Jato e constituindo um ministério suprapartidário capaz de persistir no rumo das reformas em meio ao turbilhão dos inquéritos judiciais. FHC parece investir nessa hipótese improvável quando conclama o PSDB a patrocinar uma obra emergencial de concretagem da pinguela. O combate à corrupção e as reformas econômicas são bens públicos valiosos –ao contrário do governo Temer, que é apenas fruto casual do fracasso do lulopetismo. A pinguela pode ser substituída, mas não pelos meios conjurados por especuladores de diversos matizes, que apostam no caos institucional. A ideia recorrente de antecipação das eleições flerta com uma violação constitucional. A proposta mais recente, de atribuição de poderes constituintes limitados ao atual Congresso, equivale a um golpe parlamentar. Diante da falência do governo Temer, a solução democrática seria a convocação de uma Assembleia Constituinte com poderes para formar um governo transitório e refazer o pacto político nacional. No fim, a soberania pertence ao povo. A eleição de uma Constituinte soberana representaria o reconhecimento do colapso da ""Nova República"", mas não uma ruptura com a democracia."
Presídio de matança no AM foi usado em plano federal de política carcerária,"Palco da maior matança em prisões do país desde o massacre do Carandiru, o Complexo Penitenciário Anísio Jobim, de Manaus (AM), foi usado para a elaboração do Plano Nacional de Política Criminal e Penitenciária do governo de Dilma Rousseff (PT), em 2015. Os presos foram ouvidos em audiência pública para falar de seu cotidiano e dos problemas do sistema penitenciário. PEDRA DURA Os diagnósticos do plano foram os de sempre: superlotação do sistema, ausência praticamente total de políticas de ressocialização, altas taxas de mortes intencionais dentro das detenções, alto custo da vaga construída. MATANÇA CONTÍNUA Um dos estudos relatados no plano de 2015 mostrava que a taxa de mortes intencionais no sistema prisional, no primeiro semestre de 2014, tinha sido de 8,4 para cada dez mil pessoas presas. ""Esse valor é mais que seis vezes maior do que a taxa de crimes letais intencionais verificada no Brasil"", dizia o documento. Leia a coluna completa aqui."
Judiciário pode ajudar o país a crescer,"O Judiciário brasileiro deu contribuições valiosas para o país no combate à corrupção e na garantia de direitos individuais. Na economia, sua atuação também pode ajudar. O Banco Mundial calcula desde 1996 o índice de ""primado das leis"" em mais de 190 países. Segundo o banco, o índice ""captura o grau de confiança dos indivíduos nas regras da sociedade e no seu cumprimento, em particular a confiança na qualidade da execução dos contratos, nos direitos de propriedade, na polícia e nos tribunais"". Usando técnicas estatísticas, é possível comparar as rendas per capita de países com diferentes níveis de ""primado das leis"", mantendo constantes características como desigualdade de renda e origem jurídica (e.g., anglo-saxã ou latina), entre outras. Há uma relação bastante robusta entre renda per capita e índice de ""primado da lei"". A renda é maior onde a primazia das leis é mais forte. Essa associação não implica causação, mas é sugestiva. O Brasil está no meio do pelotão no ranking do ""primado das leis"": melhor do que quase 50% dos países. Não surpreendentemente, nossa renda per capita está apenas um pouco à frente do pelotão do meio (maior do que 60% dos países). O Chile está à frente de 87% dos países no ""primado da lei"". Sua renda per capita é maior do que 73% dos países. Interpretando como causação a relação entre ""primado da lei"" e renda per capita, o Brasil seria duas vezes mais rico se a lei primasse como no Chile. De que forma o ""primado da lei"" produz mais riqueza, ou, talvez mais ilustrativamente, como a ""debilidade da lei"" atrapalha o crescimento econômico? A Lei de Recuperação Judicial (LRJ) é um exemplo. Ela estipula regras para mediar a relação entre acionistas e credores de empresas em dificuldades. É um manual para separar o joio do trigo. O trigo: preservar negócios que param de pé, mas enfrentam problemas contornáveis. Ou seja, evitar que uma corrida desordenada de credores para receber o que lhes é devido destrua um bom negócio. O joio: empresas cujo negócio não para de pé, ou pelo menos não sob o controle dos que a levaram à situação pré-falimentar. No papel, a LRJ é um excelente manual. Na prática, a aplicação da lei pode melhorar. O objetivo nobre de preservar o emprego acaba por fazer a balança pender em favor do acionista controlador. Não é incomum que os processos se arrastem além do prazo legalmente estabelecido para que credores e acionistas cheguem a um acordo. No caso do joio, é preciso distinguir o negócio de seu controlador, pois só assim preservam-se verdadeiramente os empregos. O resultado: segundo Goldberg e Lisboa, os credores perdem em média 84% do valor emprestado quando a empresa entra em recupera- ção judicial. Os credores antecipam essas perdas e cobram taxas de juros mais altas. As taxas de juros mais altas inviabilizam negócios que seriam rentáveis caso a LRJ fosse mais frequentemente executada de forma balanceada. Menos negócios produtivos, menos crescimento econômico. No caso da LRJ, a execução defeituosa do contrato entre credores e acionistas –um dos itens do índice de ""primado das leis""– atrapalha o crescimento econômico. Por isso não é absurdo interpretar como causação a relação entre o índice de ""primado da lei"" e a renda per capita dos países. A boa notícia é que há espaço para o Judiciário brasileiro contribuir ainda mais para o país."
A economia do logro,"SÃO PAULO - A economia de mercado é um dos responsáveis por ter tirado a humanidade de um estado de miséria semicrônica para colocá-la no período de maior bem-estar material que jamais experimentou. Os economistas comportamentais George Akerlof e Robert Schiller, ambos laureados com um Nobel, não discordam dessa tese, mas a ela acrescentam outra um pouco mais incômoda: da mesma forma que o mercado produz com eficiência o que as pessoas querem, ele também produz o que elas não querem e as faz consumirem esses itens. O argumento está muito bem desenvolvido no recém-lançado ""Phishing for Phools"", título que já vem com um par de trocadilhos para o qual não arrisco uma tradução em português. O subtítulo, porém, dá o sentido geral da obra: ""a economia da manipulação e do logro"". O caso de Akerlof e Schiller fica cristalino em alguns exemplos concretos. Fumar não é objetivamente bom para o usuário. Se ele pensasse e agisse racionalmente, como sustentam os modelos mais tradicionais dos economistas, jamais desenvolveria o hábito, que rouba vários anos de sua expectativa de vida, mina sua saúde e o deixa mais pobre. Não obstante, como o ser humano vem de fábrica com uma série de fraquezas, incluindo uma propensão bioquímica a certos vícios, desenvolveu-se toda uma indústria do tabaco, que fez o que estava a seu alcance para ampliar ao máximo o número de fumantes, mesmo que isso tenha significado mentir e manipular trabalhos científicos. O fumo é só um pedaço da história. Akerlof e Schiller usam essa mesma chave para tratar de álcool, jogos de azar, publicidade, cartões de crédito, política e vários outros aspectos da vida. A ideia geral é que, solto, o mercado sempre encontrará a melhor forma de explorar as fraquezas humanas. Como não podemos eliminá-las (nem ao mercado, que, afinal, faz mais bem do que mal), resta recorrer à informação e regulação."
Bananadas e maranhadas,"SÃO PAULO - Se havia a esperança de que o Brasil conduzisse o impeachment de Dilma Rousseff, uma opção sempre traumática, de forma tão serena e madura quanto possível, ela foi sepultada pela decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, de anular a sessão que autorizou a abertura do processo. O substituto de Cunha conseguiu, numa só canetada, dar verossimilhança à ideia de que o país é uma república de bananas. A maranhada, como era de esperar, não durou mais do que algumas horas. Os argumentos jurídicos acolhidos pelo deputado eram pífios, e a própria validade da decisão era questionável, tanto que foi solenemente ignorada pelo Senado. Assim como um ministro do STF não pode mudar seu voto depois que o caso foi encerrado, a Câmara não pode chamar de novo para si um processo que já saíra de suas mãos. Mesmo assim, a pantomima encenada por Maranhão perturbou bastante o ambiente. Mais uma vez, a barafunda surge da má compreensão do que seja um processo de impeachment. Embora os governistas se aferrem à ideia de que se trate de um procedimento judicial, que deveria obedecer às mesmas regras de julgamentos penais, ele é mais bem descrito como um mecanismo extremo de resolução de crises políticas, que segue, portanto, a uma lógica política. E, sob esse aspecto, já se formou o consenso no mundo parlamentar de que Dilma deve sair. Tudo o que prolongue sua agonia é inútil e contraproducente. É difícil até imaginar o que a ala governista pretenda com essas manobras. Elas não revertem a iminente queda da presidente. Podem, no máximo, contribuir para consolidar a ideia de que a petista foi afastada num processo tumultuado, o que pode ajudar a tecer a fabulação do golpe. Mesmo reconhecendo que o PT pode recorrer ao ""jus sperneandi"", o direito de espernear, é lamentável que o faça embananando a reputação das instituições do país. helio@uol.com.br"
Estados Unidos têm produção recorde de carnes em agosto,"Duas notícias para o setor de carne do Brasil pensar. Primeiro, os Estados Unidos obtiveram produção recorde no mês passado. Segundo, o Ministério de Agricultura da China avisou que vai suspender as barreiras de importação da carne bovina norte-americana. Claro que essa abertura ainda passará por vários trâmites antes de ser concretizada, mas ela ocorre em um momento em que o Brasil avança rapidamente sobre o mercado chinês. A produção de carnes vermelhas pelos norte-americanos somou o recorde de 2 milhões de toneladas em agosto, 14% mais do que em igual período do ano passado, segundo dados do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). De janeiro a agosto deste ano, os norte-americanos colocaram 14,8 milhões de toneladas de carnes vermelhas (bovina, suína e cordeiro) no mercado, 3% mais do que nos oito primeiros meses de 2015. O avanço da produção ocorre devido ao bom momento da carne bovina, cujo crescimento foi de 17% no período, somando 1 milhão de toneladas em agosto. No acumulado dos oito primeiros meses, a produção de carne bovina foi de 7,3 milhões, com alta de 6%. A produção de carne suína, após os sérios problemas sanitários ocorridos nos últimos anos, também cresce. Foi para 975 mil toneladas no mês passado, com avanço de 10% ante agosto de 2015. Já no acumulado do ano, a produção atinge 7,32 milhões de toneladas. A produção de carne de frango somou 1,7 milhão de toneladas no mês, com aumento de 6%. Já o acumulado do ano está em 12,5 milhões de toneladas, com crescimento de 2%. Brasil O mercado chinês e o de Hong Kong passaram a ser importantes para o Brasil nos três produtos. As exportações brasileiras de carne bovina para a China, pouco expressiva nos anos anteriores, atingiu 96 mil toneladas até agosto. Para Hong Kong, somam 232 mil, conforme dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). O mesmo ocorre com a carne suína, cujas vendas externas somaram 111 mil toneladas para Hong Kong e 63 mil para a China nos oito primeiros meses, segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal). No caso da carne de frango, os chineses já estão entre os principais compradores brasileiros do Brasil. * Destaques Três Estados se destacam na produção de carnes nos EUA: Nebraska, o líder, Iowa e Kansas, que tiveram expansão média de 15% no mês passado, ante agosto de 2015. Bovinos Nebraska, Kansas e Texas se destacam na produção de carne bovina, enquanto Iowa, Illinois e Minnesota lideram na suína. Mais leite Os europeus produziram 3% mais leite neste ano do que de janeiro a agosto do ano passado, segundo a dados da comissão de agricultura do bloco. Mercados de peso Com isso, produziram mais derivados do produto, ampliando vendas para China, Rússia e Estados Unidos. Dá para entrar Após grãos e carnes, o Brasil deveria melhorar a produção de leite e buscar o mercado da China. Um detalhe: eles compram produtos já industrializados, como manteiga e queijo, de maior valor agregado."
Insatisfação preciosa,"""Sou, sou insatisfeito. E esta seria a razão pra vocês me pagarem melhor, se tivessem juízo. Pois a minha insatisfação é comigo mesmo. Mas, em vez disso, vocês fazem de tudo pra que eu fique insatisfeito com vocês. Vocês amarram a boca do boi que está trabalhando!"" No meu ofício, tenho a felicidade de repetir algumas noites um texto como este. Trata-se de Bertolt Brecht, com sua ironia ímpar, em seu Galileu Galilei, que estamos ensaiando. Nós, atores, costumamos esperar chegar algumas das falas que temos que dizer durante uma peça. Geralmente, passamos com prazer por todo o texto, contando nossa história para o público, mas algumas réplicas são como pedaços de chocolate que esperamos para abocanhar. Esta é uma delas. Galileu foi um cientista inquieto e insatisfeito, obcecado por provar suas hipóteses. Um homem revolucionário, mas que passou grande parte da sua vida dando aulas particulares para reforçar seu insuficiente salário de professor. Quanto de nossa insatisfação poderia ser nosso melhor ingrediente se fosse realmente valorizada? Muitos de nós escolhemos profissões cujas forças produtivas nascem da insatisfação. Os artistas, os cientistas, os escritores, os jornalistas, os professores, os advogados e tantos outros escolhem seus ofícios movidos por uma insatisfação vibrante, um profundo desejo de transformação das coisas, uma vontade genuína de arregaçar as mangas por um mundo melhor. Quantos ficam pelo caminho? Quanto do frisson de suas inquietudes produtivas acaba sendo transferido para o ódio às estruturas econômicas a que se dispõem? É mesmo vil o vil metal. O poder corrosivo do dinheiro sobre as melhores intenções é mesmo assustador. O talentoso é contratado e, no dia a dia do seu trabalho, quer seja pelo salário que ganha, quer seja pela dura estrutura corporativa a que serve, não consegue encaixar ali o talento que foi o motivo da sua contratação. Precisamos cuidar do lugar onde depositamos nossa preciosa insatisfação. Vivemos uma vida inventada em louvor ao rendimento financeiro e nos embaralhamos em estruturas que acabam por inibir o melhor de nós. Provavelmente perdemos muito com isso. Até dinheiro."
Você conhece Pina Bausch?,"Minha mãe trabalhava em uma distribuidora de filmes. Para quem não sabe o que é isso, é uma empresa que compra filmes feitos fora do Brasil para passar nos cinemas daqui. Um dia ela me deu um DVD em que estava escrito ""Pina"" na capa. Pina Bausch foi uma coreógrafa alemã talentosa, que criou danças muito bonitas. Os passos que ela fazia mostravam sentimentos e não eram iguais aos de hoje em dia, em que todo mundo só rebola. O filme era sobre ela. Ele foi feito por Win Wenders, um diretor de cinema que era amigo da Pina, em 2011. Minha mãe disse que ele é muito famoso e que os filmes dele não são para crianças, mas que aquele eu poderia ver. No começo, logo aparece Pina falando sobre as estações do ano. Aí começam as danças lindas. Bailarinas e bailarinos voando pelo ar, nadando, rodopiando, caindo, gritando, girando, lutando, chutando e várias outras coisas. Para mim, é o melhor filme de dança de todos. A parte triste é que Pina morreu de tanto fumar. Ela pode ter ido, mas sua dança ficou no meu coração."
O escravo gaúcho,"Os recém-restaurados tacos originais de 1954 pediam móveis, os móveis revisitados de 1975 recém-chegados pediam almofadas, as almofadas vintage ""vibe"" de 1920 pediam quadros. Chegou uma hora que não tinha mais nada a ser feito. No entanto, aquela angústia de viagem ""o que eu estou esquecendo"" a acompanhava por todos os cômodos. Foi quando passaram por baixo da sua porta um catálogo moda praia e ela o viu pela primeira vez: um gaúcho de 1989. Quando ele acorda, metade das burocracias e chatices do dia já foram solucionadas, mas não pense que sua vida é fácil. Ir até a varanda de cuecas e jogar o restinho da água que estava bebendo numa planta, missão primordial. Estalar as costas soltando um urro másculo e juvenil enquanto, nu, espera a água do chuveiro esquentar, segunda tarefa essencial. Não se secar por completo e ""prender"" a toalha de forma que ""qualquer mísero golpe de ar possa arrancá-la"" estava no contrato. É ordem que ele saia do banho e caminhe esguio e leve até o escritório de sua mandante, com suas sobrancelhas douradas e molhadas. Ele tem uma cicatriz na coxa e ela aperta porque seu ""ai"" é de uma beleza avassaladora. Não tem mais dor ali, mas tem a memória de uma dor e é muito sexy. Ela aponta a esteira, para que ele corra pelo menos uma hora. Ele sabe que não faz sentido, considerando que acabou de sair do banho e ainda não comeu, mas cantarola feliz enquanto veste um tênis. Um feliz forçado que, pelo hábito, vai se tornando um médio feliz honesto. Ela gosta de oferecer cinco bons restaurantes pra que ele escolha. Gosta que ele se troque em silêncio, bonito, sem lhe dar trabalho nenhum. Gosta que sua massa magra e roupas ocupem pouco espaço. Toda roupa cai bem no escravo gaúcho e o escravo gaúcho cai bem em todos os cômodos da casa. Ele volta para o escritório e mostra: está prontinho. Ele não incomoda e ainda enfeita a casa. Distraído, ele tem a nuca castigada ao tentar escolher uma música. Ela gosta de escolher o som que vai entrar pela orelha bem desenhada do escravo gaúcho. Gosta de dirigir pelas ruas esburacadas tomando todo o cuidado pra que sua obra de arte, retinha e imóvel no banco do passageiro, não corra riscos. Gosta de esbanjar nos pedidos e, com a palma da mão direita, aquietar a penugem cor de ouro do antebraço esquerdo do escravo gaúcho: ""Pede o que quiser"". E ele pede muito -com medo que ela perceba que ele, na verdade, quer pouco. Nas festas, ela o exibe como um colar caro de um designer jovem e maluco. Seus olhos esbugalhados e muito azuis são como pedras preciosas que ela carrega no peito. ""Vai lá, conta aquela piadinha. Mas conte alto, grosso, exagerado, firme. Agora pode, porque é pros outros."" A primeira vez que ela o convidou pra sair (escolheu dia, hora, lugar e assunto) ele foi com uma camisa errada. Ela pediu que ele a tirasse e ficasse aquela noite. Seguiu então pedindo que ele tirasse tantas camisas erradas e ficasse por tantas noites. Tem dias que fala ""hoje é devagarzinho"" e ele é romântico. Em outras, pede apertões e ele capricha no ""mood"" pedreiro. Ele não a incomoda, não faz barulho desnecessário e é muito bonito. A tudo responde sim, com um queixo que deveria estar em revistas segmentadas vendendo relógios caríssimos. Lindo, magro, silencioso e sem dar trabalho. Até que um dia ela vestiu seu colar e ele lhe pareceu, talvez pelo ângulo, talvez pela luz daquela hora, simplório demais. Você quer me largar, não quer? Ele sorriu. Você não me ama mais, certo? Ele assentiu. Então arrasa meu coração. E ele arrasou."
Frustração na arena verde,"Tinha um sol para cada um na manhã paulistana. Para os quase 39 mil torcedores na arena alviverde e para os 28 jogadores do Palmeiras e do Furacão. Ninguém esperava jogo fácil porque o rubro-negro paranaense mostrava bom futebol e o time esmeraldino, por mais que viesse entusiasmando sua gente, ainda está em formação, sujeito a altos e baixos. Mas não precisava ter exagerado. Porque foi inferior aos visitantes todo o jogo, tanto que Prass trabalhou mais que Weverton, seja em bolas chutadas de fora da área como não é comum, e deveria ser, nos times brasileiros, seja nos bem articulados contra-ataques rubro-negros. Exemplar na marcação, rápido na saída de bola e por 30 minutos com Walter que, com uma dezena de quilos a menos, jogaria na seleção, a vitória veio com ele justa, irrepreensível, para decepção dos anfitriões. INGENUIDADE? Zico deu a Del Nero seu primeiro respiro depois de meses de sufoco. Sua foto ao lado dele foi erro grave. Primeiramente porque desnecessária. Zico precisa de cinco apoios de federações nacionais de futebol, não obrigatoriamente da de seu país. Além do mais, como convencer o mundo de que quer limpar a Fifa com o apoio de uma entidade cujo penúltimo presidente teve de sair do Brasil, e renunciar à CBF e à Fifa, o último está preso na Suíça, e posto para fora da Fifa, e o atual fica em casa com medo de extradição? Se não bastasse, o apoio que conseguiu é daqueles para enganar trouxa: a CBF não lhe deu um documento nem lhe disse que trabalharia por sua eleição. Apenas, de boca, prometeu uma assinatura caso ele consiga outras quatro. SONO? Só agora o Tribunal de Contas da União acordou para o óbvio conflito de interesses vivido por Carlos Nuzman ao presidir tanto o Comitê Olímpico Brasileiro quanto o Comitê Organizador da Rio-16. Em 10 de maio de 2012, aqui, sob o título ""Eterno Nuzman"" o alerta foi feito com todas as letras. O TCU foi inútil no Pan-2007, na Copa de 2014 e será na Olimpíada. Muita marola e nenhuma consequência. EXCEÇÃO? Quando muito se discute a capacidade de nossos treinadores, passou despercebido que um compatriota Ricardo Ferreti, no mexicano Tigres, eliminou da Libertadores o Inter, do pelo uruguaio Diego Aguirre. EXONERAÇÃO! Advogado de José Maria Marin, Paulo Peixoto foi exonerado na sexta-feira do posto que ocupava desde abril, e pelo qual recebia R$ 22.584,90, como chefe de gabinete da presidência da Assembleia Legislativa paulista, exercida pelo deputado tucano Fernando Capez, íntimo amigo de Marin e de Nero. Peixoto foi acusado por deputados da oposição de ter viajado duas vezes para a Suíça, para encontrar seu cliente preso, sem se licenciar do posto. Agora estudam acioná-lo por improbidade administrativa para ressarcir os cofres públicos."
O triste 'modelo' de Michel Temer,"O vice-presidente Michel Temer, em recente visita a Portugal, disse que o país é um ""modelo"" para o Brasil. Pena que os portugueses não concordem com ele: pesquisa publicada sexta-feira (2) pelo jornal ""Público"" mostra que quase 60% dos portugueses acham que o país está ""pior"" (18%) ou ""muito pior"" (39,8%) do que há quatro anos, quando se iniciou o programa de ajuste que o vice-presidente brasileiro considera modelar. É com esse estado de espírito que Portugal vota neste domingo (4). Nada surpreendente, de resto. O desânimo é tal que 485 mil pessoas deixaram o país desde o início do ajuste -o que representa cerca de 4% da população. Pior: trata-se de gente em geral qualificada, a ponto de José Manuel Silva, da Ordem dos Médicos de Portugal, ter dito o seguinte ao semanário ""Expresso"", a melhor publicação portuguesa: ""Estamos a tornar-nos a África da Europa ao exportar cérebros de alta qualidade para países desenvolvidos, a custo zero"". Uma segunda avaliação, igualmente assustadora, aparece em texto editorial do ""Expresso"": ""Não estamos nem sequer perto de um equilíbrio orçamental, de uma economia que cresça de forma continuada ou de um país com uma demografia equilibrada"", diz. Completa: ""Ainda temos um desemprego inaceitável, níveis de pobreza muito elevados, natalidade perigosamente baixa e demasiados desafios nas políticas públicas, da saúde à educação, passando pela mais discutida segurança social"". Mais um dado assustador: a economia sofreu um retrocesso de imponentes 6,5% de 2010 a 2014, quando se iniciou uma ainda tímida recuperação. Pior: nem os indicadores econômicos que se pretendia sanear mostram-se saudáveis. O deficit público era de 4,7%, ao terminar o primeiro semestre, 50% acima do nível tolerado pelas regras europeias (3%). E a dívida subiu de 111% do PIB em 2011 para 129% em 2014. Diante de tantos problemas, o natural seria a derrota do governo, comandado pelo conservador Pedro Passos Coelho, do PSD (Partido Social-Democrata). Mas a coligação do PSD com o também conservador CDS (Centro Democrático e Social) está à frente nas pesquisas, embora longe da maioria absoluta. Fácil de explicar: a alternativa a Passos Coelho, que implementou a maior parte do ajuste, seria o Partido Socialista, justamente o que, então no governo, pediu a intervenção dos credores, quando era liderado por José Sócrates. Ainda por cima, Sócrates está preso, à espera de julgamento, acusado de corrupção -o que resvala obviamente no candidato socialista António Costa, que foi ministro e aliado próximo do acusado. Para tornar o ato de votar menos atraente, há suspeitas sobre o socorro que o premiê Passos Coelho deu ao Banco Espírito Santo, lustrosa grife financeira, na altura de € 4,9 bilhões (R$ 21 bilhões). Como não surgiram partidos alternativos, ao contrário da Grécia, Passos Coelho chega ao voto como favorito, mas a esquerda (PS mais Bloco de Esquerda mais Partido Comunista) pode ter a maioria dos votos. Essa insólita e inédita coligação é a preferida pelos portugueses, diz a pesquisa do ""Público""."
Caem pedidos para explorar petróleo no país,"A queda do preço do barril de petróleo, iniciada em 2014, causou uma redução dos investimentos em exploração, fase em que se busca saber onde há óleo e qual o potencial dos campos, por meio de estudos e perfurações. No Ibama, houve apenas um pedido de autorização ambiental para a perfuração mais inicial de exploração neste ano. Houve uma diminuição de requerimentos, segundo um diretor do órgão, porque há uma correlação com as rodadas de licitações da Agência Nacional do Petróleo. No último leilão, em outubro, 37 blocos foram arrematados, de 266 em oferta. ""A exploração no Brasil vai mal porque o investimento está todo concentrado no desenvolvimento dos campos do pré-sal, que foram descobertos entre 2006 e 2008"", afirma Edmar de Almeida, do grupo de economia da energia da UFRJ. A crise da Petrobras se soma ao cenário negativo, diz. ""O setor [de exploração] está sendo afetado pelo valor do barril porque na atual situação as petroleiras priorizam a produção. A tendência é que haja um retorno assim que o preço aumente"", diz Stephane Dezaunay, presidente da PSG, uma empresa norueguesa, no Brasil. Recentemente, a companhia requereu uma licença ao Ibama para fazer estudos sísmicos na Bacia do Amazonas. A queda não se restringe ao Brasil. A soma de investimentos das 18 maiores empresas de exploração do mundo caiu 29% de 2013 para 2014 e a expectativa é que neste ano ocorra uma redução na mesma proporção, segundo a consultoria IHS. Perfuração reduzida - Queda na busca por petróleo * Encontro fechado com Macri Jorge Gerdau, Henrique Meirelles, Constantino de Oliveira Júnior (presidente do conselho da Gol), Benjamin Steinbruch (CSN) e o ex-embaixador Rubens Barbosa estavam entre os empresários que se reuniram privadamente com o presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri. O encontro foi na sexta-feira (4) no gabinete do presidente da Fiesp (federação das indústrias), Paulo Skaf, e durou um pouco mais de 15 minutos. Aos executivos, Macri comentou que sua campanha foi bastante difícil e falou da importância de fechar um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Antes da reunião em São Paulo, o futuro mandatário passou por Brasília, onde se reuniu com a presidente Dilma, e, no fim da tarde, ainda voou para o Chile para se encontrar com a presidente Michelle Bachelet. Macri toma posse na quinta-feira (10). Sem papo... Após o encontro fechado, Macri recebeu a Ordem do Mérito Industrial São Paulo de Skaf e falou para cerca de 200 empresários brasileiros e argentinos. Convidou todos a fazerem negócios em seu país. ...na mesa Discurso encerrado, sentou-se, almoçou e cumprimentou poucos dos que não estavam em sua mesa. Assessores pediram para empresários se conterem para não atrasar a agenda do futuro presidente. Sabores No almoço, o prato principal foi pirarucu. Para beber, o vinho argentino Angélica Zapata, produzido em Mendoza. Foram servidas as versões de Malbec, Sauvignon e Cabernet, que custam entre R$ 150 e R$ 250. A pé Essa foi a primeira viagem de Macri ao exterior após ser eleito. Ele chegou no aeroporto de Guarulhos e foi de helicóptero até o prédio do Bradesco na avenida Paulista, que fica quase em frente à Fiesp. Atravessou a via a pé. Agenda... A visita à Fiesp começou com cerca de uma hora de atraso e durou uma hora e meia. Alguns convidados também estavam com pressa. Paulo Kakinoff, presidente da Gol, saiu antes do almoço ser servido. ...apertada Kakinoff não quis comentar as expectativas em relação ao novo mandatário. Sonia Hess, ex-presidente da Dudalina, deixou o local antes da sobremesa. ""Estão destruindo a Argentina. Macri poderá levantar o país"", disse. * Plano pós-crise A atacadista Roldão planeja investir R$ 70 milhões em 2016 e abrir seis lojas no Estado de São Paulo. É o dobro de unidades inauguradas em 2015. ""Queremos estar bem posicionados no pós-crise. Além disso, no passado, o preço dos imóveis tornava a ampliação difícil"", diz Ricardo Roldão, presidente da empresa e da Abaas (associação do setor). ""O consumidor vai manter a migração do canal de compras, do atacado para o atacarejo, o que ajuda na expansão"", acrescenta. ""Com a alta do desemprego, as famílias vão tentar de se defender como puderem e seremos uma alternativa para elas."" As compras de mês para a classe média alta, que devem crescer, será um dos novos focos da empresa, de acordo com Roldão. ""O maior problema deste ano foi o aumento dos custos operacionais provocados pela alta de tarifas públicas como água, energia, telefonia, entre outros"" A projeção de faturamento do setor em 2015 é de R$ 58 bilhões, um incremento de 15% ante 2014. 23 é o número de lojas que a rede possui no Estado de São Paulo R$ 1,8 bilhão foi o faturamento da Roldão em 2014; a projeção para 2015 supera R$ 2 bilhões * Golpe baixo O número de tentativas de fraude com roubo de CPF para fazer negócios caiu 3,5% no acumulado até outubro, quando comparado ao mesmo período do ano anterior, segundo a Serasa Experian. Foram 1,635 milhão de investidas em 2015. Em 2014, havia sido 1,695 milhão, conforme o índice do birô de crédito. O setor de telefonia registrou o maior crescimento. ""A circulação de pessoas nos mercados consumidores diminuiu com a crise e os fraudadores têm menos oportunidades de atuação, por isso o menor volume de consultas no varejo"", diz Luiz Rabi, economista do Serasa. * Hora do café com LUCIANA DYNIEWICZ, FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e CLÁUDIO GOLDBERG RABIN"
Petrobras deixa de contratar 6.000 fornecedores em três anos,"O número de empresas que vendem produtos ou prestam serviços à Petrobras caiu 22% no ano passado e 11% em 2015, segundo informações obtidas pela coluna. Em 2014, a estatal tinha mais de 18 mil fornecedores, número que caiu para 12,6 mil no ano passado. Além das cerca de 6.000 empresas que deixaram de vender, há outras, que prestavam serviços de forma indireta, que também perderam clientes, diz David Zylbersztajn, ex-presidente da ANP. A queda das contratações se deram, segundo ele, por uma soma de fatores: preço do barril em baixa, falta de rodadas de licitações de blocos e decisões que se provaram ruins do ponto de vista de investimentos. ""A empresa fazia planos fictícios que não se concretizaram. Ela teve de limpar balanço e se ajustar, como é público, e isso reduz a capacidade de contratar."" Empresas do setor de óleo e gás cortaram seus contratos em geral, mas não nessa intensidade, diz Adriano Pires, da consultoria Cbie ""Outras produtoras também compram menos bens e serviços, mas em uma proporção diferente porque não foram impactadas pelas revelações da Lava Jato."" A empresa anunciou desinvestimentos de cerca de R$ 16 bilhões. Prestadoras de serviço que perderam contratos poderão ser chamadas novamente, mas isso deverá demorar, afirma Anderson Dutra, sócio da KPMG. ""As companhias que assumirem os ativos vendidos pela Petrobras vão levar um tempo até chegar a contratar seus os seus próprios fornecedores"", diz o consultor. fornecedores * Raspa do tacho A rede Slaviero Hotéis deverá entregar quatro novas unidades até o ano que vem, afirma o presidente do grupo, Eduardo Slaviero Campos. O investimento previsto é de R$ 210 milhões. A maioria dos recursos serão de parceiros, que compram parte dos imóveis. Os empreendimentos deverão ser os últimos construídos do zero pela companhia nos próximos dois ou três anos. ""Um projeto de hotelaria leva de 2 a 3 anos para ser concluído. Esses lançamentos foram pensados antes da crise"", afirma. ""Não deveremos reduzir o ritmo de inaugurações. Temos como expandir assumindo a administração de um hotel ou com a revitalização de um empreendimento mais antigo."" Dois dos lançamentos ficarão na Paraíba. Serão as primeiras operações no Nordeste, única região em que ainda não estão presentes. ""A expansão dos próximos anos vai se concentrar principalmente nas capitais onde não temos hotéis: Belo Horizonte, Salvador, Campo Grande e Porto Alegre."" R$ 170 MILHÕES foi o faturamento da Slaviero Hotéis no ano passado 27 são os hotéis em operação * Canteiro fluminense A incorporadora carioca Nigri prevê um aporte de R$ 55 milhões para lançar, neste ano, um prédio residencial e um centro comercial na zona sul do Rio. Uma parte do investimento será feito por fundos ou bancos, diz o diretor-executivo Raphael Nigri. ""Costumamos terminar os projetos com uma participação em torno de 30%, no máximo 50%."" No ano passado, a empresa não fez lançamentos. Fez apenas renegociações com clientes, diz o empresário. ""Terminamos 2016 com níveis de vacância abaixo de 20% e de distrato menor que 10%. Agora, podemos pensar em novos projetos para os próximos anos."" 680 MIL M² é a área total dos terrenos da Nigri no Rio * O que estou lendo Marcos Galvão, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores Considerada a grande reportagem sobre o Brexit, ""All About War"", de Tim Shipman, é um dos livros à cabeceira do embaixador Marcos Galvão, secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores. A obra foi indicada por um cientista político americano, amigo do diplomata, como ""um dos melhores textos sobre campanhas políticas em geral que havia lido"", conta. Escrito pelo editor de política do Sunday Times, mostra do erro de cálculo do premiê britânico David Cameron ao convocar o referendo até a chegada da sucessora Teresa May. ""Cameron achava fundamental propor a votação ao eleitorado para manter o partido unido nas eleições. Acreditava que venceria, mas faltou combinar com o eleitorado britânico"", diz Galvão. O segundo livro, ""A World in Disarray"", de Richard Haass, é uma interessante recapitulação das relações exteriores, do pós-guerra aos dias de hoje, segundo o embaixador. ""O primeiro é sobre bastidores da campanha e o segundo sobre o lugar dos Estados Unidos nesse mundo em desordem"", conclui Hora do café com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI"
Apenas poucos países 'emergem',"A grande maioria dos ""mercados emergentes"" tem sofrido um bocado nos últimos tempos. O Brasil é prisioneiro de estagflação, impasse político e escândalos alimentados na estufa de seu capitalismo de compadrio. A Rússia paga o alto preço das sanções por sua política para a Ucrânia, das limitações de um modelo em que o Kremlin é o czar da economia e do declínio das commodities energéticas. A Índia já perdeu algo da excitação que marcou o primeiro ano de Narendra Modi na condição de primeiro-ministro. Muitas das agendas modernizantes simplesmente encontram-se empacadas no Parlamento. A China vê seu –ainda robusto– crescimento desacelerar e aumentarem os questionamentos quanto ao significado de oscilações tão bruscas dos índices da Bolsa de Xangai ou da cotação do yuan. O México parece no meio do caminho de uma trajetória de reformas estruturais que podem tanto avançar quanto regredir. Há equidistância entre o México tornar-se uma economia dinâmica e globalmente conectada ou simplesmente um desesperado Estado falido (""failed state""). Turquia, Indonésia, Nigéria, África do Sul, todas tem desempenho abaixo do potencial. Na América Latina, Venezuela e Argentina são exemplos de irracionalidade econômica e disfuncionalidade política. A progressiva normalização da política de juros nos EUA, o esgotamento do ""superciclo das commodities"" e o esfriamento da economia chinesa combinam-se em resultados impressionante em termos de fluxos financeiros. Nos últimos 13 meses, US$ 1 trilhão deixou os emergentes rumo a praças financeiras mais tradicionais nos EUA, Europa e Japão. Diante desse quadro, o próprio conceito de ""mercados emergentes"", surgido nos anos 1980, passa nas últimas semanas por severos escrutínios quanto à sua validade. O jornal ""Financial Times"", que mantém uma seção intitulada ""mercados emergentes"", defende em recente editorial que já é tempo de ir além da frase, que teria perdido utilidade e significado desde que surgiu, nos anos 1980. Em certa medida, a referência ao grupo de países ditos ""emergentes"" nada mais é do que um eufemismo otimista para caracterizar nações anteriormente classificadas no desconfortável ""Terceiro Mundo"", na condição politicamente incorreta de ""subdesenvolvidos"" ou na forma mais elegante ""em desenvolvimento"". Poucos parecem equipados de credenciais para superar essas categorias. Dados recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) evidenciam bem as muitas inadequações do termo ""emergente"" para o entendimento da reconfiguração da balança de poder econômico global. A propósito, o FMI agrupa os países de forma bastante generalista. ""Desenvolvidos"" são aqueles países que em sua maioria integram a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e ostentam PIB anual per capita superior a US$ 30 mil. Já o grupo dos ""emergentes"" junta sob o mesmo teto 152 nações –abarcando portanto países tão diferentes quanto China, Marrocos ou Bolívia. Por um lado, o decênio de 2004 a 2014 sugere a confirmação da desejada narrativa segundo a qual o destino sorri para os emergentes. Olhando os números de forma generalista, a tão sonhada ""convergência"" que supostamente resulta de maior velocidade dos emergentes em comparação aos desenvolvidos parece alcançável. Em 2004, o PIB global tinha 54% de sua origem nos desenvolvidos, 46% dos emergentes. Em 2014, constata-se vigorosa migração de parcelas do produto mundial dos países desenvolvidos (que agora têm 43%) para os emergentes (hoje responsáveis por 57% do produto mundial). No entanto, ao colocarmos o crescimento dos emergentes sob exame mais minucioso, o que resulta é uma tremenda disparidade de desempenho. Entre 2004 e 2014, há pequenas alterações na fatia do PIB ocupada pela maioria das regiões que compõem o grupamento emergente. Nesse período, a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que congrega a Rússia e países que compunham a União Soviética, teve seu pedaço do PIB global inalterado (5% em 2004 e iguais 5% em 2014). O mesmo se passou com a a Europa ""emergente"" (países como Polônia, Hungria etc.) ou a África subsaariana –cada um desses grupos com fatia de 3% do PIB mundial. Observou-se pequena oscilação para cima do pedaço que cabe a Oriente Médio, norte da África, Afeganistão e Paquistão. Eles tinham 7% em 2004 e, em 2014, 8%. E aí vem a grande decepção: a América Latina e o Caribe. Ainda mais em se considerando que muitos analistas chamaram os anos 2000 de ""A Década da América Latina"". Em 2004, a região tinha 9% do PIB global e, em 2014, os mesmos 9%. O que realmente fez a diferença para os países em desenvolvimento nesta última década foi a Ásia ""emergente"". Em 2004, liderada pela China, a região contava 19% do PIB global. Em 2014, a fatia engordou para 29%. Assim, ressalvada a impressionante exceção asiática, o resto do mundo em desenvolvimento avançou poucas casas neste decênio em que as condições de abundância de liquidez e apetite por commodities pareciam tão favoráveis. Se, no tempo que está por vir, as vantagens comparativas de mão de obra barata e acesso a matérias primas se prenunciam menos importantes, qual estratégia países como o Brasil tem em mão para continuar a emergir?"
"Depois da Virada Cultural, Parada Gay também terá protestos contra Temer","Protestos contra Michel Temer estão sendo organizados para ocorrer durante a Parada Gay, no domingo (29). Grupos contrários ao presidente interino preparam cartazes como os vistos durante a Virada Cultural, com a expressão ""Temer jamais"". Vão dizer também que o governo promove ""retrocesso"" e ""ataques aos direitos LGBT"". Leia a coluna completa aqui."
A nobreza do martírio,"Você já notou que essa história de oferecer a outra face é um golpe baixo? O que acontece é que o estapeado vira nobre instantaneamente, e quem deu o tapa vira vilão. Aquilo que gerou o primeiro tapa desaparece como assunto, mesmo que, dependendo da causa, ele seja merecido. Sentir-se nobre de espírito exerce uma atração poderosa sobre nós, já que se trata de um dos traços da proeminência social (riqueza; beleza; elegância; autoestima elevada; fama, mesmo má; poder; sabedoria; cultura; senso de humor, são alguns outros). Ela equivale às penas do pavão, crucial para sermos escolhidos na seleção sexual da espécie. Mas é uma qualidade difícil de ser construída. Requer generosidade, consideração, cultivo de valores éticos/estéticos, compaixão. Ou seja, artigos escassos no atual mercado. Não obstante, existe sim um meio fácil de se sentir nobre: o martírio. Considere a quantidade de homens, mulheres e crianças que andam se imolando pelo Islã, explodindo-se e aos cães infiéis: são (ou se consideram) mártires da causa, e creem que serão imediatamente transportados ao paraíso muçulmano, que, diga-se, é um sucesso de marketing se comparado ao tédio do paraíso cristão. Mas não precisamos ir tão longe para contemplar o uso político do martírio. Pense em Madame, que alardeia ad nauseam sua condição de ex-presa e torturada, uma quase mártir da luta pela democracia. O fato de que ela e de que todos os que se engajaram na luta armada desejavam uma outra ditadura que não a militar, a ditadura do proletariado, é sempre convenientemente esquecido. O que importa é a nobreza do martírio. Aqui é necessário fazer uma distinção entre o mártir e o coitadista. O primeiro ""sofre em silêncio"" a dor de sua causa nobre. De fato, alardear sua condição tira muitos pontos de seu valor. O segundo faz campanha e uso escancarado de seu lugar de prejudicado, e tenta de todos os modos deixar os demais culpados por sua desdita, de modo a lucrar com aqueles idiotas que acreditarem que devam indenizá-los. É um cafetão de sua própria miséria. E dela não abrirá mão, mesmo que lhe ofereçam uma boa saída, já que dela vive. Num lugar intermediário mora a vítima, ou melhor, aquele que se faz de vítima. E aí voltamos ao começo deste texto: a condição de vítima absolve completamente a pessoa de qualquer crime, já que é impossível ser vítima e criminoso ao mesmo tempo. A propaganda que a vítima faz de seu sofrimento tem graus variados de sutileza, não pode ser muito grosseira, pois as pessoas já reconhecem a chantagem emocional. Ela será mais eficiente quando silenciosa, sobretudo se for comunicada por suspiros e ares resignados. Isso não te soa ""familiar""? Mas tem o mesmo objetivo do coitadismo: lucrar com o sentimento de culpa dos outros. É mesmo uma forma sutil de sadomasoquismo: ""Eu sofro sim, mas o outro será visto como um filho daquela senhora de vida airada"". As pessoas que se empenham em buscar o papel de mártires (ou dar essa impressão) estão deixando de lado o cultivo trabalhoso da nobreza de espírito. Para pegar o atalho de uma nobreza que sempre me desperta suspeitas. www.franciscodaudt.com.br"
"Gloria Pires fala de Oscar, feminismo e família e mostra ser 'capaz de opinar'","Ao chegar em casa às três da manhã após a apresentação da cerimônia do Oscar na Globo, no último domingo de fevereiro, a atriz Gloria Pires olhou o celular e viu que seu assessor tinha mandado várias mensagens desesperadas. ""Tá ruim, tá ruim, precisamos reverter isso! Uma onda de memes... Tá uma coisa muito violenta"", dizia ele. * ""A primeira coisa que pensei foi: será que xinguei alguém, falei alguma coisa ofensiva, fiz algum comentário politicamente incorreto?"", conta Gloria, em seu escritório no Rio de Janeiro, à repórter Letícia Mori. ""Respondi: 'Calma! Deixa eu me situar!'."" Ela tinha voltado de uma viagem ao Uruguai no mesmo dia e dormido pouco. Só de manhã a atriz viu as imagens que faziam piada com sua participação na transmissão do prêmio. ""Tinha muita coisa negativa, gente falando que eu não vi os filmes, que não sabia o que estava fazendo ou que eu tinha tomado algum remédio."" * Antes que pudesse responder, precisou levar um de seus dois cachorros, que estava doente, ao veterinário. Na volta, o bichinho vomitou no colo dela. ""Tive que tomar um banho, por isso estou de cabelo molhado no vídeo"", diz a atriz, referindo-se ao post que publicou no Facebook afirmando que tinha, sim, visto a maioria dos filmes. O vídeo teve mais de 12 milhões de visualizações. * ""Pensei: não vou responder zoação. Mas preciso que as pessoas saibam que eu não tô doente e que eu estava preparada. A ideia era fazer, no Oscar, um bate-papo informal, à vontade, relax. Minha preocupação, ao não falar sobre algumas coisas, era justamente não falar bobagem!"" * Nem todas as brincadeiras eram negativas –muitas elogiavam a honestidade da atriz. E as positivas aumentaram depois do vídeo no Facebook. ""Teve até uma pessoa bacana que postou '#pormaisgloriapirismonainternet'. Antes era não 'faz a egípcia' [expressão que significa ficar indiferente], agora é não 'faz a Gloria Pires!'"", diz a atriz, rindo alto. * ""Acho que vai virar um case de sucesso sobre relações públicas e mídias sociais"", interrompe Betty Prado, amiga e sócia da atriz e diretora da Bemglô, marca que Gloria Pires lançou em 2013. O site vende produtos de decoração e cuidados pessoais, além de ter vídeos da atriz dando dicas de lugares e receitas. * A polêmica toda, que Gloria faz questão de dizer que não foi intencional, acabou sendo, na visão da atriz, ""mais positiva do que negativa"" para ela –e para a sua marca. Na madrugada do Oscar, o site da Bemglô teve seu maior pico de audiência, com 40 mil acessos. Precisou ser retirado do ar rapidamente para aumentar a banda (capacidade de receber visitantes). * Na terça-feira seguinte, Gloria participou do humorístico ""Tá no Ar"", da Globo, e teve a ideia de fazer um ""Oscar dos Memes"", escolhendo os melhores. Seu assessor procurou o site Sensacionalista para lançar o vídeo da brincadeira, em que incluiu o logotipo da Bemglô. Resultado: mais 64 mil visualizações. A decisão de lançar camisetas com as frases faladas na transmissão foi tomada com a equipe. E gerou outro pico de audiência. * A marca depois divulgou que o lucro das roupas iria para a ONG Amparando JG, que atua no Jardim Gramacho, na Baixada Fluminense. ""Um negócio que era um tremendo vodu, uma coisa 'baixastralizante', a gente reverteu numa coisa bacana"", diz Gloria. * ""Quando alguém fala uma besteira a seu respeito, dá uma vontade de falar: o que você tá falando? Você não sabe nada da minha vida! Me segurei, segurei a ansiedade. Foi importante ter dado esse tempo, falar só um dia depois. E ter lidado com humor, porque internet é isso, né?"" * ""A internet é um negócio maravilhoso, sou fã. Mas não tenho tempo de administrar pessoalmente as rede sociais, eu me enrolo... Uma vez fui postar um negócio e acabei aceitando um monte de pedido de amizade!"", diz, rindo. * A camiseta mais vendida foi a que diz ""Não sou capaz de opinar #objetividade"". Mas, polêmica à parte, tanto fãs quanto amigos pedem sempre que Gloria dê seus pitacos. ""O que mais me perguntam é como dou conta de ter uma família grande [são quatro filhos, incluindo as atrizes Cleo Pires e Antonia Morais], trabalhar tanto e fazer o casamento durar tanto tempo"", diz ela, que é casada com o músico Orlando Morais desde 1987. ""Essa pergunta é feita só pra mulher, né? Ela que supostamente tem o encargo disso tudo. No meu caso não é assim, porque o Orlando é superparceiro. Nunca tivemos um momento em que um dos dois segurasse a barra sozinho, e isso foi fundamental. Não tem receita pro sucesso, pra fazer o casamento durar. Mas tem receita para dormir melhor, se alimentar de maneira mais leve"", diz ela, que não come carne desde os 12 anos. * Feminismo é outro assunto sobre o qual opina sem problemas. ""A mulher ainda tem um lugar difícil na sociedade, no Brasil. É ela que sustenta a família em uma proporção incrível, no entanto não tem o trabalho reconhecido e na maioria das vezes ganha menos do que ganharia um homem na mesma função."" * ""Nos EUA se fala muito sobre desigualdade de salários em Hollywood, desde o Oscar do ano passado."" E no Brasil, há desigualdade de salários no cinema e na TV? ""Não sou a melhor pessoa para falar disso. Para mim tudo aconteceu de uma forma muito...""A amiga Betty ouve e faz troça: ""Não sou capaz de opinar!"", dispara, enquanto trabalha na mesa ao lado. As duas riem. ""Produzir cinema e audiovisual no Brasil é muito difícil, para todo mundo"", diz Gloria. * ""Nunca precisei lutar por alguma coisa só pelo meu gênero, mas me considero feminista no sentido de que a mulher tem capacidade igual, talento igual, não precisa ganhar menos ou ter uma vida mais difícil do que os homens só por ser mulher."" * Sobre a crise política, Gloria Pires ""faz a Gloria Pires"" e repete, bem-humorada, a frase que virou bordão. Depois fica séria: ""Não tenho dados, não posso falar só por falar"". Ela, que viveu a mãe de Lula no filme ""Lula, o Filho do Brasil"" (2009), não comenta os últimos fatos envolvendo o ex-presidente. Diz apenas que adorou fazer o longa. ""Fiquei honrada e encantada com a história pessoal dele antes de virar presidente. O filme foi prejudicado por questões que nada têm a ver com o cinema em si. A atuação do Rui Ricardo Diaz [que interpretou Lula] foi maravilhosa."" * Diz que não tem vontade de se engajar muito em questões políticas, mas defende a propaganda que fez em 2013 para o governo de Goiás. ""As pessoas criticaram porque gostam de criticar, né? Gosto muito do Marconi [Perillo, governador do Estado] pessoalmente, conheço a mulher dele, somos próximos e eu confio nele. Frequento o Estado e vi que realmente melhorou."" * Gloria, que toca dois projetos como atriz e ainda não sabe quando será sua próxima novela, não descarta a possibilidade de participar da transmissão do Oscar ano que vem, se for chamada. A Globo não comenta a escalação, mas diz que em 2016 a audiência aumentou em relação a 2015."
O Carnaval de rua é um milagre que aconteceu apesar de tudo e todos,"O Rio é a única cidade cujo hino é uma marchinha de Carnaval. Nosso hino não fala de guerras, de honra, nem de inimigos, mas de ""jardim florido de amor e saudade"" e ""ninho de sonho e de luz"". Todo líder mundial que passar pelo Rio vai ter que ouvir ""Cidade Maravilhosa"". É oficial: a marchinha nos rege. Quando era pequeno, minha mãe me fantasiava de pirata e saíamos pela cidade procurando um bloquinho. E não era fácil encontrar um. Rodávamos a cidade inteira. De repente, ouvia, ao longe, o som de um surdo. Íamos correndo em direção a ele como quem caça um passarinho. Quando virávamos a esquina, uma dúzia de fantasiados tocava e dançava ao som de marchinhas: aquilo pra mim era o céu. Homens vestidos de mulher, mulheres já não tão vestidas, crianças jogando serpentina e papel higiênico molhado –tudo era permitido e tudo era divertido. Minha avó Ivna era compositora de marchinhas. Nenhuma delas fez muito sucesso fora de casa, mas lá dentro eram hit. ""Funciona! Funciona! Funciona –que eu quero ver, quem não funciona não pode sobreviver!"" Tinha uns sete anos quando perguntei a ela o que ela estava esperando que funcionasse, e ela respondeu: ""O pinto. Tem uma idade que já não funciona mais."" Uma outra marchinha dela, mais pudica, dizia: ""Não, não, não! Não me deixeis cair em tentação"" –inaugurando o filão pouco explorado de marchinhas católicas. Minha avó morria de saudade do Carnaval de rua. Falava dele como quem fala da Atlântida, a civilização submersa, algo que tinha se perdido no tempo e talvez –vai saber– nem tivesse existido. Talvez, vai saber, tudo tivesse sido só um barato lança-perfume. Não sei quem fez isso renascer, mas foi muita gente. De vez em quando dá a impressão de que tá grande demais. ""Esse ano vai perder a graça"". Mas nunca perde. Tenho pena da minha avó não ter conhecido o Céu na Terra, o Prata Preta e o Boitatá tocando tudo que ela mais amava. Mas também a Orquestra Voadora tocando Fela Kuti, o Boitolo tocando White Stripes, os Amigos da Onça com seu repertório autoral composto só de clássicos. O carnaval de rua é um milagre que aconteceu apesar de tudo e todos que nos governaram. Apesar de vocês, o Rio continua um jardim florido de amor e saudade/ninho de sonho e de luz. E cada vez mais."
Queda na venda de máquina agrícola atinge emprego,"O setor de máquinas agrícolas continua amargando a desaceleração de vendas no Brasil. O cenário hoje é bem diferente do dos anos recentes, quando a quebra de safra nos Estados Unidos, a queda dos estoques mundiais de grãos e a demanda aquecida permitiram uma aceleração das vendas de máquinas e de implementos agrícolas no país. De janeiro a setembro, as vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias recuaram para 36,9 mil unidades, 30% menos do que em igual período do ano passado. Considerando apenas o mês passado, a maior retração entre os produtos agrícolas ficou para os tratores, cujas vendas venderam caíram para 3.245 unidades, 10,5% menos do que em agosto. Nesse mesmo período, as vendas de colheitadeiras atingiram 309 unidades, 14% mais. A situação do setor que fornece máquinas agrícolas é ainda mais complicada quando se olha para os dados acumulados do ano. Até setembro, as vendas internas de tratores de rodas somaram 30,9 mil unidades, 28% menos do que o total vendido em igual período do ano passado. As colheitadeiras, mesmo com o aumento de vendas no mês passado, também têm grande perda na comercialização deste ano. Foram vendidas 2.925 unidades nos nove primeiros meses do ano, 34,8% menos do que no mesmo período de 2014. A retração no setor era esperada, uma vez que as vendas foram aquecidas nos últimos dois anos e os produtores fizeram uma intensa renovação da frota. A intensidade da queda, no entanto, está acima do esperado pelo setor. A queda nas vendas, e consequentemente na produção de máquinas, afeta também o mercado de trabalho nas indústrias do setor. Em setembro, a indústria de máquinas agrícolas e rodoviária empregava 15,9 mil trabalhadores, um número 18% inferior ao do mesmo mês do ano passado. Nesse mesmo período, a desaceleração do emprego na indústria automobilística teve intensidade bem menor, com queda de 8%. * Queimadas Desde 2006, pelo menos 7,2 milhões de hectares de cana-de-açúcar deixaram de ser queimados com a implantação do Protocolo Ambiental do Setor Sucroenérgito. Poluentes Essa parceria entre o setor sucroenérgitico e o governo paulista resultou na não emissão de 26,7 milhões de toneladas de poluentes e de 4,4 milhões de toneladas de gases de efeito estufa. Relatório Será apresentado nesta quarta-feira (7), no Instituto de Economia Agrícola, um relatório com esses e outros resultados obtidos pela parceria, inclusive os referentes às recuperações de áreas florestais."
Planos odontológicos têm pior queda da história em total de beneficiários,"Os planos odontológicos, que até então não haviam sido afetados pela crise, perderam 274 mil beneficiários nos três primeiros meses deste ano, a maior baixa em relação ao trimestre anterior desde o início da série histórica em 2000. A retração é de 1,25%, mas representa um ponto de inflexão: a curva, que vinha em ascensão, passará a ter quedas, diz Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar). ""O próximo trimestre deverá trazer uma nova redução, de escala semelhante."" O desemprego é o principal fator apontado -os planos coletivos empresariais representam cerca de 75% do total. SORRISO AMARELO - Beneficiários de planos odontológicos As ondas de demissões no país já haviam atingido o setor de planos médico-hospitalares que, em 2015, perdeu 766 mil beneficiários. Os planos odontológicos tardaram mais a sentir os efeitos da crise por terem um custo médio mais baixo e passarem uma melhor percepção de custo-benefício, diz Carneiro. Além disso, é um mercado mais recente no país, com potencial de crescimento, afirma Geraldo Lima, presidente do Sinog (sindicato do setor). ""Menos de 50% dos que têm plano de saúde contratam o odontológico. É uma cultura em amadurecimento."" Para o próximo trimestre, a entidade é mais otimista, e espera crescimento de 2,6%. Nos últimos cinco anos, o número de beneficiários do setor cresceu mais de 40% no país, com a entrada de 6,6 milhões de novos clientes -os planos médico-hospitalares somavam, no fim de março, 48,8 milhões. - SANGUE RENOVADO A BD, multinacional fabricante de equipamentos para a área de saúde, vai investir US$ 30 milhões (R$ 106,1 milhões) na construção de uma segunda planta em Curitiba. A nova fábrica do grupo servirá à produção de tubos para coleta de sangue, e o investimento e a implantação levarão de um a dois anos para se concretizarem. As duas unidades atuais produzem de seringas a coletores para o descarte de materiais cortantes. ""Os mercados emergentes, entre eles o Brasil, representam cerca de 16% da receita anual da BD"", diz Vincent Forlenza, principal executivo do grupo. A perspectiva de crescimento das operações em países em desenvolvimento ainda é grande, por serem mercados que têm como prioridade prover assistência médica a uma fatia maior da população, lembra ele. ""Sendo uma atuação local com fabricação de produtos, o Brasil tem uma importância para nós que vai além do atendimento ao mercado interno. Os produtos brasileiros são vendidos em todo o mundo."" Com a compra da americana CareFusion, em 2015, a BD reforçou também a presença nos Estados Unidos e incluiu itens, como bombas de infusão, em seu portfólio. 2 FÁBRICAS tem a multinacional no Brasil, uma em Juiz de Fora (MG) e a outra em Curitiba 45 MIL é o total global de funcionários R$ 1 BILHÃO foi o faturamento da operação no Brasil no ano passado - PECHINCHA OLÍMPICA Com a desvalorização do real em relação ao dólar, os voos dos Estados Unidos ao Rio de Janeiro nos três primeiros meses deste ano foram até 35% mais baratos que os pagos no mesmo período de 2015, segundo a Adobe Systems Brasil. No mesmo período, as diárias de hotel na cidade ficaram até 21% mais baixas. Mesmo com as oscilações do câmbio, a perspectiva é que os preços sigam atrativos até agosto, quando começam os Jogos Olímpicos, diz Fabio Sambugaro, vice-presidente da empresa no Brasil. PLEASE COME TO BRAZIL - Entre os principais destinos internacionais de norte-americanos, São Paulo tem a estadia mais barata São Paulo também se mostrou um destino econômico aos norte-americanos, de acordo com a pesquisa. Entre os treze países mais visitados pelos turistas dos Estados Unidos, a capital paulista registrou a diária de hotel mais barata. A média por noite é de US$ 96 (R$ 336, aproximadamente). O custo da passagem de avião foi considerado intermediário, de US$ 0,12 (R$ 0,42) por milha -mais econômico que cidades europeias como Roma e Madri, e mais cara que Istambul e Pequim. - SEM SUSTO Na hora de contratar um seguro, as pessoas tendem a priorizar seus bens e deixam em segundo plano a proteção à perda de renda prematura -em geral, por desemprego, invalidez ou morte. A análise da empresa de seguros Zurich, em pesquisa feita em 18 países, mostra que se trata de um ""problema global"", segundo o diretor da companhia, Carlos Tejeda. ""Nos Estados Unidos, dois terços das viúvas que haviam contratado seguros contra esses riscos perceberam depois que eles estavam aquém de suas necessidades."" No Brasil, os seguros do tipo crescem, por ano, entre 14% e 15%, diz Tejeda. ""É um mercado em alta, mas ainda existe muito espaço para se expandir. Com o envelhecimento da população, aumenta a chance de perda de renda inesperada."" - Tratamento... Para 67% das funcionárias do grupo Sanofi, no nível de média gerência, é certo chegar a um alto cargo gerencial na empresa, mostra pesquisa da farmacêutica. ...maternal A companhia atribui o alto percentual a medidas internas de valorização, como o custeio de viagens de bebês e de um acompanhante para as mães que estão em fase de amamentação. Gestão fortalecida A Intelipost, de gestão de logística, fará um aporte de R$ 7 milhões. O investimento servirá para desenvolver novos produtos. - HORA DO CAFÉ com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA"
"Trump acaba com uma guerra, mas já ameaça 'tropeçar' em outra","O ""Washington Post"" noticiou com exclusividade —e algum desagrado— que ""Trump encerra o programa secreto da CIA para armar rebeldes na Síria"". Cita, de um funcionário anônimo e também desgostoso: — Putin venceu na Síria. O ""New York Times"" confirmou, lembrando que o programa havia sido ""proposto por Hillary Clinton"", então secretária de Estado. Julian Assange, do WikiLeaks, afirmou que o programa sírio era um dos mais custosos da CIA e perguntou para onde vai o dinheiro, agora. E o ""NYT"" deu o editorial ""Evitando a guerra com o Irã"", acompanhando da ilustração de uma armadilha, acima. Diz que ""a última coisa que os EUA precisam é de mais uma guerra, mas o bater de tambores, em ameaças"" de Trump e aliados sunitas pode levar o país a ""tropeçar de novo numa guerra""."
"Propaganda eleitoral vai bater recorde, diz presidente da CBS","O presidente da CBS afirmou em entrevista coletiva que a propaganda eleitoral vai bater recorde neste ano. Na disputada reta final, informa a CNN , Trump e Hillary compraram três inserções cada um, nos intervalos de um dos jogos finais de beisebol, quarta-feira à noite na rede Fox. Em todos os comerciais, muita propaganda negativa."
Lula deve desculpas a Silvinho 'Land Rover',"SÃO PAULO - Lula e o PT, por coerência, deveriam pedir desculpas a Silvio Pereira, o Silvinho ""Land Rover"", ex-secretário-geral do partido. Em julho de 2005, pressionado e ameaçado de expulsão, Silvinho saiu do PT abatido pela descoberta de que ganhara um carro de R$ 73,5 mil de presente da GDK, empresa prestadora de serviços da Petrobras. ""Cometi um erro. Não me esconderei sob o manto da hipocrisia"", disse à época. A Land Rover surgiu durante as investigações do mensalão. Com a popularidade em queda e temendo ser tragado pelo escândalo, o então presidente tratou de se desvencilhar dos companheiros. Dirceu se demitiu do ministério, Genoino largou a presidência do PT, Delúbio deixou a tesouraria e Silvio foi embora do partido. Em pronunciamento, Lula se disse traído por práticas inaceitáveis. ""Foi uma facada nas costas."" O sol de Atibaia, no entanto, serviu para redimensionar o episódio Land Rover. Perto do sítio ""disponibilizado"" a Lula e dos favores que ao que tudo indica foram oferecidos por um consórcio de empresas para o bem-estar presidencial, o veículo de Silvinho virou um verdadeiro presentinho de criança. O sítio de 173 mil metros quadrados foi comprado por R$ 1,5 milhão em 2010 por sócios do filho de Lula –um deles atua em diversos setores, do editorial ao imobiliário. A reforma do imóvel, que teria sido paga pela Odebrecht, custou, só em materiais, cerca de R$ 500 mil. A cozinha planejada, que segundo notas fiscais foi paga pela OAS, R$ 130 mil. A antena de celular instalada pela Oi ao lado do sítio, a pedido de um amigo de Lula, é avaliada em R$ 1 milhão. Nada disso, porém, incomoda o PT. Dilma diz que o antecessor é vítima de ""grande injustiça"", Rui Falcão afirma que Lula sofre uma ""tentativa de linchamento moral"" e Gilberto Carvalho considera ser ""a coisa mais natural do mundo"" empresas contribuírem ""com essa ou com aquela pessoa"". Silvinho, a bem da verdade, nunca deveria ter saído do PT."
Fim de caso,"BRASÍLIA - No dia em que comparou o Senado a um hospício, Renan Calheiros se envolveu num exaltado bate-boca com defensores de Dilma Rousseff. Mais tarde, ele se queixaria da agressividade dos petistas. ""Vou propor o agravamento da pena por ingratidão"", provocou. O senador havia declarado, em plenário, que usou sua influência para frear uma ofensiva da Lava Jato contra Gleisi Hoffmann. Logo ele, que responde a oito inquéritos por suspeita de envolvimento no petrolão. A ex-ministra reagiu com fúria, e os dois tiveram que ser apartados. Seria apenas mais uma desavença se Renan não fosse o presidente do Senado. O governo interino comemorou. Conhecido por calcular cada movimento, o peemedebista parece ter ensaiado uma cena pública para cortar os laços com o PT. O senador e o partido passaram muito tempo em trincheiras opostas. Líder do governo Collor, ministro de FHC, Renan era visto pelos petistas como um símbolo da velha política e do clientelismo. Bastou a sigla chegar ao poder para as divergências ficarem para trás. Nos governos Lula e Dilma, o alagoano seria alçado quatro vezes à presidência do Senado. Os petistas encontraram um escudeiro capaz de manobrar o plenário. Renan garantiu proteção para sobreviver a outros escândalos. Foi um casamento de interesses, que chega ao fim junto com o julgamento do impeachment. Antigo desafeto de Michel Temer, o senador passou os últimos meses no muro. Há poucos dias, desistiu de manter as aparências. Primeiro cancelou um encontro com Dilma para viajar com o presidente interino para o Rio. Depois confirmou presença na comitiva de Temer à China, programada para esta semana. Na noite de sexta, Renan ensaiava o discurso para justificar a nova união. ""O Legislativo também é governo. Estarei pronto para ajudar o presidente"", anunciou. O PT voltará à oposição. O senador continuará no poder, de onde nunca saiu."
Procon fixa valor de multa a clubes de futebol por desrespeito à meia-entrada,"A Fundação Procon-SP fixou o valor das multas aos três principais clubes de futebol da capital por descumprirem a lei da meia-entrada. O Corinthians foi autuado em R$ 72.790, o São Paulo em R$ 71.040 e o Palmeiras em R$ 61.449. GOL CONTRA 2 Os montantes foram decididos, segundo o órgão, com base em critérios como gravidade da infração, vantagem obtida e condição econômica do clube. As reclamações partiram de estudantes e idosos que tentaram usar o direito para ir a jogos e não conseguiram. Um torcedor que brigava contra o próprio time chegou a fazer uma audiência de conciliação no Procon. LEI O Corinthians, em nota, diz que ""atende integralmente às disposições do Estatuto do Torcedor e da lei federal nº 12.933"" e que a multa ""será objeto de defesa administrativa e processo judicial"". O São Paulo afirma que ""vende meia-entrada somente nas bilheterias, conforme a lei 12.933"", por ser ""necessário conferir a documentação"" do comprador. O Palmeiras não se pronuncia sobre a multa. TRIBUTO A WINEHOUSE O documentário ""Amy"" teve pré-estreia para convidados na quinta (24), dentro do Music Vídeo Festival, no MIS (Museu da Imagem e do Som). A cantora Marina Lima, o rapper Rico Dalasam e o DJ Zé Pedro foram ao evento. A cantora Miranda Kassin e o executivo Jean-Marc Thévenin também passaram por lá. BOCA EM BOCA Rumores de que o lobista Fernando Baiano, que operava para o PMDB, teria citado Michel Temer no acordo de delação premiada voltaram a agitar os bastidores de Brasília. O vice-presidente da República afirma que nem sequer o conhece. PEDE PARA SAIR Integrantes do diretório do PT vão defender na próxima reunião da sigla, sem data marcada, que reforma ministerial com a manutenção de Aloizio Mercadante na Casa Civil não é reforma ministerial. PEDE PARA SAIR 2 As manifestações contra Mercadante ecoam a insatisfação da bancada de deputados federais do partido. Sibá Machado, líder do PT na Câmara, chegou a falar mal do ministro abertamente em uma reunião com outras legendas na semana passada. A TODO VAPOR A cantora Elza Soares fez show no Baretto, bar do hotel Fasano, na terça (26) e na quarta (27). A chef Paola Carosella e a atriz Juliana Didone estiveram na plateia. O diretor da TV Globo Ricardo Waddington e sua namorada, Marina Sanvicente, também foram. VOZES Produtores de um documentário sobre Jean Wyllys (PSOL-RJ) vão reunir o deputado federal e personalidades como a cartunista Laerte Coutinho, a cantora Tulipa Ruiz e o secretário municipal de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, em evento hoje em SP. Os diretores Carlos Juliano Barros e Caio Cavechini querem a ajuda dos convidados na divulgação do filme ""Eu_Jean Wyllys"" e da vaquinha na internet para pagá-lo. ACADÊMICOS UNIDOS Quase 40 grupos de pesquisa de universidades de 11 Estados programam debates e seminários para formar uma frente contrária à aprovação do Estatuto da Família na Câmara dos Deputados. O texto reconhece como família apenas a união entre homem e mulher. ""O projeto restringe direitos. Precisamos de alternativas mais plurais"", diz a professora da UnB Flávia Biroli, que organiza um dos eventos desta semana. DO REI A coroa que irá a leilão hoje no Rio com oferta mínima de R$ 10 mil e que supostamente foi usada por Roberto Carlos em sua coroação como Rei da Juventude também já passou pela cabeça de Tarcísio Meira. O ator usou a peça no filme ""Independência ou Morte"" (1972), em que interpretou dom Pedro 1º. NAS ALTURAS O artista Cildo Meireles teve a ajuda de cinco índios yanomamis para produzir sua obra ""Fronteiras Verticais"", que será exibida no 34º Panorama da Arte Brasileira do MAM (Museu de Arte Moderna), em SP. Ele realizou uma expedição de 15 dias em território indígena para colocar uma pedra no cume do pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil, e ""elevar a altura máxima do país"". O projeto será apresentado em vídeo. ESCRITOS DE UMA ERA O conselheiro do TCM (Tribunal de Contas do Município) João Antonio fez noite de autógrafos do livro ""A Era do Direito Positivo"", na Livraria Martins Fontes da avenida Paulista. O secretário municipal de Serviços, Simão Pedro, o secretário municipal de Relações Governamentais, José Américo, e o vereador Eliseu Gabriel foram ao evento, na quinta (24). CAMILA FRANCESA Camila Pitanga vai ser uma das únicas brasileiras na primeira fila do desfile da Dior, em Paris, nesta sexta (2). Depois do evento, a atriz será fotografada com Raf Simons, estilista da marca, para um editorial da versão brasileira da revista ""Glamour"". CURTO-CIRCUITO Gustavo Alonso lança o livro ""Cowboys do Asfalto"" nesta segunda (28), às 19h30, na unidade do Sesc na Bela Vista. O senador Eunício Oliveira faz palestra nesta segunda (28) na sede do Seac-SP, nos Jardins, às 19h. A festa de reabertura do Teatro Municipal de Santo Amaro Paulo Eiró é nesta segunda (28), às 19h, com concerto. Arnaldo Baptista se apresenta no Sesc Belenzinho de sexta a domingo. 12 anos. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI"
Acompanhamento do contrato social,"Com os números do gasto público fechados para 2014, é o momento de acompanharmos a evolução do que venho chamando de contrato social, a expansão dos gastos sociais brasileiros em função da demanda nesse sentido manifestada pelos eleitores desde a reinstauração da democracia. De 1997 até 2014, o gasto não financeiro da União, excluindo transferências a Estados e municípios, cresceu de 14% do PIB (Produto Interno Bruto) para 20%. Trata-se de expansão de seis pontos percentuais do PIB de uma economia cujo crescimento real acumulado no período foi de 60%. De acordo com o IBGE, a carga tributária bruta no Brasil era de 28,6% do PIB em 1997. Atualmente deve estar na casa de 36% –aumento, portanto, de 7,4 pontos percentuais do PIB desde 1997. Desse crescimento, 6 pontos percentuais foram, como vimos, para o gasto não financeiro da União. O 1,4 ponto percentual restante deve corresponder ao crescimento dos gastos dos governos regionais. O próximo passo é sabermos quais rubricas se expandiram: 44% do crescimento, ou 2,7 pontos percentuais do PIB, deveu-se à elevação dos gastos com INSS; 11%, ao custeio da saúde e educação; e 30%, ao crescimento dos programas sociais, rubrica que compreende o Bolsa Família, o seguro-desemprego, benefícios da lei orgânica da assistência social e o abono salarial. Ou seja, 85% da elevação do gasto da União em pontos de percentagem do PIB ocorrida de 1997 até hoje se deveu a três rubricas do gasto social. Se incluirmos os subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida, encontraremos 90% do aumento! O aumento do gasto não financeiro da União tem ocorrido porque a sociedade, por meio do Congresso Nacional, desenhou programas sociais com critérios de elegibilidade e valores de benefícios ou subsídios, como é o caso do Minha Casa, Minha Vida, que resultam em crescimento automático do gasto público ao ritmo de 0,36 ponto percentual do PIB todo ano. Evidentemente, para que a conta feche, a carga tributária tem que crescer ao mesmo ritmo todo ano. Existe um desequilíbrio entre a demanda sobre o setor público que decorre da legislação e a capacidade do setor público de arrecadar. Como escrevi em coluna recente, esse desequilíbrio foi mascarado por alguns anos por alguns eventos que não se repetirão –como a forte formalização do mercado de trabalho– e que resultaram numa taxa de crescimento da receita pública maior do que a taxa de crescimento do produto. Essa dinâmica muito favorável da receita deixou de existir em 2012. O buraco fiscal que se abriu desde então resultou essencialmente do processo automático de crescimento do gasto público –fruto do contrato social– e da redução natural na taxa de crescimento da receita, para valores compatíveis com o crescimento do produto. A situação fiscal foi agravada por uma política desastrosa de desoneração tributária e controle de preços que a atual equipe econômica tem revertido. Assim, é importante que a sociedade entenda que ou revemos os termos do contrato social –critérios de elegibilidade e valores de benefícios e subsídios implícitos nos diversos programas sociais– ou é necessário passarmos por uma nova rodada de elevação, ainda maior do que está programado para 2015 e 2016, da carga tributária. É nesse contexto que as medidas de reformulação dos critérios de elegibilidade e valor dos benefícios do seguro-desemprego, pensão por morte e abono salarial precisam ser analisadas. Além de atender ao objetivo de curto prazo de atingir o superavit primário de 1,2% do PIB, tão importante para que não percamos o grau de investimento na classificação de risco de nossa dívida soberana, as medidas atendem o objetivo estrutural, essencial em toda sociedade civilizada, de que os benefícios concedidos em lei tenham dinâmica compatível com a evolução do Orçamento. É importante que o Congresso Nacional entenda esse ponto e aprove as medidas do ajuste fiscal."
'A importância de se amamentar',"Há uns bons anos, escrevi neste espaço sobre uma peça publicitária publicada por uma construtora em jornais e revistas. A frase era esta: ""O charme de se morar bem"". Escrevi sobre a absoluta, completa, plena, total, integral inutilidade do pronome ""se"" nesse tipo de construção linguística. Sugiro ao leitor que leia a frase sem o ""se"" e me diga o que acha do resultado. Vamos lá: ""O charme de morar bem"". Que tal? ""O charme de se morar bem"" é um mostrengo, um exemplo perfeito de mau gosto etc. Antes que alguém saia por aí generalizando, o que, no caso, equivaleria a dizer que o ""se"" ao lado de infinitivos é sempre ruim, digo logo que a coisa não é assim. Cada caso é um caso. Num texto escrito, ninguém eliminaria o ""se"" de frases como ""Para se infiltrar em quadrilhas, um policial precisa..."" ou ""A fim de se habituar à altitude, o time paulista viajará..."". Na frase publicitária, emprega-se o verbo ""morar"", que não é pronominal (como ""infiltrar"" e ""habituar"" nos exemplos citados), não se emprega na voz passiva e não se usa com pronome oblíquo de realce, o que ocorre, por exemplo, com o verbo ""ir"" (""Ele se foi para sempre""). Pois bem. Há algumas semanas, mais exatamente no ""Dia da Amamentação"", um site publicou este título: ""A importância de se amamentar"". Assim que li o título, olhei para o meu peito e não vi úberes, seios fartos ou algo do gênero; quando muito, vi uma barriguinha um tanto avantajada... Concluí tristemente que não posso amamentar-me... O verbo ""amamentar"" normalmente é empregado como transitivo direto, o que significa que o seu processo começa em quem o executa, isto é, em quem amamenta, e termina em quem é amamentado. É por causa desse ""trânsito"" que o verbo é transitivo. Às vezes, um verbo transitivo é reflexivo, o que significa que o processo começa e termina em quem o executa (""Ele se mutilou"", ""Ela se maquiou""). Nesses casos, o ""se"" representa o elemento que funciona como paciente do processo, cujo agente é justamente o elemento que o ""se"" representa. Se fosse possível alguém ser o executor e o receptor do ato de amamentar, a frase ""A importância de se amamentar"" seria perfeita, mas, como isso (ao que parece) não ocorre... Que tal dizer/escrever pura e simplesmente ""A importância de amamentar""? A frase não seria mais enxuta, mais concisa, mais elegante e, sobretudo, muito mais clara? Antes que alguém pergunte que fim levaria o complemento do verbo ""amamentar"" numa frase como ""A importância de amamentar"", digo que, em casos como esse, embora o verbo seja classificado por alguns como intransitivo, está subentendida a existência dos receptores do processo expresso pelo verbo (aqueles que são amamentados). Ninguém é imune a cochilos quando escreve. Ninguém. Certamente já perpetrei inúmeras maravilhas. Quando me dou conta delas, pela minha própria observação ou pela advertência de alguém, só me resta alterar, corrigir etc. Na semana passada, por exemplo, perpetrei esta maravilha, apontada por um leitor de Ribeirão Preto: ""...começar pela (re)preparação dos professores e seguir pela reforma e/ou construção de escolas adequadas, pelo pagamento de salários decentes etc."". Percebeu, caro leitor? Acabei propondo a reforma de escolas adequadas... O que eu queria dizer era isto: ""...e seguir pela reforma das escolas já existentes e pela construção de escolas adequadas..."". Foi isso o que eu efetivamente disse? É claro que não. Pau no professor! É isso."
Centro LGBT vai homenagear lésbica que morreu após ser espancada em SP,"A mãe, o filho e a irmã de Luana Barbosa dos Reis, que morreu após ser espancada em abril em Ribeirão Preto (SP) e virou ícone da luta por respeito às lésbicas, estarão na inauguração do Centro de Cidadania LGBT da zona norte. O espaço, que terá o nome de Luana, será aberto pela Prefeitura de SP nesta segunda (26). Para a família, PMs são os culpados pela morte. A corporação investiga o caso. Leia a coluna completa aqui"
Quanto mais cedo melhor,"Se eu descobrisse que havia contraído o HIV, começaria o tratamento imediatamente. Não levaria em conta se a transmissão era coisa de cinco anos atrás ou do mês passado. Desde o final de 1995, quando surgiram os primeiros antivirais mais potentes, os especialistas discutem qual seria o momento ideal para iniciar o tratamento. Baseados em observações pessoais e em estudos clínicos realizados com poucos participantes, alguns especialistas aconselham que os antivirais sejam prescritos assim que a infecção for diagnosticada. No Brasil, o Departamento de DST-Aids recomendou a implementação dessa estratégia já em 2013. A falta de estudos conclusivos e as dificuldades na obtenção de recursos para medicar os 35 milhões de infectados existentes no mundo, entretanto, explicam por que boa parte dos países propõe tratar apenas aqueles com células CD4 na corrente sanguínea abaixo de 500 (normal entre 500 e 1.200/mm³). Mais conservadora, a Organização Mundial da Saúde adota o limite de 350. Ainda assim, menos de 14 milhões de pessoas recebem os antivirais nos cinco continentes. Para esclarecer a controvérsia, em março de 2011 foi iniciado o estudo Start, realizado em 35 países, entre os quais o Brasil. O Start recrutou 4.685 participantes HIV-positivos, saudáveis, com mais de 18 anos, que apresentavam níveis de CD4 acima de 500. Metade deles começou o tratamento imediatamente, enquanto os outros receberam os antivirais apenas quando a contagem de CD4 caiu para valores abaixo de 350 ou surgiram as infecções oportunistas e os cânceres característicos da Aids. O estudo foi programado para terminar no fim de 2016. Em março de 2015, no entanto, a análise estatística demonstrou diferenças significativas que justificaram a interrupção da pesquisa: no grupo tratado imediatamente ocorreram 41 óbitos ou progressão para a fase de Aids, contra 86 desses eventos entre os que receberam tratamento mais tardio. Portanto, o início imediato da medicação reduziu em 53% a mortalidade ou progressão para a fase de Aids. O Start é o primeiro ensaio clínico conduzido com milhares de participantes em vários países a demonstrar as vantagens do tratamento já nas fases mais precoces da infecção, estratégia com implicações pessoais que terão impacto na saúde pública, porque os antivirais modernos reduzem em mais de 90% a probabilidade de transmissão do vírus para os parceiros sexuais. Em 1996, quando surgiram as combinações de drogas que ficaram conhecidas como ""coquetel"", a prevalência da infecção pelo HIV no Brasil era a mesma da África do Sul. Ao contrário deles, nós adotamos a política de distribuição gratuita dos antivirais. Lá, a prevalência atual é de 10%. Se estivéssemos na mesma situação, teríamos milhões de brasileiros com o vírus, em vez dos 600 mil estimados pelo Ministério da Saúde. A prescrição de antivirais para os 35 milhões de crianças e adultos infectados no mundo, reduziria bruscamente a velocidade de disseminação da epidemia. Se considerarmos que atualmente apenas 62% dos adultos e 24% das crianças participam dos programas mundiais de distribuição gratuita, a um custo de US$ 6,3 bilhões por ano, concluiremos que seria necessário um investimento anual de R$ 20 bilhões. Para um esforço que envolvesse os países mais ricos do mundo, a quantia é irrisória; dinheiro de pinga, como diz o povo. No Brasil, as estimativas são de que em cada quatro pessoas HIV-positivas, uma desconheça sua condição. Se estiverem certas, entre os 600 mil infectados haveria 150 mil espalhando o vírus sem saber. É muita gente. Se todos fossem tratados, a epidemia brasileira estaria controlada. É preciso que o teste rápido para a Aids esteja disponível nas farmácias, de modo a ser realizado na saliva ou numa gota de sangue, na intimidade do lar. Não é o que fazemos com os testes para gravidez? A ideia de que o aconselhamento com profissionais seja imprescindível para que as pessoas não se suicidem ao saber da positividade do exame é de uma ingenuidade atroz. Nunca vi ninguém se matar por medo de morrer."
Envelhecer em tempos de PEC,"Eu era menino quando, no Campo Santa Margherita, meu pai me apontou a casa de Sebastiano Venier, que foi ""capitão do mar"" (almirante) da frota veneziana vitoriosa na batalha de Lepanto, contra os otomanos, em 1571. Venier, na época da batalha, tinha 75 anos. Seu braço cansava ao retesar a balestra, e um ajudante se encarregava disso por ele. Ele lutava de pantufas e dizia que era porque elas não escorregavam na ponte do navio, molhada de água e sangue, mas era por causa dos calos que o impediam de usar botas. Fora isso, ficou o tempo todo plantado na ponte de seu navio, o Capitana. Já a história de Enrico Dandolo me foi contada diante de quatro homens que subiam a escada da Ponte della Veneta Marina, em Veneza, carregando um ancião numa cadeira. Talvez meu pai imaginasse que eu menosprezava o inválido; por isso, me contou que Dandolo, em 1204, aos 96 anos, doge de Veneza, foi reconquistar Constantinopla: aos gritos, da ponte de sua galera, pedia que os soldados o levassem logo à terra, na hora do ataque. Cresci numa época em que a morte era temida, a finitude da vida incomodava a todos, mas ser velho era um valor; a esperança e o dever dos jovens era envelhecer, sem demora. Assisti a uma mudança cultural tremenda e rápida. Quando cheguei aos 12 ou 13 anos, os adolescentes, recém-inventados, já estavam se tornando objeto da inveja de todos, e os velhos (previamente objetos de admiração) começavam a aparecer como um fardo. A desculpa era econômica: haverá aposentados demais, que adoecerão, pedindo cuidados custosos. Mas, provavelmente, a verdade é que o medo de morrer nos leva até a negar nossa própria velhice iminente: desprezamos os ""parasitas"" que seremos. No entanto, quem disse que os velhos são ""parasitas"" desprovidos de utilidade social? Recentemente, a PEC da Bengala modificou a aposentadoria compulsória dos membros de tribunais superiores para 75 anos. O editorial da Folha de 8 de maio pedia que a medida fosse coextensiva a todo o funcionalismo público. Pode ser que a PEC surja, hoje, como uma manobra política para postergar nomeações de ministros do STF até as próximas presidenciais. Por que renunciaríamos ao patrimônio de experiência dos velhos? No começo do século passado, a psicologia distinguiu dois fatores de inteligência. Embora discutida, a distinção permanece: grosso modo, a inteligência fluida é a capacidade de se adaptar a situações novas de forma rápida e flexível. A inteligência cristalizada é construída pelo aprendizado do indivíduo e é uma espécie de sabedoria: permite compreender realidades complexas, estabelecer relações não intuitivas, avaliar e julgar situações contraditórias. Em 2009, A. Kramer e A. Nunes publicaram uma pesquisa, no ""Journal of Experimental Psychology"" (http://migre.me/pPIx4), comparando os controladores de tráfego aéreo dos Estados Unidos (que têm aposentadoria compulsória aos 56 anos) com os do Canadá (que só se aposentam aos 64). Eles chegaram à conclusão que a aposentadoria compulsória dos americanos era um desperdício. Em testes genéricos, os controladores mais velhos eram mais lentos, mas, em testes de decisões ligadas ao tráfego aéreo, sua experiência compensava qualquer perda cognitiva da idade. Outro exemplo: em 2010, Igor Grossmann e outros publicaram uma pesquisa nos ""Proceedings of the National Academy of Science"" dos EUA (http://migre.me/pPIZC), mostrando que existem aspectos do pensamento que melhoram com a velhice. A jovens e velhos, eles apresentaram uma série de histórias ou dilemas que tinham a ver com conflitos entre indivíduos ou entre grupos. E pediram soluções e comentários. Foi constatado que, em comparação aos jovens ou às pessoas de meia idade, os idosos usam raciocínios mais complexos e enxergam melhor a necessidade de perspectivas múltiplas e de compromissos. Conclusão: ""É recomendável que pessoas mais velhas ocupem funções sociais cruciais, que incluem decisões legais, aconselhamento e negociações entre grupos"". O campo de pesquisa sobre os efeitos positivos do envelhecimento está aberto. * P.S. O livro de Anne Karpf, ""Como Envelhecer"" (ed. Objetiva, série 'The School of Life', R$ 26,90, 192 págs.) é ótimo e um excelente companheiro para quem está a fim de envelhecer e de pensar sobre nossa mudança cultural diante da velhice. Agora, a editora deveria imprimir com fontes mais clementes com a hipermetropia de quem envelhece."
DNA da corrupção,"RIO DE JANEIRO - O partido da oposição precisava de 2 milhões para lançar um candidato que vencesse o governo, que se tornara maldito pela corrupção e incapacidade. O líder oposicionista escolheu, ouvidas suas bases, o governador do Piauí, homem honrado e competente. Enviou ao nobre Estado nordestino um representante para convidá-lo a disputar a Presidência. O governador declarou que já fizera tudo pelo país, nunca lhe passara pela cabeça ser presidente, já se sacrificara pela nação, só lhe restava a aposentadoria. Fizera seu dever. O representante da oposição argumentou contra, o país precisava de um salvador, um homem capaz e honesto. Mas o partido tinha um deficit de 3 milhões, precisava de dinheiro para lançar uma formidável campanha para eleger o seu candidato. O governador coçou a cabeça, não tinha dinheiro. Foi então que o seu chefe de gabinete, o Fonsequinha, lembrou a verba da merenda escolar. O governador recusou a idéia. Deixar criancinhas com fome seria um crime hediondo, um crime contra a humanidade. A sua consciência cristã jamais cometeria tal infâmia. O mesmo Fonsequinha sugeriu então um processo que vinha do tempo de Floriano, um banco que devia uma fortuna de impostos estaduais, bastava uma anistia fiscal e ainda sobraria dinheiro para Sua Excelência realizar o sonho de sua esposa: conhecer as ilhas gregas e o Taj Mahal, na Índia. Na volta, passar uns dias em Positano, na Costa Amalfitana. O governador coçou novamente a cabeça: ""Fonseca, você garante que os jornais não vão me esculhambar?'' Fonsequinha garantiu que tinha a imprensa, o rádio e a TV na mão, bastava nomear as amantes de alguns cobras da mídia para um Tribunal de Contas que desse sopa. Tudo correu bem. O governador foi indicado para o Senado, e Fonsequinha, nomeado porta-voz da campanha: ""O Piauí vale a pena""."
"Partidos procuram Joaquim Barbosa, mas ex-ministro do STF quer distância","Joaquim Barbosa tem sido procurado por integrantes dos mais diversos partidos —inclusive do PT—, para discutir a situação política. Ele diz que prefere se manter ""free"" ou seja, livre, e distante de agremiações. FICHA Numa oportunidade, um ex-governador do PMDB chegou a mostrar uma ficha de filiação ao ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal). Tucanos e integrantes da Rede, de Marina Silva, também já procuraram Barbosa para conversar. OUTSIDER Ele diz que sempre foi pessoa de ""opiniões fortes"", mas ao mesmo tempo avessa a associações ou a ""assumir bandeiras, fazer proselitismo"". FREIOS O ex-ministro afirma que ""nem a esquerda nem a direita me conhecem"". E se define como ""pessoa de centro-esquerda, um social-democrata ao estilo europeu. Ou seja, o Brasil tem um sistema capitalista. Mas a Constituição prevê medidas de mitigação dos excessos do capitalismo. E essa é a minha posição"". LÁ LONGE O preconceito de chefes é considerado por 68% das brasileiras a principal barreira para assumir um cargo de liderança em uma empresa. Entre os homens, 26% acham justo que as mulheres ocupem menos cargos de chefia porque podem engravidar e sair de licença-maternidade. E 17% dos homens não querem ter chefe mulher. LÁ LONGE 2 Os dados são de pesquisa do Instituto Locomotiva com 1.882 pessoas. O resultado será apresentado por Renato Meirelles, presidente do instituto, nesta sexta (2), em SP. NA ESTRADA O ator José de Abreu está solteiro outra vez. Ele e a cineasta Priscila Petit encerraram o casamento. ""Foi bom enquanto durou"", diz Abreu. NA ESTRADA 2 O ator, que está escrevendo uma autobiografia, diz que já chegou ""na página 450"". E que ainda nem sequer alcançou a década de 1980, quando se mudou para o Rio e entrou na TV Globo. PRIMEIROS PASSOS O produtor musical Rick Bonadio vai abrir seu estúdio, o Midas, para Nathan da Silva, 15, gravar a música campeã de um festival de combate ao machismo. O aluno de escola pública venceu com o rap ""Primeiro Passo"" o concurso Vozes pela Igualdade de Gênero, do Ministério Público de SP e da Secretaria de Estado da Educação. ""Ideias sobre respeito e igualdade precisam ser colocadas na cabeça dos jovens desde cedo. Usar a música para isso é ótimo"", diz o produtor. PRIMEIROS PASSOS 2 E Rick, que foi jurado da primeira edição do ""X Factor Brasil"", fechou contrato com a Sony para produzir o disco de Cristopher Clark, vencedor do programa de calouros da Band. O álbum deve sair em janeiro. O CORPO E A CASA O artista austríaco Erwin Wurm vai expor no CCBB-SP a partir de 25 de janeiro. Conhecido por suas esculturas de pessoas e objetos deformados —como uma casa inteira construída de ponta-cabeça— ele terá 48 obras exibidas, incluindo o ""fat conversible"", um carro conversível ""engordado"" por Wurm. PROPINA & AFINS Marina Silva confirmou presença no lançamento do livro ""A República da Propina"", do juiz Márlon Reis, um dos idealizadores da Lei da Ficha Limpa. A ex-senadora e o porta-voz nacional da Rede, José Gustavo Fávaro Barbosa, vão participar de um debate sobre a política brasileira durante o evento, no próximo dia 8, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional. - EM FAMÍLIA Marcos Mion lançou na quarta (30) seu primeiro livro infantil, ""A Escova de Dentes Azul"", na Livraria Cultura do shopping Iguatemi. Além de seu pai, o médico Décio Mion, foram ao evento a mulher do apresentador, Suzana Gullo, e os três filhos do casal: Romeo, Stefano e Donatella. A ex-colega de MTV Astrid Fontenelle também passou por lá. - VISÕES COM MAGAL O filme ""Magal e os Formigas"", com participação do cantor Sidney Magal, estreou na terça (29) no Cinemark do shopping Eldorado. Estiveram na exibição os atores Norival Rizzo, Mel Lisboa e Zécarlos Machado, do elenco do longa, que tem direção de Newton Cannito e produção de Roberto D'Avila. A atriz Leona Cavalli e a autora de novelas Thelma Guedes também assistiram à comédia. - CURTO-CIRCUITO O advogado João Mestieri teve dois poemas selecionados para a ""Antologia de Prosadores e Poetas Brasileiros Contemporâneos"", que será lançada no domingo (4), em Gramado (RS). Zeca Baleiro canta nesta sexta (2) no Auditório Ibirapuera, às 21h, na comemoração dos 21 anos do Projeto Guri. O cineasta Joel Zito Araújo faz nesta sexta (2) palestra no Itaú Cultural, dentro do 1º Seminário do Audiovisual Negro. Com JOELMIR TAVARES, LETÍCIA MORI e DIEGO ZERBATO."
STF suspende julgamento sobre foro e discute 'montanha-russa processual',"Ele foi prefeito, virou deputado federal, deixou de ser, tornou-se deputado de novo, renunciou ao mandato, voltou a ser prefeito. Sempre que Marquinho Mendes (PMDB-RJ) ia ser julgado, o processo acabava parando em outro lugar. Ou no Tribunal de Justiça (foro de quem é prefeito), ou no Supremo Tribunal Federal (para quem é congressista), ou até na primeira instância (para quem não é coisa nenhuma). Com o caso nas mãos, o ministro Luis Roberto Barroso propôs uma questão de ordem, tentando limitar as regras do foro privilegiado. Ou ""prerrogativa de foro"", como se prefere dizer no STF. Na sessão desta quarta-feira (31), ele propôs que o foro privilegiado passe a valer apenas para julgar crimes cometidos durante o exercício do cargo e que tenham relação com este. Crimes comuns devem correr nos tribunais ordinários. Além disso, continuou Barroso, deve-se determinar que, depois de uma determinada etapa do processo, os casos sejam julgados a partir de um ponto só, sem ficar pulando de lugar. É preciso evitar a ""montanha-russa processual"", concordou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ademais, advertiu, o aumento exponencial de demandas criminais contra parlamentares e outras autoridades vai inviabilizar o funcionamento do STF. Ao ler seu voto, Luis Roberto Barroso citou números. Para receber uma simples denúncia criminal, o STF gasta um prazo médio de 581 dias, quando um juiz de primeiro grau não demora mais de 48 horas nessa etapa do processo. Há casos que se arrastam por dez anos. O clima da corte parecia simpático às considerações de Barroso. No dia seguinte, quando a questão foi retomada, tudo virou. O ministro Gilmar Mendes tomou a palavra. Usam-se dados de pesquisas irresponsáveis para denegrir o Supremo, reclamou. Para a Fundação Getúlio Vargas, disse, 68% dos processos criminais examinados pelo Supremo prescrevem. Mas a pesquisa confunde a simples rejeição de uma denúncia (etapa anterior à própria abertura do processo) com a prescrição do caso. E muitos pedidos do Ministério Público são feitos sem base nenhuma, ou com fins de intimidação. O próprio MP, acusou Gilmar, abandona as investigações, e não pede o arquivamento porque isso ""é difícil politicamente"". Quando se julgava o mensalão, lembrou Gilmar, a própria imprensa se insurgia contra o desmembramento do processo, que levaria muitos réus à primeira instância; via nisso risco de impunidade e demora no julgamento. Dias Toffoli acrescentou dados de seu gabinete, mostrando que é mínima a proporção dos casos penais diante de tudo o que o Supremo tem de julgar. O ministro Alexandre de Moraes fez outras advertências. Qualquer mudança nas regras pode estimular ainda mais recursos e pedidos de esclarecimento. Determinações explícitas da Constituição teriam de ser desrespeitadas. Sem falar nas Constituições estaduais. Mais concretamente, como fica a Operação Lava Jato? O inquérito presidido por Luiz Edson Fachin teria de ser desmembrado? MARIA DA PENHA Moraes acabou pedindo vista. A favor da proposta de Barroso, votaram desde já Carmen Lúcia, Marco Aurélio Mello (com ressalvas) e Rosa Weber. Como podemos admitir, disse Rosa Weber, foro privilegiado para um parlamentar acusado de infringir a Lei Maria da Penha? Bater numa mulher não é crime relacionado ao exercício do cargo... e o Supremo é chamado a julgar coisas desse tipo. Barroso ainda quis dar uma palavra final. Tanto o STF é considerado garantia de impunidade, que vemos gente sendo nomeada para cargos públicos apenas para escapar de ação penal... Mas aí, seria o caso de lembrar, é porque muita gente quer escapar de Curitiba, e nem sempre a primeira instância funciona como lá. A discussão, pode-se brincar, fica sendo menos sobre prerrogativa de foro do que sobre prerrogativa de Moro. Fica tudo suspenso, de qualquer modo, até que Alexandre de Moraes apresente seu voto."
Patrocínio e futebol,"A margem de lucro operacional da Premier League do futebol inglês, a mais rica federação do planeta, atingiu o recorde de 19% em 2013/2014. Foi resultado de um leilão de direitos de TV, e a receita da venda de direitos deve subir em 50% até 2016/2017, quando representará mais de 60% do balanço dos clubes. A regra de restrição salarial da Premier League reduz as tentações quanto a gastar. A Premier League gasta 58% do que arrecada com salários, ante 49% da Bundesliga alemã, 60% da La Liga espanhola, 70% da a Série A italiana e 64% da Ligue 1 francesa. Mas o escândalo na Fifa, que continua, deve fazer com que essas ligas ajam com cuidado. O brasileiro apanhado no indiciamento do Departamento da Justiça dos EUA serve como alerta das consequências de lavar dinheiro por meio de bancos do país. José Hawilla, por meio da agência de mídia esportiva Traffic International, supostamente usou a agência do Delta Bank and Trust Company para pagar US$ 60 milhões a dirigentes da Fifa por direitos de TV e patrocínio. De 2006 a 2007, segundo o indiciamento, a Traffic transferiu pelo menos US$ 15 milhões à Conmebol. O Delta Bank se especializou em atender a clientes latino-americanos ricos. De acordo com Gina Chon, do ""Financial Times"", oferece serviços bancários privados e só tem cinco agências. O banco é parte de uma investigação federal de maior porte sobre instituições que detinham contas supostamente usadas no esquema da Fifa. Foram os regulamentos federais sobre declaração de transações que implicaram Jack Warner, ex-vice da Fifa e um dos 14 indiciados –ele está em liberdade sob fiança em Trinidad. Foi a regra rotineira que requer que transações superiores a US$ 10 mil sejam reportadas que envolveu os dois filhos de Warner, Daryll e Daryan, no escândalo. De julho a dezembro de 2011, os irmãos Warner fizeram 27 depósitos em bancos com valor superior a US$ 9.000, mas inferior a US$ 10 mil. Daryan fez oito depósitos de US$ 9.900, mas em dezembro de 2011, reporta Gina Chon, depositou US$ 10.308,80 em Miami. É possível, afirmou Steven Berryman, agente especial da Receita que investiga o caso, que ""o depositante tenha calculado incorretamente a quantia que receberia pelos euros depositados"". Começaram a examinar o processo seletivo para a Copa no Brasil em 2014, que terá por foco o relacionamento entre Jérôme Valcke, secretário-geral da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF. Os depósitos de US$ 9.900 dos irmãos Warner me fizeram lembrar pessoas que vi em fila no meu banco, em Nova York, para fazer depósitos de US$ 9.900 em dinheiro. Imaginei muitas vezes qual poderia ser o motivo. Agora sei. Tradução de PAULO MIGLIACCI"
Vencer a Argentina no Mineirão seria um marco do fim da depressão do 7 a 1,"Após a conquista da medalha de ouro, de quatro boas atuações e da liderança nas eliminatórias, se o Brasil tiver uma vitória convincente contra a Argentina, no Mineirão, local da tragédia dos 7 a 1, não seria um marco simbólico do fim da depressão, do luto, mesmo não sendo contra a Alemanha nem uma vitória por uma grande diferença de gols? Sepultar os 7 a 1 não seria apagá-los, o que é impossível. Continuarão vivos em nossa memória. Mas, seria bom acabar com a prática de remoer a tragédia, como se fosse um martírio, uma culpa que precisa ser vivenciada, expiada, para sempre. Uma correção e/ou explicação. Indaguei, na coluna anterior, se não estaria na hora de esquecer o futebol ultrapassado que se jogou no Brasil durante uns 20 anos, para iniciar uma nova era. Poderia ter dito 14 anos, já que o Brasil foi campeão do mundo em 2002. Falei 20 anos porque, no início desse período, mais ou menos em 1996, quando comecei a ver jogos com o olhar de comentarista, o futebol brasileiro estava muito ruim, como em todo o mundo. Muitos jornalistas alemães, presentes na Copa do Mundo de 2002, disseram, logo após o Mundial, que a seleção alemã, vice-campeã, era a pior de sua história. Isso mostra a pouca qualidade do futebol na época. A partir daí, começou um plano de recuperação, na Alemanha e em toda a Europa, o que não foi acompanhado no Brasil, como se aqui estivesse tudo ótimo, por causa do título. Isso só começou recentemente, com Tite no Corinthians, antes do Mundial de 2014. Após os 7 a 1, os treinadores acordaram e começaram a mudar, apesar dos vícios acumulados durante longo tempo continuarem ainda impregnados. A seleção com Tite contraria o lugar-comum de que é necessário um longo tempo para se formar um ótimo conjunto. Uma das razões disso é que jogadores que atuam na Europa perceberam que os conceitos e as estratégias do técnico brasileiro são parecidos com os que estão acostumados. Com Felipão e Dunga era bem diferente. Ficavam perdidos. Se Renato Augusto continuar até a Copa com ótimas e surpreendentes atuações, muito melhores do que teve em sua longa carreira, e se Gabriel Jesus se tornar um centroavante excepcional, vai melhorar muito a qualidade e o nível técnico da geração atual. O que não se deve é criar uma expectativa de que Gabriel Jesus será um Romário, um Ronaldo. Aí, é querer demais. BRASILEIRÃO Nesta reta final e decisiva do Brasileirão, provavelmente, veremos jogos com muita emoção, muito tumultuados, com muita reclamação em relação aos árbitros, com muita disputa física, faltas violentas e com menos qualidade técnica. Hoje, vai pegar fogo, com o Internacional, precisando ganhar de qualquer jeito para fugir do rebaixamento, contra o Flamengo, que também precisa vencer para ser campeão. Palmeiras e Atlético-MG têm jogos dificílimos fora de casa, contra Figueirense e Botafogo. O Flamengo confia na volta ao Maracanã. Se o Palmeiras não tivesse uma casa fixa, como não teve os rubro-negros, estaria em primeiro lugar? Não sei. Os times, técnicos e jogadores brasileiros precisam aprender a unir a garra e o talento, a velocidade e a cadência, a intensidade e a lucidez, a inspiração e a expiração. Não é uma coisa ou outra. Quem conseguir fazer isso terá mais chance de vencer."
Super Bowl entretém até quem não é fã de futebol americano,"O Super Bowl está para o esporte como o Carnaval está para a festa. Não há no mundo quem faça um espetáculo tão impressionante como a nossa farra momesca, mas em se tratando de evento esportivo ainda temos que comer muita grama para chegar aos pés dos americanos. Eles conseguiram fazer uma final de futebol americano que não é apenas um jogo, mas um evento plural, com esporte, música, comida. Por isso, tem a capacidade de entreter até quem não é fã da modalidade. Para se ter uma ideia, o domingo do Super Bowl é o segundo dia do ano em que mais se consome comida nos Estados Unidos, atrás apenas do feriado de Ação de Graças, uma das datas mais celebradas no país. Hoje, o Super Bowl é o evento esportivo mais valioso do mundo (US$ 630 milhões), na frente de Olimpíada (US$ 366) e Copa do Mundo (US$ 229), segundo levantamento da revista ""Forbes"". Passou a ser o mais assistido nos EUA e figura entre os mais vistos mundialmente. Os intervalos do jogo, ocupados originalmente por bandas marciais universitárias, são tão ou mais esperados do que a competição. A cada ano a expectativa só aumenta para saber quem estará no palco, que já teve Madonna, Rolling Stones, Prince, Michael Jackson. Este ano será Lady Gaga. Tudo é tão organizado -e explorado, para que ninguém mude de canal durante o intervalo para ver propaganda de TV. Isso mesmo. Os comerciais de 30 segundos, que custam US$ 5 milhões, tornaram-se atrações vistas, comentadas, compartilhadas. Foi no Super Bowl que a Apple anunciou o lançamento do Macintosh, em 1984, num comercial dirigido por Ridley Scott. Há dois anos, estava nos EUA, no dia de um Super Bowl. Ruas estavam vazias, enquanto havia fila na porta de restaurantes e bares. Os únicos dois que ainda aceitavam torcedores cobravam US$ 150 de consumação. Uma bagatela perto do que custa um ingresso, é verdade. Desisti e fui para a Bed, Bath & Beyond mais próxima e passei umas boas horas numa loja gigantesca, deserta, com um vendedor só para mim. O vazio da loja explica o sucesso do Super Bowl, que vale a pena acompanhar mesmo que pela TV. Não há nada parecido no Brasil, apenas os jogos da Copa, que acontecem de quatro em quatro anos. ERRAMOS Diferentemente do que informei nesta coluna na semana passada, o presidente da CBF Marco Polo Del Nero esteve no estádio do Engenhão no dia da homenagem feita ao time da Chapecoense. O UOL noticiou no dia da partida que Del Nero não compareceu ao evento realizado no gramado do Engenhão, onde foi feita uma homenagem aos jogadores, e eu repliquei a informação. Segundo a assessoria da CBF, Del Nero ""recebeu os sobreviventes, famílias das vítimas, a delegação colombiana e outros convidados para assistir ao jogo na Tribuna da CBF"". Peço desculpas aos leitores pelo erro e aproveito para atualizar minha crítica. Evitar ir ao gramado, como fizeram todas as autoridades na ocasião da homenagem feita no estádio Atanásio Girardot, na Colômbia, e receber convidados no aconchego do anonimato, longe do crivo dos torcedores, é uma ótima estratégia para passar despercebido. Del Nero não enfrenta o público com medo de vaia, assim como viagens internacionais com medo do xilindró. Fora, Del Nero."
O preço da sacralização do Judiciário,"Aconteceram três episódios que prenunciam encrencas que serão testes para o Judiciário nacional. Em fevereiro, contra o voto de Celso de Mello e de três outros ministros, o Supremo Tribunal Federal decidiu que uma pessoa condenada na segunda instância deverá esperar o julgamento de um novo recurso na cadeia. Mello chamou a decisão de ""inversão totalitária"". Na semana passada, numa inversão minoritária, o ministro mandou soltar um empresário que, em 2009, matara o sócio. Condenado a 16 anos na primeira instância, ficou com 14 anos na segunda e foi preso. Mello soltou-o. Ele não julgou o caso, mas o direito de um assassino de esperar em liberdade o julgamento de seu último recurso. O Supremo deverá decidir se a decisão de fevereiro foi constitucional. Todos os grandes clientes e escritórios de advocacia que defendem a turma da Lava Jato torcem para ocorrer uma inversão plutocrática. Como 7x4 pode virar uma outra coisa, não se sabe, mas pode-se sonhar com uma reversão do doloroso 7x1 do Mineirão. Noutro episódio, o ministro Dias Toffoli mandou soltar o comissário Paulo Bernardo, que havia sido preso uma semana antes. Sua decisão foi cumprida pelo juiz da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo. Tendo sido obrigado a libertar o comissário petista, o magistrado soltou outros seis acusados de morder as contas de créditos de servidores públicos. Se é para soltar, soltemos todos. O terceiro caso, grotesco, aconteceu no Tribunal Regional Federal da 2ª Região. O juiz Marcelo Bretas mandou prender o notório contraventor Carlinhos Cachoeira e o notável empreiteiro Fernando Cavendish, da Delta. Prontamente, o desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, atendeu aos advogados de Cachoeira e converteu as prisões preventivas em domiciliares. Os repórteres Chico Otávio e Juliana Castro lembraram ao público que o desembargador já fora réu num processo que lhe custara o afastamento do tribunal por vários anos. Defendido por Técio Lins e Silva (hoje advogando para Cavendish), foi desonerado. Em 2014, Athié desbloqueara os bens do empreiteiro acusado de superfaturamentos em obras do governo do Estado do Rio. A amizade de Cavendish com o governador Sérgio Cabral era motivo de orgulho para ambos e Athié registrou que ser amigo de poderosos não poderia criminalizar um cidadão. O desembargador que rapidamente adocicou as preventivas foi novamente ligeiro: declarou-se impedido e entrou em férias. Suas decisões foram revertidas e a dupla foi para Bangu, até que o ministro Nefi Cordeiro, do STJ, retomou a linha de Athié e mandou soltá-los. Breve novos capítulos. * EREMILDO, O IDIOTA Eremildo é um idiota e acha que Michel Temer teve um comportamento heroico ao sugerir a Eduardo Cunha que renunciasse à presidência da Câmara. O que o idiota não entende é por que Temer não sugeriu a Cunha que renunciasse ao mandato. O FUTURO DE CUNHA Quase um ano depois de ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República, Eduardo Cunha mostrou que não dizia a verdade quando garantia que jamais renunciaria à presidência da Câmara. Seu futuro agora vai para as mãos dos 512 colegas. Serão necessários 257 votos para baixar a lâmina. Cada deputado estará diante do seguinte dilema: Devo cassar Eduardo Cunha sabendo que ele será preso ou desapareço no dia da votação e deixo que o Supremo Tribunal Federal o coloque na cadeia? Na segunda hipótese, o Legislativo assume o papel de tapete vermelho para o desfile do Judiciário. LAVA JATO Se depender do juiz Sergio Moro, a central da Lava Jato de Curitiba fechará seus escritórios até fim do ano. Se não der, dura até março, quando a operação completará três anos. Isso não significará o fim do pesadelo de muita gente. Os processos envolvendo outras malfeitorias serão redistribuídos para outros juízos. ITAÚ CULTURAL O dia em que o banco Itaú avisou ao Ministério da Fazenda que havia um conselheiro do Carf tentando achacá-lo com uma mordida de R$ 1,5 milhão deveria entrar para a história do empresariado nacional. Se outros empresários tivessem feito a mesma coisa, a carceragem de Curitiba estaria vazia. Em tempo, o conselheiro-mordedor foi indicado pela Confederação Nacional da Indústria. - TEMER PEDALANDO O governo de Michel Temer tem uma maneira própria de pedalar. Em menos de dois meses, abriu um novo horizonte para empresários que amarraram seus negócios às delícias da privataria. As concessionárias de seis grandes aeroportos privatizados não querem pagar os aluguéis devidos à Viúva. Coisa de R$ 2,3 bilhões. Elas argumentam que não devem pagar porque sua sócia estatal, a Infraero, não vai honrar sua parte. A clientela, contudo, nunca deixou de pagar suas taxas. Está numa gaveta do Planalto o texto da Medida Provisória que mima as concessionárias de rodovias estendendo-lhes o prazo das concessões que, em geral, caducam daqui a cinco anos. A prorrogação é o sonho de todos os concessionários. As empresas deveriam ter feito investimentos e melhorias nas estradas. Grosseiramente, 60% do que foi contratado continua no papel. O mimo mais bonito poderá ser dado às operadoras de telefonia. Quando o tucanato fez sua privataria, os arrematadores das teles tomaram posse dos imóveis e das redes de infraestrutura que pertenciam à Viúva, obrigando-se a devolvê-los. Temer quer dar esse patrimônio de presente às empresas. A Anatel o avalia em R$ 17 bilhões e o Tribunal de Contas da União, com possível exagero, estima em R$ 105 bilhões. A nova Lei das Estatais aprovada na Câmara permite que empresas da Viúva contratem obras e serviços de engenharia a partir apenas de um ""anteprojeto de engenharia"". Essa ideia surgiu em 1998, na Petrobras, e se destinava a tornar mais ágeis as licitações e as obras. Produziu a Lava Jato. - LEWANDOWSKI NA GARUPA DA GIRAFA Corre no Supremo Tribunal Federal uma articulação meio girafa. Em setembro, o ministro Ricardo Lewandowski deixa a presidência da Corte e será substituído pela ministra Cármen Lúcia. Com isso, abre-se uma vaga na segunda turma, a que cuida da Lava Jato. Pelo regimento, a cadeira deverá ser ocupada por Lewandowski. A ideia-girafa é patrocinar uma permuta antes de setembro. A ministra Cármen Lúcia trocaria de cadeira com um colega que está em outra turma. Driblado, Lewandowski seria mantido longe da Lava Jato. Uma pirueta desse tipo vai bem num diretório estudantil. Qual ministro continuaria no tribunal depois de ser submetido a semelhante constrangimento? Lewandowski quer que a Polícia Federal investigue quem criou o boneco inflável ""Petralovski"" que desfilou na avenida Paulista. Ele representaria ""intolerável atentado à honra"" do doutor e, ""em consequência, à própria dignidade da Justiça brasileira"". A ver, mas, se os seus eminentes colegas inflarem o drible da permuta, serão aplaudidos pela turma que fez o boneco."
Consolo,"Diferentemente de necrotério (lugar dos mortos, em sua origem grega), cemitério é o lugar para dormir. O de nome mais bonito que conheço é o Cemitério da Consolação: lugar para dormir, lugar de consolo. Reúne duas necessidades básicas do ser humano neste vale de lágrimas: descansar e consolar-se. As religiões são um produto natural deste anseio da espécie: elas nos consolam negando a morte (veja que no cemitério se dorme, não se está morto) e nos dando amparo do transcendente forte, um ser maior que nos protege. E quem, como eu, não tem religião? Como faz para se consolar do desamparo e da solidão a que estamos condenados? Já estava no caminho de encontrar algo útil, não um transcendente forte acima de mim para me subjugar e a quem servir, ou para a ele me agarrar com unhas e dentes, mas de uma referência-ferramenta para enfrentar a pedreira existencial, quando esbarrei com Boécio e o consolo da filosofia. Ele foi um romano do século 6º, preso injustamente e sentenciado à morte, que escreveu na prisão esse belo livro (""De Consolatione Philosophie"") em que registra sua conversa com as musas da filosofia, buscando com elas entender o sentido de sua prisão e de sua condenação à morte. É uma linda metáfora para a própria vida, se lembrarmos daquela sua definição: a vida é uma doença sexualmente transmissível, com 100% de fatalidade. Pois venho conversando com elas, as filosofias, e o que tenho ouvido delas me é de grande consolo. Primeiro foi a escola grega dos estoicos. Êta gente mal compreendida. No senso comum, são pessoas ""que sofrem em silêncio"". Não! Um estoico é alguém que simplesmente aceita a realidade que não pode ser mudada. Você nunca verá um estoico se queixar da chuva. E, se ele tiver perdido uma perna, fará tanto sentido se queixar de que tem uma só perna quanto faria para mim me queixar porque tenho duas: minha realidade é ter duas, a dele é ter uma. Mas um estoico não é cego às possibilidades de mudar a realidade incômoda: se ele souber de uma boa prótese no mercado, irá atrás dela. Depois foram os céticos. Esses buscadores do conhecimento (""episteme"") reconhecem que sua procura não tem fim, já que não chegam a nenhuma certeza absoluta, e sim a verdades funcionais. Não é aquela coisa pós-moderna de ""toda verdade é relativa"". Não. Existem verdades que fazem um avião voar, e fora delas existem desculpas. Na base aérea Edwards da Califórnia há uma placa que lembra: ""Desculpas não voam"". Dentro da escola dos céticos, amo os agnósticos: são os que se declaram incapazes de conhecer um determinado assunto. Não confundir com os ateus (""sem deus""), pois estes têm uma arrogante certeza absoluta da inexistência de Deus. Basicamente, eu, agnóstico, digo: se não consigo o conhecimento disso, isso não me servirá como referência de vida. Quanto a isso, Deus e a física quântica se equivalem: não consigo o conhecimento, não me servirão como referência de vida. Preciso de referências. Minha bronca com o pós-modernismo é tê-las detonado. Ouvi de uma cliente uma pergunta cômica: ""Ué, o pós-modernismo já não saiu de moda?"" Vai ser pós-moderna assim... www.franciscodaudt.com.br"
O abismo,"O último título mundial do Barcelona, em 2011, foi tratado no Brasil como choque de realidade. Pep Guardiola trata aquele 4 a 0 sobre o Santos de maneira diferente. Em seu livro, ""Guardiola Confidencial"", aquela partida é citada como a mais perfeita exibição do Barça. Individualmente, aquele Barcelona era inferior ao que ontem derrotou o River Plate e conquistou o terceiro Mundial de Clubes, com Luis Suárez, Messi e Neymar. Mas coletivamente, a equipe de 2011 era melhor. Contra o Santos, foi a melhor exibição do melhor Barcelona. A vitória sobre o River faz a Espanha igualar o número de conquistas com o Brasil: quatro a quatro desde que a competição virou oficial da Fifa. A conta é irreal. Mais justo é observar como a velha Copa Intercontinental era disputada antes da lei Bosman, em 1996. Até ali, havia limite de estrangeiros na Europa. A vantagem era sul-americana, com 20 títulos contra 14 europeus. Desde que os clubes da Europa passaram a ter seleções mundiais, sem restrição de nacionalidades, a soma das Copas Intercontinentais e Mundiais da Fifa registra 16 títulos da Europa, seis da América. Um massacre. Os sul-americanos só conjugam o verbo vencer quando enfrentam times em mau momento. Contra Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique, é impossível. A tendência é julgar que o futebol sul-americano está em péssima fase por produzir menos talentos. Ops... O ataque campeão mundial do Barcelona é formado por um argentino, um uruguaio e um brasileiro. O abismo tático e técnico é muito menor do que o econômico. Mas a pobreza de talento provoca algumas confusões de ideias. É comum ouvir no Brasil que vencer a Libertadores exige um tipo de jogo específico, mais forte, mais raça, mais vibração. Mentira deslavada. Se no início da década de 80, com menos câmeras e mais violência, o Flamengo pôde vencer com o time de Zico, de pura técnica, por que não é possível ganhar hoje à custa de qualidade? O River Plate foi o ano inteiro uma equipe sem acabamento. Primeiro confiou em Pisculichi, um jogador médio que viveu um momento grande nas finais da Copa Sul-Americana de 2014. Confiar nele custou jogar pessimamente a fase de grupos da Libertadores e classificar-se a duras penas. Nas semifinais, perdeu Teo Gutiérrez para o Sporting de Portugal. Teve a sorte de descobrir Alario, centroavante do Colón de Santa Fé, autor de gols na semifinal e na decisão da Libertadores. Seu melhor jogador, Carlos Sánchez, tem muita força e pouca técnica. O River jogou sempre com bolas longas, erros de passes e gols de bola parada. A final deste domingo (20) aconteceu entre o melhor time do planeta contra um sul-americano que não representa o melhor futebol do continente. Melhorar o nível técnico e ficar só com o abismo econômico só é possível com investimento pesado na organização da Libertadores. É impossível exigir mais qualidade dos estádios, mas é possível melhorar os gramados e pagar cotas mais altas para os participantes, como prometeu o presidente da Conmebol antes de ser preso. Se os representantes da América do Sul souberem que precisam colocar a bola no chão e não dar bicão para vencer a Libertadores, chegarão aos Mundiais ainda em inferioridade. O abismo econômico vai persistir. Mas a distância do estilo de jogo pode diminuir. O SORTEIO Os representantes brasileiros vão a Assunção para fazer pressão política por melhores condições na Libertadores. Mas a graça do sorteio será outra: pela primeira vez, os times serão conhecidos e os grupos indicarão a força de cada equipe. O SÃO PAULO Quem precisa de mais atenção é o São Paulo. O rival da primeira fase pode ser difícil. O Santa Fé, campeão da Sul-Americana, por exemplo. Haverá menos de um mês para montar o novo time e não correr o risco Tolima, como o Corinthians de 2011."
Luta contra o doping é uma causa perdida,"Em quatro dias começam os Jogos Olímpicos Rio-2016. Até os mais refratários a assistir e a praticar esportes, como alguns colunistas desta Folha, terminarão mesmerizados diante de um aparelho de TV, embevecendo-se com a plasticidade dos corpos e dos movimentos que jamais conseguirão imitar. O lamentável é que as telas ficarão privadas das figuras e bravuras de uma Maria Sharapova (tênis), de um Ivan Ukhov (salto em altura), de uma Ielena Isinbaieva (salto com vara), de um Alexey Korovashkov (caiaque) e de tantos outros russos. Deu zica para os atletas do país governado pelo bombado Vladimir Putin. A delegação da terceira maior potência olímpica chega ao Rio desfalcada pelo vírus do moralismo antidoping. Cinco dias atrás o colega Hélio Schwartsman já denunciou as bases frágeis da ideologia antifarmacológica que tenta banir as drogas dos Jogos, e há pouco para acrescentar à argumentação ética que apresentou. Só caberia ponderar também que a luta contra o doping é uma causa perdida. Sempre houve e sempre haverá especialistas tentando encontrar e utilizar substâncias que ainda não tenham entrado no rol das proibidas, ou subterfúgios (quando não trapaças metódicas como se viu na Rússia para escapar da detecção. Laboratórios cada vez maiores e mais aparelhados se fazem necessários para flagrar essas tentativas. Parece uma corrida armamentista, um lado sempre buscando desenvolver dispositivos novos para suplantar ou enganar o adversário. Não há vencedores nessa guerra. Tudo, ao final, é uma questão de tecnologia. Se se admite que novos materiais e trajes contribuam para melhorar de maneira infinitesimal o desempenho de atletas, o mesmo deveria ocorrer com fármacos. O primeiro nadador que depilou o corpo todo por certo obteve ligeira vantagem sobre os adversários, mas só nas primeiras provas. O que é feito às claras tende a ser copiado por todos nas competições seguintes. Resultaria mais barato, e mais democrático, exigir que cada atleta declarasse as substâncias usadas e entregasse uma amostra de sangue ou urina para eventuais exames, cujos resultados seriam de publicação obrigatória. O Comitê Olímpico Internacional aposentou em boa hora, nos anos 1990, outra ficção moralista, a dos atletas amadores, que produziu um cipoal de normas bizantinas como as do doping. Está na hora de dar um novo salto à frente. * A goleira da seleção norte-americana de futebol, Hope Solo, já se desculpou por ter publicado nas redes sociais uma foto com seu kit preventivo contra a zika. Além do ridículo mosquiteiro que só lhe cobria a cabeça, ela parece ignorar que no Rio corre mais perigo de contrair dengue do que zika. Todos têm o direito de cuidar da saúde como bem entenderem, mas o comportamento é típico de seu país. Alarmam-se à toa por qualquer coisa que se refira a riscos diminutos de adoecer. Por exemplo: a cada Dia de Ação de Graças, o principal feriado nacional deles, pululam na imprensa gringa dicas e regras sobre a temperatura certa que o interior do peru assado deve alcançar para prevenir intoxicações alimentares. Isso num país em que 13.286 pessoas foram mortas e 26.819 saíram feridas por armas de fogo em 2015. Seguindo a dica do canguru com que bem-humorados australianos presentearam o falante prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), um brasileiro mais carrancudo poderia dar a Solo um colete à prova de balas para sua viagem de regresso à pátria."
"A perfeição, segundo Widodo","""O resultado da segunda das execuções foi melhor, mais ordeiro e perfeito que o da primeira"", disse o Advogado-Geral da Indonésia, Muhammad Prasetyo, comparando os fuzilamentos de abril com os de janeiro. Nas ideias de ordem e perfeição encontram-se as razões filosóficas para condenar a pena de morte. Mas o que está em curso na Indonésia é algo singular –e ainda mais grave. Fuzila-se, no país, por conveniência política. O governo brasileiro precisa entender isso para modular sua reação à execução de Rodrigo Gularte. A defesa moral da pena de morte fundamenta-se no argumento de que é permissível matar sob certas circunstâncias, como a autodefesa e a guerra. Contudo, a aplicação da pena capital equivale ao homicídio premeditado. As leis de guerra distinguem a eliminação do soldado inimigo em batalha da execução de prisioneiros, que é proibida. As leis civis circunscrevem a autodefesa a circunstâncias extremas, em que a integridade física do agente corre risco: matar um bandido dominado é crime. A imoralidade essencial da pena de morte encontra-se no intervalo temporal entre crime e retribuição, preenchido por uma série de atos policiais, judiciários e administrativos que almejam produzir um desfecho ""ordeiro e perfeito"". Doze anos atrás, Cuba executou três desesperados que, sem ferir ninguém, sequestraram uma embarcação para fugir da Ilha. Na ocasião, sob o impacto da comoção internacional, o governo Lula murmurou um protesto genérico contra a pena de morte. Agora, diante do cadáver de Gularte, o Itamaraty divulgou uma nota justamente indignada, proclamando ""a disposição brasileira de levar adiante, nos organismos internacionais de direitos humanos, os esforços pela abolição da pena capital"". Nos dois casos, embora com dramáticas diferenças de tom, o Brasil dissipa a singularidade na generalidade, esterilizando a reação necessária. Cuba, ontem, e a Indonésia, hoje, não apenas praticam homicídio, mas perpetram homicídios qualificados, violando o princípio da retribuição comensurável. ""Olho por olho"": nas raras democracias em que ainda é aplicada, a pena capital pune atos hediondos de homicídio. A execução de condenados pelo sequestro de uma lancha ou pelo tráfico de drogas inscreve-se numa categoria especial de barbárie: não é gesto imoral de retribuição, mas ato politicamente motivado que desafia os pilares do edifício dos direitos humanos. O governo indonésio de Joko Widodo alega que fuzila em meio à ""guerra às drogas"", com a finalidade de proteger a sociedade nacional. Nesse raciocínio hipócrita, os traficantes figuram como agentes da morte de indonésios inocentes. Efetivamente, porém, o crime do traficante só se consuma por meio do livre consentimento do usuário, que paga para ter acesso ao objeto de seu desejo. Ademais, o vício não requer nem mesmo a presença de um malévolo intermediário comercial: Gularte embrenhou-se no universo das drogas aos 13 anos, cheirando solvente. Widodo joga xadrez no tabuleiro do engodo midiático e do populismo nacionalista. Na mesma ilha carcerária de Nusa Kambangan, o palco da execução de traficantes, começam a ser libertados 300 terroristas que cumpriram sentenças brandas ligadas aos nove atentados jihadistas cometidos no país entre 2002 e 2009. A ""guerra às drogas"" funciona como biombo para ocultar o fracasso no combate às redes de recrutamento estabelecidas na Indonésia pela Al Qaeda e pelo Estado Islâmico. Nisso, há ""ordem"" e ""perfeição"" notáveis: os terroristas libertados são indonésios, mas quase todos os traficantes fuzilados são estrangeiros. Dilma Rousseff decidiu responder a Widodo desfraldando o estandarte da abolição universal da pena de morte. Por esse atalho moralista, salva a face de um governo indecente, que derrama o sangue de pobres diabos no altar sacrificial do orgulho patriótico."
Políticos eleitos pelo MBL estão mostrando a que vieram,"A despeito da crença de muitos de que é impossível atuar na política institucional sem ""se corromper"", os coordenadores do MBL que se elegeram nas eleições de 2016 estão mostrando que é possível, sim, fazer diferente. Fernando Holiday (DEM), vereador mais jovem da história da cidade de São Paulo, é o exemplo mais evidente. Antes mesmo de assumir, criticou o aumento de salário que foi aprovado pela Câmara Municipal ao fechar das cortinas de 2016, chamando a votação pelo seu nome: acordo de canalhas. Para dar o exemplo e mostrar que o barulho que fazia quando militante não era apenas discurso, não só negou o aumento como cortou seu salário em 20%, dinheiro que será doado a instituições de caridade. Além disso, abriu mão de carro oficial, motoristas e de 50% de sua verba de gabinete. Todos esses cortes representam uma economia de R$ 4 milhões em quatro anos. A atitude de Holiday constrangeu alguns de seus colegas, que, mesmo tendo votado pelo aumento no ano passado, decidiram abrir mão dele neste ano. Além disso, o vereador pretende quebrar o velho discurso do ""apresentei centenas de projetos, aprovei dezenas de leis"", que coloca a quantidade de leis aprovadas como parâmetro para medir a qualidade da atuação dos políticos, com uma iniciativa apelidada de ""Revogaço"". Ele está coletando assinaturas para formar uma comissão que analisará projetos aprovados pela Câmara Municipal desde a década de 80 para revogar leis que sejam inúteis ou que só imponham dificuldades para a vida do paulistano. Na mesma linha, a vereadora Carol Gomes (PSDB), do município de Rio Claro, no interior de São Paulo, está combatendo um projeto que visa aumentar o número de assessores que os vereadores podem contratar, passando de dois para três. Inicialmente, todos os seus colegas eram a favor, sem imaginar que alguém fosse contra. Quando Carol se posicionou publicamente contra o projeto, foi retaliada por quase todos os seus colegas. Ameaçavam barrar todos os seus projetos. O texto foi aprovado, mas foi imediatamente bloqueado pela Justiça a pedido do Ministério Público. A Câmara recorreu, mas o caso acabou repercutindo na cidade, e, após pressão popular, boa parte dos vereadores recuou. O coordenador do MBL de Itu –também no interior de São Paulo– e secretário municipal de Serviços Urbanos, Alessandro Mazaro, o primeiro do movimento a ocupar uma posição no Executivo, ficou horrorizado ao ver a quantidade de cabides de emprego que existiam na secretaria só para acomodar aliados da base de vereadores da gestão anterior. De imediato, cortou o número de diretores de oito para quatro e o de assessores de 14 para um, além de abrir mão do carro oficial e motorista, o que levará a uma economia de mais de R$ 1 milhão de reais por ano. Pois é. A política institucional não é um bicho-papão que corrompe todos aqueles que se envolvem com ela. É possível, sim, nadar contra a corrente sem se afogar. O discurso fácil de que não vale a pena discutir política porque todo político é ladrão só beneficia velhos coronéis que se elegem e reelegem desde a redemocratização apenas para parasitar e inchar a máquina pública. Enquanto gente decente ensina aos filhos que político é bandido, pessoas da velha e corrupta classe política ensinam aos filhos que esse é um meio seguro de enriquecer roubando."
Papel de coadjuvante,"Nada como a magnitude de um impeachment em processo para transformar em coadjuvante um escândalo da proporção dos ""Panama Papers"", o vazamento dos arquivos do escritório panamenho Mossack Fonseca, especializado em abertura de empresas offshore. A divulgação da lista de clientes figurões tem provocado excitação pelo mundo, mas no Brasil entrou na fila dos temas de segunda linha, o que não é de espantar para quem tem uma Lava Jato só para si. Sorte da Folha, que mais uma vez está fora do grupo de publicações escolhidas pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ na sigla em inglês) para divulgar as apurações. Em 2015, quando estourou o Swissleaks, o vazamento das contas secretas do HSBC suíço, a primazia da cobertura em território brasileiro foi de Fernando Rodrigues/UOL (portal ligado ao Grupo Folha) e ""O Globo"". No caso dos ""Panama Papers"", de Rodrigues/UOL e ""O Estado de S. Paulo"". Sem acesso direto à fonte, a Folha tem recuperado reportagens, longe dos furos de quem está na linha de frente. Seu diferencial nesta semana: uma entrevista com Charles Lewis, o criador do ICIJ. Ex-produtor do ""60 Minutes"", talvez o mais famoso programa de jornalismo investigativo de TV, Lewis fundou o consórcio em 2003, mas já coleciona números impactantes. No caso dos ""Panama Papers"", quase 400 jornalistas de 107 veículos em 76 países vasculharam 11,5 milhões de dados armazenados pela Mossack Fonseca de 1977 a 2015. Da peneira brotaram nomes reluzentes de todos os setores, do pai do premiê britânico David Cameron a amigos do presidente russo Vladimir Putin, do cunhado do líder chinês Xi Jinping ao jogador do Barcelona Lionel Messi e ao diretor de cinema Pedro Almodóvar –todos ligados em algum momento à criação de uma offshore. A divulgação derrubou pelo menos uma cabeça, a do primeiro-ministro da Islândia. No Brasil, saltaram as empreiteiras e figuras envolvidas na Lava Jato. ""O futuro do jornalismo é a colaboração"", disse Lewis à Folha. É fácil concordar, ainda mais quando estão em jogo crimes ou ilegalidades que desconhecem fronteiras, mas confesso que tenho reservas quanto a vazamentos por atacado. No caso do HSBC, por exemplo, não era e não é ilegal ter conta secreta no exterior desde que ela seja informada à Receita Federal. Da mesma forma, nem toda offshore tem o objetivo de lavar dinheiro sujo ou esconder patrimônio. Só que, em ambos, a mera divulgação dos nomes descobertos joga uns e outros no mesmo saco de suspeição. Quem não deve sempre pode vir a público se explicar, mas ao custo de abrir mão de parte da vida pessoal e sem garantia de que conseguirá reparar o dano à imagem. O ICIJ tem sido cuidadoso com a divulgação, mas nenhum nome conhecido escapa da publicidade numa hora dessa. O que leva à pergunta: Almodóvar deve ter sua situação revelada só porque é famoso? O nome do ex-ministro Joaquim Barbosa deveria ter entrado numa narrativa com ares de escândalo devido a um suposto débito de US$ 2.000, que nada tem a ver com nada? * A ONO, organização dos ombudsmans de notícias, promove a partir deste domingo seu congresso internacional, neste ano em Buenos Aires. A ombudsman da Folha foi convidada a relatar a experiência da cobertura da crise política no painel ""Radical politics and the ombudsman"", que discute como a imprensa pode promover o pluralismo diante de posições políticas extremas."
Falcão e o PT; Marcola e o PCC,"A semana foi sacudida por duas prisões estrepitosas: a de José Carlos Bumlai, pecuarista e faz-tudo de Lula, e a de Delcídio do Amaral (PT-MS), que prestou um favor ao ineditismo: nunca antes na história ""destepaiz"", um senador havia ido em cana no exercício do mandato. Dilma estava se preparando para virar de lado e, quem sabe?, tirar uma soneca. Não vai conseguir. O alarido das vocações criminosas não deixa. Não sou petista, não gosto do partido e lastimo a maioria de suas escolhas. Como sou um liberal, acho que suas opções estratégicas, ainda que fossem pautadas pela mais angelical honestidade, estão erradas. Assim, eu me oporia –como indivíduo sem partido– aos petistas ainda que estes fossem inocentes como as flores. Isso não me impede de reconhecer que o partido deu relevo a demandas reais da sociedade e que os mais pobres tiveram, nesses anos, ganhos efetivos –e os mais ricos não têm do que reclamar. A renda do trabalho cresceu, e, por óbvio, o Bolsa Família amenizou as agruras dos extremos da pobreza. Agora vem o meu fascínio às avessas, a minha estupefação. Era possível fazer tudo isso sem roubar. Era possível fazer tudo isso sem quebrar a economia do país. Era possível fazer tudo isso sem destruir as contas públicas. Era possível fazer tudo isso sem corromper a esperança de milhões de pessoas. Cabe, sim, discutir o que permitiu ao PT ser um pouco mais ousado do que os governos que o antecederam na distribuição de renda; também é pertinente saber se os fatores que concorreram para tal feito eram ou não de sua escolha. Mas isso não anula a evidência. Vamos lá. Amigos que não têm simpatia pelo PT, mas que, à diferença deste escriba, não o abominam, já me censuraram por meus supostos ""exageros"". Um deles disse certa feita: ""Você trata os petistas como se eles fossem assaltantes da democracia, e eles não são; afinal, seguem as regras"". Pois é... Esse amigo certamente me lê agora. Bem... Eles não seguem as regras. Ainda que larápios em penca tenham usado suas posições de poder para o enriquecimento pessoal, o assalto ao Estado e aos cofres só se deu porque, desde o princípio, o PT nunca teve a democracia como um valor inegociável. Mensalão e petrolão são expressões não de uma concepção, mas de uma prática golpista. E isso não tem nada a ver com inserir ou excluir pobres da economia. Na quarta, o PT emitiu uma nota entregando Delcídio às feras. Rui Falcão, que defende João Vaccari com unhas e dentes (não há outro modo...), se diz ""perplexo"". O texto se trai e se revela de modo espetacular. Está lá: ""Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador tem qualquer relação com sua atividade partidária (...). Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade"". NA MOSCA! Leia-se de outro modo: todas as ""tratativas"" de Vaccari dizem, sim, respeito às suas ""atividades partidárias"". Daí vem a ""solidariedade"". É precisamente com esse critério que Marcola comanda o PCC. Crime em benefício pessoal é pecado de lesa irmandade. Crime em nome da organização prepara o berço dos heróis. É claro que há diferenças entre os dois entes. O PCC não se organiza para assaltar o Estado e a institucionalidade. São males absolutos, mas distintos. A ética abstrata é que os aproxima. Como não diria Janio de Freitas, a nota do PT é coisa de ""trombadão"". Facebook: on.fb.me/1SVhuvw"
O ano começou com uma boa notícia,"A melhor notícia de 2015 veio nos últimos dias de 2014: a Petrobras suspendeu novos negócios com as 23 empreiteiras apanhadas na Operação Lava Jato e abriu uma investigação nas contas da Transpetro, da BR Distribuidora e no fundo de pensão Petros. Com quase um ano de atraso, o comissariado partiu para o ataque, se é que partiu. Nesse período, a empresa perdeu 37% do seu valor de mercado e danificou sua credibilidade. Assim como sucedeu com a seleção brasileira na Copa, a defesa da Petrobras sofreu um apagão. No início de 2014 sabia-se que estourara um escândalo nas suas operações com a companhia holandesa SBM, que lhe alugara sete navios-plataformas. Falava-se de um pagamento de comissões que chegavam a US$ 139 milhões. A doutora Graça Foster poderia ter soado algum alarme. Deu-se o contrário. Uma delegação da empresa foi a Amsterdã e concluiu que nada houvera de errado. Em novembro a SBM foi multada, na Holanda, em US$ 240 milhões pelas propinas que distribuiu mundo afora. As petrorroubalheiras tinham três vértices: o comissariado, funcionários corruptos e empresas corruptoras. Durante todo o ano o governo e as empresas acreditaram que prevaleceria algum tipo de código de silêncio. O ""amigo Paulinho"" não contaria o que sabia. Muito menos Alberto Youssef, seu operador financeiro. Empreiteiras? Nem pensar, isso jamais acontecera. Em março a doutora Graça Foster anunciou que a Petrobras investigaria as roubalheiras e ""não ficará pedra sobre pedra"". Parolagem. A essa época a Polícia Federal e o Ministério Público já puxavam os fios da meada das roubalheiras e, paralelamente, sabia-se que o fundo Petros fechara 2013 com um rombo de R$ 7 bilhões, corrigido para R$ 2,8 bilhões. O comissariado e as empreiteiras acreditavam que ninguém desafiaria seus poderes e seria possível conter as denúncias brandindo-se o santo nome da Petrobras. Lula chegou a marcar um fracassado ato público em frente à sede da empresa. A casa começou a cair em agosto, quando o ""amigo Paulinho"" passou a colaborar com as investigações. Num de seus depoimentos ele mencionou uma propina de US$ 23 milhões da empreiteira Odebrecht. Foi rebatido pelo presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, que classificou a afirmação como ""denúncia vazia de um criminoso confesso"". O ano terminou com pelo menos nove ""criminosos confessos"" entre os quais, pela primeira vez, havia uma empreiteira, a Toyo Setal. Documentos apreendidos pela polícia revelaram a estratégia de defesa dos envolvidos. Tratava-se de conseguir um acordo com o Ministério Público e de tirar o processo das mãos do juiz Sergio Moro. Afinal, mexer com as empreiteiras significaria ""parar o país"". Um escritório fixou seus honorários em R$ 2 milhões, mais R$ 1,5 milhão caso o estratagema fosse bem-sucedido. Como no fatídico jogo do Brasil contra a Alemanha, deu tudo errado. A doutora Dilma disse que a Petrobras ""já vinha passando por um aprimoramento de gestão"". Cadê? Durante todo esse tempo o governo e a Petrobras foram agentes passivos da crise. Paulinho, Youssef e Pedro Barusco, um felizardo do segundo escalão que entesourara R$ 252 milhões eram velhos conhecidos da rede petista, mas fazia-se de conta que eram marcianos. Durante quase um ano as poucas iniciativas tomadas pela Petrobras foram provocadas por fatores externos, sobretudo depois da abertura da investigações e processos nos Estados Unidos. A decisão de Graça Foster ao final do ano passado pode significar uma mudança de comportamento. Em vez de jogar com uma defesa bichada, a empresa partiria para o ataque contra as roubalheiras. A entrada do fundo Petros no elenco pode ser um sinal disso, desde que se coloque mercadoria na vitrine. A doutora Dilma disse que ""vou investigar a fundo, doa a quem doer"". Dor mesmo, seu governo só deu aos acionistas da empresa, que perderam uma parte de de seus investimentos. Ela assumiu seu segundo mandato dizendo que é preciso defender a Petrobras dos ""inimigos externos"". Doze anos de poder petista mostraram que Lula e ela cevaram ""predadores internos"". - LEI DA ANISTIA Foram para o fundo do mar as possibilidades de qualquer revisão da Lei da Anistia. As chances de que o Supremo Tribunal Federal mexesse na questão eram quase nulas, mas uma discreta movimentação dos comandantes militares, somada ao desinteresse do Planalto, tornaram-nas inexistentes. O EFEITO MARTA Quando a doutora Dilma resolveu colocar Juca Ferreira no Ministério da Cultura sabia exatamente o tamanho da encrenca que compraria com a senadora Marta Suplicy. É enorme. TUCANOS PRUDENTES Um pedaço do PSDB já fez saber ao PT que não gosta da ideia de apoiar o deputado Eduardo Cunha para a presidência da Câmara. Se as coisas continuarem como estão, Cunha deverá sua eventual escolha ao comando político do Planalto, ou à falta de comando político no Planalto. PAPA FRANCISCO O papa Francisco anunciou que em fevereiro sagrará novos cardeais e a qualquer momento, a partir de hoje, o Vaticano poderá divulgar seus nomes. Bergoglio é argentino, mas, se Deus é brasileiro, preencherá as sés cardinalícias de Salvador e de Brasília. SYLVESTER STALIN O filme ""A Entrevista"", que causou uma crise entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte não chega a ser uma esquadra inglesa, mas é divertido. Tem uma ótima piada, sinal dos tempos. Quando o ditador Kim Jong-un diz ao jornalista David Skylark que o tanque de guerra guardado na sua coleção de automóveis foi ""um presente de Stalin"" ao seu pai, o americano corrige: ""Nós pronunciamos Stallone."" - O ÚLTIMO PALANQUE DA DOUTORA Tomara que os dois discursos de Dilma Rousseff durante as cerimônias de sua posse tenham sido os últimos lances de uma campanha eleitoral que acabou no ano passado. Se não fossem tão longos e defensivos, poderiam ser atribuídos ao marqueteiro João Santana. Prova da sua falta de assunto foi a enésima defesa de uma reforma política. (Há um projeto no Congresso, cuja discussão é obstruída pelo PT.) ""Pátria Educadora"" é um slogan, ruim, que parece ter saído dos versos oitocentistas do Hino Nacional. O comissariado acusa a oposição de não ter saído do palanque. Viu-se em Brasília que quem não quer deixá-lo é o governo. Repetindo o Lula de 2003, apropriou-se da agenda econômica dos tucanos, no que pode ter feito bem. Quem falou aos brasileiros como presidente da República foi a representante de uma facção, porta voz dos ""nossos governos"" (O dela e o de Lula). Tudo bem, mas a partir de amanhã ela e seus 39 ministros terão um serviço para tocar."
Cordel narra encontro imaginário de Jon Snow com Lampião no inferno,"É um encontro entre o pop e a cultura popular. Enquanto os fãs esperam a nova temporada de ""Game of Thrones"", um cordel inspirado no universo de George R.R. Martin começa a circular na Paraíba. ""A Chegada de Jon Snow ao Inferno"", de Astier Basílio, conta o que teria acontecido ao cabra mais valente de Westeros enquanto esteve morto. E, no submundo, o primeiro que ele encontra é Lampião. ""O sertão é um Westeros/ Winterfell é o Nordeste"", diz o cangaceiro. Com referências da ""Divina Comédia"", o cordel promove o encontro entre o universo da série e os mitos nordestinos. Cordel Além do cangaceiro, Jon Snow encontra Ned Stark e outros personagens que já morreram na série. No inferno do cordel, Jon é condenado a ver a cena de sua morte se repetir eternamente. Flip Josely Vianna Baptista, que apresentará o videopoema ""Nada Está Fora do Lugar"" em Paraty, fechou uma parceria com a cineasta e ativista Yasmin Thayná para o projeto. Ela vai cuidar da montagem. Flip 2 A revista ""Pessoa"", voltada para a literatura em língua portuguesa, terá uma programação própria na festa literária pela primeira vez, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e o Futura. Na agenda, estarão autores, editores e jornalistas de países lusófonos. Flip 3 A programação paralela ganha mais uma casa, a Paratodos, parceria dos selos Demônio Negro e Edith com as editoras Hedra e Nós. Entre os autores convidados, estão Carol Rodrigues e Robson Viturino. Troféu O Prêmio Pólen de Literatura, que vai selecionar um livro para ser publicado pela Arqueiro, selo da Sextante, recebeu 220 inscrições. O vencedor será anunciado na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que começa em 31 de agosto e vai até 10 de setembro. Entrevistas A Autêntica lança em breve uma seleção com as melhores entrevistas publicadas na revista ""Cult"", que comemora seus 20 anos de existência. Cosac Como parte do espólio da Cosac Naify, a Sesi-SP Editora prepara para breve ""A Coisa Mais Próxima da Vida"", de James Wood, um dos principais críticos literários americanos. Cosac 2 No livro, o crítico da revista ""New Yorker"" trata das relações entre a literatura e a vida, passando por obras como ""O Beijo"", de Tchékov, e ""Os Emigrantes"", de W.G. Sebald. Ao mesmo tempo, a Sesi-SP prepara o relançamento de ""Como Funciona a Ficção"", também do autor, que havia saído pela Cosac. Poesia A editora 34 lança, em breve ""Esta Vida"", uma antologia poética de Raymond Carver, com seleção e tradução do editor Cide Piquet."
Funcionários do Uber terão aulas sobre como lidar com o público LGBT,"Funcionários do Uber em SP vão passar por um treinamento sobre como lidar com o público LGBT. O curso será feito pela Comissão da Diversidade Sexual da OAB - Subseção Jabaquara. ""Vamos apresentar, por exemplo, a lei estadual que pune homofobia"", diz Marcelo Gallego, da comissão. A empresa já tem ações para estimular o respeito entre motoristas e passageiros. Leia a coluna completa aqui"
A gente morre na BR-163,"Milhares de pessoas passam dias atolados em um lamaçal na beira da floresta amazônica. A Força Aérea Brasileira leva-lhes comida e água, distribuídas pelo Exército. Essa zona de calamidade é a estrada por onde passa boa parte da safra gigante de grãos, essa que ajuda a derrubar a inflação, quiçá os juros, e dá algum alento à economia. Esse lodo da incompetência dos governos se formou outra vez em um trecho paraense da Cuiabá-Santarém, parte de BR-163. Durante quase duas semanas, milhares de caminhoneiros ficaram presos em congestionamentos que chegaram a 50 km. Caminhões parados fazem falta no escoamento da safra, que entope os silos em Mato Grosso. A soja brota nas caçambas dos veículos atolados. No fim da semana, o governo de Michel Temer constituiu um ""grupo de trabalho"" para dar solução ""definitiva"" ao rio de lama periódico que é a BR-163. Em 2004, Lula criara um ""grupo de trabalho"" para dar um jeito nisso que faz 46 anos é um projeto de ""salvação logística"". Os caminhões levavam grãos de Mato Grosso para o porto fluvial de Miritituba, no Tapajós, Pará, onde até outro dia apenas se pescava tucunaré. Desde 2014, a soja lá é embarcada em chatas para portos maiores. Cortam caminho, poupam cerca de dois dias da viagem que é o embarque de 70% da safra de Mato Grosso em Santos e Paranaguá. Mesmo com atrasos, os 750 km da estrada entre a divisa com Mato Grosso e Miritituba receberam algo parecido com asfalto, apesar das pontes de madeira escoradas com gambiarras para suportar caminhões de 50 toneladas. Desde 2005, a cada três anos se diz que a obra ficaria pronta. Faltam uns 100 km. O governo Temer promete leiloar, no segundo semestre, uma estrada de ferro para levar a produção agropecuária de Mato Grosso justamente até Miritituba, a Ferrogrão. Também pretende licitar um resto da Ferrovia Norte-Sul, incompleta e corrupta faz 30 anos, e a Oeste-Leste (do TO à BA), iniciada por Lula em 2010, abandonada por Dilma Rousseff e adiada talvez para 2021. Chineses passaram o Carnaval na Bahia se dizendo interessados. Hum. São exemplos da incapacidade de governo e Congresso de planejar, de fazer cronogramas de obras e despesas. Não há norma orçamentária nem inteligência para evitar congestionamentos de projetos, que acabam todos malparados. Multinacionais que dominam o comércio mundial de grãos operam o embarque em Miritituba e compraram terras para expandir o negócio, de interesse de um dos reis da soja, Blairo Maggi, aliás ministro da Agricultura. Nem assim. É um caso especial de inépcia. Nem um multilobby forte e até sensato conseguiu levar a empreitada adiante. Quem trata de Miritituba ou mesmo do porto de Santarém, mais abaixo no Tapajós, parece falar da roça de Cachimbinha da Serra. Não é o caso. Além de baratear o frete dos produtos agropecuários do centro-norte e a importação de insumos, um corredor de transporte decente integraria a Zona Franca de Manaus e criaria mais negócios pelo caminho. O caso merece ainda mais atenção porque, sem mais, essa empreitada em breve pode se transformar em mais uma frente agressiva de devastação ambiental e social. Quem liga? O Brasil não conhece o Brasil."
Proibição de 'ideologia de gênero' pode levar PT a punir prefeito Luiz Marinho,"A ""ideologia de gênero"" abriu uma guerra no PT de SP. Movimentos sociais do partido levam hoje à executiva proposta de punir o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, por querer impedir a discussão sobre orientação sexual nas escolas municipais, estaduais e particulares da cidade. Dizem que ele viola o estatuto do partido, que defende o combate às ""manifestações de discriminação"". NOSSAS CRIANÇAS Em um vídeo na internet, Marinho disse que sempre foi ""totalmente contrário"" à ideia de se debater orientação sexual nas escolas por ser ""um grande defensor da família, em especial das nossas crianças"". Ele inclusive mandará novo projeto de lei à Câmara Municipal, já que os vereadores só vetaram a ""ideologia de gênero"" nas escolas municipais. Marinho quer estender a proibição para as instituições estaduais e as particulares. Vídeo do prefeito Luiz Marinho LER E ESCREVER Os setores que criticam o prefeito, ligados à ala LGBT e às mulheres, dizem que, ao usar a expressão ""ideologia de gênero"", Marinho usou ""termo deturpado por setores religiosos e conservadores"". TUDO E TODOS O prefeito, via assessoria, afirma que o PME (Plano Municipal de Educação), que gerou a polêmica, ""contempla em seu conteúdo a diversidade e respeito a minorias"". E diz que ""os setores que se manifestaram poderiam ter procurado a administração para se informar melhor sobre o projeto"". VERÃO DO SAMBA O músico Chico Buarque, as cantoras Mart'nália e a portuguesa Carminho e Tantinho da Mangueira se apresentaram no Show de Verão da Mangueira, no Tom Brasil, na quarta (27). O ex-jogador de futebol Amaral, o cantor Chico Salem, o jornalista Chico Pinheiro, a cantora Elisabeth Rosa e o sambista Tobias da Vai-Vai estiveram na plateia PLATAFORMA Depois de lançar o documento ""Uma Ponte para o Futuro"", que foi encarado, no ano passado, como o plano econômico do que seria um eventual governo de Michel Temer, em caso de impeachment de Dilma Rousseff, o PMDB agora lançará um programa ""social"". PLATAFORMA 2 O ex-ministro Moreira Franco (PMDB-RJ), que preside a fundação do partido, jantou anteontem com a senadora Marta Suplicy, em SP, para discutir o programa. * Segundo integrante da legenda, o documento deve fazer contraponto ao governo Dilma, que só teria como proposta social ""manter o que já existe"". VELHA GUARDA Aumentou a presença do público com mais de 50 anos de idade no Sambódromo do Anhembi nos últimos dez anos. A fatia da plateia com 50 a 59 anos passou de 10,3% em 2005 para 20,9% em 2015, segundo levantamento da SPTuris. * A presença de pessoas com mais de 60 anos foi de 4,6% para 7,5%. E a parcela de 18 a 24 anos diminuiu: caiu de 22,9% para 10,9%. VIDA REAL A SP Escola de Teatro terá um casamento de verdade como parte das atividades pedagógicas. A atriz Fernanda D'Umbra vai se casar com o guitarrista Jorge Jordão dentro da escola em junho e atores e amigos do casal vão se dividir pelos andares do prédio apresentando performances artísticas. A ideia é trabalhar com a questão de quando a biografia pessoal se apresenta no processo criativo. DE LONGE Uma exposição do artista plástico chinês Ai Weiwei está sendo planejada para 2017, no Pavilhão da Oca, em São Paulo. De acordo com o produtor Marcelo Dantas o projeto vai envolver ""temáticas atuais de México, Argentina e Brasil"". Os ingressos para a mostra serão gratuitos. FEITO EM FAMÍLIA A comédia romântica ""Amor em Sampa"", com roteiro e atuação de Bruna Lombardi, teve três exibições especiais em SP nesta semana. O marido da atriz, Carlos Alberto Riccelli, e o filho, Kim Riccelli, que dirigiram o longa e também fazem parte do elenco, estiveram na sessão do Cinemark do shopping Cidade Jardim, na segunda (25). Também comparecerem a produtora do filme Geórgia Costa Araújo e a atriz Miá Mello. CURTO-CIRCUITO Diogo Nogueira Leci Brandão e Anitta vão se apresentar no Camarote da Boa no desfile das campeãs do Rio. Luiz Melodia faz show do álbum ""Zerima"", desta sexta (29) a domingo, no Sesc Pinheiros. A festa Javali recebe nesta sexta (29) o bloco Fogo & Paixão, às 23h, no Via Matarazzo. A Orquestra Brasileira de Música Jamaicana se apresenta nesta sexta (29) no Carnaval da Muda, a partir das 23h, no Estúdio, em Pinheiros. A Galeria Nikon abre nesta sexta (29) a exposição ""Um Nome"", do fotógrafo paulistano Paulo Fridman, a partir das 10h. A Fortes Vilaça abre nesta sexta (29) a mostra coletiva ""Tertúlia"", com obras de Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Leda Catunda e outras artistas, na Vila Madalena. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI"
Setor de serviços tem o pior resultado desde 2012,"Dados da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE divulgados em fevereiro mostrou que o setor de serviços cresceu 6% em 2014, menor índice da série histórica iniciada pelo instituto em 2012, quando o crescimento havia sido de 10%. Por outro lado, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) mostra que, quando descontada a inflação no período, os serviços teriam apresentado queda de 2,5% em 2014 em relação ao ano anterior, que havia ficado estável (com zero de variação). Este foi o primeiro resultado anual negativo desde o início da série histórica. Para o economista da CNC, Fábio Bentes, esses são resultados muito ruins, pois os serviços somam dois terços da geração de riquezas da economia e 42% do mercado de trabalho. Segundo ele, o que estamos vendo é a inflação corroer o padrão de consumo das famílias. As pessoas estão, muitas vezes inconscientemente, gastando menos com serviços que não são essenciais. O IBGE está desenvolvendo um deflator para esse tipo de pesquisa, que deve ser usado ainda este ano. O instituto não reconhece o deflator da CNC como o ideal, pois a utilização do IPCA de serviços guarda uma distorção, já que leva em conta serviços prestados às empresas e não só às famílias. O indicador deflacionado mostra uma queda na receita em 2014 e uma projeção ainda mais pessimista para 2015, por conta dos reajustes nos serviços de energia elétrica, água e transportes, que são insubstituíveis. Por outro lado com esse cenário de ""renda apertada"", todos nós, consumidores, procuraremos formas de reduzir ao máximo os gastos ditos não essenciais. Mas como podemos fazer isso? Para responder esta questão, seguem abaixo algumas dicas do site Seu Guia de Investimentos: Post em parceria com Adriana Matiuzo"
O passado do 3º mandato,"Os livros de história do futuro dedicarão amplo espaço à era Lula. Seus autores serão forçados a reconciliar os anos de luta sindical na rua aos anos de governo, ao experimento de esquerda e às realidades do poder. A narrativa combinará voluntarismo e pilantragem, brilhantismo e erros colossais: misturas cujas proporções específicas hoje é impossível adivinhar. Só que agora não é só o futuro que é incerto mas também o passado. Como a história é sempre escrita no presente, o início do terceiro governo Lula reabre as interpretações já existentes a respeito de sua história pessoal e do movimento que o levou até onde está. Veremos nascer uma nova indústria de livros, artigos e filmes dedicados a atiçar o fascínio do público com as realizações formidáveis e os escândalos espetaculares desta personagem. Uns vão focar o líder popular com raro instinto de sobrevivência. Outros enxergarão o fracasso retumbante de um projeto que expressaria o pior do Brasil profundo. Não faltará sensacionalismo, em que detalhes da vida privada servem como vara de condão para desvendar a psicologia do homem público. Da história como celebração à história como acusação, haverá obras para todos os gostos. Em meio a tanto ruído, somente um punhado de trabalhos resistirá ao teste do tempo. Essas obras terão uma coisa em comum: serão capazes de integrar documentos oficiais, arquivos pessoais, depoimentos detalhados e nas memórias das personagens principais. A precondição para que isso aconteça, no entanto, é a existência de fontes vastas e em bom estado de conservação. E isso é agora uma grande incógnita. O arquivo histórico do PT está espalhado em mais de uma instituição. Os papéis do ex-presidente estão divididos entre um depósito no sindicato dos metalúrgicos e um apartamento em São Bernardo. Não há nada organizado, catalogado, digitalizado ou vinculado a uma base de dados comum. Quando a Operação Lava Jato questionou os porquês de a OAS custear o armazenamento dos papéis presidenciais, Lula mesmo bradou: ""Você sabe o que é sair da Presidência com 11 contêineres de acervo sem ter onde pôr... O que eu faço com isso?"". Todo ex-presidente vive drama similar. José Sarney estatizou seu arquivo no Maranhão. Fernando Collor fechou seus papéis em caráter privado, embora a lei demande abertura à consulta pública. Itamar Franco tem memorial pago pela Universidade de Juiz de Fora e Fernando Henrique Cardoso montou um primoroso acervo com doações privadas. Lula acaba de fazer sua aposta mais arriscada. Enquanto olha para o futuro, seu grupo deveria ajudá-lo a cuidar do passado."
Construção pesada em SP chega a pior nível de emprego desde 2011,"A construção pesada chegou a seu pior nível de emprego em São Paulo desde maio de 2011, de acordo com o Sinicesp, sindicato paulista da indústria. Em outubro, foram cortadas 2% das vagas, a maior queda mensal neste ano. Na comparação com o mesmo mês de 2015, a retração dos postos de trabalho é de 13,3%. Até o fim deste ano, a tendência é que a taxa se agrave: a queda será de ao menos 14%, calcula a entidade. O motivo do pessimismo é sazonal: novembro e, principalmente, dezembro são meses em que as obras se paralisam por conta das chuvas, aponta o diretor do sindicado Newton Cavalieri. ""Sem uma perspectiva de recuperação no ano que vem, as empresas não têm por que reter os funcionários."" Hoje, a projeção é de que uma retomada do número de empregos comece a se esboçar apenas a partir do segundo trimestre de 2018. construcao Leia a coluna completa aqui."
Menor que a cadeira,"BRASÍLIA - É cada vez mais escancarada a forma como Eduardo Cunha usa a presidência da Câmara para intimidar adversários, chantagear o governo e se blindar contra as investigações da Lava Jato. Conhecido por manobrar o regimento a seu favor, o peemedebista já havia deixado claro que fará o possível para atrasar seu processo no Conselho de Ética. Só para numerar a representação, a Mesa da Câmara, subordinada a ele, consumiu 14 dias. Agora Cunha mobiliza sua tropa de choque para tentar intimidar os deputados que ousam contestá-lo. O exemplo mais gritante da ofensiva é a tentativa de cassar o mandato do líder do PSOL, Chico Alencar. O pedido foi apresentado nesta quinta pelo deputado Paulinho da Força, presidente do partido Solidariedade. Fiel escudeiro de Cunha, ele acusou Chico de ""contratar empresas fantasmas com notas frias"". O caso já foi investigado e arquivado pelo Ministério Público Federal, que não viu ""qualquer ato de improbidade administrativa"". Requentada pelo subserviente Paulinho, a acusação depõe apenas contra o acusador. A tropa do presidente da Câmara também providenciou uma moção de censura contra Silvio Costa, que o acusou de ""proteger bandido"" numa CPI. O novo tiro saiu pela culatra, porque o deputado do PSC ganhou mais palanque para atacar o rival. A ofensiva institucional contra desafetos é mais uma amostra de que Cunha ficou menor que a cadeira de presidente da Câmara. A cada dia que consegue permanecer no cargo, o peemedebista contribui para apequenar todo o Parlamento. * Michel Temer inovou. Eleito vice-presidente em 2014, com promessas registradas no TSE, decidiu subscrever e divulgar um novo ""programa de governo"" em nome do PMDB. Faltou explicar se pretende esperar a eleição de 2018 ou se vai aderir publicamente ao movimento para derrubar a ex-colega de chapa."
Ver Pacaembu rubro-negro de novo reconcilia com futebol e dá esperança,"Torcida única é uma besteira que passou pela mal assessorada cabeça do então secretário da Segurança de São Paulo e ficou por aqui mesmo depois, ou talvez por isso, de ele ter virado ministro da Justiça do impopular governo Temer. Alexandre de Moraes, que aspira ao governo paulista para desespero do deputado Fernando Capez, deixou como legado tal barbaridade e viu anteontem em Itaquera que bastam os violentos de sempre para tumultuar um clássico estadual, sem torcida rival. Talvez se passe agora, com abrangência nacional, para a solução que habita a cabeça mais brilhante do ministério, qual seja, a do clássico sem torcida. Sorte que a paixão pelo futebol supera tudo a tal ponto que até um jogo com torcida única, como o de ontem, no Pacaembu, sensibiliza e emociona. Olhar para o Pacaembu como se fosse um estádio carioca dos anos 1940 não teve preço. Que grande torcida paulista faria o mesmo no Maracanã contra um time de outro Estado? Não vale lembrar a invasão corintiana de 1976 porque ali tratou-se de uma semifinal de Campeonato Brasileiro, contra um grande carioca como o Fluminense e por provocação do então presidente tricolor, Francisco Horta. Condições que levaram 70 mil fiéis ao Maracanã, deixaram Nelson Rodrigues boquiaberto e inspiraram Ziraldo a fazer uma charge histórica na primeira página do ""Jornal do Brasil"", o mais relevante do país à época, com uma criancinha, num cadeirão, que gritava: ""Mãenhê!!! Caiu um corintiano na minha sopa!!!"". Circunstâncias que dificilmente se repetirão. Fato é que 30 mil rubro-negros tornaram mais bela a quente e ensolarada manhã paulistana e deram show de alegria nas arquibancadas, aliás diretamente proporcional ao espetáculo proporcionado pelo Flamengo, melhor time deste momento no Brasileirão, dentro de campo. A perseguição rubro-negra ao Palmeiras segue viva, embora as próximas rodadas reservem adversários mais temíveis para os cariocas do que para os paulistas. Como mandante, o Flamengo terá o Cruzeiro e o Santa Cruz, e como visitante o São Paulo e o Fluminense, ao passo que o Palmeiras receberá o Coritiba e o Cruzeiro e enfrentará fora de casa os virtualmente rebaixados Santa Cruz e América. É claro que jogo fácil não há e que o Flamengo já dá mostras de jogar com consistência aliada à surpreendente beleza, como se viu contra o Figueirense na vitória por 2 a 0, apesar de o time catarinense ser fraco e estar desfalcado. Quem viu este Flamengo de Willian Arão e Diego e o comparou àquele do Fla-Flu no mesmo Pacaembu de março passado, há de ter ficado mui agradavelmente surpreso. Assim é. Horta adora futebol e provocou os corintianos para ocuparem a casa dele. Já os corintianos Moraes e Capez, que atribui a fogo amigo tucano seu envolvimento no escândalo da merenda, preferem estádios vazios, a paz dos cemitérios. Nada mais adequado aos insossos governos de Michel Temer, são-paulino não praticante, e do santista Geraldo Alckmin. Ainda bem que, de repente, os rubro-negros cariocas trazem alegria às manhãs da Pauliceia. Que voltem sempre."
Lei terrorista,"SÃO PAULO - Praticamente todas as leis penais de que precisamos já estão em vigor, o que torna ingrata a tarefa de quem tenta inventar algo novo nessa seara. Os projetos ficam, no mais das vezes, entre o ocioso e o contraproducente. A proposta de Lei Antiterror, que o Senado vota hoje, está na segunda categoria. Não há ataque terrorista imaginável que já não esteja coberto por algum tipo penal. Você lançou um avião contra um prédio matando um monte de gente? Então cometeu um homicídio doloso dupla ou triplamente qualificado, o que lhe renderia, pelo Código Penal, até 30 anos de cadeia, que é a pena máxima permitida no país. Proibir o ato uma segunda vez dificilmente diminuirá a probabilidade de que ocorra. O projeto, porém, faz pior do que nada acrescentar. Onde ele inova, o faz de modo desastrado. Pelo art. 3º, quem contribuir financeiramente com organizações que promovam o terrorismo pode pegar até 30 anos. Ocorre que o terrorismo é definido de forma tão vaga e aberta que até ONGs tidas como respeitáveis na maior parte do globo podem ser consideradas criminosas. Se você dá uma grana para o Greenpeace, que a Rússia, por exemplo, trata como terrorista, poderia em tese ser enquadrado. Não há garantia de que nossos promotores serão melhores que os russos. Algo parecido se passa com a proibição de dar abrigo ou guarida a quem tenha praticado crime de terrorismo (art. 6º). Aqui, a própria União ficaria em maus lençóis, já que deu abrigo e guarida a Cesare Battisti. O problema de fundo é que ""terrorismo"", ao contrário de ""homicídio"", não corresponde a um ato razoavelmente inequívoco que queremos em quase todas as situações ver proscrito. Ele designa uma série de ações bastante desiguais, que vão de matar a danificar propriedade, e lhe prega uma etiqueta moral sujeita a muita discussão. É difícil senão impossível fazer uma lei que preste usando um conceito ruim como esse."
Empresas de cruzeiros reduzem seus gastos no Brasil em R$ 238 milhões,"As empresas de cruzeiros investiram R$ 238 milhões a menos em viagens no Brasil nesta temporada (que vai de novembro de 2016 a maio de 2017), segundo a Clia, entidade global do setor. O número de passageiros caiu 31,8% em relação a igual período do ano anterior. A redução de investimentos no país começou em 2011, mas ganhou força em 2015, com o agravamento da crise econômica e uma maior concorrência internacional. Destinos como a China se tornaram mais atrativos às empresas, que realocaram sua frota, diz o presidente da associação no país, Marco Ferraz -nesta temporada, sete navios vieram ao Brasil, contra dez no ano anterior. A Costa Cruzeiros, que chegou a trazer sete embarcações, em 2010, reduziu o número para duas neste verão -à China, foram enviadas cinco. ""Direcionamos o recursos a países onde o custo é menor"", diz Renê Hermann, diretor-geral na América do Sul. Com os investimentos que as companhias têm feito em ampliação de frota, porém, o volume poderá voltar a subir. ""No fim deste ano, traremos um navio a mais, o que significa uma alta de 40% de passageiros"", diz Adrian Ursilli, presidente da MSC Cruzeiros, atual líder no país. No caso da Costa, a oferta deverá voltar a crescer, mas só em 2018. A Royal Caribbean, que deixou de trazer embarcações em 2016, não tem planos de retornar ao país. cruzeiro * Livres, mas em queda O consumo de energia no mercado livre (em que os preços são negociados diretamente com geradores) caiu 1,85% em 2016, segundo a Comerc, que vende para empresas de grande porte. O cálculo desconsidera o aumento de consumidores do mercado no ano passado. A retração é menor que a do ano anterior, de 3,7%, aponta o presidente da comercializadora, Cristopher Vlavianos. ""Há uma recuperação, ainda que lenta."" Em dezembro, o consumo das indústrias teve um aumento de 2,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior. A projeção é que, a partir da metade deste ano, a demanda volte a crescer. A alta deverá ser de 1% a 2% no segundo semestre, avalia o sócio da Ecom, Paulo Toledo. ""Em alguns setores já notamos mais estabilidade, ainda que em um patamar baixo, como o de automóveis."" mercado livre * Caminhões ociosos Empresas grandes de transporte de mudanças foram mais afetadas pela recessão do que as menores, segundo o Setcesp (sindicato do setor). Houve maior demanda de companhias que trocaram de endereço para enxugar custos, mas a informalidade aumentou durante a recessão, afirma o presidente da entidade, Tayguara Helou. A Granero, uma das líderes do setor, teve uma retração de 7% na receita, na comparação com 2015, e projeta crescer 5% neste ano, afirma o diretor Emerson Granero. ""A perda de poder aquisitivo nos afeta muito, pois vários clientes deixam de contratar uma empresa qualificada para chamar um serviço de carreteiro, por exemplo"", diz. ""Apesar de tudo, podemos dizer que foi um ano positivo porque não demitimos funcionários e estamos preparados para uma retomada no segundo semestre."" * Planejamento salutar O mercado global de planos de saúde deverá crescer cerca de 7% nos próximos dois anos, segundo a McKinsey. A projeção é que o faturamento do setor aumente em um ritmo similar até 2025. O esforço dos governos em cortar gastos com sistemas públicos de saúde, o envelhecimento da população mundial e um mercado mais aberto permitirão um crescimento contínuo nesta década, aponta a consultoria. Os prêmios das operadoras privadas somaram €1,3 trilhão (R$ 4,37 trilhões) em 2016, de acordo com a McKinsey. A estimativa é que, neste ano, o valor chegue a € 1,4 trilhão (R$ 4,7 trilhões). ss * Colou A Tekbond, de produtos adesivos para usos doméstico e industrial, investirá R$ 9 milhões em desenvolvimento de produtos e R$ 3,2 milhões em infraestrutura em 2017. A empresa aumentará a área de produção. em 60% À flor da pele A marca capixaba de cosméticos para pele Adcos investirá R$ 7 milhões neste ano em tecnologia e na expansão da empresa em São Paulo. A estimativa é inaugurar ao menos cinco lojas em 2017 e chegar a 101 unidades no país. * Hora do café com FELIPE GUTIERREZ, TAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI"
Doria escolhe Eloisa Arruda para Secretaria de Direitos Humanos,"A ex-procuradora de Justiça Eloisa de Sousa Arruda, 54, será a nova secretária de Direitos Humanos e Cidadania da gestão João Doria (PSDB). Ela assume o cargo no lugar de Patrícia Bezerra, que pediu para sair há uma semana, na quarta (24), após chamar de ""desastrosa"" a intervenção na cracolândia. O posto vinha sendo ocupado interinamente por Milton Flávio, secretário de Relações Institucionais. O anúncio será feito na tarde desta quarta (31). Eloisa foi secretária estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania de São Paulo de 2011 a 2014. Sobre a ação do dia 21 na área que concentra dependentes de drogas, ela diz que é preciso agora ""dar continuidade às ações relacionadas à assistência na área médica e de promoção pessoal às pessoas que estão lá"". Para Eloísa, iniciativas como a intervenção policial na área ""por vezes acontecem para permitir que a assistência e o serviço médico cheguem aos dependentes químicos"". ""As questões relacionadas à segurança pública por vezes exigem intervenções imediatas. A polícia não tem como ficar aguardando para fazer uma intervenção para prender traficante. Se fizer isso, pode ser acusada de omissão"", diz. ATUAÇÃO Em 2012, quando estava no cargo do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Eloísa coordenou uma ação na mesma área que teve a participação da Polícia Militar e de agentes de saúde e de assistência social. Na época, dependentes que se concentravam na rua Helvétia se dispersam para outros pontos da região. Em janeiro daquele ano, quase um mês após o início da operação, Eloísa afirmou que a cracolândia havia acabado. ""Não existe mais"", disse ela então. Integrante do Ministério Público do Estado de São Paulo, ela concorreu no ano passado à eleição interna para ser chefe da instituição, mas foi a segunda colocada. A nova secretária se aposentou em fevereiro deste ano. Ela também é professora de direito da PUC-SP, onde continuará dando aulas."
Divergência,"Na economia, como em todos os campos do conhecimento, a aplicação pelos analistas de regras universais simples é sempre problemática. Causam disputas nas quais em geral se escondem sutis diferenças ideológicas que inconscientemente os envolvem. A nova discussão sobre a evolução nos próximos três anos da relação dívida bruta/PIB mostra isso. Um módico algebrismo demonstra que ela, no fim do ano de 2015, estará ligada à do fim de 2014, subtraído do superavit primário feito em 2015. O coeficiente de ligação é uma simples relação entre a taxa de juro real e a taxa de crescimento do PIB. No universo algébrico em que se deduz tal relação, tudo é lógica, precisão e certeza. No universo econômico, por sua própria natureza, tudo se transforma numa lógica com algum viés e em imprecisão e incerteza. Por exemplo: 1-) Quais as contingências que devem ser incluídas na definição da dívida bruta? O mais simples, mas não necessariamente o mais correto, é seguir as normas sugeridas pelo FMI (o que torna possíveis comparações internacionais). O Brasil as segue mas, como de costume, tem a sua ""jabuticaba"". 2-) Como classificar o ""risco"" contingente de ativos financiados com a dívida bruta, mas cuja valoração não medem o ""esforço fiscal"", mas sim flutuações do mercado, como é o caso das reservas de divisa? 3-) Essas questões influenciam o cálculo da taxa de juros real, que acaba definida, ""a posteriori"", pelo montante de juros pagos com relação à dívida bruta. 4-) Por último, mas não menos importante, pelas estimativas do ""superavit primário"", sujeito a erros aleatórios (para benefício do Tesouro) e do PIB sujeito a contingências metodológicas e estatísticas. O Banco Central aplica com cuidado, honestidade e competência a metodologia internacional na estimativa da dívida bruta. Seria uma tragédia ainda maior do que o aumento da relação dívida bruta/PIB, qualquer modificação ""ad hoc"" dessa metodologia. O Brasil está farto da contabilidade ""criativa"" e das ""pedaladas"" que enroscaram o governo. É preciso reconhecer, entretanto, que elas não são a causa eficiente dos nossos problemas atuais. Apenas ajudaram a empurrar, até o seu limite, a ""emergência"" fiscal que só agora se concretizou. Há 27 anos, ela é uma certeza. Todos sabiam que duas curvas que evoluem a taxas diferentes (a receita e a despesa correntes do governo) se encontrariam um dia. Este momento foi herdado pela presidente Dilma, ainda que ela, recentemente, o tenha cultivado com algum carinho... Confortemo-nos, cada um, com nossas próprias ""previsões"" que refletem a realidade fugidia em que vivemos."
"Foto de Machado de Assis na missa da Abolição é montagem, diz historiadora","Descoberta e anunciada com alarde em 2015, a imagem que mostra Machado de Assis na missa campal pela abolição da escravatura, em 1888, é uma montagem, diz a historiadora Lilia Moritz Schwarcz. Para ela, a cabeça do autor foi colocada ali artificialmente. ""Era uma técnica comum na época"", diz, destacando que as cabeças das personalidades presentes estão encaixadas de forma ""artificial"" nos dorsos, e que há desproporção entre várias figuras. A foto não significa que ele não estivesse lá (o fotógrafo pode tê-la manipulado por achar que não saiu boa), mas ela não serve como prova histórica. Nos jornais de época, por exemplo, a presença do escritor não é mencionada. A descoberta estará em ""Lima Barreto - Triste Visionário"" (Companhia das Letras), biografia do autor carioca que a historiadora lança no fim de junho. Ela afirma ter percebido o truque ao ver a foto ampliada, ocupando a parede de uma exposição. ""Como dizia a Susan Sontag, a fotografia nasceu para mentir"", diz Schwarcz, que vai continuar a investigação. Flip Falando em Lima Barreto, a ""Serrotinha"", edição especial da revista ""Serrote"", que circula durante a Flip, trará trechos do ""Diário Íntimo"" do autor homenageado, com seleção e apresentação de Beatriz Resende. Flip 2 O Instituto Moreira Salles, aliás, não terá sua tradicional casa na festa literária este ano. O evento será próximo à inauguração do seu novo prédio, na avenida Paulista. Morgana A editora Planeta comprou os direitos da série de livros iniciada com ""As Brumas de Avalon"", de Marion Zimmer Bradley. A última editora a ter a obra foi a Rocco, nos anos 1990. Morgana 2 Por aqui, o primeiro volume da série, o único a levar o nome ""As Brumas de Avalon"", foi dividido em quatro pela Imago, que o lançou nos anos 1980. Os sete volumes originais saem com tradução de Marina Della Valle a partir de dezembro. Oh, Carroll A Galera Record prepara uma nova edição de ""A Caça ao Snark"", de Lewis Carroll, com tradução da poeta Bruna Beber. Chapéu seletor No processo de seleção de estagiários para o selo Galera nesta semana, aliás, os candidatos foram questionados sobre quais seriam suas casas em Hogwarts. A maioria era Grifinória e Corvinal."
A grande cantora popular,"RIO DE JANEIRO - Querida leitora, se alguém a convidar a ""ir lá em casa para ouvir uns blues da Billie Holiday"", não vá. É golpe. Billie Holiday nunca gravou um blues na vida, exceto, talvez, ""Billie's Blues"". O blues é um formato musical primário e repetitivo, bom de ouvir desde que em pequenas doses –assim como seu primo brasileiro, o partido-alto. O repertório de Billie se compunha de canções populares, comerciais, quase todas de alta qualidade. As que não eram, ela as tornava de alta qualidade. Billie também não era uma cantora ""de jazz"", no sentido de detonar a melodia e passar a letra no moedor. Ella Fitzgerald e Anita O'Day faziam isto; Billie, não. Sarah Vaughan, Carmen McRae e Peggy Lee, também não –e alguém dirá que Sarah, Carmen e Peggy não eram cantoras de jazz? Enquanto não se chega a um acordo sobre o que seria uma cantora ""de jazz"", fica combinado que Ella, Anita, Billie, Sarah etc. eram grandes cantoras populares, só que com um sotaque jazzístico. Muitos adoram Billie porque ela cantava ""com sentimento"" e ""vivia tudo que cantava"". Em termos, não? Basta ouvir a caixa de dez CDs da Verve, ""The Complete Billie Holiday 1943-1959"". Sua gravação de ""God Bless the Child"", de 25 de agosto de 1955, por exemplo, exigiu quatro takes com várias interrupções e muita conversa com os técnicos. São 20 minutos gravados de idas e vindas. E, a cada recomeço, cantava com o mesmo ""sentimento"". Na verdade, Billie interpretava uma Billie Holiday que ""vivia tudo que cantava"". E, estranhamente, admira-se Billie –assim como Charlie Parker, Miles Davis e Chet Baker– mais por sua relação com a droga do que por sua arte. Mas imagine as alturas a que teriam chegado sem os estragos pessoais e profissionais que a droga lhes causou. Billie, 100 anos nesta semana, morreu aos 44, em 1959. Vida curta, arte eterna."
Ilusões matemáticas,"SÃO PAULO - Não apenas matemáticos mas também físicos tendem a ser irremediavelmente platônicos e endeusar os números. Já aludi neste espaço a Eugene Wigner, que, num artigo de 1960, se pergunta de onde vem a inesperada eficácia da matemática nas ciências naturais. Wigner não está só. Antes dele, ninguém menos do que Albert Einstein já tinha provocado: ""Como é possível que a matemática, sendo um produto do pensamento humano, que é independente da experiência, se ajuste tão admiravelmente aos objetos da realidade física?"" Eis aí um assunto em que não tenho opinião formada. Mas, como ao ler ""The Number Sense"", de Stanislas Dehaene, topei com uma boa resposta não mística à pergunta dos eminentes físicos, achei que valia a pena oferecer ao leitor um gostinho dela. Dehaene é um matemático que migrou para a neurociência e a psicologia. Como convém a um cientista responsável, ele é imaculadamente materialista e vê a matemática como um produto de nossos cérebros. O problema é que, assim como não conseguimos evitar ver objetos como sendo de alguma cor, também não conseguimos deixar de perceber números, formas e outros objetos matemáticos como se fossem uma realidade externa. Essa ilusão é tão poderosa, diz Dehaene, que faz com que a matemática pareça um mundo platônico já acabado cujas múltiplas facetas precisamos apenas descobrir. Essa ilusão consegue invadir a física porque esta se utiliza da linguagem matemática. Mas cuidado para não perder de vista aqui o espaço amostral. Matemáticos produzem quantidades assombrosas de matemática pura, da qual uma parte muito pequena acaba servindo aos físicos. É um processo que lembra a seleção natural. E, da mesma forma que é absurdo inferir um Projetista a partir de um olho, não faz muito sentido ver sinais do Grande Geômetra no fato de uma ínfima porção da matemática ser útil para os físicos."
Temer desperta esperança de recuperação da economia,"O presidente interino, Michel Temer (PMDB), quieta e modestamente, está conseguindo despertar a esperança dos brasileiros na superação dos graves problemas em que fomos metidos pela exacerbação, a partir de 2012, de uma política econômica voluntarista. O modesto comportamento individual contrasta com o arrojo do projeto que apresentou à nação e cuja viabilidade depende da compreensão e paciência da sociedade e da sua capacidade de manter funcionando o ""parlamentarismo de ocasião"" que competentemente montou. Como insistem os seus críticos, os ""principistas"" e os ""ideológicos"", trata-se de uma remota possibilidade. Mas o que oferecem como solução alternativa, se não o ""austericídio"" (apenas o irresponsável ""cortar na carne"") ou insistir na volta ao ""caos"" (com a promessa de que desta vez ""será"" diferente)? Com todas as idas e vindas, os fatos mostram que a visão interna e externa do Brasil está mudando — e para melhor — numa velocidade nada desprezível: 1) a queda do PIB e a queda do emprego estão diminuindo; 2) a expectativa de retração de 2016 está menor e, para 2017, se generaliza a esperança de um crescimento positivo, o que é tudo que precisamos para dar maior probabilidade de sucesso para o projeto; 3) a ""confiança"" interna teve uma inflexão positiva e a externa dá bom sinais (a queda do risco Brasil); 4) a expectativa de inflação continua a reduzir-se (efeito da afirmação de que a ""meta"" é o objetivo para 2017); 5) há uma evidente preocupação do Executivo interino de melhorar as condições para acelerar o investimento privado em concessões, acompanhada de mudança profunda na constituição e no poder das agências reguladoras que foram miseravelmente descuidadas; 6) apesar do baixo crescimento do mundo, nosso saldo em conta corrente continua melhorando graças aos efeitos do ajuste cambial, que depende da expectativa sobre a taxa de juro real da economia. Ela está elevada porque o Banco Central, com razão, não está convencido do suporte fiscal necessário para iniciar a redução da Selic; 7) a profissionalização da administração das empresas estatais e, talvez mais importante, 8) a profunda mudança política produzida pela eleição do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara Federal e o seu melhor entendimento com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), o que deverá acelerar a aprovação do programa de ajuste fiscal. Quanto mais cedo o Banco Central se sentir confortável, mais cedo reduzirá a taxa de juros, ajustará melhor a taxa de câmbio e facilitará a retomada do crescimento."
"E agora, José?","A festa acabou! O que fazer com tantos sonhos desfeitos? José, João, Maria, Paulo, Ana, são milhares os brasileiros que vivem hoje o pesadelo do desemprego. O país cortou 158 mil vagas de trabalho com carteira assinada no mês passado, o pior resultado para julho desde 1992. Nos últimos 12 meses, o total de desempregados subiu 56% nas seis maiores regiões metropolitanas do país. O resultado da gestão desastrosa do PT não poderia ser outro: PIB em declínio, inflação, arrocho fiscal. É o típico quadro de um país em desgoverno, sem rumo. Mas o que entristece de fato é a realidade que se esconde na frieza das estatísticas. Cada pequeno ponto a mais na taxa de desemprego significa milhares de pessoas à margem da sociedade e vidas em risco. Uma só vida em desalinho já deveria bastar para nos tirar o sono, o que dizer de tanta gente? O desemprego é cruel por várias razões. Primeiro, pelo efeito dominó: para cada trabalhador que a indústria demitiu, outros tantos foram mandados embora nos setores de comércio e serviços. Como a indústria vive um de seus piores momentos, é possível imaginar o impacto da redução de atividades que ainda está por vir. Depois, o drama social. O afastamento dos indivíduos do seu grupo, o sentimento de fracasso, a desestabilização das famílias e o aumento da violência que decorre do ambiente de tensão formado. O emprego é o pilar central em torno do qual se estabelece uma rotina e um padrão de vida. Sem isso, para onde ir e o que fazer? A realidade é cruel com os mais jovens. Na faixa entre 16 e 24 anos, o desemprego saltou de 11,2% em dezembro para 18,5% em junho último. Esses jovens haviam optado por se dedicar aos estudos, mas estão sendo obrigados a ir para o mercado para complementar a renda familiar. Mais gente procurando emprego, menos vagas, menos renda. Nesse quadro de deterioração, aumenta o grau de informalidade da economia e de atividades autônomas, sem a proteção da legislação trabalhista. Justo no momento em que o governo muda o acesso ao seguro desemprego. Sem carteira assinada, sem garantias, e ao deus-dará, o que será de José? Os injustiçados de sempre estão pagando a parte mais salgada da conta dos erros e da irresponsabilidade do governo. O número é assustador: a cada dia, 7.000 brasileiros perdem os seus empregos. Os versos do poeta de Itabira parecem ter sido escritos hoje. E agora, José? O riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou, e tudo fugiu, e tudo mofou. E agora? Em tempo: impossível não registrar o constrangedor patrocínio do BNDES, de R$ 400 mil, à Marcha das Margaridas, em clara manobra de apoio à presidente. Uma prática reincidente, que usa o que é público em favor de uma causa partidária. Até quando?"
Como você se vê no fim de 2017?,"Em um mundo tão conturbado e imprevisível, está cada vez mais difícil fazer qualquer tipo de planejamento. Mas não tem jeito. Faltando poucos dias para o ano acabar, é quase inevitável começarmos a imaginar como será o nosso 2017 e fazer aquela famosa lista de planos. Elencamos as metas e já queremos mudar todo nosso comportamento imediatamente para conseguir alcançá-las. Emagrecer, trocar de emprego, criar uma nova estratégia para empresa ou qualquer outra coisa: toda mudança começa logo no dia 1º de janeiro. Existe um lado bom nisso tudo. Afinal, se não acreditássemos que a virada do ano pode simbolizar uma virada em nossas vidas, suportar problemas e frustrações seria ainda mais difícil do que já é. Porém, é muito fácil se decepcionar quando apostamos todas as fichas numa mudança brusca e repentina. Dificilmente elas funcionam. O mais comum é que os velhos hábitos falem mais alto. Você pode até começar bem. Mas, de repente, a rotina volta com força, atropela seus planos e coloca outras prioridades na sua frente. E o resultado é conhecido: você não consegue concretizar aquilo que planejou, e os mesmos itens permanecem na lista de desejos ano após ano. Por isso, convém dar um passo de cada vez. E a melhor maneira de fazer isso é planejar seu ano de trás para frente. Responda uma pergunta: como você se vê em 31 de dezembro de 2017? Qual é a sensação que você quer sentir ao olhar para o ano que terá passado? O que você quer ter conquistado? A partir dessa resposta, planeje o seu mês de dezembro, depois o de novembro, o de outubro e, assim, regressivamente. Imagine que você quer correr a São Silvestre em dezembro. Então, até outubro você precisa correr de 10 a 12 km sem se sentir cansado. Em julho você precisa participar de uma prova de 5 km. E em janeiro deve começar a treinar -sem achar que vai sair correndo logo de cara. A partir desse ponto no futuro, programe seu tempo de maneira a percorrer todos os passos que vão te levar até lá. Um de cada vez, sem pular degraus nem achar que a vida muda da noite para o dia. Mas lembre-se sempre que se você fizer tudo que sempre fez, vai atingir os resultados que sempre atingiu. Então, se quer um resultado diferente, é preciso agir diferente. E não deixe as coisas que você não pode controlar atrapalharem aquelas coisas que você pode controlar. Feliz 2017!"
O medo está no ar,"FRANKFURT - Não tenho, nunca tive, medo de voar. Não por especial desassombro mas por necessidade: para fazer as coberturas jornalísticas de que fui incumbido nos meus 52 anos de profissão, voar era quase tão comum quanto tomar café. Agora, no entanto, sinto uma certa agonia ao me preparar para viajar nesta quarta, 11, de Frankfurt a Antalya, no Mediterrâneo turco, sede da reunião de cúpula do G20, o clubão das maiores economias do mundo. Tudo devido ao acidente ou atentado contra o avião russo que faria a rota Sharm-el-Sheik (Egito)/São Petersburgo. Se foi mesmo atentado, como tudo parece indicar, introduziu-se uma roleta russa (sem ironia) no ar. Até então, havia uma certa lógica em atentados, abomináveis todos eles: os alvos eram previsíveis, símbolos de alguma coisa que os fanáticos não toleram. Com a derrubada do jato russo, se foi mesmo bomba, o recado é assustador: todos os que não somos fanáticos somos alvo. Russos, iranianos, norte-americanos, franceses, iranianos, turcos —- enfim todos os que combatem o Estado Islâmico ou ao menos não toleram. Por falar em turcos e para aumentar minha agonia com esta viagem, a polícia turca prendeu mais de 20 pessoas, na semana passada, exatamente em Antalya, todos suspeitos de pertencer ao grupo islamista. Se foram 20, dá para suspeitar que existe, na cidade a que me dirijo, uma célula ativa do EI, o que não seria propriamente uma surpresa: a Turquia, como talvez não tenhamos prestado atenção como turistas, faz fronteira com a Síria, onde o Estado Islâmico instalou-se com força. Nesta terça-feira, 10, aliás, a polícia turca prendeu mais 18 suspeitas de recrutar combatentes para a Frente Al Nusra, franquia da Al Qaeda na Síria. Ajuda a angústia o fato de saber que não há evento no mundo mais adequado para um atentado de extraordinária repercussão do que uma cúpula do G20. A ela comparecem de Barack Obama a Vladimir Putin, passando por Angela Merkel e Dilma Rousseff ou François Hollande e os governantes sauditas. Não é à toa que a Turquia, escaldada por um atentado em Ancara, relativamente recente e que foi o maior de sua história, blindou Antalya: haverá quase um agente de segurança para cada participante da cúpula, jornalistas inclusive. São 12 policiais/militares para 13 mil participantes. O centro de imprensa, que será a minha residência a partir desta quarta-feira, é inacessível para quem não tenha a credencial expedida pelas autoridades turcas. Para ir do aeroporto até o centro de mídia, os credenciados somos obrigados a usar ônibus da organização, que para num determinado ponto, longe do centro de convenções transformado em centro de imprensa. Aí você desembarca, a bagagem é verificada e só então é permitido seguir adiante, até o hotel cujo centro de convenções abrigará o QG da mídia. É um aborrecimento, mas seria tranquilizador pela segurança que oferece, não fosse, ainda, o tal voo russo: pelas escassas informações disponíveis, alguém no aeroporto de Sharm-el-Sheik burlou a segurança e plantou a bomba que destruiu o aparelho, se é que foi isso mesmo o que aconteceu. Quem me garante que algum fanático com idêntica propensão não faça o mesmo no centro de imprensa, outro alvo de excelência, já que nele trabalharão 3.000 jornalistas, entre eles os das grifes mais lustrosas da mídia planetária, tipo ""The New York Times"", ""Le Monde"", CNN e por aí vai. Há momentos em que a companhia de famosos incomoda. Esse é um deles."
Alstom negocia acordo para devolver dinheiro ao Metrô,"A francesa Alstom e o Ministério Público de SP estão finalizando acordo para que a empresa pague pelos prejuízos causados por fraudes em obras do Metrô. Investigada por formação de cartel, a companhia desembolsaria alguns milhões para ressarcir a estatal do governo de São Paulo. À VISTA 2 Em troca, a Alstom se livraria de ação em que poderia, no futuro, ser declarada inidônea e, por isso, impedida de participar de licitações. Com o acordo, a empresa continuaria habilitada a fazer negócios com o governo. ""É como se ela pagasse para se livrar do problema"", diz um dos envolvidos nas tratativas. O acerto não prevê confissão de culpa nem delação de outras empresas. VAI EM FRENTE A PGE (Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo) já foi consultada pelo Ministério Público para saber se aceitaria o acordo com a Alstom, abrindo mão de ações futuras contra a companhia francesa. O órgão deu sinal verde para que as conversas prosseguissem. FICHA LIMPA Em paralelo, a PGE negocia com outra empresa, a Siemens, também envolvida em acusações de formação de cartel para obras do Metrô. O órgão foi procurado pela companhia alemã, que está sendo processada pela procuradoria, para saber se haveria espaço para acordo em que ela pagaria pelos prejuízos e continuaria habilitada a participar de licitações. FATURA A PGE aceitou conversar e colocou como condição que fossem realizadas duas perícias para se chegar ao valor do prejuízo: uma encomendada pela Siemens e outra pela própria procuradoria. Esta última seria paga pela empresa alemã. A companhia ainda não respondeu se aceita a proposta, feita há cerca de dois meses. CONTA BÁSICA Cálculos já publicados indicam que o prejuízo do Metrô com o cartel pode chegar a R$ 1 bilhão. CHEIA DE SORRISOS A cantora Fafá de Belém fez show de lançamento de seu novo álbum, ""Do Tamanho Certo para o Meu Sorriso"", no Teatro Itália. O fotógrafo Bob Wolfenson, o DJ Zé Pedro e o estilista André Lima assistiram à apresentação, na terça (25). O empresário João Doria Jr. e a mulher, Bia Doria, também passaram por lá. PASSOU UM AVIÃO Integrante do time de ""angels"" da Victoria's Secret, a brasileira Laís Ribeiro, 25, diz que ""é difícil saber"" onde vai estar na semana seguinte. ""Os trabalhos muitas vezes são confirmados com pouca antecedência"", conta ela, que mora em Nova York e fez rápida passagem por SP há alguns dias. * ""Minha rotina é sempre imprevisível!"", diz a piauiense, que celebra ""um movimento importante e positivo de inclusão"" no mercado da moda, ""dos negros, 'plus size', trans, orientais"". Sobre ""book rosa"", ela se esquiva de comentar: ""Isso [prostituição] não faz parte do mercado onde trabalho"". CINQUENTÃO Comemorando 50 anos de carreira, Antonio Fagundes, 66, vai voltar com a peça ""Tribos"" a partir de 11 de setembro, no Tuca. Na mesma data da reestreia, o teatro em Perdizes também completa meio século. * No espetáculo, o ator contracena com o filho Bruno Fagundes, 26. NOVOS RICOS José Luís Cutrale, do grupo Cutrale, estreia no ranking de bilionários da ""Forbes Brasil"" neste ano, com patrimônio de R$ 7,82 bilhões. Ele aparece na 15ª posição da relação, publicada pela revista nesta sexta (28). Entre os 24 novatos na lista, está também David Neeleman, da Azul Linhas Aéreas, no 64º lugar, com R$ 3,30 bilhões. DE OLHO NA DAMA O cônsul da França em SP, Damien Loras, assistiu com a mulher, Alexandra Loras, ao show da ex-primeira-dama francesa Carla Bruni no Teatro Bradesco. O secretário municipal de Educação de SP, Gabriel Chalita, a estilista Sarah Chofakian e o designer de moda Osvaldo Costa foram ao evento, na quarta (26). Bethy Lagardère, viúva do empresário francês Jean-Luc Lagardère, também compareceu. NÃO PODE A blindagem que a produção do show da cantora Carla Bruni fez à cobertura fotográfica da imprensa -exigindo que as imagens passassem por controle antes de publicação- se estendeu ao público. Durante toda a apresentação, ""lanterninhas"" circulavam pela plateia, apontando uma luz para quem sacava o celular e avisando que era era proibido registrar o espetáculo. OUTRA LÍNGUA A agente literária Luciana Villas-Boas pretende lançar dois best-sellers brasileiros fora do país: ""Divaldo Franco - A Trajetória de um dos Maiores Médiuns de Todos os Tempos"", de Ana Landi, e ""A Morte na Visão do Espiritismo"", de Alexandre Caldini. As obras, da Bella Editora, venderam 50 mil exemplares cada uma. CURTO-CIRCUITO O Festival de Artes do Morro do Querosene, em prol da criação do parque do Peabiru, vai de sexta (28) até domingo, com mais de 40 atrações. A peça ""Animais de Hábitos Noturnos"", inspirada na obra de Caio Fernando Abreu, reestreia sexta (28) no Parlapatões, às 21h. 18 anos. O DJ Mauro Borges festeja 18 anos da Disco Fever. Sexta (28) à noite, na Mono Club, na Augusta. 18 anos. A atriz e MC Roberta Estrela D'Alva estreia o espetáculo solo ""Vai te Catar!"", sexta (28), às 21h, no Teatro de Arena Eugênio Kusnet. 12 anos. Dinho Batista, que deu aula de passarela para Rainer Cadete em ""Verdades Secretas"", fala sobre sua carreira em um especial sobre a novela no site Gshow. JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI"
Contra e a favor,"RIO DE JANEIRO - É comum o cronista receber mensagens de leitores criticando o horror que ele expressa pela humanidade. Condenam o pavor que dedico aos homens, mulheres e instituições. Vamos com calma. É verdade que não aprecio guerras, fome, epidemias, delações (premiadas ou não), impostos, falas de dona Dilma e promessas do PT. Detesto as barraquinhas que vendem o angu do Gomes. São manifestações criadas e aceitas pela humanidade. Daí não se infere meu desapreço total pela reunião arbitrária de homens, mulheres, velhos, jovens, héteros e homossexuais. Até que essa turba inventou e aperfeiçoou coisas magníficas, como a guilhotina, os bandeirinhas de futebol, a Coca-Cola, o abridor de latas de sardinha e o Melhoral, que é melhor e não faz mal. Isso sem falar nas pílulas para as mulheres e no Viagra para os homens. Houve um imperador romano, dono do mundo e senhor absoluto de quase todos os povos. Enfastiado do poder, abandonou os mármores de Roma e foi viver em Capri, uma ilha na costa italiana banhada pelo mar Tirreno. Mesmo assim, mantendo com a capital do mundo uma eficiente rede de comunicação, dispensando a ajuda tecnológica da internet, continuou enfastiado do poder e desejava que todos os seus súditos tivessem uma só cabeça em cima do pescoço. Num único golpe de espada decapitaria todos, de uma só vez. Prometo àqueles que me julgam um monstro que odeia a humanidade que nunca seguirei o bom exemplo do imperador romano. Tampouco seguirei o exemplo de Jesus Cristo: ""Vinde a mim todos os que sofrem, eu os aliviarei"". Entre o imperador romano enfastiado e o salvador anunciado, ficarei comigo mesmo. Não matarei nem salvarei ninguém. Nem mesmo a mim, que tanto preciso de salvação."
Feliz Ano Novo,"O Rio de Janeiro da minha infância mesclava o seu generoso espaço público, que habitávamos como se fosse a nossa sala de visitas, com a crescente violência e a desorganização da política pública entremeada pela corrupção. A impressionante paisagem, com os morros cercando o entorno da Lagoa, dos parques e das praias, atraía-nos para fora de casa. O amplo mobiliário urbano, herdado dos tempos de capital, com as calçadas largas invadidas pelas mesas e cadeiras dos botequins e lanchonetes, e os muitos dias de sol e de calor convidavam-nos ao convívio social na cidade onde ainda era raro o ar-condicionado. A violência era igualmente parte do cotidiano. Levávamos o dinheiro do assalto ao ir de ônibus para a escola ou para a praia. Evitávamos atravessar o Jardim de Alá, sabedores dos roubos frequentes. Esse Rio era repleto de contradições. Encantava-nos o samba e o choro e achávamo-nos livres de preconceito. No entanto, descuidávamos da infraestrutura nas muitas favelas e da educação para a maioria. O descaso cobrou seu preço. Para agravar, a simpatia carioca tratou a política pública com paternalismo. Os governos dos anos 1980 interpretaram o cuidado com a segurança como herança da ditadura, e liberaram o comércio ilegal ao mesmo tempo em que não enfrentaram de forma eficaz o acesso à escola e ao saneamento. A política incompetente, em um país que vivia uma grave crise econômica, resultou na deterioração do espaço urbano e na piora da violência. Como ocorreu com o Brasil, o Rio de Janeiro iniciou um resgate com a normalidade a partir de meados dos anos 1990. Os homicídios caíram de 69 por 100 mil habitantes, em 1995, para 24, em 2012. Esse resgate terminou e a culpa foi exclusivamente nossa. Nos tempos de euforia, contratamos muitos servidores e concedemos expressivos aumentos salariais, apesar dos alertas de que o gasto com a folha de pagamentos, incluindo a Previdência dos servidores, levaria ao colapso das contas públicas. Quando a profecia se realizou, no começo desta década, optamos por medidas paliativas, como a venda dos royalties do petróleo ou o uso de depósitos judiciais para pagar as despesas. Vendemos as joias para pagar os salários. As joias se foram, a despesa continua. A fragilidade fiscal resultou no retrocesso da política pública, da segurança à educação. O resultado é a dramática degradação do Rio. O Brasil distribuiu imensas benesses para a segunda cidade mais rica de um país com tanta pobreza. Desperdiçamos. O risco é resgatar ""Feliz Ano Novo"", talvez o melhor livro de Rubem Fonseca, em que a celebração termina com violência desenfreada, sem ordem e sem razão."
Comparações,"Merece reflexão a frase dita por Hakkinen, nesta semana, após a chefia da Mercedes ter repreendido seus dois pilotos pelo acirramento da rixa interna. ""Hamilton e Rosberg não são os únicos pilotos que podem vencer ao volante de uma Mercedes"", declarou o bicampeão. Hakkinen tem toda a razão. Mas a frase não pode ser entendida como a cantilena do ""piloto não faz diferença"". De fato, boa parte do grid –ou todo ele, talvez com exceção do Maldonado– teria chances de conquistar o título se sentasse num carro prateado. A diferença técnica é astronômica. No treino classificatório de Abu Dhabi, Rosberg foi 0s814 mais rápido que Raikkonen, o ""melhor do resto"". Na corrida, a folga na linha de chegada foi quase 20 segundos –se não poupasse o carro, o alemão poderia fazer um pit stop a mais e ainda assim ficaria à frente da Ferrari. Na tabela do Mundial, a Mercedes fechou o ano com 703 pontos, mais que a soma da segunda e da terceira colocadas, Ferrari (428) e Williams (257). Tenho a convicção de que um Ericsson, um Nasr, um Sainz ou um Rossi lutaria pelo título sentando num foguete como este. Mas não, não é pelo alto que devemos comparar sujeitos que aceleram carros de corrida. Prefiro muito mais observar o que um piloto pode fazer num carro ruim. É isso que verdadeiramente os distingue. Vettel foi o piloto do ano, na minha opinião, porque tirou leite de pedra. Em uma Ferrari apenas mediana, venceu três corridas, conquistou uma pole e uma volta mais rápida. Já Raikkonen, seu companheiro, quase não conseguiu ficar à frente de Bottas no Mundial. Alonso e Button, juntos, marcaram apenas 27 pontos. Tenho dúvidas se outra dupla conseguiria o mesmo pilotando a carroça da McLaren e da Honda. Por este mesmo motivo devemos olhar Bottas com atenção. O finlandês foi quarto colocado em 2014 e quinto em 2015 a bordo de um Williams que não arranca suspiros de ninguém –já que é para comparar, Massa ficou em sétimo no ano passado e em sexto nesta temporada. Pilotos ainda não importantes, fundamentais. O talento ainda faz diferença. Mas é preciso haver um mínimo de respeito na convivência dentro dos boxes. Daí a bronca de Wolff, o chefe da Mercedes. Segundo o austríaco, um de seus pilotos pode perder o emprego se o clima continuar agressivo como neste final de campeonato. ""Se sentirmos que um de nossos pilotos não está alinhado com nossa filosofia, isso será levado em conta quando formos pensar na nossa dupla"", declarou o dirigente. (Em tempo: duvido que isso aconteça.)"
De Joaquim a Henrique,"SÃO PAULO - Quando Joaquim Levy assumiu a chefia do Ministério da Fazenda, um ano e meio atrás, parecia a pessoa certa para a missão. Sem nenhum compromisso com os erros cometidos pelos petistas no primeiro mandato de Dilma Rousseff, ele era respeitado na praça e sabia o que fazer para arrumar as contas públicas e criar condições para que o país voltasse a crescer. Deu errado, como se sabe. Levy segurou as despesas do governo e passou os dias esmurrando pontas de faca na tentativa de convencer a presidente e seus colaboradores da necessidade de apertar os cintos. Desajeitado na política, ele ficou sozinho em Brasília e perdeu credibilidade quando todo mundo percebeu que Dilma não tinha a convicção necessária para seguir a sua cartilha. Levy também subestimou o tamanho do problema. Com a economia em recessão, as receitas do Tesouro caíram mais do que ele previra, e o rombo nas contas públicas cresceu. Mas seu erro crucial foi de natureza política. Ele achava que os petistas não tinham outra saída além da aposta no seu programa. Em novembro, antes de completar um ano no cargo, Levy estava fora do governo. A chegada de Henrique Meirelles ao Ministério da Fazenda alimentou esperanças parecidas. Ele montou uma equipe qualificada e logo anunciou providências para frear os gastos do governo. Meirelles conta com o respeito dos investidores e goza da confiança do presidente interino, Michel Temer, que depende dele como Dilma dependia de Joaquim Levy. Não se sabe se Temer cumprirá suas promessas de austeridade, mas o mercado exibe boa vontade com ele, porque aposta na sua capacidade de articulação política. Na semana passada, enquanto Meirelles brigava para estabelecer em 2017 uma meta fiscal mais rigorosa do que a deste ano, o principal articulador do presidente interino, o ministro Eliseu Padilha, puxava para outro lado. Ele se retraiu no fim, mas deixou claro que Meirelles não joga sozinho."
"Corrupção na China se tornou algo normal, e crise é questão de tempo","O presidente Chinês Xi Jinping, que recentemente recebeu o título de ""líder central"" da China, é um homem com duas missões. A primeira é extirpar a corrupção do Partido Comunista chinês. A segunda é reformar a economia do país. Essas metas, porém, se provarão incompatíveis caso ele continue a concentrar seu esforços na purificação e fortalecimento do corrupto Estado/Partido leninista. Em 2014, Xi descreveu o desafio que a China enfrenta da seguinte maneira: ""A corrupção nas regiões e setores se entrelaça; os casos de corrupção por conluio estão aumentando; o abuso da autoridade sobre o pessoal e o abuso da autoridade executiva se sobrepõem; a troca de poder por poder, poder por dinheiro e poder por sexo é frequente; os conluios entre funcionários do governo e empresários e os conluios entre superiores e subordinados se entrelaçaram; os métodos de transferir benefícios de uns a outros são ocultos e muito diversificados"". Essa severa denúncia pode bem ter sido feita em benefício próprio. Como aponta Minxin Pei em um brilhante livro, ""China's Crony Capitalism"" [o capitalismo de compadres da China]; é fácil demais para um aspirante ao posto de homem forte usar acusações de corrupção como forma de solapar seus rivais. Mas o método é muito efetivo exatamente porque as acusações são plausíveis. Usando provas fornecidas pelas autoridades chinesas, o professor Pei mostra que os conluios e a corrupção são onipresentes. Eles distorcem a economia, degradam a administração e roubam o partido de sua legitimidade social. A corrupção é de fato um câncer. Mas não surgiu por acidente. A explosão de corrupção, do começo dos anos 1990 para cá, é o avesso das reformas bem sucedidas. ""O surgimento e o enraizamento do capitalismo de compadres na economia política da China, em retrospecto, é o resultado lógico do modelo autoritário de modernização econômica de Deng Xiaoping"", argumenta o professor Pei, ""porque as elites que controlam esse poder irrestrito não conseguem resistir a usá-lo para saquear a riqueza gerada pelo crescimento econômico"". A corrupção é o fruto do casamento entre o Estado/Partido e o mercado. Ela se espalha por coerção, por sedução e por imitação. E quando a corrupção se torna normal, o sistema corre o risco de chegar a um ponto de colapso. É exatamente isso que Xi teme. A característica especial da corrupção chinesa é que ela coincidiu com um imenso aumento na riqueza do país. A corrupção não impediu que isso acontecesse. De fato, corrupção e crescimento caminharam juntos. E pode bem ser que, por algum tempo, eles tenham se sustentado mutuamente; a corrupção azeitava o crescimento, que por sua vez bancava a corrupção. As políticas públicas chinesas ao longo desse período tiveram três características principais: liberalização dos mercados, descentralização do poder, e direitos de propriedade contestados e inseguros. O controle da propriedade foi descentralizado, mas isso não conferiu segurança aos proprietários. Quando o controle sobre a propriedade é um privilégio, não um direito, como acontece na China, as pessoas dotadas de poder político têm a capacidade de se fazer, e de fazer àqueles a quem favoreçam, imensamente ricos. E foi exatamente isso que elas fizeram. Os servidores do partido expropriaram ativos valiosos do Estado a quem deveriam servir, incluindo terras e minerais. A necessidade de conluio, para tanto, vem do fato de que o controle dos meios necessários a uma atividade econômica —propriedade e permissões— não cabe a uma pessoa só. Com isso, alianças de conluio não demoraram a surgir. Algumas são administradas por funcionários importantes do governo (yibashou) —muitas vezes, por secretários regionais do partido—, em um sistema de ""colusão vertical"". Outras são administradas por diversos funcionários de autoridade semelhante, em uma forma de ""colusão horizontal"". E há casos de organizações corruptas comandadas por empresários do setor privado ou mesmo por criminosos. Em alguns locais, o resultado foi uma forma de ""Estado mafioso"". A corrupção encontrou lugar até mesmo nos mecanismos disciplinares do Partido Comunista, nos serviços de segurança e nas forças armadas. E todas essas são instituições chave do Estado/Partido. É possível argumentar, e corretamente, que a corrupção não impossibilitou o extraordinário desempenho econômico da China no passado recente. Mas há quatro argumentos para que isso não deva despertar complacência. Primeiro, a corrupção tende a se tornar cada vez mais presente e dispendiosa, com o tempo. Segundo, à medida que a população se educa e se torna mais exigente, sua tolerância para com a corrupção e para com as falhas administrativas que ela acarreta diminuirá. Terceiro, o crescimento econômico está se desacelerando, o que torna mais custoso o desvio de renda para as mãos dos predadores. Por fim, o crescimento está se tornando cada vez mais dependente de inovações da parte dos empreendedores, e é provável que o capitalismo de compadres as sufoque. A questão, porém, é determinar se é possível fazer grande coisa quanto a isso, além de colocar muita gente na prisão. A resposta de Xi parece ser mais leninismo e mais mercado. Mas essa é uma combinação altamente problemática. O motivo para que Deng Xiaoping tenha promovido a descentralização dos processos decisórios é que a China é grande demais para que qualquer outra coisa funcione. Hoje, a complexidade da economia torna o controle político centralizado ainda mais impraticável. Para todos os efeitos, é impossível que o centro controle as atividades de todos os seus agentes. E tampouco é possível forçá-los a prestar contas ao povo, porque isso destruiria o monopólio do partido sobre o poder. O Estado/Partido leninista não tem soluções a oferecer para o problema da governança. E tampouco é capaz de oferecer soluções para o problema econômico. Se o objetivo é uma economia de mercado combinada a um governo razoavelmente não corrupto, os agentes precisam de direitos legais protegidos por tribunais independentes. Mas é exatamente isso o que um Estado/Partido leninista não pode oferecer, já que ele se coloca, por definição, acima da lei. O Estado/Partido pode governar usando a lei, mas não se deixa governar por ela. Assim, seus agentes estão isentos de qualquer forma efetiva de recurso legal por parte dos cidadãos privados. Se, como parece provável, os esforços de Xi para combinar a restauração da disciplina leninista a uma liberalização do mercado se provarem impraticáveis, o regime terá de enfrentar uma crise mais profunda. Ela pode demorar a surgir. Mas parece certo que virá, no fim. Xi tomou o rumo atual por bons motivos. Mas afirmar que suas soluções para os problemas são boas é coisa completamente diferente. Tradução de PAULO MIGLIACCI"
Entre o justo e o possível,"BRASÍLIA - No ano passado, a presidente Dilma enfrentou um perrengue no Congresso por causa da correção da tabela do Imposto de Renda, assunto pop e que sempre gera debates acalorados. O imbróglio, neste ano, promete ser bem maior. Enquanto a queda de braço de 2015 começou devido à proposta apresentada pelo Planalto – muito acanhada diante do tamanho da inflação registrada no ano anterior –, a situação em 2016 será pior por um detalhe relevante: o governo, desta vez, não propôs reajuste algum. A ideia inicial do Planalto em 2015 era corrigir a tabela em 4,5%, abaixo da alta de 6,41% dos preços em 2014. A oposição fez um escarcéu e tentou forçar uma correção de 6,5%. O governo conseguiu barrar o populismo oposicionista, negociou com quem manda no Congresso e acabou aprovando um reajuste escalonado das faixas da tabela. A correção ficou, na média, em 5,6%. Como não faltou confusão no fim do ano passado, ninguém percebeu o fato de que o Orçamento de 2016 foi aprovado sem previsão de reajuste da tabela, como sempre quer toda e qualquer equipe econômica. Os ministros petistas acordaram e já começaram a pressionar o colega Nelson Barbosa para arrumar um jeito de apresentar alguma alternativa. O chefe da Fazenda terá enorme trabalho para convencer seus colegas políticos, usando argumentos técnicos, de que não dá para corrigir nada, mesmo depois da inflação de quase 11% no ano passado. O assunto ainda não chegou à mesa da chefe. Até lá, o bloco da pressão vai deixar de estar restrito aos amigos petistas. Vamos assistir a um movimento suprapartidário, assim que deputados e senadores voltarem ao trabalho, no início de fevereiro. Dilma terá que decidir se faz o que parece ser justo ou se atém ao que é possível. Se corrigir a tabela, algum outro imposto vai subir. Se negar o reajuste, vai comprometer ainda mais seu ínfimo capital político. renato.andrade@grupofolha.com.br"
"Caro psicanalista, e se topasse com Antígona em seu consultório?","Existem terrores na vida aos quais devemos prestar reverência. O filme ""Manchester à Beira-Mar"", dirigido por Kenneth Lonergan e com Casey Affleck no elenco, é um caso desses. Devemos assistir a esse filme de joelhos. E fazer silêncio. Não vou dar spoiler, mas o tema do terror como limite psicológico e filosófico se impõe, principalmente em épocas em que algumas formas de terapia acreditam no controle absoluto da vida mediante um Excel existencial. A contaminação da vida existencial pelo marketing existencial do sucesso, em breve, se constituirá numa das piores pragas conhecidas na história da espécie humana. E, quando isso cruzar com as neurociências, Aldous Huxley considerará, do alto da sua eternidade, seu ""Admirável Mundo Novo"" uma história para ninar crianças. A estupidez atingirá seu grau de ""ciência"". Para um psicanalista (e não estou confundido a psicanálise com praticantes de planilhas de Excel existencial, pois respeito a psicanálise), enquanto ele não encontrar um paciente para quem nada pode ser dito que valha a pena ser dito, talvez não tenha atingindo sua maturidade como profissional ou ser humano. Dizer, como diz Lee Chandler (personagem de Casey Affleck), num dado momento do filme, perto do final, ""I can't beat it"" (""não consigo vencer isso""), ao se referir ao terror que destruiu sua vida, pode ser um modo de saúde mental possível diante do terror absoluto. Às vezes, na vida, pode não haver nenhuma saída que pareça ""boa"" para uma alma imatura que acredite que sempre existem saídas ""boas"". Os gregos trágicos sabiam bem disso. A tragédia nos impõe terror e piedade, como dizia Aristóteles. Lee Chandler é um típico herói trágico. Diante dele, devemos cair de joelhos e ficar em silêncio porque ele encarna o máximo do sofrimento que um homem pode suportar sobre suas costas. E, para além do que o filme narra de específico, Lee Chandler caminha ao lado de Édipo, Antígona e Medeia, entre tantos outros que merecem nossas lágrimas de reverência. Por isso, o filme é mais do que um drama, é uma tragédia, no sentido técnico do termo: Lee Chandler é um bode no altar do sacrifício. ""Tragos"", em grego antigo, origem da palavra ""tragédia"", significa o animal bode, muitas vezes sacrificado aos deuses. O personagem de Casey Affleck encarna o paradigma do impasse humano diante de forças que o dominam e destroem sua vida, sem piedade. Para os modernos e pós-modernos, espécie de retardados que creem firmemente que a vida ""melhorou"" por conta do iPhone 7 e das mídias sociais, a tragédia permanece um monólito (um pouco a semelhança do misterioso monólito do filme ""2001, uma Odisseia no Espaço"", de Stanley Kubrick) desafiando nossas ferramentas de controle da contingência cega, conceito central para a tragédia. A modernidade, tal como a descreve Nassim Nicholas Taleb em seus dois livros essenciais, ""The Black Swan"" e ""Antifragile"", se caracteriza pela crença cega na capacidade de controle da vida, aliás, projeto evidente na filosofia de um dos pais da modernidade, o filosofo inglês Francis Bacon (1561-1626). A fé na capacidade de controle da contingência, via técnica (o Excel existencial é só um filho bastardo desse projeto), nos torna mais infantis do que os antigos. Quanto mais o mundo avança, mais ignorantes ficamos no que se refere a uma reflexão mais madura sobre o terror da contingência em nossas vidas. Quanto mais a fé no controle, como diz Taleb, maior a queda. A reverência diante do terror da contingência, tão presente nos antigos, falta entre nós. Não é outro o tema do livro ""Reverence"" de Paul Woodruff. A reverência é uma virtude esquecida. Em épocas de palestras estridentes sobre liderança, sucesso, carreiras, autoajuda profissional e outros quebrantos, Woodruff nos lembra como a reverência é uma virtude que molda nosso caráter, nos elevando à mais poderosa de todas a virtudes, a humildade. Caro psicanalista, o que você faria se um dia topasse com Antígona em seu consultório? A reverência diante do fracasso é uma virtude urgente. A santidade na tragédia não é outra coisa."
Supremo: procura-se,"A credibilidade do STF definha paulatinamente. O filme ""Polícia Federal """" A Lei É Para Todos"" é maniqueísta também ao estimular riso, desprezo e raiva na plateia: o Supremo aparece na trama como ameaça concreta aos heroicos e honestos propósitos policiais. Mas o problema não está no filme. Nem na temerária e injustificada suspeita que o procurador-geral da República difundiu no escândalo da semana. A crise interminável ocupa os trabalhos da corte há anos. Reage muitas vezes não como órgão coletivo, mas como uma somatória desordenada de gabinetes, com agenda própria mais ou menos discreta. As diferenças entre ministros extrapolam os recintos do tribunal. Como reverter esta tendência? Modular o confronto de ideias, investir em pautas positivas nas turmas e no pleno, periódicas, voltadas para outros temas de interesse público, estabelecer prazos peremptórios para pedidos de vista e para a confirmação de determinadas decisões monocráticas são algumas medidas regimentais factíveis e eficazes. Mas é pouco. O Brasil precisa de gestos e precisa, mais do que nunca, da presença frutífera do Supremo Tribunal Federal. O sistema político falido, os partidos, a Presidência e o Congresso em desgraça, o sistema judiciário transmitindo sinais oscilantes de ineficiência, impunidade e rigor extremo, corroendo valores e garantias tradicionais, o desastre fiscal e a recessão formam quadro dramático de decomposição. O STF pode controlar as próprias contas e estimular reformas legislativas e constitucionais (ainda que a Constituição não lhe conceda a iniciativa formal de emenda) para correção de desvios corporativos da magistratura e, por extensão, de outras carreiras jurídicas, que destoam da realidade. Não faz sentido juízes usufruírem dois meses de férias enquanto os brasileiros gozam um mês. A Carta de 88, com acerto, limita a atividade profissional do magistrado, proibindo o acúmulo de funções e atividades alternativas, ""salvo uma de magistério"". A regra é a transparência, mas, como a Folha mostrou segunda-feira (4), juízes dos tribunais superiores se consideram desobrigados de informar remunerações recebidas por aulas e palestras. A generalização do auxilio moradia, mesmo quando desnecessário, foi implementada por despacho liminar que se eterniza. Uma das razões para o modelo político de nomeação dos ministros do STF é justamente a contenção das ondas corporativas, movimento que o ministro Luiz Fux reverberou em duas oportunidades durante a semana. Reclamou de críticas infundadas ao Judiciário e defendeu a transferência de dois colaboradores do ""exílio nova-iorquino"" para o ""exílio da Papuda"". Se na segunda manifestação o ministro, por justa indignação, revela eventual parcialidade em julgamento futuro, da primeira sobressai o pensamento fantasioso, quase insensato, de que só o Judiciário salva o Brasil do ""naufrágio"". O Supremo é capaz de exercer a função moderadora que dele se espera. Criar metas e programas de longo prazo, que não se interrompam nas trocas de comando, gerir bem recursos orçamentários e processos, irradiar sinais de austeridade e, se necessário, descontentar opinião pública, corporações e governos: o caminho existe."
É só querer,"A crise é feia na economia e na política. O país está em recessão, as contas do governo não fecham, os impostos esfolam os brasileiros, o crédito é o mais caro do mundo, a indústria brasileira anda pra trás, o desemprego já atinge 8,6 milhões de pessoas, o comércio não vende, o dólar passou de R$ 4 pela primeira vez desde a criação do real, a inflação está alta, as ações das empresas estão superdesvalorizadas etc. Tudo isso é real. A conjuntura é desesperadora. Mas em situações como essas temos a tendência de esquecer conquistas recentes e passar a ideia de que nada dá certo no país. O Brasil dos últimos 20 anos, apesar de tantos erros cometidos no meio do percurso, é um exemplo de sucesso. Não acredita? Vamos, então, repassar alguns números básicos. Em 1994, o PIB brasileiro, em dólares correntes, era de US$ 558 bilhões. No ano passado, atingiu US$ 2,35 trilhões, segundo estatísticas do FMI. Nesse período, a renda per capita do brasileiro subiu de US$ 3.569 para US$ 11,6 mil por ano. O comércio exterior (importações mais exportações) passou de US$ 76 bilhões para US$ 454 bilhões nesses 20 anos. E a produção de alimentos (grãos) aumentou de 81 milhões de toneladas ao ano para 209 milhões ao ano. Houve nessas duas décadas um bom avanço na distribuição de renda. O principal indicador da concentração de renda é o Índice Gini, que vai de zero a 1 —quanto mais perto de 1, mais concentrada e quanto mais próximo de zero, menos concentrada. Pois o Gini do Brasil melhorou bastante, passando de 0,603 em 1994 para 0,501 no ano passado. Na área social, houve avanços consideráveis. O índice de analfabetismo, a despeito do ensino deficiente, foi reduzido pela metade e hoje há no país 8,5% de pessoas com mais de quinze anos que não sabem ler e escrever. A mortalidade infantil, talvez o mais importante indicador das condições de saúde de uma população, caiu. Em 1994, para cada mil bebês nascidos vivos, 43 morriam no primeiro ano de vida. Agora, esse índice é de 14,4. Dentro de casa, a situação melhorou. Só 39% dos domicílios tinham esgoto em 1994, número que subiu para 59%. A luz elétrica já está instalada em 99,6% das residências e a água encanada, em 85%. E 97,2% deles têm geladeira e televisão. Há muitos outros números positivos, que não cabem neste espaço. E você poderá citar, certamente, vários indicadores negativos desse período, sendo mais grave a desindustrialização que atingiu o parque manufatureiro brasileiro. Sempre será possível também comparar esses dados, aqui e ali, com os de outros países que caminharam mais rapidamente. E por que lembrar essas coisas em meio a uma crise tão grande? A resposta é simples: para observar que o Brasil tem um currículo que o credencia para superar os problemas atuais. Superou crises seguidamente, desde Itamar até agora. Todos esses governos cometeram erros, mas todos também promoveram avanços, mostrados por alguns números citados acima. O país está naturalmente assustado com o tamanho da crise. Já há perdas imensas para empresas e trabalhadores, que exigem correção imediata de políticas equivocadas. É só querer."
Vamos falar sobre avós...,"Eu poderia passar horas e horas escrevendo sobre avós. Escrevendo para quem tem, para quem não tem, para aqueles que moram com eles, para os que vivem longe, para aqueles que só visitam de vez em quando ou para alguns que se encontram só nas férias ou em datas importantes. Acho que tenho um pouco de experiência em quase todos esses casos. Não conheci o vovô, morei perto da vovó, depois ela veio tomar conta de mim e finalmente veio morar comigo até o dia que ela mudou para muuuuito longe. Não pude mais tocá-la, nem falar com ela. O meu recado: quem tiver seus avós, de qualquer maneira, pertinho ou longe, valorize muito e sempre, toquem neles em todos os momentos que puderem. Com o tempo, esse toque será só pelo cheiro do perfume que eles usavam, lembrando do cabelinho branco do vô, o morango com açúcar ou o bolinho de chuva que a vovó fazia, o jogo da memória que ela brincava e que, às vezes, eu trapaceava e as fotos que ficarão eternas para nós, seus netinhos. Tales Felizola, 11, é o colunista convidado deste mês"
O que sabemos 'de verdade' sobre a África?,"Experimentando uma certa expectativa -ou irritação- enquanto seu grupo de WhatsApp não responde sobre a viagem do fim de semana? Acho que eu tenho o antídoto para isso: imagine-se diante de uma igreja toda esculpida numa rocha -por cerca de 12 anos. Ah... isso tudo há mais ou menos oito séculos. Quer apostar que a ansiedade vai embora? Na última coluna, dividi com você a emoção de ter passado parte das minhas férias na Etiópia. Uma emoção mista: parte aventura, parte reconhecimento, parte... sei lá o quê? Crescemos -sobretudo no Brasil- com várias ideias pré-formadas sobre a África. Sabemos, graças a um programa de educação mais apurado e inúmeros movimentos de identidade da cultura negra, que devemos uma enorme porção da própria essência de ser brasileiro à herança daquele continente. Mas o que sabemos ""de verdade"" da África? Que é o berço de infinitas correntes artísticas -do jazz à timbalada, de Bispo do Rosário a Jean-Michel Basquiat? Sim. Que é um canto do mundo cheio de problemas? Sim. E o que mais? Bem, como esbocei no meu último texto, a primeira coisa que devemos fazer é lembrar que a ""ideia de África"" existe, mas trata-se de um conjunto de várias identidades. E basta olhar uma delas de perto, como fiz em Lalibela, para ter certeza disso. Estava lá eu, então, diante de uma das igrejas de pedra que, reza a lenda, o próprio rei Lalibela esculpiu: ele trabalhava de dia e os anjos tocavam os trabalhos à noite -versão improvável para a construção desses hoje Patrimônios da Humanidade (Unesco), mas de uma beleza emocionante. Por dificuldades ""técnicas"", passei dias desconectado de tudo que a internet oferece para transbordar nosso cotidiano -e pude então focar toda minha atenção apenas nessas maravilhas. Já tinha visto fotos de Lalibela -você mesmo pode acessá-las com um clique. Mas entrar nessas galerias de pedra, simples (só uma delas, a de Golgota, tem pinturas na parede), com suas janelas escavadas na própria rocha derramando luz suficiente apenas para evocar o divino -essa foi uma das experiências mais emocionantes da minha vida. Na igreja de São Jorge, com seu icônico contorno em forma de cruz, desenhado na pedra como se fosse areia, senti algo que não vivia desde Timbuktu (Mali, também na África) -quando, gravando uma reportagem nas mesquitas de barro, minha voz me traía com um tom de choro. Chorei também na igreja de São Marcos, com suas paredes toscas (as marcas das ferramentas ainda visíveis nas paredes), onde a câmera do smartphone ""lê"" uma cruz de luz numa inesperada interferência da tecnologia. E chorei diante do precipício rochoso das igrejas gêmeas de São Gabriel-Rafael. Que força maior construiu tudo isso? Não eram lágrimas fáceis. Elas vinham da gratidão de poder ter a chance de visitar um lugar com tanta história e ao mesmo tempo perceber a dimensão do ser humano. Não somos mais que uma mão que ora tira uma lasca para formar uma coluna -como numa igreja em Lalibela-, ora põe mais uma camada de areia para reconstruir uma torre -que avista o Saara em Timbuktu. Um pranto onde cada lágrima tinha um agá no final, a mesma letra que às vezes quero usar para escrever ""Háfrica"" -agá de ""história"", de ""halo"", de ""honra"", de ""harmonia"", de ""humanidade"". Mas que eu acho que é mais de ""herança"" -que é o que eu respeito. E que é o peso que nos cai nos ombros -não com um fardo, mas como uma mochila que sempre soubemos que temos que carregar quando nos propomos a viajar pela África."
Leve e rápido,"Todo apaixonado por automobilismo sabe o que a Lotus representa. A montadora britânica, fundada por Colin Chapman em 1952, revolucionou a Fórmula 1 com conceito de simplicidade e leveza. Chapman foi piloto de aviões. Usava seu conhecimento em engenharia aeronáutica nos seus carros e ficou famoso por dizer: ""Adicionando potência, faz ir mais rápido nas retas, reduzindo peso, faz ir mais rápido em todos os lugares"". Os diversos campeonatos que a Lotus conquistou provam que leveza e eficiência prevalecem sobre a força bruta. Ayrton Senna teve sua primeira vitória na Fórmula 1 em um Lotus. Em 1986, a companhia foi comprada pela General Motors. Assim conseguiu aporte financeiro para desenvolver um novo modelo, o Lotus M100 Elan. O roadster, lançado em 1989 com motor 1.6 litro e transmissão Isuzu (que também era da GM), saía em versão turbinada como o veículo da foto ao lado. O 1994 Lotus Elan S2 do administrador Fernando Bueno, 34, é um dos seis veículos que foram importados para cá. Número 322 dos 800 fabricados, é raríssimo em qualquer lugar do mundo. A manutenção de um carro exótico assim não é para qualquer um, avisa Bueno. Algumas peças são GM, mas as lanternas traseiras são do Renault Alpine GTA. Já o pisca dianteiro é o mesmo da Mclaren F1 GTR, difícil de encontrar. Bueno conta que sonhava com esse modelo desde criança. Seu avô o incentivava, porque era também um apaixonado por carros. Toda vez que o menino dormia na casa do avô ganhava uma ferramenta de presente. A primeira restauração de Bueno foi uma Yamaha RX80. O trabalho foi feito em seu apartamento no 5º andar: empinou a moto e subiu pelo elevador, em desacordo com o síndico do prédio. O próximo projeto é, mais uma vez, um Lotus. Ele conseguiu comprar um motor de Esprit, que o piloto Nelson Piquet utilizava em um barco, e pretende montar um Lotus 7."
Playboy! Acabaram as peladas!,"Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador- geral da República! Últimas Notícias! Breaking News! ""Delator diz ter repassado R$ 2 milhões para nora de Lula"". Então não é mais Fora Lula, é Nora Lula. Rarará. O Lula é o famoso transparente. Vai tudo pros parentes! É o trans-parente! Rarará. Breaking News! O chargista Duke tem uma sugestão para aumentar a popularidade da Dilma: bota um 9 na frente! Rarará! Breaking News! ""Gretchen revela ter passado por experiência alienígena quando bebê"". Tá explicado tanto ETesão! Ela foi abunduzida! Rarará! Breaking News! Novidades do século 21! A Playboy americana não vai mais mostrar mulheres nuas. Acabaram as peladas. Não se pode confiar em mais ninguém. Nem na Playboy! E nem em banco suíço! Rarará. A Playboy perdeu pra internet. Perdeu, Playboy! Rarará. Mulher Papel já era! Agora é Mulher Tablet! Manda Nudes. Rarará. Em vez da Playboy, agora é Manda Nudes! E diz que só vai ter entrevistas. Rarará! Em vez de periquitas, vai ter letrinhas! Mas vai deixar saudades. Eu tenho um amigo que se trancava no banheiro com uma Playboy cantando aquela musiquinha: ""Maricota, Maricota, com a esquerda e com a canhota"". Rarará. Se trancar no banheiro com a Playboy é um clássico. Que não vai ter mais. Rarará. Mas como disse o outro: ""Tudo bem, eu só comprava a Playboy pelas entrevistas. Só que não!"". E se a moda pega na Playboy brasileira, as ex-BBB's vão ficar no preju! Rarará. É mole? É mole mas sobe! Crise! Olha esse cartaz num buteco em Valinhos: ""Informamos aos senhores clientes que devido aos altos custos com azeitonas, nosso pastel sofrerá um aumento de 20% e não terá mais azeitona"". O que? Eu não vivo sem azeitona! Essa é clássica; em crise sempre tiram a azeitona. Rarará. A azeitona é a primeira a dançar. Rarará. Nóis sofre mas nóis goza! Hoje só amanhã! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!"
Argentinos campeones!,"Os argentinos são os atuais campeões da Libertadores, da Copa Sul-Americana, são vice-campeões mundiais e, no mínimo, também vice da Copa América, embora favoritos a derrotar os anfitriões chilenos depois de amanhã no Estádio Nacional de Santiago. E o que temos a aprender com eles? Nada, rigorosamente nada em matéria de organização do futebol, pátria de Julio Grondona, o João Havelange deles, e dos barrabravas mais violentos e corruptos da América do Sul. Temos a aprender com seus técnicos tamanha a hegemonia deles na Copa América, a ponto de correr a piada de que todas as seleções tinham técnicos argentinos, à exceção da Bolívia, que tinha um treinador nacional, e do Brasil, que não tinha técnico. Temos a aprender a respeitá-los, sem dúvida, donos de uma escola tão talentosa quanto a nossa, com produção semelhante apesar de uma população que é 1/5 da brasileira. Basta dizer que frequentemente há um argentino disputando o lugar de número 1 do mundo, seja Alfredo Di Stéfano, nos anos de 1950/60, seja Diego Armando Maradona, nos 1970/80/90, seja Lionel Messi neste século 21. Enquanto vivemos uma seca de talentos, os platinos têm, além de Messi, jogadores como Mascherano, Carlitos Tevez, Higuaín, Aguero, Pastore, Di María, uma geração de dar inveja. Jogadores que terão pela frente os animados, mas ansiosos chilenos, esperançosos, mas nervosos, confiantes, pero, com fama de amarelar na hora agá. Fato é que, exceção feita à vitória contra a fragílima, fora da altitude de La Paz, Bolívia, os chilenos tiveram o domínio de seus jogos e muita dificuldade para transformá-lo em gols, além da vantagem de jogar nos mata-matas com 11 contra 10 diante do Uruguai e do Peru e ainda terem gol irregular validado pela arbitragem caseira. Pode dar Chile? É claro que pode, porque no futebol tudo é possível, até mesmo ser eliminado duas vezes pelo Paraguai nos pênaltis e tomar de sete dos alemães sem ficar corado como não coraram os Marin$Nero&Feldman da vida. Mesmo que dê Chile, e os argentinos sigam em sua saga de mais de duas décadas sem títulos, eles terão chegado às duas decisões dos dois torneios mais importantes que disputaram nos dois últimos anos, enquanto nós, brasileiros, ficamos em quarto num e nas quartas noutro. Dizem que os brasileiros amam odiar os argentinos e que os argentinos odeiam amar os brasileiros. Pois é de se temer que a situação se inverta porque, pelo menos em matéria de futebol, de jogo jogado, no gramado, cada vez mais somos nós que temos por que admirar Messi e companhia bela. Com a genialidade que o caracteriza, Luis Fernando Verissimo escreveu certa vez, depois que Túlio, escandalosamente com a mão, empatou em 2 a 2 um Brasil x Argentina pela Copa América de 1995: ""Contra a Argentina, mão é peito"". Pode ser. Mas que eles andam com o peito muito mais estufado que o nosso ninguém discute."
"Sem acordo comercial, Brasil perde competitividade na Ásia","Apesar da importância da China, novas portas se abrem na Ásia para o comércio internacional. Uma delas é a do Vietnã, país que vem aumentando a participação no comércio mundial após a sua incorporação à Organização Mundial do Comércio, em 2007. O Brasil também vem se beneficiando dessa janela. As exportações brasileiras para o país asiático saltaram 377% nos últimos cinco anos, atingindo US$ 2,21 bilhões no ano passado. Desse volume, 73% são de produtos do setor do agronegócio. Apesar de ser um mercado promissor, o Brasil corre sério perigo de ter dificuldades no futuro para entrar por essa porta. O Tratado Transpacífico, que inclui acordo de negociações entre 12 países, vai colocar concorrentes diretos do Brasil nesse mercado. Um deles são os Estados Unidos, que têm economia similar à do Brasil quando se trata de agronegócio. Sendo que Vietnã e EUA pertencem a esse tratado, os norte-americanos já começam a fazer as contas com os possíveis negócios. Por ser um dos países que têm um crescimento rápido, o Vietnã aumenta a necessidade de importações de grãos, carnes e alimentos em geral. Brasil e Estados Unidos têm capacidade de fornecer esses produtos, mas os norte-americanos podem sair na frente devido ao tratado comercial. O Vietnã comprou o correspondente a US$ 2,3 bilhões em alimentos nos Estados Unidos no ano passado. No Brasil, as compras somaram US$ 1,6 bilhão nesse setor. O crescimento das importações vietnamitas no Brasil é grande. No primeiro trimestre deste ano, as exportações brasileiras no setor de agronegócio atingiram US$ 375 milhões, 303% mais do que as de janeiro a março de há cinco anos. O problema é o Brasil concorrer praticamente com os mesmos produtos com os Estados Unidos. E as taxas de importações vietnamitas serão, aos poucos, zeradas para os produtos norte-americanos, fazendo com o que os brasileiros percam competitividade. Um dos exemplo é o milho, produto líder da pauta das exportações brasileiras para o país asiático. Quando o Tratado Transpacífico estiver em vigor, os norte-americanos ficarão isentos das taxas de importações impostas pelos vietnamitas, hoje na casa dos 30% para os grãos e subprodutos. Entram nessa lista outros produtos importantes da balança do agronegócio brasileiro como as carnes bovina, suína e de frango. Todas elas têm atualmente taxas superiores a 30%, segundo pesquisa do Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Nessa mesma linha de taxas de importações estão incluídos soja, trigo e algodão. No caso do algodão, as taxas de importação estão próximas de 10% e devem ficar zeradas em quatro anos. Esse mercado é importante para o Brasil porque o Vietnã desenvolve cada vez mais a indústria têxtil e necessitará de muito algodão nos próximos anos. Mais uma vez, o Brasil cai na armadilha do isolamento. O país é uma das principais fontes de fornecimento de produtos do setor do agronegócio para o mundo, mas perde competitividade devido à falta de acordos comerciais, principalmente com países de grande participação no mercado mundial."
Nada frágeis,"RIO DE JANEIRO - Em 1967, a americana Kathrine Switzer, 20 anos, quase foi impedida de disputar uma maratona em Boston, para a qual estava inscrita com o número 261. Os jornais deram outro dia uma foto da corrida: vê-se Kathrine, em roupa de ginástica, sendo contida por um homem de preto —um fiscal—, e um corredor se atracando a este para assegurar a Kathrine o direito de correr. Achava-se que as mulheres eram muito frágeis para disputar com os homens. Se essa história se passasse em 1937, 1947 ou mesmo 1957, talvez não provocasse espanto. Mas, 1967??? Naquele ano, algumas das pessoas mais influentes do mundo eram Indira Gandhi, primeira-ministra da Índia, e Golda Meir, futura de Israel; a existencialista francesa Simone de Beauvoir; a filósofa alemã Hannah Arendt; a jornalista italiana Oriana Fallaci, correspondente de guerra no Vietnã; a ativista do urbanismo Jane Jacobs e a feminista Betty Friedan, americanas; e muitas outras. Mais influentes, eu disse —não necessariamente mais famosas. Famosas (e influentes) eram a estilista Mary Quant, inventora da minissaia, e a modelo Twiggy, inglesas; a romancista Jacqueline Susann, autora de ""O Vale das Bonecas"", e uma penca de atrizes modernas e donas do próprio nariz: Jeanne Moreau, Anouk Aimeé, sim, Bardot, Vanessa Redgrave, Sarah Miles, Faye Dunaway, já afiando as unhas Jane Fonda, e as nossas Norma Bengell, Ítala Nandi, Leila Diniz. Minha turma do 1º ano de ciências sociais na FNFi, em 1967, tinha meninas que sabiam tudo de literatura, enfrentavam a polícia nas passeatas e também gostavam de namorar. A ideia de se deixarem reprimir por alguém era absurda. Kathrine Switzer completou aquela prova —foi a primeira mulher a fazer isto oficialmente. E, 50 anos depois, esta semana, na mesma Boston, correu e completou-a de novo."
É hora de o Brasil aprimorar políticas de apoio à inovação,"A economia mundial enfrenta desafios colossais, como o dilema em torno do futuro da globalização. Já no Brasil, nada parece mais relevante do que reconstruir o equilíbrio fiscal e, assim, retomar o crescimento. Ao nível internacional, nem mesmo esses problemas estruturais arrefeceram a disposição dos países com economias mais vigorosas de buscar o progresso tecnológico. Entre eles, mantém-se firme o consenso de que, sem a tecnologia e a inovação, não há futuro. Primeiro, porque é preciso apresentar soluções que atendam as expectativas de melhoria contínua da qualidade de vida e do bem-estar das pessoas. Em segundo lugar, só o avanço nessa área possibilitará um novo ciclo de expansão da produtividade, estagnada há anos nas maiores economias. Isso ocorre porque o impacto da inovação sobre os ganhos de eficiência já não é tão intenso como no passado. Tais premissas criaram condições para um novo salto tecnológico, mapeado por recente trabalho da OCDE. Esse movimento é gerado, segundo a entidade, por fatores como envelhecimento da população, mudança climática, maior demanda por serviços de saúde e o florescimento da chamada Indústria 4.0. Há, enfim, uma crescente efervescência tecnológica que mobiliza governos. Países mais desenvolvidos, como EUA, Alemanha, França, Inglaterra e Japão, além de China e Índia, lideram programas de pesquisa e desenvolvimento ambiciosos para se adequar ao novo cenário e encontrar nele seu espaço de atuação. No Brasil, no entanto, a corrida tecnológica não encontra a mesma atenção da sociedade e dos governantes. O apoio à pesquisa pura e aplicada e à inovação, que historicamente sempre foi acanhado, foi empurrado pela recessão e pelo estrangulamento das contas públicas para a ponta de baixo na lista de prioridades. Não deveria ser assim. A sociedade está mobilizada para a correção das distorções da política econômica dos últimos anos, e parte expressiva dela considera inevitável o controle de gastos orçamentários, assim como a revisão do cipoal de subsídios, incentivos e desonerações que se encontra na raiz do desarranjo das contas públicas. Na semana passada, o governo deu passo nessa direção, ao anunciar o fim da desoneração da folha de diversos setores. A revisão criteriosa dos incentivos é fundamental para reparar os danos causados aos dinheiros públicos por programas desconectados da realidade. Tal revisão deve ser feita à luz de uma nova política para o desenvolvimento do país, que tenha a inovação como alicerce e vá além da estabilidade macroeconômica. Torna-se essencial, por tais razões, aprimorar o apoio à inovação, começando por reforçar o que já existe e é bem avaliado, como a chamada Lei do Bem (legislação de 2005 que permite compensar parte do investimento em pesquisa e desenvolvimento). O incentivo está disponível a todos os setores e envolve uma renúncia fiscal (cerca de R$ 2 bilhões ao ano) bastante modesta quando comparada aos demais subsídios e programas de incentivo de menor impacto na modernização da economia. A Lei do Bem tem sido avaliada positivamente por aumentar entre 7% e 11% os investimentos privados em P&D e por elevar em 9% em média o pessoal técnico envolvido nesta atividade. Ela pode ser aperfeiçoada, facilitando, por exemplo, a formação de redes internas e externas de projetos de P&D e abrangendo pequenas companhias e start-ups, que, como atesta o resultado em países como EUA e China, são decisivas para acelerar a inovação e motivar os talentos represados."
"Escândalo no Brasil segue 'modelo Netflix', para ver sem parar, 'binge'","O correspondente do ""New York Times"", Simon Romero, entre uma reportagem e outra, ironizou via Twitter que o Brasil agora oferece o ""modelo Netflix"" de escândalo político, para quem quer ""binge-watch"", assistir sem parar, em série. O ""Financial Times"", sem a mesma precaução, saiu na véspera da reviravolta com caderno de oito páginas, proclamando: ""Reformas encerram três anos de turbulência e recessão"" (reprodução abaixo). Entre os anunciantes, Banco do Brasil. Entre os entrevistados, ministro da Fazenda e presidente do Banco Central. Já no noticiário de quinta, as manchetes digitais do ""FT"" ao longo do dia foram para a crise no Brasil, em ""binge"", sem parar, seguindo cada nova turbulência, do desabamento de ações e títulos à recusa de Michel Temer em renunciar. * RISCO A ""Economist"", que a exemplo do ""FT"" apostou em Temer além do prazo de validade, publicou reportagem afirmando ser ""cedo demais para esperar que o sr. Temer seja forçado a sair do cargo"". Já o ""Wall Street Journal"", que por meses foi mais precavido, trazia como destaque digital, na quinta: ""Mergulho da moeda brasileira mostra risco de perseguir grandes retornos "". * FIM DE ERA A morte de Roger Ailes (acima), fundador e presidente da Fox News até 2016, quando ele caiu após a revelação de episódios de assédio sexual, foi anunciada pelo ""Drudge Report"" antes da própria Fox News, destacando ser ""o fim de uma era"". Ailes, segundo Drudge e outros, preparava um novo canal, ainda mais à direita. COMPLICADO A reação mais conflituosa foi de um âncora da Fox News, Shepard Smith, que passou 13 minutos lembrando o ""patriota"" Ailes, que o tratava como um filho, mas também tinha ""outro lado"", sombrio. Encerrou dizendo: ""Para as vítimas [de Ailes], respeito e conforto. É tudo tão complicado ""."
"Vem, meteoro","Pouco a pouco, a Fifa vai jogando para escanteio os personagens escalados para representar a entidade, mas que ajudaram a jogar na lama a sua reputação. Desta vez, foi a demissão do francês Jérôme Valcke, que já ocupou o cargo de secretário-geral. Desde setembro, ele estava afastado do cargo, depois que o Comitê de Ética da Fifa abriu um processo de investigação contra ele. Finalmente foi demitido, mas sem maiores explicações. Todo mundo quer saber o motivo, claro. O nome de Valcke está metido em várias tramoias que se tornaram públicas, incluindo o esquema vergonhoso de venda de ingressos durante a Copa do Mundo, no Brasil. Quinta foi a vez do mesmo comitê divulgar os motivos da suspensão do líder do grupo de inspeção que avaliava as candidaturas das Copas de 2018 e 2022. Segundo a Fifa, Harold Mayne-Nicholls infringiu regras de conduta, lealdade, tomou decisões onde havia conflito de interesses e aceitou presentes e benefícios. Tem mais. A semana, como você pode ver, foi movimentada. Os investigadores da entidade querem ampliar a suspensão de oito anos de Joseph Blatter e Michel Platini. Os jornais europeus especulam que a dupla pode ser banida para sempre do futebol por causa das picaretagens. Acho justo. Os Estados Unidos continuam sua caça a cartolas corruptos. Esta semana, o ex-presidente da Federação da Guatemala de Futebol Brayan Jimenez foi preso e deve ser extraditado. Ele é acusado de receber propina na venda de direitos da transmissão da Copa de 2018. Enquanto isso no Brasil... Aqui tudo continua como sempre. Marco Polo Del Nero entra, sai, manda, desmanda, convoca reuniões, sai, volta e sai novamente do seu trono de rei da CBF quando bem entende. Afastado da presidência da entidade desde dezembro, quando sentiu a lama batendo na bunda ao ser indiciado pelo FBI por corrupção, voltou na semana passada para o trono. Tirou da direção o deputado Marcos Vicente (PP-ES), o presidente-marionete da vez. Na semana passada, pôs em seu lugar Antonio Carlos Nunes, que havia sido eleito para o lugar de José Maria Marin. Nunes se disse ""amigo de muitos anos"" de Del Nero. Alguém tinha que avisar esse senhor que a referência é péssima. Na mesma ocasião, disse que ""não há corrupção na CBF"". O FBI não concorda com Nunes. A Fifa também não. Pouco provável que não tenha o mesmo destino de Blatter e Platini: gancho. Pouco provável que não seja preso se colocar os pés fora do Brasil, se quiser tentar salvar sua cabeça na Suíça. Pergunto com frequência a amigos se é possível que o futebol seja moralizado. As opiniões se dividem. O fato é que, desde o ano passado, estamos vendo gente graúda sendo investigada, presa ou demitida. Nos Estados Unidos, na Suíça e, veja, até na Guatemala. Pode parecer pouco, mas a Fifa tem sido rápida e efetiva, desde que as denúncias apareceram, na tentativa de tirar seu nome de dentro da lata de lixo. Enquanto isso no Brasil... Há uma movimentação enorme entre os dirigentes das federações estaduais. Todo mundo se preparando caso Del Nero caia –e ele vai cair, e leve com eles seus marionetes. Então, eu leio que um dos nomes do candidato à sucessão é Andrés Sanchez, com apoio de Ricardo Teixeira. Sério, gente, só tem uma solução: um meteoro."
Debênture vira alternativa para pequenos negócios,"Com a maior restrição de crédito, pequenas e médias empresas têm buscado no mercado de debêntures privadas recursos para ampliar suas operações. É o caso da DMCard, que administra cartões de crédito para o varejo. A empresa emitiu R$ 100 milhões em títulos para o Pátria Investimentos, que serão usados para captar novos clientes e financiar as transações de usuários existentes. Ao todo, serão R$ 150 milhões em aportes neste ano. ""Os consumidores das classes C, D e E estão com dificuldade de obter crédito por causa da crise, por isso estão recorrendo aos cartões de lojas"", diz Denis Carvalho, sócio da DMCard. A empresa se financia por meio da debênture e tem quatro anos para pagar a instituição financeira com juros. Hoje, 70% dos recursos da DMCard vêm do financiamento alternativo e outros 30% de bancos convencionais. ""Acreditamos que reduziremos a participação das instituições bancárias, não porque queremos, mas, sim, porque o crédito está cada vez mais restritivo."" Desde o terceiro trimestre de 2014, houve um aumento acentuado na procura por operações de crédito na gestora, diz Mauro Levi D'Ancona, vice-presidente do Pátria. ""A demanda vem especialmente de empresas de médio porte, que além dos recursos, buscam um atendimento individualizado, que bancos com milhares de clientes não conseguem oferecer"", afirma D'Ancona. O Pátria integra o conselho administrativo da DMCard como observador. * Hora sob medida A Vacheron Constantin inaugura oficialmente nesta quarta-feira (15) sua primeira loja na América do Sul. Fundada em 1755 em Genebra (Suíça), com atividade ininterrupta há 260 anos, a marca passa a oferecer em butique própria seus relógios. Os preços partem de US$ 15 mil (cerca de R$ 46 milhões). ""O mais caro? Não há limite para nós. Nossa origem está na peça feita sob medida, o que continuamos a fazer"", diz o diretor comercial internacional, Yann Bouillonnec. ""Praticamos os mesmos preços, seja em Genebra, Miami ou em São Paulo, onde temos toda a coleção."" A loja conta com um relojoeiro treinado na Suíça para fazer eventuais consertos das peças para que não seja necessário enviá-las à Europa. 60 são as butiques no mundo 30 mil são os relógios fabricados por ano no mundo * Almoço fora O preço pago por uma refeição fora de casa na hora do almoço no país é de R$ 27,36 em média, segundo pesquisa encomendada pela Assert (associação das empresas de alimentação convênio para o trabalhador) ao Datafolha. Na cidade de São Paulo, porém, o valor fica em R$ 27,89 -quase 2% acima da média nacional. O levantamento completo será divulgado nesta quarta-feira (15). Ao todo, 5.118 empresas em 51 cidades do país foram analisados em novembro e dezembro de 2014. R$ 27,36 é o preço médio de um almoço fora de casa no país * Questão locatária O volume de ações locatícias na cidade de São Paulo caiu 16,3% em fevereiro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo o Secovi-SP (entidade da habitação) a partir de dados do Tribunal de Justiça. Foram protocoladas 1.413 ocorrências contra as 1.689 em fevereiro de 2014. ""Não quer dizer que as pessoas estejam com mais dinheiro, mas, sim, fazendo acordos, sem recorrer à Justiça"", afirma Jaques Bushatsky, diretor da entidade. Na comparação com janeiro, houve aumento de 2,2%. As ações por falta de pagamento de aluguel representam 83% do total de queixas. * Ampliação natural A Weleda, marca suíça de medicamentos e cosméticos naturais, reabre nesta quarta (15) sua loja no Itaim –a segunda farmácia própria em São Paulo– e se prepara para ingressar no mercado em Curitiba. ""Teremos uma parceria com uma empresa local a partir de julho"", diz Ulrike Weber, diretora da Weleda para a América do Sul, a Itália e a Espanha. ""Daremos treinamento para garantir a qualidade dos produtos e do atendimento. Os remédios serão feitos localmente e os nossos cosméticos, como em outras lojas, virão da Europa"", acrescenta. Nono mercado da empresa em 52 países, o Brasil tem a segunda maior comunidade de médicos antroposóficos do mundo. Por essa razão, o carro-chefe aqui são os remédios. Os cosméticos, que no exterior representam 70% do faturamento, respondem por 30% do resultado no Brasil. A empresa tem 66 produtos nessas linhas, além de medicamentos manipulados em farmácia. A empresa fechou 2014 com um faturamento de R$ 36 milhões (um crescimento de 20% em relação ao ano anterior) no país. ""Trabalhamos para aprimorar a distribuição e crescer aqui 20% neste ano."" 8 são as lojas da marca no Brasil, além de unidades de revenda * Fundo... O 99Designs captou US$ 10 milhões da americana Recruit Strategic Partners. ...para design O grupo on-line tem escritórios no Brasil, na Alemanha e na Austrália. com LUCIANA DYNIEWICZ, LEANDRO MARTINS, ISADORA SPADONI e DHIEGO MAIA*"
A invasão do Uber,"RIO DE JANEIRO - O carro de luxo preto costuma ser impecável. A temperatura do ar-condicionado pode ser ajustada ao gosto do cliente. Água e balinhas são cortesia. O problema é que, em diversos casos, o motorista do Uber não sabe chegar sozinho nem mesmo à praia de Copacabana. Tudo bem, existe o GPS para compensar o desconhecimento demonstrado por condutores do popular aplicativo de transporte particular. Existe também deficiência mais grave: a visível inexperiência de motoristas que aderiram ao serviço. Há uma semana, um assistente de palco do programa ""Amor & Sexo"", apresentado por Fernanda Lima na TV Globo, estreou como motorista do Uber. Pretende conciliar a nova profissão com a carreira artística. Ancelmo Gois, de ""O Globo"", noticiou o caso do Uber adaptado em um veículo com o logotipo de uma empresa de telefonia, equipado inclusive com escada no teto. O motorista fazia ""um bico"", provavelmente cadastrado pelo UberX, serviço da empresa com tarifas mais baixas. Esta falta de familiaridade com o transporte de passageiros pode se traduzir em risco para o usuário. Para virar motorista da Uber, o cidadão com carteira de habilitação da categoria B (carros de passeio) precisa ir ao Detran e solicitar a inclusão no documento do termo ""atividade remunerada"". Em seguida, faz teste psicotécnico e exame de vista. Somadas, as taxas deste processo chegam a R$ 297. Não há nenhum outro requisito técnico, relacionado à habilidade de dirigir, para quem vai assumir o volante de um Uber. Recorrer a comparações é perda de tempo. No Rio, a péssima qualidade do atendimento prestado por uma parcela considerável dos taxistas já é conhecida pela população. Também ficou visível nas ruas da cidade a adesão em massa de novos carros à rede do Uber. Essa alternativa aos táxis é saudável. Só não dá para ignorar as falhas do novo serviço."
"Assim como os Jogos Olímpicos, Paraolimpíada teve saldo positivo","O saldo da Olimpíada e da Paraolimpíada do Rio foi positivo tanto no aspecto esportivo como no da organização. A lamentar, o acidente que custou a vida do iraniano Bahman Golbarnezhad em prova do ciclismo da Paraolimpíada. Como evitar uma queda fatal? Os eventos apenas não chegaram a um consenso na questão mais polêmica e controvertida do esporte nos últimos tempos, a do combate ao doping. Tanto assim que as normas que balizaram as duas competições poliesportivas seguiram orientações diferentes quanto à participação da Rússia. Enquanto o Comitê Olímpico Internacional deixou por conta de cada federação de esporte liberar ou não atletas russos ""limpos de doping na carreira"" para atuar na Olimpíada, o Comitê Paraolímpico Internacional vetou a participação de qualquer representante daquele país no seu evento. Embora distante de uma posição ideal, a decisão do COI pareceu menos ruim. Delegou às federações de cada esporte a possibilidade da aplicação ou não da medida. Em outras palavras, inocentes continuaram sujeitos à punição por terem a mesma nacionalidade de trapaceiros. Outra mostra de que as medidas de combate ao doping não estão equilibradas adequadamente foi o pedido feito por Thomas Bach, presidente do COI, durante congresso da entidade na véspera dos Jogos do Rio, clamando por uma revisão total do sistema antidoping. Bach destacou a necessidade da criação de um modelo consistente, com responsabilidades claras, mais transparência, mais independência e uma maior harmonia na luta contra o uso de doping no esporte. No calor dessa polêmica, a Wada (Agência Mundial Antidoping) foi alvo de hackers, que invadiram seu banco de dados e expuseram ao público relatórios sobre atletas. Os vazamentos revelaram informações médicas confidenciais e explosiva autorização para uso terapêutico de remédios por atletas no Rio. A ginasta Simone Biles, dos EUA, ganhadora de cinco medalhas, segundo o vazamento, teria tido teste positivo na competição. Não foi suspensa por estar incluída no programa da Wada de Isenções de Uso Terapêutico. Há anos, ela se submete a tratamento que exige medicamento proibido no esporte. Um dos vazamentos apontou dados de 25 atletas de oito países. O episódio deixou no ar a hipótese de represália às punições sofridas pela Rússia, após o escândalo de doping naquele país. O Estado russo foi acusado de promover um sistema de doping generalizado, com a ajuda do seu serviço secreto. Por isso, as invasões aos computadores deram fôlego à Rússia para polemizar, acusando a Wada de adotar dois pesos e duas medidas na elegibilidade de atletas para os Jogos. O presidente russo, Vladimir Putin, criticou a permissão do consumo de drogas proibidas no esporte para fins terapêuticos, no Rio, por atletas dos EUA. A Wada, por sua vez, pediu a ajuda da Rússia, que se manifestou contra crimes cibernéticos, para acabar com a ação dos hackers. Um emaranhado de posturas que dificulta a solução do problema. Mais ou menos como a história do cachorro que gira, gira e rosna, mas não consegue morder o próprio rabo."
Por que os bancos continuam desconfortavelmente subcapitalizados,"Pouco mais de 10 anos atrás, o Reino Unido passou por sua primeira corrida visível a um banco, o Northern Rock, em 150 anos. O evento provou ser uma parte pequena de uma imensa crise. A questão mais simples que o aniversário do acontecido provoca é se temos um sistema financeiro mais seguro, agora. Infelizmente, a resposta é não. Os bancos continuam menos seguros do que poderiam razoavelmente ser. E essa é uma decisão deliberada. Bancos criam dinheiro como subproduto de suas atividades de empréstimo. Essas últimas acarretam riscos inerentes. Esse é o propósito dos empréstimos. Mas os passivos dos bancos consistem principalmente de dinheiro. O propósito mais importante do dinheiro é servir como fonte segura de poder aquisitivo em um mundo incerto. O objetivo do dinheiro é criar liquidez irreprochável. Mas o dinheiro dos bancos se torna menos confiável quando as finanças se tornam mais frágeis. Os bancos não são capazes de oferecer aquilo que o público quer do dinheiro nos momentos em que o público mais deseja que o façam. O sistema foi concebido de maneira a tornar o fracasso inevitável. Para lidar com essa dificuldade, causa de grande instabilidade ao longo dos séculos, os governos vêm oferecendo volume cada vez maior de seguros e de regulamentação compensatória. O seguro encoraja os bancos a assumir riscos cada vez maiores. As agências regulatórias enfrentam grande dificuldade para acompanhar o processo, porque os bancos as sobrepujam em motivação, recursos e influência. Diversas pessoas sérias já propuseram reformas radicais. Economistas da escola de Chicago recomendaram a eliminação dos bancos de reserva fracionária nos anos 30. Mervyn King, antigo presidente do Banco da Inglaterra, argumentou que os bancos centrais deveriam se tornar ""casas de penhor de período integral""; dessa forma, os passivos líquidos dos bancos não excederiam o valor de caução declarado de seus ativos. Um livro instigante, ""The End of Banking"", de Jonathan McMillan, recomenda que os intermediários sejam eliminados das finanças, de maneira abrangente. Todas essas propostas tentam separar os riscos incorridos com o patrimônio do público e os ativos incontestavelmente seguros, e líquidos. Combinar essas duas funções em uma só classe de instituição é uma receita para o desastre, porque a primeira função compromete a segunda, e assim demanda imensas e complexas intervenções pelo Estado. Essa simplesmente não é uma solução de mercado. Reformas radicais são desejáveis. Mas hoje isso é politicamente impossível. Temos, em lugar disso, de ampliar as reformas introduzidas desde a crise. Eu estive envolvido nas recomendações da Comissão Independente sobre Serviços Bancários, no Reino Unido, para uma maior capacidade de absorção de prejuízos e proteção aos bancos de varejo britânicos. Essas propostas são passos na direção certa. Mesmo assim, como apontou Sir John Vickers, o presidente da comissão, em palestra recente, as reformas ainda não tornaram compatível o papel dos bancos como intermediários que aceitam risco e seu papel como provedores de passivos seguros. Isso acontece em larga medida porque eles continuam fortemente subcapitalizados, com relação aos riscos que enfrentam. Funcionários importantes do governo argumentam que os requisitos de capitalização decuplicaram. Mas isso só é verdade se você confiar na alquimia da ponderação de riscos. No Reino Unido, a alavancagem caiu apenas à metade, e hoje apresenta razão de 25 para um entre passivos e ativos. Em suma, avançamos da insanidade para o apenas ridículo. Quanto menor a capitalização de um banco, menos prejuízos ele poderá aceitar antes que se torne insolvente. Um banco próximo da insolvência não deve ser autorizado a continuar operando, porque os acionistas pouco terão a perder se aceitarem apostas de alto risco. Mas existe uma maneira mais simples de elevar a confiança dos credores de um banco no valor de seus passivos (sem depender de apoio do governo). A ideia seria reduzir a alavancagem de 25 para um a, digamos, cinco para um, como argumentam Anat Admati e Martin Hellwig em ""The Bankers' New Clothes"". Como aponta Sir John, isso imporia custos privados aos banqueiros, o que explica por que odeiam a ideia. Mas não imporia custos significativos à sociedade como um todo. Sim, o custo do crédito bancário aumentaria modestamente, mas é possível argumentar que o crédito bancário sempre foi barato demais. Sim, o crescimento da criação de dinheiro pelos bancos poderia se desacelerar, mas existem excelentes maneiras alternativas de criar dinheiro, especialmente por meio dos balanços dos bancos centrais. Sim, os acionistas não gostariam da ideia. Mas os bancos são perigosos demais para que eles tenham todo o poder. E sim, pode-se inventar passivos de dívida concebidos para conversão em capital em caso de crise. Mas seria difícil operar com eles em uma crise e eles são, de qualquer forma, um substituto desnecessário para as ações. A conclusão é simples. Os bancos de muitas maneiras estão em melhor forma do que há 10 anos (ainda que o tratamento questionável dos ativos e rendimentos, na contabilidade dos bancos, continue a causar grande incerteza sobre sua robustez financeira). Mas seus balanços continuam incapazes de sobreviver a uma grande tempestade. Isso provou ser verdade em 2007. Continua verdade hoje. Não acredite se ouvir o contrário. Tradução de PAULO MIGLIACCI"
Somos um país de prestidigitadores,"Jogador de futebol fingir que foi atingido para tentar tirar do jogo o suposto agressor é tão comum nos gramados brasileiros que quase nem ligamos. Até exportamos simulações, como fez o introspectivo Rivaldo na Copa do Mundo, na Coreia do Sul, na estreia brasileira em 2002. O turco Ünsal chutou-lhe a bola nas pernas antes da cobrança de escanteio, já no fim da vitória brasileira por 2 a 1, e o brasileiro se jogou no chão com a mão no rosto. Pego na mentira, pagou quase R$ 20 mil de multa à Fifa. Rivaldo, melhor jogador daquela Copa, não foi o primeiro nem o último a cometer tal falsidade. Só nas semifinais do Paulistinha vimos cenas ridículas protagonizadas pelo experiente palmeirense Zé Roberto e pelo jovem paraguaio corintiano Romero, que aprendeu logo a participar dos embustes nacionais. Tudo para enganar os assopradores de apito que já se enganam tanto por conta deles mesmos. E não querem ficar atrás. Um deles, apelidado de Índio, no Rio, largou o apito e fez de conta que havia levado um safanão de Luís Fabiano, quando não tinha passado de esbarrão. Digno de ser punido, jamais de ser teatralizado. Invejoso, Ivan Régis, gandula na Arena Corinthians, demorou para devolver a bola ao zagueiro chileno Jara, da Universidad de Chile, o jogador tocou-lhe o peito levemente e ele desabou atrás de uma placa de publicidade, em busca, segundo confessou, de um cartão amarelo para o visitante na Copa Sul-Americana. Consta que tenha sido demitido. Finalmente, Antônio Carlos Zago, técnico do Inter, foi ao extremo. Punido ainda como jogador por racismo, ao chamar um adversário de macaco, pegou 120 dias de suspensão, encerrou a carreira e virou treinador. Nos dois jogos semifinais do Gauchinho, contra o Caxias, Zago se envolveu em confusões. Em Porto Alegre, dissimuladamente, deu um pontapé no médico do clube adversário. Na quarta (26), após acordo com o TJD, foi liberado para comandar o time nas finais. Em Caxias do Sul, pateticamente, ficou de quarto no gramado, mãos no rosto, ao tentar transformar um toque no peito dado por jogador rival, que disputava a bola na lateral do campo, em soco no olho. Não contente com a farsa, ainda gastou um bom tempo com o passar de gelo na região supostamente atingida. O que será que Rodrigo Caio pensa disso tudo? Aumentará seu desejo de ir jogar na Europa? Ainda mais depois de ver seu companheiro Cueva e o corintiano Fagner trocarem carícias na Arena Corinthians, dignas de bons ganchos para ambos, suprema estupidez do lateral alvinegro e da seleção brasileira (pode isso, Tite?)com uma decisão para disputar -da qual deverá ser suspenso se o tribunal paulista tiver um mínimo de vergonha na cara e julgá-los imediatamente. Pobre país de prestidigitadores! A Justiça simula ser igual para todos e os que admitem terem prevaricado só o fazem, também com dissimulações, em forçadas delações premiadas para desfrutarem do que roubaram longe da prisão em suas milionárias mansões. Os denunciados, bem, estes reagem com caras de santos e batem nos ombros: ""Tira este bicho daqui!"". Nada fizeram, nada sabem. No futebol, ao menos, temos as imagens."
Por que gastamos tanto com smartphones e os tratamos como descartáveis?,"Você tem um celular com cerca de um ano de uso, em boas condições, mas acompanha as notícias de tecnologia e sabe que foi lançada uma nova geração do aparelho. Pela propaganda, você acha o smartphone sensacional e resolve conferir o preço. Mas ao chegar à loja encontra o aparelho com um valor assustador, de quase R$ 4.000. Ainda assim, o vendedor fala maravilhas sobre o celular, seus amigos compraram e estão recomendando. Resultado: você está prestes a se sentar no balcão para conferir as condições de pagamento, mesmo sabendo que acabou de quitar a última parcela do aparelho atual. E sem refletir se o telefone novo fará, mesmo, tanta diferença em sua vida. Esta coluna poderia falar apenas sobre o aspecto consumista do exemplo, mas cabe aqui outra reflexão. Quantas horas de trabalho são necessárias para comprar um celular novo? Façamos a conta, considerando os dados mais atualizados da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE, segundo a qual o salário médio de seis regiões metropolitanas do Brasil é de R$ 2.170,70. Levando em conta este rendimento líquido, uma pessoa recebe R$ 3,01 por hora de trabalho. Em uma busca rápida na internet, podemos encontrar um iPhone 5S com 16GB por cerca de R$ 1.600. Ou seja, com o salário citado, seria preciso trabalhar 531 horas para comprar um aparelho que nem é o mais atual do mercado. O banco suíço UBS elaborou, em 2013, o índice iPhone, que apontava quantas horas de trabalho eram necessárias em diversos países para comprar o aparelho. Segundo os dados, um morador de São Paulo precisaria trabalhar cerca de 109 horas para comprar o iPhone 6. Em Zurique, o tempo caía para 20 horas trabalhadas. Isso leva a uma segunda reflexão: se pagamos tão caro para ter um celular que está na moda, porque tratamos o aparelho como se fosse algo descartável? O exemplo do início do texto reflete uma situação bastante comum. Quem nunca teve um celular obsoleto em casa? Vivemos em um país com um custo altíssimo, indústria com dificuldades para lidar com a alta carga tributária -que deve ficar ainda mais pesada com o pacote de medidas anunciadas pelo governo para reduzir o deficit do Orçamento de 2016. E o consumidor tem de arcar com uma conta ainda mais injusta, pois sofre o impacto desses custos e de margens de lucro que são fora da realidade. Hoje, o mercado oferece opções que permitem que o consumidor enxergue seu smartphone usado como um bem, e não simplesmente como um dispositivo descartável. Sites como o Ziggo, Brused e Uzlet auxiliam na compra e venda de smartphone e tablets usados. Também há operadoras que oferecem desconto na compra de um celular novo se você entregar o usado -é possível obter descontos de até R$ 2.100. Mais do que pensar no valor que compensa ser gasto em um celular, a questão é como você trata o aparelho após a compra. Se o comércio já pratica preços absurdos, mais surreal ainda é você trabalhar tanto para comprar um celular e depois deixar o ""investimento"" na gaveta do criado mudo."
Cantor Alceu Valença pega carteira da OAB nesta quarta,"Alceu Valença vai pegar nesta quarta (5) sua carteira de advogado. O cantor, que se formou em direito pela Universidade Federal de Pernambuco na década de 1970, não pediu o registro na época porque já estava vivendo da música. Ele receberá o documento das mãos do presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, durante uma festa do escritório Maneira Advogados na qual fará show. Leia a coluna completa aqui."
Repente do desmantelo,"Bom dia, eleitor da Dilma Bom dia, eleitor do Aécio Para a minha pobre rima Segundos de paz lhes peço A política eu ignoro De finanças, nada sei Mas algo parece claro O país não anda bem O caso não é pra pranto Nem tanto pra desespero Mas esfumou-se o encanto Disseminou-se um mau cheiro Governo pisou na bola Estamos em recessão Neguinho levou por fora No esquema do petrolão Bandido, vá pra cadeia Canhestro, perca o emprego E o povo bata panela Numa sessão descarrego Bobagem gritar: ""Coxinha!"" Inútil reclamar da elite Dizer: ""Ó lá, ó a vizinha! Batendo sua Le Creuset!"" Se houve, sim, roubalheira E foram por via errada Pode reclamar quem queira Doutor, perua, empregada Agora, amigo leitor Vire o ouvido pra mim Muito cuidado com o andor Que o santo é de barro, sim Tem paneleiro honesto Batendo sua Tramontina Mas tem brucutu funesto Tramando ideia ladina Lobo virou cordeiro Serpente posa de amiga Mas isso é tudo gaiteiro Querendo encher a barriga Viúva da ditadura Ladrão, PMDB Babam, tamanha fissura De tomar logo o poder Os Afanazios Jazadjis Tão levantando da tumba Os sultões, as Sherazades Ah! Tão dançando hula-hula A Bíblia (em leitura rasa) Fez a tacanha união Com a ""bancada da bala"" Pregando a lei de talião Querem –ai!– mandar rever Maioridade penal Querem proibir na TV O beijo homossexual Não é só o ódio ao PT (Embora achem um acinte) Desejam retroceder Pra antes do século 20 Brigam tucanos, PT E o Brasil é testemunha Vendo o triste alvorecer Do trevoso Eduardo Cunha A burrice do fla-flu Arruína os brasileiros E empluma um urubu Chamado Renan Calheiros Em coisa de poucos anos Com este joguinho avaro Nasceram Felicianos Medraram os Bolsonaros Os dois partidos irmãos Nutridos do mesmo sal Em vez de darem as mãos Se fazem Caim e Abel Se liga, eleitor da Dilma Se liga, eleitor do Aécio Se o troço tá ruim assim Assado, vai ficar péssimo"
Empreiteiras envolvidas na Lava Jato devem pagar R$ 10 bilhões à Receita,"As empreiteiras envolvidas no escândalo da Operação Lava Jato devem pagar, no total, cerca de R$ 10 bilhões em impostos e multas à Receita Federal. MEU, SEU, NOSSO A soma inclui os R$ 4,6 bilhões do grupo Schahin já bloqueados na Justiça pelo órgão federal. ESQUADRÃO DE ELITE A Receita destacou auditores qualificados que trabalham junto à força-tarefa nas investigações e cruzamentos de dados da Lava Jato. Eles estão distribuídos em núcleos como os de inteligência, no Paraná, político, em Minas Gerais, e o que se dedica à análise de empresas públicas, no Rio, além daqueles que atuam em SP. SOMOS TODOS IRMÃOS O pastor Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus do Brás, em SP, foi um dos escalados para fazer o meio de campo entre o governo Dilma Rousseff e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele é íntimo do peemedebista e apoiou a presidente na eleição de 2014 –até a levou para um culto no Brás. MÃOS VAZIAS De acordo com integrante da equipe de Dilma Rousseff, o governo não tem como prometer a Cunha o que não pode entregar –ou seja, algum tipo de blindagem nas investigações da Operação Lava Jato. MÃOS CHEIAS Caso Cunha deixasse a presidência da Câmara, no entanto, seria possível para o governo botar o pé no freio e não engrossar as fileiras do que propõe que ele seja cassado, ainda que 32 parlamentares do PT já tenham apoiado ações contra ele no Conselho de Ética do parlamento. SÉRIO RISCO Na análise de advogado próximo do PT, a proposta poderia interessar, já que, uma vez cassado, Cunha corre o sério risco de ser preso. E não apenas pelas acusações de ter contas no exterior –mas também por suspeitas de que tentou coagir testemunhas das investigações. O parlamentar já negou tanto que tenha recursos fora do país quanto que tenha pressionado depoentes da Lava Jato. TÔ FRACO As liminares concedidas ontem pelo STF (Supremo Tribunal Federal) acabaram transformando Cunha no elo mais fraco, por enquanto, de qualquer tentativa de negociação. Ele perdeu o poder de acionar a bomba do impeachment contra Dilma a qualquer momento. MUSEU DA CIÊNCIA A australiana Patricia Piccinini recebeu convidados no coquetel de abertura da mostra ""ComCiência"", na segunda (12). A assistente de curadoria da exposição, Amanda Dafoe, com a filha, Ana, o gerente de programação do CCBB, Fernando Spaziani, e a hostess Camila Roque foram à exibição, que fica em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil até janeiro do ano que vem. LIVRE, LEVE E SOLTO Marcos Mion e Fernando Ceylão estrearam o espetáculo ""Deixa Solto"", em que se revezam em mais de 30 personagens. A mulher de Mion, Suzana Gullo, e o apresentador Otávio Mesquita assistiram à apresentação, na sexta (9), no Teatro Itália. TIRO CERTO Novo trabalho da cantora Anitta, ""Bang"" conquistou o disco de ouro (40 mil cópias) já na pré-venda. Na história recente da gravadora Warner, só o grupo O Rappa havia conseguido, em 2013, lançar álbum com esse número de unidades compradas pelas lojas. SOLUÇÃO CASEIRA Os paulistanos estão mais propensos a viajar para destinos nacionais e a se hospedar em casas de moradores, segundo o Ministério do Turismo. A ideia de conhecer o Brasil é revelada por 76% e a escolha pela acomodação doméstica subiu 40% em setembro em relação a 2014. CASEIRA 2 Os índices são os mais altos para o mês de setembro nos últimos cinco anos. DA TELA AO PANO Alexandre Nero vai lançar camisetas com frases que ele publica nas redes sociais. O ator da novela ""A Regra do Jogo"" doou os direitos autorais da linha Nerótico, produzida pela Pignon Noir, para um instituto que ensina gastronomia a jovens com down. Uma das frases estampadas: ""Te amo. Quando nos encontramos somos plural: tesamos"". PALCO INUSITADO A cantora Miranda Kassin vai fazer um show dentro de uma sala de cinema do Caixa Belas Artes, em SP. Ela apresentará músicas de Amy Winehouse após a última exibição do documentário ""Amy"", no sábado (17). IMPRESSÃO SUA Felipe Yung, o Flip, abriu a exposição ""Fliprints - 10 Anos de Impressões"", no PICO. O espaço na rua do Glicério, que foi inaugurado no mesmo dia, recebeu convidados como o empresário Facundo Guerra e a produtora de moda Denise Araujo. A artista Madô Lopez e a cantora Isabela Fernandez também foram ao evento, no sábado (10). CURTO-CIRCUITO Uma camisa do Santos autografada que a Tucca leiloa recebe lances até esta quarta (14), pelo site da instituição. A peça ""Mergulho"", da Companhia Delas de Teatro, tem pré-estreia nesta quarta (14), no Viga Espaço Cênico, às 21h. O Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural recebe nesta quarta (14) na Câmara Municipal a Medalha Anchieta. As marcas Dudalina e Catharine Hill fazem workshop de maquiagem para clientes, nesta quarta (14), no Paraíso. O Elle Fashion Preview é nesta quarta (14), no Rio. com JOELMIR TAVARES, MARCELA PAES e LETÍCIA MORI"
Pressionar crianças para que sejam bons alunos resulta em desânimo,"Pesquisas apontam aumento na taxa de suicídio entre os jovens brasileiros, e o fenômeno é mundial. Por esse motivo, alguns países têm se preocupado com a depressão em crianças e jovens. A Academia Americana de Pediatria, por exemplo, recomendou que os médicos devem sempre procurar sinais dessa doença nos mais novos. Sinal amarelo piscando. Precisamos pensar com atenção na saúde mental de nossas crianças e de nossos jovens. Mas parece que nem as famílias e nem as escolas têm essa questão como importante: ambas são criadoras de muitas causas que podem afetar negativamente a qualidade de vida emocional de quem elas deveriam cuidar. Vamos levantar alguns pontos que podem provocar pressão em demasia, ansiedade e medos de fracasso nas crianças e nos jovens. Primeiramente, a pressão sobre a vida escolar. Nunca, nunca antes tivemos famílias e escolas tão empenhadas em fazer com que filhos e alunos tenham alta performance escolar, o que significa, é claro, boas notas, aprovação com destaque em exames e provas etc. Mas por quê? Porque, de repente, decidimos que o bom rendimento escolar da criança é pré-requisito fundamental para um futuro profissional promissor. Posso assegurar-lhe que não é, por dois motivos bem simples. Primeiro: bom rendimento escolar não significa, necessariamente, bom aprendizado. Segundo: estamos um pouco atrasados nessa premissa, já que, hoje, ter estudos não garante nada, absolutamente nada em termos profissionais, e não apenas em nosso país. Agora, imagine crianças –inclusive as mais novas!– e jovens pressionados até o limite para que sejam bons alunos. Só pode resultar em ansiedade, desânimo, receios etc. Junte a isso as acirradas competições às quais eles são submetidos, o bullying –que eu reputo à ausência de adultos na tutela dos mais novos–, as agendas lotadas de compromissos, as intermináveis lições de casa (muitas vezes motivos para brigas entre pais e filhos), a erotização precoce que promove busca infantil por um determinado tipo de beleza etc. Uau! Se para um adulto essa mistura já pode ser explosiva para a sanidade mental, imagine, caro leitor, para crianças e adolescentes! E o que podemos fazer? Muita coisa! Deixar de confundir cobrança com pressão já pode ser um grande passo. Nossos filhos e alunos precisam ser cobrados a levar sempre adiante sua vida escolar. Mas precisamos ser mais compreensivos quando eles não conseguem, e ajudá-los no esforço que precisam investir para aprender, em vez de pressioná-los mais ainda. As famílias podem e devem também ensinar os filhos a lidar com suas emoções. Sabe quando uma criança pequena pega algum objeto de vidro e os pais o ensinam a tomar cuidado porque é frágil e ela pode quebrar, mesmo sem querer? Podemos fazer a mesma coisa com os sentimentos que ela experimenta. Posso ilustrar isso que acabei de dizer com o seguinte exemplo: quando uma criança manifesta raiva, devemos ensiná-la que essa emoção e suas manifestações podem machucá-la e também os outros. E a escola precisa se dar conta de que o ambiente escolar pode ser –e em geral é– neurotizante para muitas crianças! E não é por falta de conhecimento que não mudamos esse panorama. Vamos cuidar da saúde mental de nossas crianças e jovens tanto quanto cuidamos de sua saúde física!"
Todos estamos em nossas biografias,"A moça fazia suas compras no supermercado. Tinha errado os botões nas casas do casaco. Sempre me dá pena. Uma pessoa com os botões trocados é quase um ícone de solidão. Arrumou-se, saiu, quiçá passou pela portaria, sem ter ninguém para lhe acusar o erro. Pensei em fazê-lo, mas, mais uma vez, o ímpeto de avisar me veio junto com a dúvida. Sabe-se lá há quanto tempo ela estará assim? Sabe-se lá o quanto anda se sentindo só? O quanto eu poderia feri-la sendo o alheio a confirmar-lhe isto? Lembrei de mim nas ruas de Roma. Certa vez, viajei sozinha. Quando entrei no quarto do hotel, comecei a chorar. Que ideia tinha sido aquela de ser estrangeira sem ninguém ao meu lado? Tive vontade de me enfiar debaixo das cobertas, de ligar a televisão, mas também não conseguia, era a Cidade Aberta que me esperava lá fora. Aos poucos fui me acalmando. Tomei café, me agasalhei e saí vacilante, de mapa na mão. Era verdade que eu estava em Roma, mas mais do que toda a beleza daquela cidade, foi a vida em movimento, os sons, as gentes, os carros e lambretas que acolheram a insignificância da minha solidão. Era só existir. Comer, andar e existir. Não existe viagem errada. Viajar é só acordar e existir. Fui ver o Caravaggio, sentei na Piazza Navona e fiquei horas observando como cada turista queria a foto de sua moedinha sendo lançada à Fontana de Trevi. Eu era uma entre tantos e eles quase pareciam meus. Me ampliei. Serenei. Também é bom, solidão. Já estava voltando para o hotel, quando percebi, refletido em uma vitrine, o meu estado. Talvez eu tenha andado pelas ruas umas boas três horas daquele jeito. Logo depois do almoço, eu havia entrado numa loja para provar uma bota. Não gostei, devolvi pro vendedor e saí da sapataria com a calça dobrada até quase o joelho, deixando de fora minha berrante meia vermelha. Talvez por vingança da venda frustrada, o homem não se deu ao trabalho de me avisar. Quiçá até riu de mim, alegrando um pouco a hora da sesta que seu patrão não o deixa tirar. O fato é que eu andei bastante tempo por Roma exibindo a minha solidão. Mas, àquela altura, o vendedor e seu silêncio já faziam parte da minha biografia. O porteiro do hotel, a garçonete do almoço, os japoneses e até Caravaggio já eram meus familiares do mundo e a única coisa que eu precisava fazer era abaixar a perna da calça e continuar existindo. Resolvi avisar a moça de seu casaco no supermercado. Sabe-se lá o quanto ela ama estar sozinha? Sabe-se lá o quanto ela sabe que eu sou dela e ela é minha? Seu franco sorriso de agradecimento me provou que era bem possível que sim."
Governo Temer quase esgota verba de publicidade já no primeiro semestre,"A verba de publicidade do governo federal, de mais de R$ 200 milhões, já foi quase toda gasta no primeiro semestre. Só a campanha pela reforma da Previdência consumiu cerca de metade do valor. POTE VAZIO A Secretaria de Comunicação Social admite que será necessário fazer um pedido de crédito suplementar. ""Tivemos um gasto substancial no primeiro semestre, mas ainda há recurso e poderemos operar tranquilamente esse ano"", diz o secretário Márcio de Freitas. POTE 2 Ele diz que ""é comum haver essa readequação"". E dá o exemplo do ano de 2016, em que já em maio 85% da verba publicitária tinha sido comprometida. CIRCUITO O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) teve agenda intensa em São Paulo nesta segunda (24). Além de marcar jantar com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), ele esteve com empresários e banqueiros. CIRCUITO 2 Uma dos encontros foi com o presidente do Santander, Sérgio Rial. De acordo com a assessoria do banco, Maia foi lá para conhecer projetos de sustentabilidade da instituição. NA FOTO O governo está tentando fazer uma nova reunião do Conselhão, no dia 9 de agosto. Desta vez o encontro será só com o ministro Eliseu Padilha (PMDB-RS), da Casa Civil. A segunda reunião, em setembro, seria com o presidente Michel Temer. NA FOTO 2 O desafio é levar a Brasília o maior número possível dos 96 integrantes do colegiado, formado por empresários e representantes da sociedade civil. O quórum alto, na visão do governo, poderá ser lido como demonstração de força do presidente. - ARRAIÁ TOP O humorista Paulo Gustavo e a modelo Ana Claudia Michels, acompanhada do advogado Augusto Arruda Botelho, estiveram sexta (21) na festa de aniversário com tema junino da agência Way Models, do empresário Anderson Baumgartner. As modelos Carol Trentini e Raissa Santana e o estilista Lino Villaventura também foram ao evento, nos Jardins. - QUANTO VALE A Secretaria Nacional do Consumidor e o Procon-SP vão acionar a Anac para que sejam revistas as políticas de preço das poltronas conforto dos aviões. Segundo as entidades, os assentos da saída de emergência não podem fazer parte desta categoria –que custa mais do que a passagem comum. É que para se sentar ali é preciso seguir exigências e, se necessário, prestar serviços em caso de imprevisto. PAGUE MENOS Também será reivindicado que sejam cobrados preços mais baixos nos lugares em que as poltronas não reclinam –a última fileira do avião e a que fica antes da saída de emergência. - DOIS EM UM As exposições ""Missão Francesa"", de André Penteado, e ""De Onde Emergem os Nervos"", de Sheila Oliveira, tiveram abertura na quinta (20), na galeria Zipper. O sócio do espaço Fábio Cimino e o empresário Luiz Porchat também estiveram no evento. - PORTA ABERTA A prefeitura divulga nesta semana o resultado do edital de fomento à dança. São R$ 4 milhões que devem ser distribuídos a 15 projetos. Profissionais como Marika Gidali se inscreveram na seleção. DE VOLTA E o Ballet Stagium, fundado por Marika Gidali e por Décio Otero, levará o espetáculo ""Kuarup"" mais uma vez ao palco do Theatro Municipal. A primeira estreia foi em 1977 e uma nova montagem foi feita em 1999. Desta vez a abertura será em setembro. DE OLHO O LabCidade, laboratório de pesquisa da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, lançou nesta segunda (24) um mapa de ""equipamentos públicos colocados à venda pela prefeitura de São Paulo"". Segundo a professora Raquel Rolnik, o objetivo é permitir que os cidadãos ""visualizem as áreas que estão sendo disponibilizadas pelo município ao setor privado por meio de venda, concessão ou PPPs"". - CURTO-CIRCUITO O livro ""Não me Deixe Aqui Rindo Sozinho"", de André Laurentino, terá lançamento nesta terça (25), na Livraria da Vila da alameda Lorena. Às 18h30. O Selo Sesc lança nesta terça (25) a revista digital semestral ""Zumbido"", dedicada à música brasileira. Disponível no aplicativo do Sesc. Os ex-jogadores do Palmeiras Ademir da Guia e César Maluco distribuem autógrafos na Academia Store do Shopping Tietê. Nesta terça (25), às 19h com BRUNA NARCIZO, BRUNO FÁVERO e JOÃO CARNEIRO"
Brasília mudou o Itamaraty,"Eu era aluno da faculdade de direito, mas queria ser diplomata. À época, meu plano de vida era me formar o quanto antes e prestar o vestibular do Instituto Rio Branco —a única escola que forma diplomatas no Brasil. As 20 vagas que o instituto oferecia anualmente eram muito concorridas. Eu morava no Ceará —de antes da internet— e, de lá, todo o processo de preparação para as provas era mais complicado. Mais de uma vez, tive de ir ao Recife para comprar livros da bibliografia de estudo que não conseguia encontrar em Fortaleza. Minha família tratava essa minha decisão de me tornar diplomata como uma forma de escapismo, como se buscasse, com essa fantasia, o adiamento de um futuro profissional plausível. Eles não acreditavam que eu seria aprovado. Na minha cabeça, eu representaria o Brasil no exterior, e minhas funções teriam a ver com a execução da política externa do meu país. Minha visão do Instituto Rio Branco era idealizada e, nesse contexto, simbolizava uma espécie de ingênua utopia pessoal. Na primeira vez em que fui a Brasília, o Rio Branco foi um dos primeiros lugares que visitei. Ficava ainda no oitavo ou sétimo andar do anexo 2 do Palácio do Itamaraty. Nessa visita, notei que os alunos do instituto usavam crachá azul, e os diplomatas, crachá vermelho. Desejei um daqueles para mim. Subsequentemente, o Rio Branco foi instalado no chamado Bolo de Noiva e, hoje, ocupa uma sede própria, em Brasília, perto do Ministério das Relações Exteriores, do qual institucionalmente faz parte. De 1945 a meados dos anos 1970, o Instituto Rio Branco funcionou no Rio de Janeiro. Foi só em 1976 que se mudou para a capital. Na semana passada, essa transferência para Brasília completou 40 anos. No Itamaraty teve até cerimônia de celebração. Há razão para isso. No Rio de Janeiro, a diplomacia brasileira ainda insistia em valorizar sobrenomes tradicionais cariocas e olhava com desdém para o resto do Brasil que não descendia do Segundo Império ou não provinha da zona sul da cidade. A vinda do Instituto Rio Branco para Brasília propiciou o encontro dos diplomatas com um Brasil real, cuja totalidade eles teriam de representar. Desde a transferência, as provas de entrada para o instituto passaram a ser realizadas em várias capitais e não apenas no Rio de Janeiro, tornando-se mais acessíveis para pessoas de outros Estados do país. Em Brasília, o Itamaraty começou a encarar a diversidade do Brasil, e o curso de preparação para a carreira diplomática passou a incluir viagens de estudo que apresentavam aos futuros diplomatas elementos e lugares do país que muitos nunca conheceriam por conta própria. Foi pelas mãos do Rio Branco que estive pela primeira vez em Cucuí, AM, ou em Ijuí, RS. Como diplomata, esse tipo de aprendizado me deu mais conhecimento e legitimidade para representar o país no exterior. Como estudante do Instituto Rio Branco, nascido em São Paulo, morando em Brasília e vindo do Ceará, reconheci minha identidade brasileira e aprendi a valorizá-la, projetá-la e defendê-la no grande mosaico das nacionalidades internacionais. Percebi o mesmo ocorrendo com colegas gaúchos, pernambucanos e paranaenses, e me dei conta de que o Rio Branco servia, sobretudo, para afinar estilos de brasilidade a ser exibidos e exercidos na representação do país no exterior. Nos últimos 40 anos, o Instituto Rio Branco em Brasília formou gerações de diplomatas —de todos os Estados da federação— que ajudaram, entre outras coisas, a estabelecer uma imagem mais legítima e positiva do Brasil no mundo. Essa identidade e a escola que ajuda a defini-la são patrimônios nacionais, que, apesar de nossos percalços, continuam a existir e devem ser celebrados. Os governos passam. E o Rio Branco permanece."
100 anos em ação,"RIO DE JANEIRO - Em ""O Tempo Não Apaga"" (1946), Kirk Douglas sofre de alcoolismo e passa o diabo no filme. Em ""O Invencível"" (1949), é um boxeur que apanha horrores, dentro e fora do ringue. Em ""Êxito Fugaz"" (1950), faz um músico de jazz casado com uma esnobe que o humilha e quebra seus discos. Em ""A Montanha dos Sete Abutres"" (1951), vive um jornalista escroque que adia o resgate de um homem soterrado e, com justiça, morre no fim. E, em ""Assim Estava Escrito"" (1952), é um produtor de cinema totalmente sem escrúpulos, um monstro moral. Em ""Ulisses"" (1954), ele derrota o gigante Ciclope em sua caverna, amarra-se aos mastros para resistir ao canto das sereias e sobrevive aos feitiços de Circe, que se faz passar por Penélope, sua mulher. Em ""20.000 Léguas Submarinas"" (1954), escapa de um ataque de canibais, luta com seu arpão contra um polvo do tamanho do submarino ""Nautilus"" e foge de uma ilha pouco antes de ela explodir. Em ""Sede de Viver"" (1956), como Van Gogh, tem surtos tremendos de depressão, briga com todo mundo, decepa uma orelha com sua navalha e acaba se matando. Em ""Vikings, Os Conquistadores"" (1958), tem um olho vazado por um falcão, é morto pelo irmão e vai para o Valhala num barco em chamas. Em ""Duelo de Titãs"" (1959), amarra e carrega nas costas o homem que estuprou sua mulher, até conseguir enfiá-lo num trem e levá-lo preso. Em ""Spartacus"" (1960), enfrenta o Império Romano inteiro, é feito escravo e, por fim, crucificado. E, em ""Movidos pelo Ódio"" (1969), é um publicitário de sucesso, poderoso e entediado, que mete seu carro-esporte de propósito debaixo de um caminhão. Etc. Com todo esse currículo, Kirk Douglas completará 100 anos no próximo dia 9 de dezembro. Vivo, digo. Nenhum outro astro de Hollywood chegou perto dessa marca. Imagine se só tivesse feito papéis românticos."
A geleia,"RIO DE JANEIRO - Há duas semanas que não escrevo neste diário. E, pensando bem, já é hora de encerrá-lo. Comecei a escrevê-lo quando estava à espera de um acontecimento que realmente aconteceu. Agora, até o diário perdeu o significado. E cria uma inquietação, é perigoso. Vou encerrá-lo, talvez destruí-lo. O mais curioso é que até suspeito que estou grávida. Acreditei num
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