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@netojoaobatista
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Ensaio sobre a amnésia

Ensaio sobre a amnésia

Num determinado dia de um determinado mês, um ser malévolo de outra galáxia, utilizando-se de uma arma especial, apagou a memória de todos os indivíduos do planeta Terra. Ainda, todas as pessoas tiveram suas roupas modificadas e passaram a utilizar apenas um chinelo, uma calça e uma camisa branca. Feito isso, esse ser malévolo disse a todos:

A partir de agora, ninguém sabe quem é, o que faz, nem o que tem. Ninguém é opressor ou oprimido. Ninguém é maioria ou minoria. Durante o período de um ano, todos os indivíduos do planeta precisarão definir juntos, as regras que irão reger a sociedade. Ao final desse ano, irei reverter a amnésia coletiva e todos passarão a estar sujeitos às regras que definiram.

Lembrem-se: Vocês não sabem se fazem parte da maioria ou da minoria, se são opressores ou oprimidos, se tem muito ou se não tem nada. Ao definir as regras, tomem o cuidado de ser justos, pois a injustiça poderá recair sobre você.

Sabendo que qualquer um tem exatamente a mesma probabilidade de, ao recuperar sua memória, ser opressor ou oprimido, maioria ou minoria, como as pessoas do mundo se comportariam ao definir as novas regras da sociedade uma vez que essas regras serão efetivamente aplicadas a todos?

Sobre a distribuição das riquezas do planeta

Como as pessoas distribuiriam as riquezas do planeta, de forma que pudessem produzir e sobreviver durante esse ano de deliberação? Qual seria a forma mais justa para distribuir essas riquezas, sabendo que qualquer um pode, com exatamente a mesma probabilidade, ao recuperar sua memória, ser parte da maioria ou da minoria?

Sobre os direitos e deveres

Como as pessoas definiriam quais deveriam ser os direitos e deveres dos indivíduos? Quais seriam os direitos mais básicos que todos concordariam em ter e quais seriam as maiores obrigações que todos deveriam cumprir?

@netojoaobatista
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Bom @oliveiraev, acredito que você descreveu o renascimento das sociedades.

Acredito que a partir daí, os novos grupos iriam escolher onde iriam viver. Aí a questão passa a ser:

Por que o grupo X vai viver ali? Por que não o grupo Y?

Como podemos definir a forma mais justa para que todos possam viver com suas recém criadas sociedades?

Devemos simplesmente pegar a área total do planeta e dividir igualmente entre todas as pessoas? Isso seria uma distribuição justa?

@oliveiraev
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Esperar que, após as últimas palavras do "Ser Malévolo", as pessoas virem umas pras outras e organizem uma grande convenção na sede da ONU com plebiscitos e votações apuradas em tempo recorde é confiar demasiadamente na humanidade.

Esperar que, colocando todas as pessoas em iguais condições, as pessoas ajam de forma justa e equilibrada é ignorar o principal fator da humanidade: a individualidade.

Voltaríamos às cavernas num cenário pós moderno. As fábricas deixariam de ser fábricas e se tornariam refúgio de quem "arriscasse a sorte" como propus no último post.

A organização e distribuição ocorreria de forma orgânica. Dificilmente alguém iria se propor a mensurar e dividir igualmente a área disponível. Mesmo que isso acontecesse, alianças surgiriam para aumentar a nossa área. De igual maneira que traidores apareceriam dizendo que cuidariam de algumas crianças pra aumentar a própria área.

Inclusive, acredito eu que, o maior problema esteja exatamente na boa intenção de querer dividir de forma igualitária. Pense nos bairros afastados que as cidades constróem. Inicialmente, algumas poucas casas possuem cercas e/ou muros. Os filhos vizinhos brincam juntos, independente do quintal ser meu ou seu. Se eu possuo amizade com você, posso pedir pra usar sua garagem ou varal por um tempo devido a uma necessidade qualquer. Com o tempo, começam a subir muros, cercas, portões, assegurando o conceito de propriedade. Não há mais compartilhamento e passa a existir a violação de propriedade.

Por mais que você pretenda dividir para manter a igualdade entre as pessoas, alianças ocorrerão para o bem ou para o mal. E, como disseram, a história se repetirá.

@netojoaobatista
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O conceito de desigualdade e opressão existe nas pessoas, elas não perderam isso. O que aconteceu, @alexandretaz, é que as pessoas não sabem quem eram os oprimidos nem quem eram os opressores.

Elas estão tendo a oportunidade de resolver esses problemas sociais que elas sabem que existe. Mas por não saber quem tinha muito ou quem tinha pouco e por saber que as novas regras serão aplicadas a todos, as pessoas precisam ponderar suas ideias para que as injustiças não recaiam sobre elas mesmas.

@netojoaobatista
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Seguindo essa linha então, @oliveiraev, não há nada que se possa fazer?

É perda de tempo lutar por justiça social? Uma vez que a espécie humana não é justa, toda e qualquer tentativa é será sempre infortuita?

@oliveiraev
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S-I-M

Pense em dois filhos gêmeos de um pai muito rico que têm acesso a 50/50 da herança.

A herança é, por exemplo, uma franquia do Mc Donald's e exatamente o mesmo valor em dinheiro.

Um vende a própria metade do restaurante pro irmão, ficando um com o restaurante e outro com o dinheiro, respectivamente.

O dono do dinheiro vai viajar, conhecer Ibiza, tomar Champagne e transar com o máximo de modelos famosas que conseguir. O outro volta toda noite pra casa, de Domingo a Domingo, fedendo a gordura.

Ambos têm filhos em momentos próximos da vida. Acho que dá pra imaginar que o filho do dono do restaurante vai ter mais "oportunidades", como gostam de colocar, do que o viajante.

Nenhum dos dois filhos têm culpa das decisões dos pais. Estão em desigualdade mesmo sendo netos do mesmo avô. Qual a solução? Distribuir a riqueza novamente?

PS.: Qual seria a solução JUSTA?

@lelotnk
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lelotnk commented Nov 25, 2014

Acredito que se isso acontecesse, a longo prazo o resultado seria o mesmo. Apesar de vivermos em sociedade, somos individualistas.
Na verdade, no final de apenas um ano, acho que tudo estaria um caos.

A princípio as pessoas mais emocionais cuidariam dos incapazes.
Outros iriam querer se dar bem e viver sozinho para ter menos necessidades e alcançar melhores oportunidades.

Como milhões de pessoas da área urbana seriam alimentadas?
Conseguiríamos esperar até que fazendeiros e agricultores reaprendam produzir?
Em 1 ano conseguiríamos restaurar o governo?
E os milhões de doentes? Conseguiriam esperar para que médicos percebam que são médicos?
E esses que perceberem, se preocupariam em salvar vidas ou salvar a própria vida?
A questão do tratamento de água e esgoto, não teríamos operários para fazer que todo o sistema continue.
Acho que muitas doenças se espalhariam nos centros urbanos.

Não sabendo o que é seu, você iria "tomar" aquilo que pode não ser seu.

Acredito que os grupos se formariam para própria sobrevivencia.
O melhor grupo seria o que tiver pessoas com capacidades diferentes. Inteligente. Fortes. Belos. Retóricos. Dissimulados. Enfim.

Fora que se o pessoal de TI sumir, vixe.

Bom, como dizem: A tecnologia veio para resolver problemas que não tínhamos antes dela.

Hoje vivemos num mundo com mais necessidades que anos antes.
Ao voltar para um estágio onde não sabemos nem como tratar de necessidades básicas, tudo viraria um caos.

Bom, esses são meu 0.25 centavos de contribuição ao assunto.. rs.
Mais dúvidas do que respostas.

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